sexta-feira, junho 10, 2005

Associação cultural da Amieira

Ainda há dias nos interrogávamos acerca do que tinha acontecido àquela escola que tinha virado tasca de petisco e um comentário do Marco elucidou-nos que as coisas se tinham resolvido a contento do povo.
Ainda bem que prevaleceu o bom senso.
Agora, a Amieira vai receber a visita de dois oureenses das letras: o Sérgio e a Zita que vão apresentar os seus livros. Está tudo no sítio da Som da Tinta.



Entretanto, devido a dificuldades com a Internet, a nossa viagem pelas freguesias só poderá prosseguir na terça-feira.
Finalmente, só uma observação em relação a um comentário do Sérgio: iniciei esta passagem pelas freguesias com o objectivo de conseguir alguma conversa e sugestões úteis para o futuro de Ourém no seu conjunto. Eu tento, vejo que os esforços são infrutíferos, mas vou-me mantendo. Outras discussões não me atraem muito e geralmente saio mal disposto das mesmas porque sinto que muitos vezes as pessoas argumentam cheias de preconceitos. Enfim, não tenho mesmo jeito nenhum para certas coisas...

quinta-feira, junho 09, 2005

Uma escola aberta ao mundo


A escola do Cercal Posted by Hello

Neste meu passeio pelas freguesias do concelho, deparei com uma pequena pérola que considero bastante importante: a página da Internet da escola do Cercal.
Esssa importância, na minha perspectiva, não lhe é conferida por ter uma página, mas pelo facto de nos pedir que a comentemos e por querer dar-nos qualquer coisa que demonstra que estão em plena interactividade com o mundo.
Então, vamos a essa opinião:
Desenho. Uma obra prima. Quando era miúdo, nunca consegui fazer desenhos com esta qualidade. Borrava tudo, não conseguia respeitar proporções em mais do que duas figuras. Este é excelente, a cor é magnífica.
Restante elementos. O alunos da escola do Cercal mostram-nos o seu trabalho, recolhem várias lendas, transmitem-nos lengalengas.
Um só apontamento crítico. Pedem-nos a opinião sobre a página, mas, na mesma, não nos dão qualquer possibilidade de a enviar para a terem em conta. Sim, eu sei que há um endereço no sítio da Câmara, mas ninguém me obriga a passar por lá.
Penso que os alunos que têm professores como os que os relacionam com o mundo nestes moldes adquirem elevado potencial. Penso que professores que conseguem esta colaboração dos seus alunos em sítios tão afastados podem dar-se por felizes.
Parabéns ao Cercal e aos seus meninos.
Cercal



Escudo de vermelho, águia de prata realçada de negro, acompanhada em chefe de um ramo de oliveira de prata, frutado de negro, entre duas pinhas cosidas de verde, com suas agulhas; campanha ondeada de prata e azul. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: "CERCAL - OURÉM". Posted by Hello

De acordo com a página da casa amarela:

É uma das freguesias mais jovens do concelho, tendo conquistado a autonomia somente em 1984, após a desanexação de Espite. Porém, exprime uma capacidade de trabalho e iniciativa exemplares.

A presença humana por essas terras remonta pelo menos a tempos romanos, a avaliar pela descoberta de uma estação romana no lugar da Abelheira, uma ocupação facilmente justificada pela assiduidade de encostas soalheiras, vales protegidos e terrenos irrigados.

O lugar de Ninho de Águia combina um misto de história e fantasia que orgulha as suas gentes e fascina o visitante: a história sobrevive materializada pela Capela do Ninho de Águia, que após a fundação em 1639, viria a ser alvo de saque e destruição por parte das invasões francesas; a recuperação em 1868 devolveu-lhe a dignidade, sendo esta reforçada recentemente com novas obras de restauro. O topónimo em si, persiste envolvido pela lenda de um menino que terá sido resgatado por uma águia... conto esse que alimenta uma ligação entre Cercal e Seiça, ainda que somente no campo do imaginário colectivo.

Cercal partilha ainda com outras freguesias um dos miradouros mais elevados e deleitáveis do concelho, o Cabeço de Óbidos, elevado 370 m. acima do nível médio das águas do mar, de onde se pode contemplar a fisionomia geral do concelho.

A economia local faz-se representar pela pluralidade de actividades ligadas ao sector primário e à indústria. Note-se que a silvicultura ocupa elevadas extensões da área da freguesia, ao ponto de actuar simultaneamente como um dos principais «pulmões» do município.

