sábado, agosto 07, 2004

O covil dos comunas (6)
Qustões de organização/apresentação

Penso que VGM falou demasiado tempo em momento de apresentação, cansando quem o ouvia.
O som também deveria ser melhorado, sendo por vezes difícil distinguir as suas palavras.
Julgo que neste tipo de apresentações deveria ser sempre distribuído aos que assistem um guião com os pontos chave da comunicação e os textos objecto de leitura pelo autor.
Não percebi a maior parte do percurso do autor, não ouvi nem entendi o conteúdo dos textos que leu.
Mas agradeço ao Som da Tinta esta oportunidade e espero que outros autores, comunas ou não, ali possam apresentar as suas obras.
O covil dos comunas (5)
Virgílio

Mas gostei especialmente daquela associação da obra poética a outras obras, coisa em que nunca tinha pensado. Pensava que um autor criava tipo fonte inesgotável.
E aquela referência a Virgílio foi magnífica:
"O meu amor cresce como a sombra do dia que passa..." (Desculpem, se não foi assim foi algo parecido).
O covil dos comunas (4)
Uma literatura política e socialmente não empenhada

VGM defende que a literatura não deve ser política e socialmente empenhada. No entanto concede: "admito-a quando o autor se não pode exprimir de outra forma".
Sinto nestas palavras a passagem de um atestado de menoridade àquele tipo de literatura. "O autor não consegue exprimir-se de outra forma, logo...".
Seguindo à risca esta interpretação, pérolas que todos conhecemos como "A trova do vento que passa", "Os vampiros", "Os malteses", etc., fariam parte da literatura mas de uma literatura de menor qualidade. Boa é a abstracta a que não tem a ver com as condições reais de vida de um povo.
Estarão os meus amigos de acordo com esta visão?
Confesso que não estou. Penso que um autor tem a liberdade de se apoiar em quaisquer elementos que o seu processo de criação exija.
Efectivamente, que diferença existe entre uma estatueta de metal e a repressão que se abate sobre um povo, em momento de inspiração para a escrita? Não são ambos elementos concretos em que se baseia toda a produção do autor?
Sendo a liberdade, o combate à pobreza, a solidariedade, a partilha valores inequivocamente associados à esquerda é aceitável que, para a direita, seja difícil construir uma literatura fundamentada na temática política ou social. Já imaginaram um poema sobre a eficácia, sobre a eficiência, sobre a escassez dos recursos ou dedicado ao tio Patinhas e a outras figuras que veneram? Ninguém lhe ligava com certeza, assim fica-se pelo amor (comum à esquerda) e pelo abstracto que, como VGM demonstrou, não é tão abstracto como podemos pensar.
Esta posição de VGM tem, com certeza, a ver com as suas (legítimas) opções de classe.
O covil dos comunas (3)
Distintos oureenses

Como vem sendo hábito, a presença de distintos oureenses foi escassa. Mas, se calhar, muitos teriam ido para Azambujeira do Mal e estariam a curtir outros sons.
Apesar de tudo, houve um momento em que me senti como nos velhos tempos de Ourém. Em amena cavaqueira com o ZéQuim, o Alfredo e o Quim Manel.
Por outras palavras, o Som da Tinta é um espaço onde se podem encontrar e trocar ideias pessoas que, noutras circunstâncias, estariam condenadas a estar mais uns anos sem se ver.
Por isso, deveria merecer todo o apoio de comunas e não comunas.
O covil dos comunas (2)
Mais comunas

Curiosamente, apareceram por lá insuspeitos não-comunas: Vitor Frazão, Deolinda Vieira, Carlos André...
Ou será que são comunas encapotados e estavam efectivamente em covil?
Sei perfeitamente que foram ali pelo facto de lá estar VGM. No entanto, a sua atitude é de louvar ao não contribuirem para o Som da Tinta parecer algo marginalizado.
O covil dos comunas (1)
Comuna, eu?

