sábado, setembro 14, 2019

Serpentes Cegas



Serpentes cegas é mais uma novela gráfica de que gostei muito. O Público vai assim alternando títulos excelentes com outros que me parecem intragáveis,
Eis um resumo de acordo com a promoção da obra:
Um homem, vestido de vermelho, chega a Nova York em 1939 e instala-se num pequeno hotel à procura de um tal Ben Koch, um espanhol que não respeitou um pacto. O dono da pensão, Red, diz que não tem notícias de Ben, o que o homem não acredita. Decide esperar por ele, acabando por descobrir que Koch foi visto a destruir um túmulo com um martelo. Qual o motivo da fúria de Koch? Também ele procura desesperadamente um indivíduo chamado Curtis Rusciano.
Pouco a pouco vamos assistindo à evolução deste personagem, descobrindo que Ben participou nas Brigadas Internacionais que combateram o fascismo durante a guerra civil espanhola. É com ele, que viajamos até à Barcelona de Maio de 1937, com os confrontos entre anarquistas e comunistas, e posteriormente, em 1938 a um dos cenários mais decisivos da guerra civil: A Batalha do Ebro.
Uma história de vingança com a Guerra Civil espanhola e a Grande Depressão em Nova Iorque como pano de fundo.

sexta-feira, setembro 13, 2019

Os problemas do infinito



… Eu já gostava dos desafios da Matemática dedicando-lhe largas horas de estudo e, por vezes, do tempo livre. Mas com ela ganharam outra conotação.
Problemas, teoremas, axiomas, postulados… tudo se transformava, envolvendo-se em cores fantásticas sem perderem a identidade.
Um dia fui chamado ao quadro e, desengonçado, resolvi armar-me em esperto, usando a matéria de simplificações.
- Vou demonstrar que 2 é igual a 3.
- Como?
- É verdade, descobri esta noite numa investigação que fiz…
Qual júri de um concurso musical da RTP, ela respondeu:
- Faça favor, o quadro é todo seu…
E eu comecei a escrever:
0 = 0, logo
2-2 = 3-3, pondo em evidência vem
2*(1-1) = 3*(1-1).
Podemos substituir 1-1 por X, logo
2*X = 3*X, pelo que, simplificando
2 = 3
Comecei a ouvir uns risinhos.
E, de repente, ouvi aquela vozinha, proveniente do lado direito da primeira fila, estilo Ronaldinha das Matemáticas:
- Não pode ser. 0 não divide por 0, dá infinito…
Olhei-a furibundo, batido em toda a linha. Ali estava ela, com ar de vencedor, de todas as cores, um verdadeiro arco-iris. Esta a razão por que não segui Matemática e desgastei o meu tempo no mundo da Economia onde se pode demonstrar tudo e o seu contrário…

A tenebrosa visita do Dr. Preto numa tarde da Feira Nova

Há muitos anos, a quinta-feira, era, talvez, o melhor dia de festa da Feira Nova que se realizava no enorme espaço frente ao local onde agora se situa a Câmara Municipal.
Mas houve uma vez que não o pude desfrutar.
Vivia ainda na casa do Largo de Castela, uma febre malvada apareceu e não pude sair de casa. Ao longe, ouvia a música proveniente do carrossel e dos automóveis. O cheirinho a castanhas chegou a invadir a minha casa. O troar daquela carruagem que seguia por uma linha para testar músculo, por vezes, fazia-se ouvir.
Mas eu estava ali sem poder ir ver uma das coisas que mais adorava.
Para ajudar à desgraça, a família lembrou-se de chamar o médico. Lá veio o Dr. Preto que fez o exame necessário.
- Arranje-me água fervida.
Assim mesmo, à veterinário, serviço completo…. 
O que é que ele estaria para fazer? Vejo-o sacar de um estojo com seringas ameaçadoras.
Lá longe a festa continuava, mas eu quase já não a ouvia pregado naquele filme de terror. Ele fez a preparação bem à minha frente, para eu aprender a ser homem, sem receio de nada. E lá veio o suplício.
Continuei na cama mais uns dias e tudo passou.
Quando me pude levantar, fui revisitar o lugar da feira. Já todos tinham ido embora. Junto à Câmara e ao depósito, tudo era calmaria, silêncio.
Depois, tudo acabou, em nome do progresso…

quinta-feira, setembro 12, 2019

Postal de Berlim_1


Não tarda muito, amigos
em breve, o providencial autarca
fará invadir Ourém de trotinetes, scooters, skates
e outros terrores para o caminhante distraído


