sábado, novembro 27, 2004

Presunção e água benta...

"Sou a grande cabeça do futebol em Portugal e na Europa".
Nem sei o que me daria mais gozo: levarem uma abada do Porto ou darem uma lição ao execrável Pinto da Costa e respectivos muchachos...
Coabitação difícil
Imaginem que Cavaco Silva ganha as eleições para a presidência da República...
O homem está definitivamente portador de mensagem salvadora. Já diz que o país está na senda da desgraça: qualquer dia até os albaneses nos ultrapassam. Já diz que os políticos competentes têm que despedir os incompetentes. Enfim, os santanetes já devem estar com as orelhas quentes. Como é óbvio, ele é que é o árbitro e quem define os critérios de competência.
Mas para além de tudo isso, surge-me uma interrogação inquietante: quem se atreverá a ser primeiro-ministro com tal personagem ou a ocupar uma pasta de Economia?
Mais estórias de Ourém
A Teresa sugere:
Seria tempo de recolher algumas dessas "estórias" para constituirem parte do acervo "arqueológico" da vida do moinho... que passará a olhar as estrelas!
Tem todo o meu acordo.
Mas quem está em condições de nos trazer essas estórias?
No último Poço, o pessoal deu força, recordou aqueles dias; tenho promessas, mas parece que está tudo a voltar à tradicional concha.
Pus neste blog o que me recordo de Ourém. Há outras coisas, mas falta um fio condutor que as transforme em estórias.
Lembro-me, por exemplo, que o Vítor e o Humberto eram dos principais dinamizadores de escaladas direito ao moinho, reproduzindo, por vezes, o ataque dos apaches ao forte dos soldados que ocupavam a sua terra, eles que beberam os fundamentos dessa flosofia de vida nos mesmos livros que eu, para além de terem tido paciência para completar a infindável História do Oeste.
Recordo que o Manel foi um dos responsáveis por um dia uma das mós estar apontada para o Fernão Lopes e só não o atingiu por um declive traiçoeiro a ter detido antes de chegar ao alvo.
Sei que o Zé Domingos é um dos maiores conhecedores de estórias da nossa terra, ele que acompanhou tantas vezes o Nené, ele que conviveu, em lugar privilegiado, com tantas gerações.
Já tenho uma promessa do Zé Rito sobre os Estúdios Trini.
Apesar disso tudo, este blog continua a ser profundamente egocêntrico: é Ourém, mas uma Ourém vista por um só que, ainda por cima, a abandonou num momento determinante.
E como vai ser possível alargar isto, Teresa?

sexta-feira, novembro 26, 2004

Chama-lhe Ameaça
Extensão da área florestal, muito sujeita à ocorrência de incêndios.
(in Orçamento 2005 da Câmara Municipal de Ourém)
Deve ter sido por causa desta ameaça (extensão da área florestal) que cortaram todas as árvores da Praça dos carros.
Chama-lhe Ponto Fraco
Elevado número de escolas do 1º ciclo com reduzido número de alunos, gerando situações pedagógicas e económicas indesejáveis;
(in Orçamento 2005 da Câmara Municipal de Ourém)
Pobres Putos!
O que ele lhes está a preparar é capaz de não ser nada agradável...
Um abraço para o Sérgio
Ele deve estar em grande actividade no meio daqueles congressistas todos.
Mas não me admiraria se tirasse um bocadinho para vir ver os blogs de que tanto gosta.
Nessa eventualidade, aqui fica um abraço!
Interactividade com o cidadão
Consideramos o documento apresentado muito frágil em termos do que se propõe relativamente à interactividade com o cidadão.
Com efeito, não existe nenhuma explicitação que formule a necessidade de tal objectivo. Há uma referência a Leiria Digital, há referências a aquisição de equipamento e software informático, mas nada nos leva a acreditar que a Câmara viabilize um sistema em que possa existir a discussão em linha de projectos, ou o comentário às suas posições, ou a oferta e procura de emprego suportada em base de dados. Mais longe deve estar ainda a possibilidade de digitalizar toda a informação constante dos arquivos camarários e que hoje em dia é de difícil consulta: em Julho, a situação chegou a ser caricata com as consultas suspensas por o funcionário ir de férias.
A corroborar esta nota sobre a ausência de diálogo com o cidadão, pensamos que o próprio texto que na página da Câmara anuncia este documento mostra uma posição assaz autoritária própria de Estados que praticavam a planificação imperativa:
A Câmara Municipal de Ourém deliberou no passado dia 22 de Novembro remeter à Assembleia Municipal o Orçamento para 2005 e as Grandes Opções do Plano para o período 2005/2008. Consulte aqui o documento (comprimido em formato RAR - 4,4MB ) que comandará os destinos do concelho no futuro próximo.
Por aqui se vê a consideração em que têm a iniciativa privada e o papel que lhe atribuem na formulação dos destinos do concelho.
O solar do palhete
O magnífico vinho da nossa terra não podia ser esquecido na Grandes Opções.
Com uma participação de 60% de fundos comunitários, vamos ter um solar para o Medieval, avaliado em cerca de 109500 euros e pronto a funcionar em 2006.
Esperemos que os organizadores do Poço de 2006 tenham em atenção tão gratificante acontecimento.
Obviamente que para a mentalidade vaidosa das gongóricas criaturas que nos governam aquilo vai ser o Solar do "Vinho Medieval de Ourém".
Mas palhete é sempre palhete, seja qual for o local de apreciação. Esperemos que deixem um bocadinho para os pobres e que nos permitam mesmo uma humilde visita guiada.
Ai, Agroal...
tão maltratado que tens sido...
--- e se calhar continuarás a ser...


