sábado, julho 10, 2004

Ilusões?
O Sérgio tem alguma razão.
Parece perigoso e quase inútil embarcar nestas ilusões que personagens com um passado recomendável por vezes nos trazem.
Mas aquela agitação era tão interessante!
E aquela sensação de que algo poderia acontecer de diferente nesta alternância de poder de quatro em quatro anos fazia-nos regressar quase aos tempos do 25 de Abril.
Também não sei o que nos resta se não alinharmos nestas ilusões.
Há momento em que parece que tudo se conjuga...
Sérgio, sozinhos não é possível. Tem que ser com o PS, com o Bloco esquecendo algums querelas que, perante o objectivo, são secundárias.
Agora, está tudo calado. Aliás, parece que o silêncio se ouve. Isto perdeu a piada, arrepia.
Já dizem que é o pior presidente desde Spínola. Quem me diria isto há dois dias?
E como é que o homem se está a sentir? Será que está contente com a decisão? Será que acha que finalmente encontrou o lugar certo? Ou a consciência falará mais alto e sente raiva de não ter tido coragem?
E o PS?
Lá se foi a minha esperança...
Agora voltam aqueles notáveis que eu não aprecio nada: o Sócrates, o Lamego, a família Soares...
Vamos retornar ao bloco central em alternância.
Segunda oportunidade histórica perdida...
No fundo...
Talvez não tenha sido mau de todo.
Isto continuará a ir por aí abaixo. Os outros é que se vão queimar.
Nesta perspectiva, Sampaio sacrificou-se.

sexta-feira, julho 09, 2004

Luto

Solidarizo-me e replico o blog de esquerda.
Até amanhã
E para hoje foram emoções a mais.
Que monumental desilusão!
Sinto-me traído...
A direita fez o seu dever. Ele não.
Se voltar às urnas, estou-me nas tintas que seja contra a direita. Qual a diferença? Quando pôde, não fez nada. Abstenho-me...
Qualidades
Reconhecemos a Santana a educação.
Não nos lembramos de o ver insultar alguém ou falar com menos respeito.
O Ourém blog permanecerá para o combater, forte quando for necessário, gozando quando for o caso, mas permanentemente nesses termos.
E que truques e ilusões virão aí agora?

Aquela frase do ZéQuim era premonitória. Afinal, o Mandrake vem aí, mas do lado errado.
Vem do lado dos maus.
Esperemos que ninguém acredite nos truques e ilusões que se avizinham...
O medo venceu a esperança
A decisão de Sampaio é inaceitável para os que o elegeram.
São acções como esta que mostram a coerência das pessoas. No momento decisivo, quando tinha toda a legitimidade para actuar, preferiu a estabilidade burguesa.
E saúdo a decisão de Ferro.
E enquanto...

...o estrunfa-mor se pira com a sua linda e apreensiva companheira, deixando a sua tribo e toda a nação mergulhadas em profunda crise...
Alguém medita, a partir daquele ponto donde tudo se domina

Mas como posso ser presidente de um país se, no momento da decisão, não levar em conta as minhas convicções? Elas foram determinantes para a minha eleição, elas convenceram os que em mim confiaram...
Alguém se interroga...

Será que poderei estar à vontade lá na tal residência...?
Alguém se lamenta

Lá se vão as belas banhocas...
Alguém procura alguém

Onde estará o Pedro? Terá lá um lugar para mim?
Alguém faz planos...

Deixaremos de ter uma expressão municipal. Seremos nacionais ou mesmo globais...
Alguém prepara o ataque final

Sou D. Juan. Ninguém me pode acusar de me atirar a moinhos de vento. Aliás, no túnel que vos vou deixar o ar que circula é bem condicionado.

quinta-feira, julho 08, 2004

Gosto desta foto!
Por Sérgio Ribeiro


É de um fotógrafo da Letónia, Romas Cekanavicius,
que expôs no Parlamento Europeu de 22 a 26 de Março.
Dei-lhe outro título: Mater/Paternidade.
Um dia deste, escreverei um texto para legenda.
E porque não começar já a escrevê-lo?:
O futuro dentro da mulher e nas mãos dos homens.
Até porque o futuro começou já… sempre!