A primeira visão em Fátima


A minha primeira relação com o mercado de trabalho foi, pelos quinze anos, quando fui substituir, em momento de férias, uma pessoa que trabalhava no posto de turismo em Fátima que ocupava cerca de metade do espaço onde é, hoje, uma farmácia.
Autêntico trabalho infantil durante duas semanas que procurava explorar os meus conhecimento de inglês e francês pondo-os ao serviço dos peregrinos. Não era difícil, havia um lote de coisas preparadas para distribuir e informar e os visitantes também não eram muitos: "Ora, tem aqui a Capelinha. Também pode ir aos Valinhos ver a loca do Anjo...".
Assim, nos muitos momentos livres, dediquei-me a fazer o reconhecimento do local. 
E estava nesta prospeção quando, de repente, os meus olhos deram com algo de diferente, algo com a forma de uma mala. 
A curiosidade forçou-me a abrir aquilo e fiquei deslumbrado com a visão. 

Um gira-discos

Pela primeira vez, tinha à minha frente um gira-discos. 
Ainda emocionado, fechei-o e recoloquei-o no mesmo sítio.
Mas, no dia seguinte, a recordação daquela visão não me deixou descansado. Voltei a abri-lo e liguei-o, testando aqueles manípulos que diziam 33, 45 e 78. Vi que aquilo andava e até produzia algum som. Continuei a procurar...
Acabei por descobrir um single dos Beatles de nome "All my loving" e outro single com uma canção cujo intérprete já não recordo e que se chamava "This land is your land" (talvez Trini Lopez).

Fátima ganhou novo encanto. Os dias seguintes passei-os a ouvir a maravilhosa viola do Harrison e aquelas vozes que nunca mais me largaram. 
Em frente ao posto de turismo, os peregrinos e as meninas daquelas lojecas todas iguais, símbolo de mercado de concorrência perfeita, parecia que dançavam ao som da música que eu lhes dava.
Ao fim do dia, quando regressava para junto da oficina do meu pai, os sinos que cantavam a Avé Maria, pelas sete horas, confundiam-se com o magnífico som que não conseguia largar a minha mente...

Close your eyes and I'll kiss you,
Tomorrow I'll miss you;
Remember I'll always be true.
And then while I'm away,
I'll write home ev'ry day,
And I'll send all my loving to you.

I'll pretend That I'm kissing
the lips I am missing
And hope that my draems will come true.
And then while I'm away,
I'll write home ev'ry day,
And I'll send all my loving to you.

All my loving I will send to you.
All my loving, darling I'll be true.

quarta-feira, setembro 11, 2019

A besta ignorante




O Presidente dos Estados Unidos da América é uma besta. 
Não é apenas uma besta. É uma besta ignorante. Trump é rico. Poderia educar-se ou rodear-se de pessoas que não fossem ignorantes. Mas não o fez, apesar de o Presidente dos Estados Unidos da América ter direito a rodear-se dessas pessoas. 
Trump é uma besta porque gosta de ser como é. Sabe que é uma besta ignorante, mas gosta assim. Acha graça ser uma besta ignorante e ter chegado aonde chegou. Acha que é uma prova que ser uma besta ignorante não impede uma pessoa de ser Presidente dos Estados Unidos da América. 
Trump revelou que confunde a Inglaterra com o Reino Unido. Que tanto faz chamar-se uma coisa como outra. O pior é que ele se orgulha de ser ignorante. Gosta de demonstrar que se pode dar a esse luxo: "Olhem para mim, eu confundo a Inglaterra com o Reino Unido, tenho um campo de golfe na Escócia, mas é-me indiferente, não sofro por causa disso. Façam como eu! Sejam ricos e estúpidos como eu, que tudo vos será perdoado! Toda a gente é estúpida!" 
É um erro condescendente ter pena de uma besta ignorante que nunca leu um livro na vida. Ele orgulha-se disso. Não precisou. Não teve de passar por esse sacrifício. É a prova viva de que, ao contrário de Obama e de todos os outros Presidentes dos Estados Unidos da América, não é preciso ler um livro. Esse esforço tão desagradável, afinal, é inútil. Seja qual for o livro que não se lê! É indiferente — acompanhe-se com o sorriso de boquinha oscilante de cu tremido que é tão, tão atraente em Donald Trump.

O regresso da «Pau de Giz»

A Dra. Nazaré Nunes era uma excelente professora de Matemática. Era uma pessoa alta, magra, sempre de bata branca, o que lhe valeu o nome de "pau de giz".
Mas houve um ano em que ela saiu, alegadamente por problemas de vencimento. Era difícil viver noutra terra com os salários que se praticavam...
E a primeira manifestação de massas ocorreu em Ourém.


QUEREMOS A DOUTORA NAZARÉ!!!!