Os equipamentos de apoio social, esses ganham forma a um ritmo saudável e vão garantindo uma capacidade de resposta às necessidades dos utentes. Também os espaços desportivos e aptos a servir o lazer ocupam uma posição importante na freguesia, pelo que fomentam a coesão da comunidade.

Atravessada pela a Estrada 505, uma das principais vias municipais, Cercal é hoje uma freguesia que se dá a descobrir.

Aliciamento...



Eis um texto do Serviço Alemão de Informações, editado em 1941, claramente com o objectivo de aliciar simpatias:

Viagens do operário alemão!...
Magníficos barcos de férias levam-no aos fiordes da Noruega e ele fica extasiado perante as maravilhas do panorama nórdico; desembarca nas costas do Mediterrâneo e nas benditas ilhas do Atlântico e goza o sol radiante do Sul. Atravessa as extensas florestas e vales encantadores da Alemanha, passa por velhos burgos, cidades e aldeias românticas.
Ei-lo também alpinista corajoso e enérgico, ou então, a deslizar pelos montes, em ski.

O texto é profusamente ilustrado demonstrando que aquelas promessas pelo menos se realizavam para alguns privilegiados que foram fotografados na subida à montanha para admirar o panorama do Grossvenediger ou numa sesta sob as palmeiras.

quarta-feira, junho 08, 2005

Hino das Comboianas #
Pouca terra, pouca terra
O comboio já lá vem
Entro eu, estras tu,
Todas nós já entramos,
Pouca terra, pouca terra...
Caixas, meias e «quejandos»,
Vendo eu e vendes tu:
Parece a feira lá da terra!
O ponto de cruz vai andando,
E o tricot e o crochet
Nas mãos ágeis vão crescendo,
E as línguas, sem descanso
Contam isto e mais aquilo,
Do fulano e do beltrano.
O tempo vai passando,
Já estamos quase chegando
-Caxarias, já cá estamos!
E no Manalvo, nós entramos:
- Sr. António, que é o almoço?
- Sr. Luís, um cafezinho.
E não esqueça o copinho
Daquela água abençoada
Lá da fonte do barquinho!
Ai meu Deus! Olhem as horas
Para e escola temos de ir
Os meninos temos de ensinar
A crescer e a sorrir.
Ai meu Deus, até que enfim!
Este dia chegou ao fim.
O comboio vamos apanhar,
Porque a casa vamos voltar
E amanhã será outro dia
Para o comboio apanhar.
Pouca terra, pouca terra,
Já lávem a apitar,
Já se vê na curva a entrar,
Entro eu e entras tu,
Pouca terra, pouca terra,
Lá vai ele a apitar:
Uuu uuuu uuuuu uuuu!


Abril 98
Comboianas #: grupo de professoras que apanha o comboio entre Coimbra e Caxarias

Maria Paula Leitão Mendes Gameiro

Via Educare
Caxarias


Escudo de azul, banda enxequetada de prata e vermelho, de duas tiras, acompanhado em chefe, sinistra, de uma palma de ouro, posta em pala e, brocante, uma faca de punho vermelho e lâmina de prata, em ponta, duas burelas ondeadas de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas " CAXARIAS - OURÉM " Posted by Hello

Terra da Teresa. Já não me lembro em que sítio li isto:

Caxarias é freguesia do concelho de Ourém desde 9 de Junho de 1947. Situada no extremo norte desse concelho, assenta sobre afloramentos do cretácico que formam uma espécie de pequenos planaltos calcários. Banhada pelas águas do Tomatel, Caxarias é rasgada pela via férrea do Norte, o que lhe facilita o desenvolvimento, tornando-a na principal freguesia (vila sede de freguesia) na sua área de influência, tornando-a também local eleito da escola-sede de um Agrupamento Vertical de escolas.

A freguesia de Caxarias é composta pelos seguintes lugares e povoações: Abadia, Águas Formosas (parte), Andrés, Balancho, Barreira, Carvoeira, Casais da Abadia, Castelo, Caxarias, Chã, Cogominho, Faletia, Pisão do Oleiro, Pisões, Pontes, Ribeira, Seixal, Valados, Vales e Vendas.

Com uma área de cerca de 23km2 para perto de 3100 habitantes, a freguesia está situada numa região de pinhal onde, nos vários vales, se pratica uma agricultura de subsistência.