Lá passei a parte final da tarde na Som da Tinta onde assisti a parte da exposição e debate em torno da obra de Vasco da Graça Moura (VGM).
À saída, dei uma olhadela ao Castelo e logo me apareceu alguém a classificar aquele lugar como "covil de comunas".
Confesso que me senti extremamente honrado com tal designação. É que eu nunca me tinha caracterizado como tal pois entendia que não tinha as qualidades essenciais para fazer parte de tal espécie. Sempre gostei das coisas boas da sociedade burguesa, a capacidade de sacrifício não é grande. Nunca me achei à altura.
Para mim, o comuna que se preze é um ente superior em termos de partilha e amor ao próximo o que efectivamente não é para todos.
Mas onde o Joca se engana é em chamar àquilo covil. Covil é o lugar de quem se esconde. Neste momento, na nossa magnífica sociedade, ninguém precisa de se esconder para manifestar as suas ideias. Quem estava no Som da Tinta, estava bem identificado, deu a cara. O que não é o caso de Joca... porque não teve coragem para pôr o seu nome e o seu email.
E por muito que se enquadrem no mundo laranja ou centrista, um mundo muito mais largo que o dos comunas, efectivamente, quem vive em covil são Jocas como este...
Manhãs de sábado no Central (2)
Ai, Adelino...
Se isto fosse no tempo de salazarenta figura, ainda te fechavam o café.
Então tu tens o desplante de servir bicas e águas a quem está ali só para contemplar e dizer mal da maravilhosa acção autárquica?
Acautela-te, meu rapaz...
Mas a verdade é que nunca vimos por ali a debater com os presentes algum responsável pelos destinos do concelho. O presidente, um vereador influente...
Enfiam a cabeça debaixo da areia como a avestruz e aí vem a sua política...
Assim, têm uma vantagem: não vêm os disparates que resultam da sua acção. E podem descansar sossegados para preparar a continuação da sua invejável política.
Manhãs de sábado no Central
Há pouco, todo o Central fervilhava de emoção e indignação perante a acção autárquica que reduziu a praça em frente ao mesmo a um alinhavado de pedras salteado por alguns bancos mal acabados.
Parecia um antro cheio de mini-comícios oposicionistas.
O Quim Manel, com quem me encontrei para recordar uma velha história de discos emprestados, era dos mais revoltados.
- Sabes, Luís? Ourém tinha três coisas. A praça dos automóveis com o jardim que aquela foto documenta, o Castelo onde eu suspeito que, em breve, vão surgir tentativas de delapidação de património e o infortunado jardim frente à Câmara. Nem sabes como me sinto revoltado.
E ali estivémos quase meia-hora a pôr em dia conversa para trinta anos de ausência.
Cá fora, duas senhoras de geração mais avançada comentavam também a péssima paisagem que se lhes oferecia. O Torcato não perdoou e lançou também as suas críticas.
Quando eu saí, lá comentámos aquele deserto. Ele criticou especialmente o imobilismo.
- Fui há dias a uma assembleia municipal, estávamos lá sete.
Depois os nossos olhos detiveram-se naquela lixeira frente à biblioteca a que chamam ecoponto. Ali, mesmo no centro da zona histórica.
Recordei o Quim Manel.
- Sabes? Esta malta que tomou conta de Ourém e estoirou com ela odiava os nossos símbolos, porque, perante eles, noutros tempos, parecia que, vivendo na vila, tínhamos todos os problemas resolvidos.
A manhã avançava rapidamente.
De repente, aparece o Sérgio lembrando-nos os prestigiados escultor, fotógrafo e poeta que vão estar mais logo na Som da Tinta.
Ali se vão encontrar comunas, não comunas e anti-comunas. Nesta estranha associação de uma livraria com o estigma que todos conhecem com um brilhante escritor que apoia a política da coligação no poder.
Talvez seja uma boa ocasião para se sentir que aquele local, um exemplo de seriedade e apreço para com a cultura, não obriga a qualquer definição ideológica de quem o frequenta nem faz mal a ninguém. Por isso, a palavra de ordem para distintos oureenses , mais uma vez, é: "Todos à Som da Tinta".