5 de Julho de 2004
O PE em 2000 caracteres por semana - II
Por Sérgio Ribeiro

Estas primeiras semanas são complicadas. Os grupos têm de se recompor a partir dos resultados eleitorais e, depois, têm de repartir entre si "funções especiais", como são as de Presidente, Vice-presidentes e Questores do Parlamento, que formam a Mesa da Presidência, através de candidaturas de quem virá a ser eleito por maioria absoluta em plenário, e ainda de Presidentes e Vice-presidentes de comissões, além da distribuição de todos os deputados pelas comissões, tendo cada um direito a um lugar de efectivo e a um lugar de suplente, havendo ainda comissões que não contam para estas "cont(h)abilidades". E mais, e mais...
Além disso, há ainda a votação prévia da designação do Presidente da Comissão Europeia, que tem, para nós portugueses, uma particular importância pois, através de um processo um tanto confuso em que apareceu um candidato português a ser falado durante meses, o anterior comissário Vitorino, e depois de terem sido rejeitados outros candidatos "fortes" por razões várias e nem todas claras, surge, dir-se-ia que à última hora, a "solução" Durão Barroso.
O tempo levará a que assente muita poeira, não toda, e talvez os contornos deste processo venham a ficar mais visíveis, embora não se possa deixar de, desde já, sublinhar que DB saíu de umas eleições (europeias!) em que teve um péssimo resultado, estava com sérios problemas de constestação interna, a nível nacional e no próprio partido, tem o anátema de ter ficado na "fotografia da guerra" por ter sido anfitrião da cimeira Bush, Blair, Aznar dos Açores, tudo configurando uma "saída" para a sua difícil situação e para uma presidência de transição no momento particular da União Europeia por efeito do alargamento de 15 a 25 Estados-membros.
De qualquer modo, há que votar a designação deste candidato-a-designação e coloca-se, aos deputados portugueses, uma situação com alguma delicadeza. Não por razões objectivas, mas por alguma sensibilidade que tem a ver com concepções algo confusas de patriotismo.
Pelo meu/nosso lado, não há hesitações. Quem em Portugal tem feito uma política que julgamos contra o interesse dos portugueses, dos trabalhadores, não poderá vir a fazer o contrário na Comissão. Votarei contra, sem ambiguidades. E não escondo a estranheza e desaprovação relativamente a quem se comporta de maneira ambígua e demagógica. Afirmando-se politicamente contra e votando a favor ou abstendo-se.


7 de Julho de 2004
Superman

O ZéQuim fala na necessidade do Mandrake e do Luís Euripo (Big Ben Bolt)
Penso que o problema é um pouco mais sério.
Efectivamente o país não precisa de alguém que o dirija através de truques e ilusões. Para isso bastaram os dois anos de choque fiscal, de promessas de emprego e desenvolvimento que estão em vias de terminar e que deram nesta desgraça a que assistimos todos os dias.
Por outro lado, não há qualquer interesse em andar para aqui à estalada. Vamos a bem, com paz social, em grande harmonia interclassista.
Ora, eu julgo que o herói que melhor reune os atributos necessários para este quadro é o Superman. Na realidade tal como Sampaio, ele esteve num dilema o qual é bem documentado nas aventuras da década de sessenta em que se fala no seu regresso a Krypton.

Ficamos a saber que ele vai ter de optar entre uma Lois que o ama pelos seus poderes como Superman e uma Lyla, representando o regresso às suas origens, que o vê exactamente como ele é, isto é, com as limitações inerentes aos seres da sua espécie.
Tal como Superman, Sampaio está perante uma alternativa...
Sampaio terá de optar entre, por um lado, as suas origens, aqueles que o apoiaram confiantes em que em momentos decisivos ele seria coerente, e, por outro, aqueles outros que transfiguram a sua essência humana num super herói que pode abstrair da ideologia que o acompanhou toda a vida para passar a actuar de acordo com interesses que pretendem ser universais(claro que Marx já desmontou esta treta do interesse universal que se confunde com o da classe dominante).
Qualquer das opções terá custos, mas qualquer delas é legítima do ponto de vista constitucional.
Esperemos que ele se decida pelo regresso a Krypton.

quarta-feira, julho 07, 2004

Pratt

Enquanto Sampaio toma difícil decisão (se votei nele, era porque confiava na sua acção), deixo-os com a magnífica arte de Hugo Pratt.
Lembram-se? Sargent Kirk apareceu lá para 1960 no Mundo de Aventuras (mais rigorosamente, em 28-12-1961 no número 640).
E não teve contemplações com os que faziam aquelas barbaridades aos legítimos detentores...
Crónica de Distintos Oureenses
Há alguns dias, prometemos que disponibilizaríamos um endereço para percorrer a Crónica com Page Down e Page Up.
Fazemos o mesmo relativamente às imagens sobre Ourém.
Aqui estão:
--> Crónica
--> Imagens sobre Ourém
De qualquer forma, é melhor fazerem acesso às imagens a partir da crónica.
Sérgio Ribeiro
Não esqueçam.
O Sérgio está convidado e já produziu dois textos para o Ourém blog:

A propósito de Joaquim Espada e
O PE em 2000 caracteres por semana,
para além dos magníficos comentários com que nos tem brindado.
A promessa é que vai continuar.
Publicidade enganosa?
A minha deformação burguesa diz-me: é preciso mudar de carro. Este já tem uns anitos, umas mazelas de cidade, cumpriu, deixa saudades, mas começa a oferecer menos confiança.
No entanto, os preços são proibitivos.
Já há bastante tempo, venho assistindo àquele anúncio que diz: "poupe até 4000 euros no seu automóvel novo".
Citröen. Uma marca com algo de mítico. A arrasteira, o dois cavalos, o boca de sapo. Defeitos conhecidos: chapa de cartão, manutenção cara, elevada desvalorização quando nos queremos desfazer... Qualidades: comodidade, um carrinho mesmo para velhotes.
Lá vou ao stand. Aprecio aquelas maravilhas do C3 e do C2, mas preciso algo maior.
E o meu espanto foi enorme. Passei quase pelos carros todos, mas não consegui determinar em qual poderia ter os 4000 euros de desconto. Será que se esqueceram do anúncio?
Depois indaguei preços: pelo menos nos mais pequeninos bem superiores aos da concorrência.
E, de repente, a dúvida ocorre-me: será que eles sobem os preços para depois oferecerem descontos maiores?
Malvada sociedade que nos põe a desconfiar uns dos outros.
Lisboa
Começa a acontecer uma coisa que aprecio bastante.
Os dias estão um pouco mais frescos do que naquela maluqueira de Maio e Junho.
O trânsito é cada vez menor. Muita gente vai de férias.
Lisboa começa a ser uma cidade desfrutável.
Por isso, trabalhar em Agosto, nestas condições, não custa.
E, depois, é vê-los chegar e dizer: aí vou eu outra vez...
Comentários
Carago!
É tão lindo chegar aqui e ter logo comentários do ZéQuim, do Sérgio, do SkyWatcher.
Mas por que é que os outros distintos oureenses não aproveitam para lançar umas dicas? Mesmo sob pseudónimo... O Alfredo, o Quim, o Julito, o Zé Domingos...
Basta um sinal...

terça-feira, julho 06, 2004

Manara

Agora que Santana está a um passo do governo, há que celebrar recordando a arte de Manara. Aqui fica um link para um sítio excelente. Não esqueçam de ver as referências a Portugal.
Os avisos vêm de dentro
Marcelo na TVI, ontem.
É "mil vezes preferível a eleições antecipadas" uma solução em que, sendo Santana o líder do PSD, não seja também primeiro-ministro.
"Um presidente do partido vai ter a tentação de andar a prometer coisas dificilmente compatíveis com o equilibrio orçamental".
E, ainda, sobre Santana...
"É hiper-decisório. Como é muito intuitivo e pouco coordenado, tende a ter decisões múltiplas ao longo do tempo."
A benção da casa mortuária
Estranha manchete para um jornal (Notícias de Ourém de 3 de Julho de 2004).
E teve honras de Presidente da Câmara.
Com fotografia a cores.
As festas de Peras Ruivas
Lá para 1967, eu e o ZéQuim fomos às festas de Peras Ruivas. Calor tórrido bem no início de Agosto.
Bebemos um palhete no Janeca e subimos aquela rampa que levava à quermesse. Lá, comprámos umas rifas em que não saiu nada.
Continuámos a nossa vigília. A animação começava. Os foguetes estoiravam por todos os lados. No meio da estrada assistia-se a um interessante jogo: um concorrente em cima de uma bicicleta tentava rebentar com um cântaro suspenso no ar. Se o partisse, ganhava. E o povo aplaudia enquanto o António Mafra cantava o Sete e Picos.
De repente, na minha mente faz-se um silêncio impressionante.
Vinda não sei de onde, aparece ela. Linda como sempre. Tal e qual a Silvie Vartan ou France Gall. Mais bonita que elas...
Já a conhecia. “Olá! Então por aqui?”. “Sim, vim passar estes dias com uma amiga”.
E foi-se.
Naquele momento, a festa acabou para mim. E era o ZéQuim:”Quem era? Quem era?”.
A Botica
Skywatcher tem razão.
Come-se ali, onde era a alfaiataria do Zé Canoa, excelente polvo à lagareiro. Esse já eu provei acompanhado por distinto oureense.
Ainda bem que me lembrou. Breve lá voltarei.

segunda-feira, julho 05, 2004

Enquanto dormimos

The sleeping gypsy (1897)
Henri Rousseau
O humor indiscreto de Santa Cita
E aqui ficam apontadores para o excelente humor de Santa Cita (atenção aos mais sensíveis: há cenas eventualmente chocantes e politicamente incorrectas):

