quinta-feira, julho 02, 2015

Não sei se estás em festa, pá...

Posto perante monumental chantagem pelos seus parceiros na União Europeia e pelo FMI, o Governo da Grécia tomou a única decisão possível num quadro democrático: ouvir o povo.

Sabe-se que as opções poderão não esgotar o universo possível: o SIM significa o aceitar regras de austeridade vexatórias de dignidade humana e que se traduzem em ter orçamentos crescentemente excedentários para pagar juros enquanto a dívida vai crescendo; o NÃO, sem saída do euro, representa a ilusão de que a UE irá negociar e permitirá a reestruturação da dívida.

O SIM implicará possivelmente a queda do Governo e novas eleições. O NÃO traduzir-se-á em novo confronto do Syriza com a UE.

Tenho seguido com redobrada atenção este processo interessantíssimo que me faz recordar os tempos do 25 de Abril, mas onde, desta vez, os «bons» estão na mó de baixo. E confesso a minha estima por Tsipras e Varoufakis, que nada têm a ver com as caricaturas que por vezes são criadas acerca do pessoal que lidera movimentos de revolta popular. Mas confesso também a minha grande confusão e apreensão com tudo isto. É que aquilo não tem saída: para que vale o SIM à austeridade num país com um desemprego de mais de 25% e que teve uma queda no PIB na ordem dos 30%? Que esperança poderão ter desempregados com 40 e mais anos? Ou mais novos?... Os ricalhaços e os com emprego ficam satisfeitos, mas os outros? E o NÃO, permanecendo no euro, que vantagem trará? A não ser que o Governo trate de organizar o país para sair e assim conseguir algum tempo…

Esta utopia de direita que é a UE, que um dia pensou numa PAZ duradoura e em blindar todo um conjunto de políticas de forma que outras se não pudessem afirmar, parece estar a dar os primeiros passos para o fim. Inconsciente disso e do significado da importância da solidariedade, quem deve estar todo feliz com os desaires da Grécia e do Syriza é a coligação PSD/CDS que, com um processo eleitoral à porta, aqui pode encontrar excelentes exemplos para mostrar ao povo como é mau embarcar em desvarios de esquerda.

Apesar de tudo, só por ter tido o prazer de ver um pequeno país pôr em sentido aquela catrefada de dirigentes europeus, valeu a pena…
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