sexta-feira, agosto 06, 2004

Leituras de férias
Nestas tardes de canícula, quando não me dá para uma boa sesta, tenho andado a tentar ler um livro, um pouco difícil de digerir, adquirido na Som da Tinta:

O Matricídio e outras histórias
de Géza Csáth

O autor é um dos mais importantes contistas húngaros do começo do século XX. Os seus contos passeiam na fina fronteira que separa a loucura da normalidade e os personagens que os cruzam oscilam entre os territórios conhecidos e desconhecidos da alma humana como consciências no fio da navalha, diz a editora, a Cavalo de Ferro.
Leio o livro por prazer, para compreender a mensagem do autor, mas também para analisar as técnicas de narração. Aliás, procurarei que este verão seja fértil neste aspecto.

Passeios de Ourém
Há situações em Ourém que me fazem tremenda confusão. Uma delas tem a ver com a largura de alguns passeios.
Vamos, por exemplo, até junto do café Cinema e façamos o percurso, a pé, pelo lado esquerdo, até ao BNC.
O passeio parece não ter mais de um metro de largura. O estacionamento é em espinha o que significa que o focinho dos automóveis impede as pessoas de se deslocarem ou, inclusivamente, pode entrar pela porta das casas dos residentes.
Então, não seria muito mais aceitável que o estacionamento fosse paralelo ao passeio e que o mesmo tivesse o dobro de largura?
Isto não foi planeado? Isto não foi mostrado a um responsável?
Mas a situação caricata não está apenas deste lado da rua.
Vamos até ao seu extremo, na direcção do Intermarché, mas pelo lado direito.
O estacionamento continua em espinha, a largura dos passeios já é aceitável, mas, se repararem bem, mesmo um carro bastante comprido tem mais cerca de meio carro para ocupar no estacionamento. Não estará por ali espaço subaproveitado?
Resumindo, os passeios em Ourém carecem de melhor planeamento.
Falta de água e prioridades
Desta vez, a resolução foi rápida.
Por volta das 11.30, quando regressámos a casa, já havia água.
Mas nem sempre é assim.
Recordo, por exemplo, a época de Natal de 2003. Um dia, acordei com as torneiras a gotejar. Falando para a Compagnie, informaram-me que não tinham qualquer reclamação, pelo que deveria ser gelo nos canos.
Esta história de não ter qualquer outra reclamação como se a nossa não contasse tem muito que se lhe diga, mas fica para outra altura.
O certo é que o sol foi aquecendo o planeta e a água continuava a não chegar.
Em novo contacto para a Compagnie, já tinham detectado o problema pelo que o mesmo estava a ser resolvido. No entanto, uma hora depois, aparece-nos o piquete de urgência com o objectivo de inspeccionar a instalação. Informámo-lo do que sabíamos e que o piquete não sabia o que demonstra alguma descoordenação no sistema.
Claro que a inspecção demonstrou que não havia problemas na instalação. Assim, houve que aguardar mais.
Ao final da manhã, lá ficou o problema resolvido. Mas o certo é que é sussurro corrente que estas canalizações estão pela hora da morte, pelo que é absolutamente normal que a falta de água se repita. Mas não é absolutamente normal que isto se passe. Como dizia o outro, não é normal uma coisa que está sempre a acontecer.
O que isto demonstra é que as prioridades de quem tem o poder na autarquia não se traduzem em resolver definitivamente este problema, elas são outras, com certeza mais elevadas na sua escala de valores.
Serviços básicos
Nesta terra de minha eleição, não se pode ter muita confiança nos serviços básicos.
Ontem, quando escrevia a magnífica reportagem sobre o mercado, por volta das catorze, a luz pifou por duas vezes.
Hoje, pelas oito e trinta, faltou a água. O que me valeu foi que já tinha regado e tomado banho. Aqui por casa às sete já andamos a pé.
Curiosamente, em ambos os momentos parece que alguém chegou ao serviço.
Muitas vezes em Ourém, tenho a sensação de uma certa ingenuidade na prestação destes serviços. Ainda não há um mês, fui a uma divisão da câmara que não me pôde prestar certo serviço porque o funcionário tinha ido de férias.
Histórias destas devem ser aos milhares por aqui. O que representa uma certa falta de respeito pelo utente, uma certa arrogância do poder. Coisas que é preciso erradicar...