A zona é eminentemente agrícola.

Os mais velhos dedicam-se à agricultura, exploração florestal e alguma pastorícia, complementada com a sua reforma, muitas vezes adquirida em França.

Os mais novos dedicam-se à construção civil ou trabalham como operários em oficinas, serrações e metalúrgicas, principalmente concentradas na sede de freguesia.

A maioria das mulheres não trabalha fora de casa, dedicando-se à agricultura a nível doméstico.

Não obstante todos os condicionalismos negativos que uma situação de interioridade implica, tem-se verificado nos últimos anos um excelente ritmo de crescimento.

As principais actividades económicas da região são a indústria de transformação de madeiras, a metalomecânica pesada, a construção civil, entre outras actividades de índole comercial.

Faz falta indústria que proporcione emprego para mulheres, no entanto, quase não há desemprego masculino.

O gerico do Clemente

Que mártir, as 5.as feiras,
Quando ia para o mercado
Carregadinho, ajoujado
Com sacas, fardos e ceiras!

Se eu lhes disse que o jumento
Carregava como um macho,
Palavra que nao invento,
Calculo ainda por baixo.

E era tao forte o costume
Que fôsse o peso qual fosse,
No seu olhar triste e doce
Nao se lia um azedume.

Um dia, vendo-lhe as chagas,
Compadecido, o patrao
Resolveu, com muitas pragas,
Melhorar-lhe a situaçao.

E pôs-lhe em cima um carrego.
Tao leve, tao maneirinho,
Que até no dedo mendinho
O levaria um galego!

Pois, nao lhe digo mais nada!
O pacientíssimo bruto,
Ao sentir sôbre a lombada
Um peso tao diminuto,

Pôs-se aos coices a zurrar,
A recusar o serviço
E naquele reboliço
Atirou a carga ao ar!

Conheço muito casmurro
Que, em sendo tratado bem,
Agradece como o burro
De Vila Nova de Ourém.


(Do livro Fábulas e historietas de Acácio de Paiva) in, Notícias de Ourém de 07-04-1935
Via Notícias de Ourém
SONETO SOBRE LEIRIA

Minha terra velhinha! Assim te quero,
Ente as olhalvas frescas, pequenina,
Teu Lis saudoso, teu castelo em ruína,
Teu ar de monja, tímido e severo.

Assim te represento e te venero,
Te possuo em minh'alma e na retina.
Deixei-te muito cedo, porque é sina
Fugir de quem mais amo e mais espero.

Ela me arrasta, força e descaminha,
Mas não me esqueces, terra doce e triste,
Vetusta jóia de precioso engaste.

Em cada pedra tua, em cada ervinha,
Quantas vezes comigo tu sorriste
E, só porque eu chorava, tu choraste!


Acácio de Paiva
A casa do poeta


Antiga igreja paroquial, casa do poeta Acácio Paiva e Museu Etnográfico - moinho de águaPosted by Hello

Olival é uma das freguesias mais antigas do concelho de Ourém, tendo sido ocupada já no tempo dos romanos. A sua antiga igreja paroquial é um amplo templo quatrocentista com belos silhares de azulejos polícromos do século XVII, pinturas retabulares sobre madeira e altares em talha dourada (Para visita contactar o pároco). Neste lugar pitoresco, encontra-se uma artística residência rural onde viveu a família do poeta Acácio de Paiva. No pátio abarrocado chama a atenção a fonte de pedra setecentista. A abundância de água na zona foi determinante para a proliferação de moinhos dos quais ainda hoje se podem encontrar alguns em actividade. O quotidiano centrado à volta destas pequenas unidades industriais está bem retratado no museu etnográfico do Olival que integra um dos muitos moinhos de água outrora ali existentes.

Via
Roteiros da Natureza > Entre vales e outeiros
Copyright: João Pedro Bernardes e Paulo Santos Fonseca
Fotografia: Domingos Patacho, José Alho, José Rui Paisana, Margarida Costa e Paulo Santos Fonseca
Edição: RTL/F

Olival


escudo lisonjado de prata e púrpura; brocante, uma mata de oliveiras de verde e, em ponta, ondeado de azul e prata de três tiras. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: "OLIVAL - OURÉM". Posted by Hello
Uma organização impressionante