Quando ela passa
Inesperados encontros
A salvadora
Vamos continuar atentos.
Nem sei se nada sei
O mais engraçado
Passeio por Ourém e encontro alguns amigos.
Será que eles sabem do blog?
À cautela lanço veneno.
Pouco a pouco, vejo que eles conhecem. Ou o Sérgio lhes falou no Poço... Ou têm um filho que escreve no Castelo...
Afinal, até acham alguma piada.
“Sabes? Eu gosto muito da forma como tu escreves. Acho que tens razão. Mas...”
Ai aquele mas! O que é que vai sair dali?
“Vê-se que não és de cá... que não estás informado...”
Mas será preciso estar-se informado para falar do nosso passado em comum? Não merecerá ele um tratamento especial?
“Temos que contribuir para desenvolver Ourém. Há os problemas do comércio, da indústria...”
Pois há. Mas serão diferentes dos problemas do país? Admitamos que sim.
“Eh, pá! Tu é que eras porreiro para escreveres qualquer coisa no blog. Estás informado, acompanhas Ourém todos os dias...”
Retirada suave. Qualquer dia, fogem de mim...
O momento
Pouco a pouco, a realidade cai sobre nós.
Os nossos heróis tudo tentaram. Mas nada foi possível perante o cinismo dos gregos. Não deixarão de ser os nossos heróis, mas à próxima há que escolher melhor. Não nos podemos esquecer da maldição associada à equipa do estádio da Luz. Pode ser que ela se projecte em todos os nossos que o utilizam.
A política vai voltar no seu melhor.
Lembram-se? O desemprego? A crise? A retoma? A fuga de Durão Barroso? Santana...
Que será que está a passar-se?
Eis uma possível resposta.
Sampaio e anti-santanistas em reflexão


Santanistas em campanha

O PE em 2000 caracteres por semana
Por Sérgio Ribeiro

Pensavam que, depois de eleitos, os deputados do PE iam todos para férias?
Qual quê?! Nós não.
Logo a 16, ainda madrugada, ala para Bruxelas que o grupo reunia para analisar resultados e perspectivar o futuro. Fiquei lá 4ª, 5ª, e voltei à noite.
Na semana seguinte, repetiu-se a dose, mas mais ampliada pois a partida foi na 3ª com regresso na 5ª.
Nesta, foi dose reduzida, com reuniões 3ª e 4ª.
Já lá vão, nas 3 semanas pós-eleições, 6-viagens de avião-6 e 4-noites em hotel-4.
Depois, cá na terrinha, reuniões e mais reuniões, entre eleitos, colaboradores e responsáveis, no partido, para conhecer, reflectir e decidir sobre o que vai sendo “negociado” em Bruxelas. Sempre com telefones, mails e faxes numa azáfama.
Tem isto importância?
Acho que sim. Prepara-se o trabalho para 5 anos.
O grupo onde os deputados do PCP se integram é a Esquerda Unida Europeia/Esquerda Verde Nórdica, e chegou às eleições com 49 deputados de 10 nacionalidades. Era o 4º grupo, depois do PPE, do PSE e dos “liberais”.
Após as eleições, as componentes alemã (7), portuguesa (2) e finlandesa (1) mantinham-se, diminuíam as dinamarquesa (-1), espanhola (-3), francesa (-12), grega (-3) e sueca (-1), aumentavam as italiana (+1) e holandesa (+1) e somavam-se as componentes checa (6) e cipriota (2). Logo, 39 deputados de 12 países. Para começar.
Alguns deputados que compunham o grupo tinham ido entrando durante a legislatura. Dados políticos relevantes: a queda dos espanhóis (a Isquierda Unida passou, em 99, de 9 a 4 e agora elegeu 2, indo um para os Verdes) e a dos franceses, embora, neste caso, tenha tido grande influência a manobra de divisão do círculo único em 7 regiões para, cirurgicamente, se retirarem eleitos a partidos como o PCF.
Entretanto, entrou para o grupo o eleito do Bloco de Esquerda, como associado, com o estatuto de eleitos franceses (trotskistas e outros) que agora não elegeram ninguém.
Tudo isto dá muito que fazer. Há que escolher presidente e vices, e o secretariado, a repartir pelas componentes, e começa o trabalho fundamental de distribuir os deputados por comissões e delegações. Nós, os do PCP, estamos a procurar estar nas comissões que respeitam ao que estimamos serem os interesses nacionais prioritários – assuntos sociais, pesca, indústria, ambiente, mulheres – e nas delegações com países com que temos mais afinidades – ACP e América do Sul.
Mas também já houve que preparar decisões políticas de fundo por causa da Comissão e de Durão Barroso.
Irei contando.
30.06.2004
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