quinta-feira, agosto 05, 2004

Ourém no seu melhor (4)
O bébé

Um jovem casalinho entra pela Praça Mouzinho de Albuquerque, conduzindo um carro de bébé.
De repente, alguém aparece saindo do cafézinho do Filipe carteiro.
- É o Pedro. Deixa-me ver o teu menino.
Juntam-se mais oureenses. Distingo inclusivamente a simpática esposa de distinto oureense.
- Que lindo bebezinho.
O jovem casal está feliz com a recepção. Ele, muito alto, leva uma potente máquina fotográfica. Ela, mais pequenina, com uma blusa roxa, era muito bonita.
Vê-se que estão felizes com o seu descendente e com a recepção que lhes foi feita.
À volta deles todos tentam transmitir algo ao bébé. Que permanece impávido e sereno.
Depois, o Pedro tira-lhe várias fotografias. A mãe contempla-o com um ar muito feliz.
Isto, meus amigos, foi em Ourém, hoje.
O novo mercado de Ourém (1)
Procedimentos de chegada

Avisados que estávamos pelos amigos do Castelo, estacionámos virados à casa do Largo de Castela, em frente à Dentorém. Curiosamente, há muitos anos, ali era um dos lugares onde eram guardadas as carroças e os burros nos dias de mercado da nossa terra. Tal acontecia no pátio da Dona Aurora que tinha nisso uma pequena receita adicional para ajudar à passagem.
Recordei a Vizinha e o Rafael, recordei o Luís Nuno e o Zé Rito.
Mostrei à Li qual a janela do quarto da qual tenho a primeira recordação da minha passagem, do que já falámos.
Fomos ao Central tomar café, mais alguma demora nas "Revelações em 30 minutos" e no espaço que substituiu a antiga loja do Zé Dias e eis-nos a caminho do mercado.
Frente à Igreja, tivemos o primeiro sinal de que havia algo de diferente na terra. A fila de automóveis era tão grande que nos fez lembrar o Marquês de Pombal em hora de ponta.
Mais à frente encontrámos a Cristina que nos contou que a tinham trancado perto de casa e que as barracas começavam logo ali junto ao BNC.
- Há quinze dias, até por aí andou a polícia de choque.
Trinta anos depois, Ourém manifesta os primeiros sinais de uma grande cidade. Confusão, bichas, polícia para malhar no cidadão, tudo graças à boa gestão que tem caracterizado a autarquia.
O novo mercado de Ourém (2)
As barracas

Começavam exactamente no sítio que a Cristina indicou, curiosamente todas do lado direito de quem descia. Lá ao fundo, o Centro de Negócios surgia envolvido em mais barracas o que lhe conferia um ar de centro de comércio medieval, apesar da inutilidade que parece desprender-se da ausência de movimento no mesmo.
As pessoas acotovelavam-se para descer na direcção do novo mercado. O trânsito, apesar de ser num só sentido, não avançava.
Claro que achei tudo aquilo mal feito.
O bom autarca teria proibido todo o estacionamento a partir do dia anterior e as barracas seriam dos dois lados da estrada com as pessoas a poderem circular a pé pela mesma e a poderem visualizar decentemente as coisas.
O novo mercado de Ourém (3)
A caldeirada