A requalificação do Agroal vai utilizar a módica quantia de 1,5 milhões de euros da qual a parte de leão (1,17 milhões) se destina a requalificação de espaços verdes.
Uma surpresa é que nesta atenção dada ao Agoal para este período de 2005/2008, consta mais um comboio turístico avaliado em 49000 euros.
Apesar dos 68000 euros (!) previstos para estudos e projectos, há que questionar se esta requalificação não vai ter efeitos perversos sobre esta descrição roubada a João Pedro Bernardes e Paulo Fonseca:

(Nascente do Agroal) - seguindo o curso das ribeiras de Seiça e Caxarias desembocamos no rio Nabão. Aqui os vales férteis ribeirinhos encontram o meio cársico agreste que os faz minguar até à nascente do Agroal, um dos locais mais pitorescos de toda esta região. A Nascente do Agroal, uma exsurgência de onde brota uma parte significativa do caudal do Nabão, é um lugar de lazer e de banhos públicos na piscina ali improvisada. Região de natureza selvagem com grandes escarpas talhadas pelas águas ao longo dos milénios, apresenta-se como um meio ecológico rico e variado, resultante da peculiaridade do meio cársico ser rasgado por um rio que, congregando a força de várias ribeiras, vai ignorando obstáculos, teimando em prosseguir o seu percurso.

quinta-feira, novembro 25, 2004

O núcleo de astronomia
Será que o meu moinho, sim, aquele que existia no cima da encosta por trás da casa do largo de Castela, vai ser recuperado? Será mesmo esse? Lembro-me que quase nunca tinha a parte superior e que ostentava um tronco onde já não existia vela. Lembro-me da monumental mó no seu interior e da vista de Ourém a partir da sua pequena janela. Há uns trinta anos, escrevi um péssimo artigo sobre ele e os seus pares no Ourém e seu Concelho. Não me dei ao trabalho de o digitar.
Hoje, esse moinho voltou às minhas memórias graças às opções do plano da Câmara.
E a boa notícia é que (será esse?) vai ser recuperado (60000 euros repartidos por 2006 e 2007) e vai lá ser instalado um núcleo de astronomia.
...
Deixem-me ser um desses astrónomos...
Sentir aquela vegetação...
Ver aquela paisagem...
Ser levado naquele vento...
Voltar àquele tempo...
A protecção civil em 2005/2008
Uma verba de 720600 euros está prevista para o período referido em termos de acções relacionadas com a protecção civil. Desta, mais de metade, destina-se a limpeza de matas e é financiada em 80% por fundos comunitários.
Regista-se a previsão de realização de uma campanha de sensibilização, pena é que a mesma termine em 2005.
Prevê-se ainda aquisição de software, realização de estudos e projectos, uma página na Web em valores que chegam perto dos 150000 euros.
Estou de acordo com todas estas acções, penso é que devem ser muito bem controladas para que respondam mesmo àquilo para que forma planeadas.
Mas talvez se pudesse ir mais longe nesta área. Vigilância florestal eventualmente suportada em sistemas de informação e comunicação, obrigatoriedade de cultivo de terras em torno de zonas florestais e substituição dos particulares quando não assumam essa obrigação deveriam ser implementados no concelho.
Assim, o que está previsto em termos de protecção civil peca por defeito. Tem que se fazer mais e ser exigente perante a população por mais que isso desagrade em termos eleitorais.
A Câmara e o Santuário
As grandes opções do Plano (2005/2008), título estranho para uma descrição de acções, contemplam uma generosa dotação de cerca de 10 milhões de euros para requalificação da zona envolvente à nova basílica de Fátima, onde 75% do financiamento provém de fundos comunitários.
Contrariamente ao que os meus amigos possam pensar não estou contra a nova basílica, não considero que os gastos nela sejam um monumental desperdício numa obra megalómana.
Um dos principais benefícios é que os fiéis, por vezes bem maltratados em Fátima, passarão a ser melhor recebidos.
Mas esse não é o único.
Com este gasto, uma fracção da monumental riqueza acumulada pelo Santuário, em vez de continuar sem proveito nos cofres do mesmo ou de ir alimentar a cínica corte romana que em séculos pariu a inquisição, o ostracismo dos que não acreditam, o fuzilamento de infiéis e só raras vezes teve uma mensagem de libertação para os oprimidos e, faça-se-lhe justiça, de paz, manifestando por vezes um profundo alheamento da realidade e dos princípios que a deviam nortear, será distribuída a operários e a empresários na forma de salários e lucros contribuindo assim para dinamizar o consumo e o investimento.
Esperemos é que esta requalificação não se transforme na destruição das árvores daquela magnífica e bem antiga avenida que liga as duas rotundas. Haja fé!