Eis a prova de que os discursos de HItler chegavam aos oureenses. Neste caso, a edição é de 1941 por um Serviço de Informação da Legação da Alemanha em Lisboa.
Não se impressionem os meus amigos com o termo traição que parece indicar qualquer cumplicidade anterior dos soviéticos: logo na segunda ou terceira página, o Führer informa acerca do desconforto que nos vinte anos anteriores a existência de uma formação socialista lhes teria provocado.

terça-feira, junho 07, 2005

Alburitel


Escudo de ouro, cacho de uvas de púrpura folhado de verde, três ramos de oliveira de verde, frutados de negro e três espigas de milho de vermelho, folhadas de verde e atadas de azul, tudo bem ordenado. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas : " ALBURITEL ". Posted by Hello

Terra da boa pinga e de excelente azeite, a avaliar pela imagem anterior.
Daqui partiu Albuquerque à conquista de Ourém e do país. Aliás, temos de reconhecer, a nível de sonoridade, a monumental parecença do seu nome com da freguesia.
Não encontrei página para a junta de freguesia (em determinada página há um apontador para o presidente da junta de freguesia: Manuel Guerra do PSD cujo perfil é desenvolvido pelo Notícias de Fátima), mas encontrei algumas descrições que poderão ajudar a construí-la. Eis a primeira:

Constituída por apenas dois lugares, Alburitel e Toucinhos, esta freguesia é uma das mais pequenas do concelho sendo habitada por cerca de 2.500 habitantes, ocupando uma área de 11.5 Kilometros quadrados.
Tem uma história primitiva, o nome "Alburitel" vindo da presença árabe. Prossepõe-se a passagem de uma via mediaval pelo Vale do Azurrague, que ligava Santarem a Coimbra. A posição geografica da freguesia de Alburitel é favoravel, devido a fazer a ligação entre Ourém e Tomar.
A religião destas gentes tem a ver com a antiguidade dos seus templos, certificam-no a capela de S.Salvador nos Toucinhos, construida em 1592 e a ermida de N. S. da Ajuda, fundada em 1604.
A paisagem da serra, com as suas "lapas" e Vales é apresivel o olhar dos visitantes e a mistura da vinha com os olivais firmados sobre escarpas calcárias.
Alem de ter equipamentos sociais e desportivos, que proporcionam uma boa qualidade de vida á população, a freguesia concentra alguns serviços e postos de comercio, bem como muitos jovens.
Alburitel é conhecido pelas casas de petiscos existentes na localidade. Convida por isso a uma breve paragem com direito a um passeio pelas encostas panorâmicas, seguindo de uma visita aos templos mais antigos e, culminado por fim com uma excelente experiencia gastronomica.

Quanto à génese do topónimo "Alburitel", a mesma é explicada através de duas versões; uma aponta que a sua forma deriva do árabe, reconhecendo-lhe semelhanças com a palavra espanhola "Alborete", cujo significado é "correio"; o argumento apresentado para justificar esta versão é que no limite desta freguesia passava, pelo "Vale do Azurrague", a estrada medieval que ligava Santarém a Coimbra, pelo que seria então possível que ali existisse um posto de entrega de correspondência.

A outra explicação filia-se no nome de um tal "Álvaro Teles", que se julga ter sido fidalgo e senhor destas terras, e cuja junção dos seus dois nomes, seguida da corrupção da mesma, originaria a palavra "Alburitel". O nome de Álvaro Teles acabou mesmo por ser dado à rua principal da freguesia.

Urqueira (2)

A junta de freguesia da Urqueira não tem página na NET, mas uma pesquisa no Google permite-nos determinar a sua composição:

Presidente António Marques das Neves (PPD/PSD)
Secretário Armando Duque Valente
Tesoureiro Luís Miguel de Brito Pascoal
Existem ainda múltiplas referências a esta freguesia, algumas com algum interesse:
No notícias de Fátima
A lista da CDU às autárquicas de 2001
A história da construção da Capela
A escola da Amieira, imbróglio de que nunca mais tivemos notícias.
Urqueira


Escudo de vermelho, dolmen de ouro realçado de negro, entre dois pinheiros de prata, arrancados do mesmo e frutados de verde; em contra-chefe, três coticas ondeadas de prata e azul. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro em maiúsculas : " URQUEIRA". Posted by Hello

É a terra do velho amigo Amândio do Colégio Fernão Lopes, aquele que ia e vinha todos os dias de bicicleta
Sobre a mesma, encontrei esta interessante resenha histórica:

Freguesia desanexada de Olival em 1928, revelou-se no último quartel deste século como uma região de grande importância arqueológica, tendo vindo a merecer uma atenção especial por parte de diversos estudiosos que não hesitam em considerá-la uma das freguesias historicamente mais ricas do concelho.