Lá chegámos ao mercado e dirigimo-nos à zona de venda de peixe.
Não gostei nada do pavimento utilizado. Possivelmente anti-derrapante, conforme me informou a Li, é de um cinzento horroroso e parecia extremamente sujo.
A zona de peixe também deixa muito a desejar. É apertada e o tecto é demasiado baixo.
O calor começava a ser sufocante o que contrastava com outras zonas com mais ar.
Lá encontrámos a nossa velha amiga que já conhecíamos do mercado da Rodoviária e que nos consegue vender todo o peixe que lhe apetece. Tem uma vozinha que parece estar sempre a miar e nós nunca resistimos ao seu apelo ao consumo.
- Não querem umas sardinhas?
- Estamos fartos…
- Então, levam uma caldeiradinha. Vejam aqui tão boa…
- Mas não tem raia…
- Isso arranja-se já.
E foi à banca da vizinha que lhe forneceu um belo naco de raia.
Satisfeitos, despedimo-nos.
- Então até à próxima…
- Diga lá no blogue que está aqui muito calor.
O novo mercado de Ourém (4)
Boa fruta

Fomos visitar a zona da fruta. Está francamente melhor arranjada que a peixaria.
Belo melãozinho, pêssegos a fazer crescer água na boca. Algumas bancas ainda por preencher.
Uma bela menina, portuguesinha de gema, vendeu-nos um pimento e tomates tudo pela módica quantia de 45 cêntimos.
O novo mercado de Ourém (5)
As luso-francesinhas

Nesta altura do ano, Ourém anima-se com o regresso dos emigrantes.
Com eles, hoje, já se deslocam lindas meninas suas descendentes nascidas noutras terras.
Eram tantas. Por vezes em grupos de três.
Lindas, espigadotas, loirinhas, bronzeadas, a mostrar o umbiguinho. Curiosamente, não vinham de mini-saia mas de calças. Que falta de gosto num país tão quente. Ficariam bem melhor de perninha ao léu.
De repente, passa uma que faria parar o trânsito. Saia preta bem acima do joelho, blusa amarela bem esticada graças à força dos seios. Já madura, mas nem por isso menos bela. É a força da diferença...
Bendita Ourém que nos dás tão reconfortante visão.
O novo mercado de Ourém (6)
O charme ostensivo da poesia pimba

De novo na rua, aproximámo-nos do vendedor de CDs e cassetes. E ouve-se o Quim Barreiros:
Eu gosto de chupar
Nas mamas da cabritinha
Sinto que a minha costela de cultura pimba está deveras desactualizada. Desde aqueles anos de afirmação que culminaram na sensacional Bébé, nunca mais tinha ouvido sons tão reconfortantes.
E dou por bem empregue esta magnífica deslocação ao novo mercado de Ourém.
Obrigado, responsáveis autárquicos. A bicha na Teófilo Braga é sinal de desenvolvimento.
Obrigado, luso-francesinhas. A vossa beleza nunca mais será esquecida.
Obrigado, Quim Barreiros. Anos e anos de bela poesia merecem este agradecimento do blogue.
O novo mercado de Ourém (7)
Retirada

Viemos, por ali acima, direitos à praça Mouzinho de Albuquerque que eu chamo sempre de Mouzinho da Silveira.
Sento-me e olho à volta.
Os prédios circundantes contrastam com a Casa da Música. Deviam ser rebocados e pintados.
A praça tem banquinhos, para esperar sentado.
Vai haver fados no próximo dia 13, curiosamente uma sexta-feira. Oxalá consiga vir até cá.

