sábado, julho 20, 2019

Está a pedi-las...



Reparem-me neste…
Refastelado no meio da rua, não sei como chegou tão longe.
É ultra simpático, mas um preguiçoso de primeira.
Hoje cheira-lhe a peixe.
É que, aqui ao pé, há a melhor grelha da aldeola

sexta-feira, julho 19, 2019

Anagrama do pirata


Armado...?
com o meu terrível, longo e duro punhal
amei uma formosa rapariga
junto às cabanas da ria

quinta-feira, julho 18, 2019

Aspetos da especulação imobiliária em Tavira


A especulação imobiliária invadiu todo o país. Ela é acelerada pelo crescimento do turismo, pelas perspetivas de venda e aluguer. Ao mesmo tempo todo um aceleramento da construção traduzida na recuperação de prédios antigos vai criando riqueza nova e dando novo aspeto ao património imobiliário. 

Apesar de tudo, sob o aparente enriquecimento suscitado por este fenómeno, os portugueses estão cada vez mais longe de poder arrendar ou comprar uma casa para melhorar as suas condições de habitação.
Esta especulação não é de estranhar, ela é uma consequência da sociedade em que vivemos onde muitas vezes o investimento, traduzido em criação de riqueza com retorno se confunde com aplicação de dinheiro com retorno (em que não se vê nenhuma riqueza nova criada).
Um caso curioso surgiu nas minhas deambulações na zona de Tavira. O prédio cuja imagem reproduzimos situa-se na marginal de Cabanas e, como podem ver, está a venda através da Remax. Consultando o site desta empresa, anotei que o preço de venda é de 730.000 euros (mais ou menos). Claro que a casa tem vista para a ria e para o mar, mas o seu preço parece-me de todo obtuso, muito superior ao seu real valor, tanto mais que, como retorno dessa proximidade, quem o adquira terá de suportar o nauseabundo cheiro proveniente do lodaçal e os incomodativos insetos que a ria atrai. Imaginem…
… Imaginem que, em Ourém, me ponho a pedir um valor destes pela minha casa. Tenho vista para o Castelo e para a famosa Ribeira de Seiça e não tenho de suportar aqueles odores. Portanto, estou numa posição de vantagem em relação ao prédio de Cabanas, só não vejo o mar, mas isso até me protege de um maremoto. Acham que alguém me dava 730.000 euros? Eu não queria vender, mas vendia logo…
Mas, voltando ao prédio de Cabanas, um aspeto que achei graça neste anúncio é a postura visual adotada pelos vendedores que mais parecem saídos da apresentação de um programa da manhã da RTP. Que é aquilo? Como é que alguém pode adotar uma imagem daquelas e pedir 730.000 euros? Está tudo louco? Será aquilo profissional? Só falta fazerem o pino à frente do cliente para atrair a atenção de papalvos…
Enfim, dá a impressão que a procura vai diminuindo e o desespero apodera-se dos agentes que tentam a todo o preço despachar estes negócios, adotando posturas que nem ao Diabo lembram.

quarta-feira, julho 17, 2019

Isto vai...

Pois…
… parece que o nosso blog ganhou nova vida. De um momento para o outro fizemos mais posts que nos últimos 3 ou quatro anos. Isto mostra que, com umas fotos, uns poemas, uns livros se consegue ir alimentando um espaço blogueiro. Tuso isto sem se falar de Ourém.
E já agora, por que não recordar uma musiquinha?
Exatamente: é deste modo que isto vai… diz o nosso amigo Harrison.


A canção faz parte do álbum Gone Troppo editado em 1982 quando o nosso amigo estava mais virado para filmagens e a letra é a seguinte:

There's a man talking on the radio
What he's saying I don't really know
Seems he's lost some stocks and shares
Stops and stares
He's afraid I know
That's the way it goes

There's a man talking of the promised land
He'll aquire it with some Krugerrand
Subdivide and deal it out
Feel his clout
He can stoop so low
And that's the way it goes

There's an actor who hopes to fit the bill
Sees a shining city on a hill
Step up close and see he's blind
Wined and dined
All he has is pose
And that's the way it goes

There's a fire that burns away the lies
Manifesting in the spiritual eye
Though you won't understand the way I feel
You conceal, all there is to know
That's the way it goes

Lutar contra o grande capital

Um político que muito prezo apareceu a apresentar o programa eleitoral para as legislativas e a propor que se taxassem depósitos superiores a 100000 mil euros, integrando tal ação na luta contra o Grande Capital.
Perdoem a falta de respeito, mas a ausência de rigor até faz o Marx levantar-se da tumba. Grande capital um depósito de 100000 euros? Um depósito que nem juros recebe? Estará o homem senil? Não terá conselheiros naquele partido? Porventura alguma vez pensou nos impostos e taxas que já foram pagos por quem, trabalhador ou aposentado, conseguiu juntar aquele montante?
Já sei o que vou fazer se alguma vez dispuser de tal montante: uns dias antes da liquidação, levanto 500 euros, o equivalente aos 0,5% propostos, e vou gastá-los mal gastos. Assim, já acabei com o grande capital… pelo menos, com o meu!

terça-feira, julho 16, 2019

E depois da leitura...

… a bebida.


Francamente, não percebo como é que esta gente consegue beber tanto. São horas e horas agarrados aos copos e sentados. 
Ontem, um velho, mais velho que eu e parecido com o da foto, às dez da noite ainda estava num lauto banquete na varanda da casa. No dia seguinte, a janela não se abriu às oito, às nove às dez.. 
Anteontem, outro velho sem juízo veio ao apartamento ao lado por volta das onze da noite e quando saiu levava duas garrafas de tintol e foi para um esconderijo afastado.
Não se vê esta gente fazer uma caminhada ou apanhar um bocadinho de Sol. É só afogar as mágoas em álcool. Um triste refúgio.
E ao contrário da figura da imagem, nem sequer uma lanterna têm.

segunda-feira, julho 15, 2019

Disse adeus ao companheiro de viagem

Da «Leitura de Férias», eis mais um texto que diz muito. A fonte foi «Tenho medo de partir». Claro que sabem de quem me estou a lembrar...


Álvaro de Campos

Saí do comboio,


Saí do comboio,
Disse adeus ao companheiro de viagem
Tínhamos estado dezoito horas juntos..
A conversa agradável
A fraternidade da viagem.
Tive pena de sair do comboio, de o deixar.
Amigo casual cujo nome nunca soube.
Meus olhos, senti-os, marejaram-se de lágrimas...
Toda despedida é uma morte...
Sim toda despedida é uma morte.
Nós no comboio a que chamamos a vida
Somos todos casuais uns para os outros,
E temos todos pena quando por fim desembarcamos.
Tudo que é humano me comove porque sou homem.
Tudo me comove porque tenho,
Não uma semelhança com ideias ou doutrinas,
Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira.
A criada que saiu com pena
A chorar de saudade
Da casa onde a não tratavam muito bem...
Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo.
Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração.
E o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.

4-7-1934

domingo, julho 14, 2019

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