A antiguidade milenária desta terra é atestada pela própria toponímia - Vale das Antas e Urqueira (Orqueira - Orca) - apontando para a existência na localidade de túmulos sepulcrais de eras pré-históricas.
Indiciando isso mesmo, temos ainda a carta de Couto passada por D. Afonso Henriques ao Mosteiro de Santa Maria de Tomaréis, na qual o monarca se refere claramente a uma “mamoa” que por ali se encontrava: “Vadit ad mamonam vertente acqua quomodo vadit ad orcariam”. Na actualidade parece não haver grandes dúvidas de que as terras de Urqueira abrigaram uma “civilização megalítica”, podendo mesmo já serem habitadas em finais do Eneolítico.
É pelos finais do reinado de D. Afonso Henriques que se dá a primeira tentativa de povoamento de "Orqueira", outorgando-se em 1180 uma carta de povoação, mas apesar dos maiores esforços dos frades de Tomaréis no sentido de desbravar o denso matagal, nada se conseguiu. Nova tentativa e coroada de êxito, é feita por D. Dinis em 1299 mas agora entregando o lugar para povoar a Martim Lourenço de Cerveira, tornando-se este o fundador do actual lugar de Urqueira. Na carta passada por D. Dinis referia-se expressamente que Martim Cerveira possuiria a povoação “durante toda a sua vida como donatário, obrigando-se a revertê-la à coroa após a sua morte,
com todas as suas benfeitorias”.
Aqui nesta freguesia, no lugar do Estreito, passou-se há 300 anos um episódio que ficou nos anais da região e que foi dado a conhecer por Frei Agostinho de Santa Maria no seu “Santuário Mariano”. O conde de Castelo Melhor, D. Luís de Sousa e Vasconcelos, também primeiro ministro de Afonso VI, após ter perdido o valimento junto do novo monarca, D. Pedro II, irmão do anterior, a quem depôs, fugiu disfarçado acabando por encontrar refúgio nesta aldeia.
Algum tempo decorrido, três cavaleiros provenientes de Lisboa, de passagem por ali, surpreenderam-no quando acompanhava um lavrador que conduzia uma carrada de mato. Ao notar o interesse que os cavaleiros mostravam por si, afastou-se sorrateiramente, seguido pelo lavrador, que descarregou sobre ele todo o mato que transportava, frustrando assim os intentos dos cavaleiros que acabaram por se afastar.
Saído do esconderijo, D. Luís atribuiu o caso à intervenção de Nossa Senhora do Testinho, de cuja imagem, oferecida pelas religiosas de Santo Alberto de Lisboa, jamais se apartava. O conde fugiu do País, mas, quando anos mais tarde regressou, quis pagar a dívida contraída com Nossa Senhora do Testinho, ao defender-lhe a vida no esconderijo do Estreito.
Então, como conta o “Santuário Mariano”, o conde “mandou levantar neste sítio uma ermida a Nossa Senhora, e nela mandou colocar uma imagem sua de madeira estofada, com o Menino Deus sentado sobre o braço esquerdo, a qual faz de estatura três palmos e meio, compondo a ermida de todos os ornamentos necessários, consignando renda própria para a sua fábrica”. Além de entronizar a imagem na ermida, o conde mandou gravar uma inscrição em latim, evocativa, e do ano de 1687.
O outro templo de culto da freguesia é a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Piedade, com nave coberta de tecto de madeira e a capela-mor abobadada. No trono, dentro de uma maquineta, está a imagem da padroeira, bonita escultura de madeira do princípio do século XVIII.
Nossa Senhora da Piedade é o orago da freguesia de Urqueira, sendo o segundo Domingo de Agosto o dia destinado à sua celebração.
Via Distritos de Portugal
Em passeio pelas freguesias

Por acaso, ontem descobrimos a página da freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias.
A minha opinião é que seria bom que todas as nossas freguesias tivessem uma página na Internet e que a partir da mesma aos cidadãos fosse possível tratar assuntos, pedir esclarecimentos e inclusivamente fazer acesso à Câmara.
Vamos prosseguir esse passeio.
E pergunto-me: haverá por aí algum candidato que queira modificar um panorama que é com certeza pobre, garantindo que, com a sua eleição nas próximas autárquicas, fará que os sistemas de informação e comunicação se articulem num todo harmonioso em ordem a chegar ao mais longínquo munícipe?
Um mundo novo