quarta-feira, novembro 24, 2004

Um orçamento sem alma
Não digo que seja um mau orçamento.
Não digo que não sirva os interesses das gentes de Ourém.
Não digo que não responda a alguns grandes problemas.
Não digo que não vá apoiar o desenvolvimento.
Não digo que não seja rigoroso.
Alguns posts sobre esses aspectos ficarão para amanhã ou depois.
Digo, sim, que é um orçamento sem alma. Sem orientação estratégica. De um lado, umas palavras do presidente, uma análise da conjuntura internacional e nacional e uma análise Swot. Do outro um conjunto de rubricas e uns números.
O que é que liga essas rubricas e esses números às oportunidades, às ameaças, às fraquezas? Nem uma palavra sobre o assunto.
Isto indica que este orçamento parece ter tido um grupo que tratou do paleio e outro que tratou da parte mais operacional. A interactividade entre estes dois níveis terá sido muito baixa. Possivelmente, o orçamento é igual ao do ano passado com mais qualquer coisa.
A grande ausência da definição estratégica é com certeza um óbice potente à sua eficácia: gasta-se (muito) por gastar...
Temos orçamento
É verdade, a Câmara acaba de publicar, na sua página, o orçamento para 2005 e um plano para 2005/2008.
Nada mais, nada menos do que 4,4 megabytes de palavras e projectos para o concelho.
O documento pareceu-nos muito bem estruturado o que não altera substancialmente o seu conteúdo, mas pode torná-lo muito mais interessante em termos de leitura.
Há forças e fraquezas, há oportunidades e ameaças.
Há também lamentações em torno da informação estatística relativamente ao concelho. Cremos que esta era uma área onde a Câmara poderia ter visto uma oportunidade: não existindo no Sistema Estatístico Nacional o reflexo ideal do que se passa no concelho, porque não cobre ela essa lacuna, alguns aspectos da qual estão na sua página (directório de empresas)?
Vamos olhar para o documento e dizer alguma coisa, se houver alguma coisa a dizer...

terça-feira, novembro 23, 2004

A mudança alternante
É curioso.
Vejo alguns dos meus amigos receosos com a alternância.
É o caso do Sérgio:
Parece-me, no entanto, que a arrogância não mora só no "poder actual". Também existe, e muito, em forças e pessoas que querem alternar com o poder actual.
O respeito pelos outros, a sua não instrumentalização é uma chave imprescindível para abrir algumas portas. E a unidade faz-se entre diferentes e não absorvendo os que diferentes são.
É também o caso de bin_tex, de A Grande Fauna:
Pois é..O Sérgio fala e muito bem na arrogância dos que querem ser alternativa.
Bem a conheço por dentro. Infelizmente é assim que alguns partidos da oposição camarária funcionam, acham-se os detentores da alternativa democrática.
Conheci grandes e verdadeiros socialistas em Ourém. Recordo-os com saudações e comoção alguns deles. Se fossem vivos ficavam escandalizados com o PS dos dias de hoje. A falta de solidariedade, de fraternidade, quase me atrevia a dizer a falta de socialismo..
Gente que pensa no poder pelo poder...
Estarão as hostes socialistas de Ourém tão inquinadas quanto estes comentários sugerem?
São tão arrogantes como os que dominam Ourém? Querem poder pelo poder?
Apesar de ter muitos amigos entre socialistas, reconheço que não conheço qualquer dos seus representantes em Ourém. Por isso, olho mais para o partido através da sua luta pelas liberdades e pela solidariedade do que através da prática dessas pessoas.
Mas dou-lhes o benefício da dúvida. Se tiverem a alegar algo em sua defesa, concedo-lhes o espaço necessário neste humilde blog.
Amigos socialistas, mostrem que o Sérgio e o bin_tex não têm razão. Convençam-me a dar-vos o meu voto em Ourém...