Pais e alunos unidos juntaram-se frente ao Colégio exigindo o seu regresso e, apesar da rigidez do sistema, acabaram por vencer.
No ano seguinte a prestigiada professora regressava, sendo substituída até esse momento pelo Dr. Preto.




(Nota: texto baseado nas memórias do Zé Rito, o nosso querido Avião…)


terça-feira, setembro 10, 2019

O perigo de falar do que se não sabe


Ai, Catarina
és muito engraçada, mas por vezes metes água.
A esquerda tem de preparar-se melhor
para não dar este gozo. Que vergonha!



segunda-feira, setembro 09, 2019

A chantagem de Estaline

Nadja espera numa sala do Kremlin. Vladimir Ilyich morreu há alguns meses e ela, cumprindo as suas últimas vontades, entregou o seu testamento ao partido para que seja dado conhecimento ao congresso.

Agora, espera uma resposta da comissão do Comité Central que deve decidir tempos e modos para a publicação. Não se sente tranquila. Conhece bem aquele texto, do qual apenas existem cinco cópias, está a par do rígido juízo sobre Estaline.




«Estaline», escreveu Vladimir Ilyich, «é demasiado grosseiro, e este defeito, de todo tolerável no ambiente e nas relações entre nós comunistas, torna-se intolerável na função de secretário-geral. Por isso, proponho aos camaradas que pensem na maneira de afastar Estaline deste cargo e designar para esse lugar outro homem que, além de todos os outros aspetos, se distinga do camarada Estaline apenas por uma melhor qualidade, ou seja, a de ser mais tolerante, mais leal, mais cortês e mais cuidadoso em relação aos camaradas, menos caprichoso, etc. Esta circunstância pode parecer de um pormenor insignificante, mas penso que, do ponto de vista do impedimento de uma cisão e do que escrevi acima sobre as relações de Estaline e Trotski, não é um pormenor, ou por outras palavras, será um pormenor que pode assumir uma importância decisiva».



O secretário-geral do Comité Central encontra-a no final da reunião. A comissão do Comité Central decidiu.

Serão respeitadas as vontades do chefe defunto; conforme pediu será alargado o Comité Central, será dado lugar aos operários e camponeses, mas — acrescenta — não haverá qualquer publicação daquele testamento, os conteúdos serão apresentados em síntese, e oralmente, apenas às delegações do Congresso do próprio Estaline, de Zinoviev e de Kamenev. As opiniões «pessoais» em relação a si, como sobre outros dirigentes bolcheviques, não passam precisamente de opiniões «pessoais», pormenores sobre os quais é inútil falar quando se devem tomar decisões sobre o futuro do partido e do grupo dirigente.

Nadja ouve em silêncio. Desconfia de Estaline, com quem, no passado recente, teve mais do que uma altercação: o secretário-geral do partido não queria que Lenine, gravemente doente e já claramente hostil a seu respeito, escrevesse e recebesse visitas, e fora grosseiro e ofensivo com a sua mulher, era suposto vigiá-lo, no entanto, contrariamente, consentia que continuasse a trabalhar e a escrever.

A viúva de Lenine está ciente de que enfrenta um homem muito poderoso que, além de ressentido, está igualmente convencido de que ela influenciou o marido no seu juízo de valor sobre ele, contudo, ainda assim, permite-se reagir e dizer-lhe que não concorda com a decisão tomada. O testamento deve ser tornado público.

O poderoso Estaline sente-se ameaçado. Nadja é uma mulher com idade, modesta, uma viúva consumida pela dor, sem qualquer poder, mas com o conhecimento dos conteúdos daquelas páginas, guarda cópias daquele documento.

Então, utiliza uma arma potente contra ela, a única que a pode aniquilar: se aquele testamento for público, se insistir de alguma forma em divulgá-lo — ameaça — revelará ao mundo quem era a mulher que Lenine amou verdadeiramente, a sua verdadeira mulher. Inês? A Nadja, chantageada, só resta aceitar. Manterá o silêncio. O testamento de Lenine permanecerá em segredo. Virá a público apenas em 1956.