Este livro é algo extremamente bem feito dirigido aos trabalhadores.
“A concepção puramente materialista de que o trabalho era um mal necessário, opôs-se a vontade de libertar o trabalho da sua maldição e de lher dar o valor dum serviço honroso. Todo o trabalho útil representa um serviço prestado à comunidade e tem, por esta razão, a sua honra”.
E quem poderia discordar destas palavras que, em 1941, foram distribuídoas pelo nosso país e onde se enaltecia as novas condições de trabalho na Alemanha? Ainda no mesmo documento, um conjunto de fotografias documentando elementos que acompanhavam essas condições de trabalho: recreio nos jardins depois de almoço, desportos e alegria, ping-pong, a biblioteca da fábrica...
Enfim, propaganda elaborada por alguém extremamente competente.

segunda-feira, junho 06, 2005

Wake me up when September ends

Uma bela canção que o filhote me tem ensinado a ouvir.
Aliás, muito do que conheço recentemente, a ele o devo, pois, por mim sozinho, nunca seria capaz de dar a atenção que agora dou aos Dover ou aos Green Day.
Nossa Senhora das Misericórdias



Sabiam que esta lendária freguesia tem uma página toda bonita na Internet? Vejam, está aqui.
Oureana, Moura amada
Por Rosalina Melro

Corria o ano de 1136. Num dos seus ousados e bem sucedidos fossados, D. Afonso Henriques arrebatava a fortaleza de Abdegas, atalaia mourisca alcandorada em elevado morro, num lugar de difícil acesso que travava o avanço dos Cristãos para a linha do Tejo.
Entre os intrépidos guerreiros das hostes do Conquistador encontrava-se o lendário Traga-Mouros, filho de Hermígio Gonçalves, companheiro de Afonso Henriques desde a meninice nas terras galegas do Condado Portucalense. É dos amores desse temível guerreiro que hoje iremos falar. Mais uma lenda apenas. Uma das muitas versões que correm na vila velha de Ourém. Lenda que imortaliza a mais amada de todas as mouras, a doce Fátima, baptizada Oureana pelos cristãos, a bela filha de Abu Déniz, capitão da fortaleza de Alcácer do Sal, nas terras de mar e sol que se alongam para o Sul, a Ocidente do antigo Garbe.
Crelo não errar se disser que de todas as lendas reunidas por Almeida Garrett, a mais poética e, também, a mais dramática é esta Lenda de Ourém, onde se conta a história de um amor que se prolonga para além da morte, pois reúne, na mesma campa aberta em terra sagrada do adro da igreja do Castelo de Ourém, os corpos de Oureana e de Gonçalo Hermigues, o Traga-Mouros. Mas comecemos a Lenda tal como a ouvimos nas terras que foram de D. Teresa, infanta de Portugal.
O galã da "Lenda de Oureana" é dotado de superiores talentos, posto que é o primeiro de todos os belos Trovadores que iniciam as cantigas em Lingua Galega com o novo modo de trobar trazido pelos Cruzados que, dos longínquos castelos da doce Bretanha, tinham vindo auxiliar nas lutas contra os Mouros nos tempos da reconquista. A sua voz melodiosa, a sua arte sublime de poeta, a sua sensibilidade ao dedilhar o alaúde, eram um poder mágico que abria ao guerreiro-trovador as portas de todos os castelos cristãos da Galiza até Coimbra.
Os Mouros tinham esfacelado o seu valente pai, apelidado de Lutador, durante aquela sangrenta Batalha de Ourique, num golpe de traição. Chorou-o como D. Afonso Henriques que, logo em seguida, auxiliado por poderes divinais, degolou cinco reis mouros e desbaratou o poderoso exército da moirama. Gonçalo Hermigues substitui, então, no lugar de valido do rei, o seu nobre pai. Recebe a honra de governar o Castelo de Abdegas acompanhado de um valente punhado de nobre guerreiros, todos jovens e bem treinados nas duras lutas contra o infiel.
Numa noite de S. Joáo, os moços cavaleiros entretinham-se em jogos de lanças, quando um dos mais ousados propôs um treino mais proveitoso nessa noite de amores e de folgança para cristão e para mouros. Em breve, cavalgavam nos areais, batidos por mansas ondas. Embarcam no batel dos cruzados, ancorado junto à praia. Rompia a madrugada, de um S. João exaltante, quando o batel chegou à foz do Mira. Atracaram, em silêncio, frente aos campos floridos de Alcácer. Subitamente, vindo do lado do Alcazar, o vozear pipilante de um bando de formosas e jovens mulheres. Destancando-se de todas as outras, a mais garbosa era Fátima, a filha dilecta do governador do castelo. Sobre ela tombaram os olhos de Gonçalo Hermigues. Por ela ficou enfeitiçado o Traga-Mouros. Logo, esquecidos os perigos, ele improvisa uma trova sublime. Desse momento se acham vestígios nos Cancioneiros Medievais.
Sem temor, a doce Fátima corria para os braços do Trovador. Tomados de êxtase, cada um dos cavaleiros arrebata uma moirinha. No ar perfumado de giesta e rosmaninho, ouviam-se as trovas, que haveriam de dar o nome a Oureana:

Oureana!Oureana! Oh! Tem por certo
Que esta vida, de viver,
Toda a vida se olvidou naquele aperto.
E o que em troco eu vim a haver
Não há mais para se ver.
Ora vos tenho, ora não
E um a um eles que chegaram
Já me apanhaste e já não...
D'aqui largam e d'ali pegam,
que anda tudo ao repelão
Por mil golvos retoiçando
Ai,ai, que vos avistei!...
Já sei por que ando lidando,
Que em tais terras bem pensei
Melhor fruto não verei.

Entretanto, aproximava-se uma chusma de mouros, bem armados de alfanges e adagas reluzentes. Corriam a salvar as suas irmãs e noivas. Então, o corajoso Gonçalo Hermigues deitou o corpo de Fátima, que entretanto desmaiara, sobre uma pequena duna e ordenou aos companheiros que fossem para o batel e o aguardassem. Sozinho, fez frente aos aguerridos sarracenos e, num repente, tomava a amada contra o seu peito e entrava no batel salvador. Alquns dias mais tarde, pela lua cheia de Agosto, grande festa anima a sua herdade, cerca do Castelo de Abdegas. Música e danças e muitos folguedos celebram a alegria da conversão da bela moura. Nesse dia, fora celebrado o baptizado e logo em seguida o casamento cristão da filha de Abu Déniz que tomara o nome de Oureana. Tanta fama teve a sua beleza e a força do seu amor que o povo trocou o nome de Abdegas pelo de Ourém. Mas o drama da manhã de S. João ferira de morte o coração dividido de Oureana. Saudades da família e das terras do Sul entristeciam-lhe a alma e roubavam-lhe o alento. Numa manhã cinzenta de Abril, começavam a florir as rosas brancas no jardim do Castelo, Oureana caía morta no caminho pare a igreja. Inconsolável, o Traga-Mouros encerra a sua dor e a sua juventude na branca cela de um Convento. Diz-se que todas as manhãs, quando o sol nascia, ele vinha rezar junto da campa da sua amada, com uma rosa branca entre as mãos que nunca mais dedilharam as cordas do alaúde. E, porque de amor também se morre, foi sobre a campa de Oureana que, num triste dia de Novembro, abandonou esta vida de paixóes. Os dois ficaram, para sempre, unidos nesse pedaço da terra de Ourém. Terra de ligaçoes profundas entre os homens e os deuses. Terra de fé e de elevados ideais, cultivados de geraçao em geracão, pelos seus filhos, descendentes de Gonçalo Hermigues, o Traga-Mouros.

In "Suplemento Cultural de O Mirante" de 3/9/97
O PDM é um espartilho

O presidente David tem toda a razão
Quero ter a casinha no meio da horta.
Quero criar coelhos e galinhas para auto-consumo nas ruas da cidade.
Quero o centro comercial em cima de leito de cheia.
Quero destruir todos os jardins que me aprouver.
Quero mandar as casas antigas às urtigas.
O PDM é um espartilho.
Impede a minha acção.
Eu sou o desenvolvimento. O crescimento. O que rebenta com tudo muito mais cedo...
... o que enche os bolsos dos que já têm tudo.

E eles, fiéis lacaios, a tudo dizem que sim.
Menos freguesias para Ourém?