segunda-feira, novembro 22, 2004

Despedir o governador
Ou muito me engano ou as baterias de fogo pesado da coligação vão apontar na direcção de Vitor Constâncio.
Reconheço que ao longo destes anos da santa aliança de direita ele me surpreendeu pela isenção manifestada. Num primeiro momento justificando e apoiando a política de contenção e de controlo do défice de DB/MFL, recentemente atacando o populismo e a demagogia da dupla PSL/BF.
Não me admira, portanto, que esta voz do rigor, da contenção, do não facilitismo, no quadro da sociedade em que vivemos, seja sujeita a curto prazo a uma operação de silenciamento.

domingo, novembro 21, 2004

O Pombo do Metro

Voa um pombo aflito
Na estação de metro perdido
Vem ao meu encontro assustado
Continuo o caminho, passo apressado

Não me quero recordar
Do cinzento a contrastar
Com o seu ar ternurento,
Do seu medo, do seu lamento

Pobre bichinho
Por quem sinto carinho
Cúmplice na procura dum caminho

Mas quase loucos, sem parar,
Esvoaçamos, caminhamos,
continuando no mesmo lugar...


Ana Prata
Tantas vezes me lembrei de fazer o mesmo...
De acordo com o Expresso de 20.11.2004, um jovem foi entregue à unidade de psiquiatria do hospital de Leiria depois de ter interrompido uma missa no santuário aos gritos: "eu sou Cristo" e "tenho o poder de Deus".
A aldeia submersa
Qualquer dia, da nossa Ourém, nada teremos submersa que estará na destruição que o dia a dia nos revela.
Mas há testemunhos do que as pessoas sentem não muito longe de nós. Na aldeia da Luz, há maior conforto nas habitações, alguns dos moradores tiveram até, e pela primeira vez, acesso a instalações sanitárias. "Mas deixámos de ter os campos cheios de árvores e de lindas flores, para ter apenas um espelho de água a perder de vista", contrapõe Regina Guerra, 28 anos, dando conta que as pessoas da aldeia "vão-se adaptando" à nova realidade "à custa de deixar de falar da outra vida".
Vão inclusivamente de barco até ao sítio onde pensam que as suas antigas casas estão.
O testemunho é do Público de hoje.
Ainda a grande unidade
Ao falar numa grande unidade que procure retirar o poder a quem o exerce não estou a afirmar que é necessário que as pessoas abandonem as suas ideias, as organizações em que melhor se reveem, isto é, que façam um corte radical com o que sentem que, estruturalmente e no mais fundo, as representa. Estou a dizer, isso sim, que é possível estabelecer um conjunto de princípios e metas para a acção que pode unir gente dos mais variados quadrantes.
Não é impossível em Ourém unir pessoas que queiram preservar o seu património florestal, cultural, ambiental, que digam um não total à corrupção e ao clientelismo, que defendam as liberdades, a democracia e a eliminação progressiva das desigualdades, que queiram desenvolver o concelho com respeito pelo passado.
Apoiar um programa fundamentado nesses princípios não é semear ilusões.
Pelo contrário, é estabelecer uma contraposição ao poder actual. Arrogante, sem princípios, sem respeito pelo passado.
Pelo contrário, mesmo que não se vá longe, ajuda à formação da consciência das pessoas.
Por isso, este espaço estará aberto a todos os que queiram mudar Ourém. Mudar num sentido de progresso, sem vícios, sem compromissos, mas respeitando completamente as opções de fundo dos actores. Não vamos fazer a revolução socialista, mas não vamos combater ou ostracizar aqueles que, intimamente, a desejam. Não vamos eliminar as desigualdades, mas vamos contribuir para que elas se atenuem. E vamos defender com toda a força as liberdades e a seriedade.
E aqui não há ilusões: mesmo que se resolvam alguns problemas, muitos ficarão por resolver, muitos novos problemas surgirão e é preciso manter uma motivação forte para os enfrentar e ultrapassar.
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