Uma chegada imponente

Esplanada do Avenida
Uma daquelas magníficas tardes de Ourém. Algum Sol. Com nada para fazer, distintos oureenses apenas podiam exercitar a contemplação. 
Para a esquerda, para a direita… para a esquerda, para a direita…
O Jó Alho dava espectáculo. Corria de um lado para o outro, saltava batendo os calcanhares, enquanto trauteava o "La plus belle pour aller dancer".
De súbito, o belo carro negro aparece vindo talvez dos lados do Olival. Não sei se era um Ford Perfect da década de sessenta, era qualquer coisa assim. Algo de importante, talvez um bocadinho mais bojudo que o da imagem. 
O carro detém-se junto aos correios. Saem algumas pessoas. 
Reparo especialmente nela, uma catraia com os seus catorze anos, alta, engraçada, não era bonita, era apenas engraçada. Depois em alguém que parecia o seu pai. Um ar aristocrático, uma espécie de barão em fato negro completo, bigode forte e farfalhudo, um indivíduo alto e encorpado. Metia respeito...
Pouco falaram, cada um foi fazer o que tinha a fazer. Passado algum tempo, voltaram todos, meteram-se no carro e arrancaram, abandonando Ourém. Não falaram a ninguém. Lembro-me que isto aconteceu várias vezes. Quem seriam? Seriam da oposição democrática? Ou altas figuras do regime?
Voltei a encontrá-la em Leiria no Liceu. Afinal era simpática, não muito faladora, mas cumprimentava sempre, o que para mim é qualidade elevada. Eu ia para Económicas, ela para Direito ou Germânicas ou Filosofia, por isso nunca mais a vi.
Mas nunca consegui esquecer o modo como chegavam a Ourém.

domingo, setembro 08, 2019

O maltês de Manuel da Fonseca

Em Cerro Maior nasci.

Depois, quando as forças deram
para andar, desci ao largo.
Depois, tomei os caminhos
Que havia e mais outros que
Depois desses eu sabia

E tanto já me afastei
Dos caminhos que fizeram,
Que de vós todos perdido
vou descobrindo esses outros
Caminhos que só eu sei.

Veio o guarda com a lei
No carro das carabinas.

Cercaram-me num montado;
puseram joelho em terra;
gritaram que me rendesse
à lei dos caminhos feitos.
Mas eu olhei-os de longe,
tão distante e tão de longe,
o rosto apenas virado,
que só vi em meu redor
dez pobres ajoelhados
perante mim, seu senhor.

Gente chegou às janelas,
saíram homens à rua:
- as mães chamaram os filhos,
bateram portas fechadas!
E eu, o desconhecido,
o vagabundo rasgado
entre o largo da vila
enter dez guardas armados;
- mais temido e mais armado
que o deus a que todos rezam.

- Que nunca mulher alguma
se rendeu mais a um homem
que a moça do rosto claro
ao cruzar os olhos pretos
com o meu olhar de rei!

...E vendo que eu lhes fugia
assim de altiva maneira
à sua lei decorada,
lá,
longe do sol e da vida,
no fundo duma cadeia,
cheios de raiva me bateram.

Inanimado,
tombei por fim a um canto.

E enquanto eles redobravam
sobre o meu corpo tombado,
adormecido
eu descansava
de tão longa caminhada!...

Há um novo perigo na nossa débil Economia: o salário mínimo pode ultrapassar o médio




Costa bate com a mão na testa
mas o problema não está aí
o problema é o Calcanhar




O nosso venerado primeiro ministro António Costa, que teve o mérito de nos livrar da coligação de direita chefiada por Passos Coelho, não conhece a formulação do Calcanhar de Aquiles
Ele afirma que não pode aumentar o salário mínimo porque está demasiado perto do salário médio… 
Costa não percebe que, aumentando o salário mínimo, o salário médio foge imediatamente...
Grande Costa! Um génio da negociação como ele também tem as suas limitações...
Com um pouco de sorte, nesta encarnação, ainda vou ter um político que vai prometer ultrapassar o salário máximo atuando sobre o salário médio… e a Matemática cai sem pressupostos válidos que a sustentem...

O piquenique




A turma (parte) da primária

Confesso que não me lembro de isto ter acontecido.
Mas a foto demonstra que estava lá. Simpático como sempre. Como apreciava muito rir-me, aí está um magnífico esgar que faz lembrar as aventuras do Drácula.
Neste momento já demonstrava a minha notável aptidão para estragar as fotografias. Demonstrei-o aqui como personagem. Demonstrei-o outras vezes como executante e que o recordem o Duarte e o Ferraz que um dia caíram na patetice de me pôr uma máquina fotográfica nas mãos. Depois da revelação, um tinha ficado sem cabeça, outro sem pernas, metade do grupo não constava. Eh! Eh!, numca me diverti tanto...
Mas estava a falar desta foto...
Fomos todos fazer um piquenique para a zona da Quinta da Sardinha. Meninos: Manel da Mata, Helder, Alfredo, Quim Vaz, Luís Filipe, Faustino, Quim Zé,..., Humberto, Zé Quim, Luís Nuno, eu. Meninas: Teresa, Isabel, Cristina, Aninhas, Lena,..., Gabriela, Mena.
Perdoem algum não reconhecimento.
Diz o Al Simon que tenho de ir ao oftalmologista: não reconheço as pessoas nem me lembro do facto. 
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