Na sequência da divulgação das intenções de António Costa de fusionar freguesias com menos de 1000 habitantes, Formigais, Cercal e Ribeira do Fárrio estão em risco de perder esse estatuto já que a população registada no INE é inferior a esse número. E há mais duas que, a escapar, é por pouco.
O simpático autarca do Cercal, tão preocupado com a sua sucessão, pode, assim, gozar de merecido descanso...
Outrora: O Avenida


O sítio do bilhar Posted by Hello

Julgo que esta fotografia ainda mostra a maravilha que desfrutávamos no Avenida. Não há pormenores esquecidos: o brazão da nossa terra, o mapa do concelho
Deixemos falar as fotografias...
... e um grande obrigado ao Outrora.

Acesso ao balcão Posted by Hello

Jogadores, porta rolante, sítio para a televisão Posted by Hello
Ar puro


Um exercício de contemplação Posted by Hello

É isso...
Qualquer passagem pelo Mega Fauna é um exercício de contemplação, num ambiente muito puro e que nos faz sonhar com algo diferente do que esta luta diária pela subsistência exige.
Aumentos diferenciados no funcionalismo público

Os amigos socialistas tanto querem discriminar que criam verdadeiras aberrações. Alguém acredita que isto vai funcionar de uma forma correcta sem uma profunda remodelação de toda a administração?
Sabem o que é que isto vai dar? Quem cair nas boas graças do chefe leva 4%, quem não cair leva 0%, independentemente do seu valor... Mais, se a escolha do chefe obedeceu a critérios de índole partidária, se for do partido do governo, leva, se não for...
Isto é uma tontaria, tal como o são todas as discriminações baseadas na declaração de rendimentos.
A última muralha



O título só por si é expressivo: deter a marcha do povo soviético cujas realizações tanto assustavam o ocidente...
A história veio a demonstrar a total desfaçatez deste objectivo: mais do que uma muralha contra o quer que fosse, o exército alemão foi um instrumento de agressão às democracias ocidentais, aos povos vizinhos e sucumbiu sem qualquer glória. Acusando os outros de assalto, esta propaganda tenta esconder o que verdadeiramente estava nas intenções dos seus promotores.

domingo, junho 05, 2005

Aspectos da propaganda nazi em Ourém durante a 2ª Guerra

Termina um ciclo, dito de leitura inocente, começa outro de exame, apreciação. Tenho algum receio relativamente à forma como o vou abordar, espero que os meus amigos perdoem alguma incorrecção pois o assunto é bem mais sério que o anterior. Talvez devesse ficar calado, mas não tenho a certeza se o silêncio será a melhor formar de criar alertas, de consciencializar...
Julgar-se-ia que, dada a tradicional desorganização do país e dificuldade em as coisas, as novas ideias chegarem a Ourém que a divulgação das ideias nazis nunca aqui terá existido.
A apreciar pelos exemplos que recolhi, tal suposição é falsa.
A ideologia nazi soube organizar-se, criar documentos de propaganda e fazê-los chegar aos pontos mais recônditos da nossa terra. Que estruturas utilizava para o conseguir não sei dizer, admito inclusivamente que fosse a distribuição normal em cafés e tabacarias que punha à disposição dos oureenses o material ideológico. Uma coisa é o que as pessoas pensavam após o conhecimento dos horrores associados a Hitler e aos seus apaniguados, outra o que decorria do dia a dia de uma guerra que se temia, mas de que ainda não se conhecia o malvado. Este era sentido fundamentalmente pelo povo judeu, pelos polacos...
Os documentos que tenho para vos mostrar são relativamente elucidativos. A Alemanha nazi tentava seduzir as classes trabalhadoras, procurando apresentar-se como detentora do mais elevado expoente em termos de condições de trabalho e via a sua principal inimiga na sociedade soviética.
A semana que se materializa no arquivo ora encetado vai apresentar aos oureenses, à razão de um por dia e intercalados com posts normais, alguns dos elementos em que se materializava a propagação dessa ideologia: tudo bem urdido, pensado, organizado e executado.
Mal! Mal!

São reacções como esta, de militantes socialistas, perante o maior responsável do partido, que me fazem manter a esperança (embora o Sérgio lhe chame ilusão) de que algo de bom possa sair dali.
O bastardo

É inqualificável o discurso e a arrogância de Jardim.
Como é que um paquiderme daqueles (sem ofensa ao bicho) pode estar há trinta anos no poder no nosso país?
E vai continuar. E quem deve não reage, demonstrando que a falta de civismo é estimulada por aqueles que detêm posições importantes neste cantinho afinal tão tolerante.
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