quarta-feira, agosto 04, 2004

Ourém no seu melhor (3)
O novo mercado

E, amanhã, se tudo correr de acordo com o previsto, estaremos em reportagem no magnífico novo mercado de Ourém.
Será que continuará a não funcionar?
Nestlé em Ourém
Pareceu-me ver, hoje, no rodapé do telejornal, que a Nestlé vem captar e engarrafar água em Ourém.
Será isto verdade?
Alguém pode informar mais sobre este assunto?
Alguém sabe dos benefícios previstos para Ourém?
É preciso ter consciência que a presença destas multinacionais, mais do que um conjunto de postos de trabalho efémeros, representa efectivamente pilhagem de recursos.
A Nestlé é muito simpática, tem acompanhado bem as nossas criancinhas, mas não deixa de se inserir na malvada lógica do sistema.
O vigilante dos céus
Mas quem é este misterioso Skywatcher que parece conhecer os meus passos e não estar muito longe da minha geração?
Ao fascínio pelo desconhecido junta-se uma sensação de desconforto por estarmos a ser vistos sem consciência de tal.
Mas deixo aqui um exercício de adivinhação: qual a idade de Skywatcher? É residente permanente em Ourém?
As respostas podem ser colocadas no local de comentários.

terça-feira, agosto 03, 2004

1% do PIB
Há exigências ministeriais muito engraçadas.
Ainda não há projecto cultural, mas já há projecto orçamental para a cultura.
Independentemente de a sua concretização ser efectivamente cultura ou uma monumental bimbice muito grata a quem exerce o poder, neste momento.
Ourém no seu melhor (2)
A embraiagem

Desconfiava da embraiagem do automóvel.
O pedal pegava tanto em cima que já me dava a impressão de saltar.
Resolvi ir ao representante em Ourém.
- Será que mo pode afinar?
- Nesse carro, a embraiagem é de afinação automática. Dura até ao fim...
- Então tenho de a mudar? É que quero estar tranquilo em férias. Dá-me um preço?
- Bom, isto vai ser caro. Tem muita mão de obra. Olhe ali para dentro... Temos de tirar aquilo, aquilo...
- Hum!!! Será que pode fazer um teste?
E o senhor lá pegou no carrinho e o pôs a andar para trás e para a frente.
- Quer um conselho? Ainda está boa. Vai fazer, com certeza, muitos quilómetros. Não precisa de gastar dinheiro agora.
Não sei se goste mais da marca se do representante...
Ourém no seu melhor (1)
Material de rega

Comprámos uma mangueirinha e um dispositivo para a ponta para modificar o jacto.
Metálico, dourado, pesado, todo bonito.
Em pouco tempo, constatámos que não funcionava. Mal a pressão subia, o dispositivo saltava.
- Volte quando quiser que nós trocamos.
Lá fomos hoje.
- Leve este de plástico que já deve funcionar. Não paga nada, se tudo estiver bem, depois fazemos contas...
Onde é que eu tenho disto no chamado mundo evoluído?

Uma zebra e dois cavalos
Dizem-me que helvética criatura foi por aí avistada enquanto em perigosa actividade de condução.
É preciso avisar as autoridades.
Não a consigo encontrar e já me consta que só regressa no sábado.
Ontem
Pela manhã, ainda passei pelo Som da Tinta.
Encontrei lá o nosso magnífico guerreiro.
Sérgio, sempre lutador, sempre confiante, de um civismo extremo. E, como calculam, implacável na crítica ao capitalismo.
Acompanho-o em muitas ideias, em muitas críticas, mas nunca serei capaz daquela coerência militante. Depois, sinto que esta sociedade tem algo a favor dela, porque tem capacidade para tolerar os que a defendem e os que querem derrubá-la para construir algo de novo.
Mas o Sérgio fala-me na ausência de apoios àquele espaço de cultura. Fala-me em todas as dificuldades que a sua manutenção vai gerando.
- As pessoas têm receio de aqui entrar e ficar marcadas perante o poder. Esse teu amigo veio aqui uma vez, nunca mais o vimos.
Pelo meu lado, adoro entrar estes locais onde há alguém como que à espera com uma perspectiva diferente. Mostram-me verdadeiramente que a liberdade tem de se traduzir em algo mais que as declarações programáticas de quem detem o poder.

segunda-feira, agosto 02, 2004

As festas de Nossa Senhora da Piedade
Os meus amigos podem não acreditar.
Mas estava desejoso de saborear a Mónica de Sintra.
Assim, por volta das onze, estacionei perto da casa do Cúrdia e percorri a curta distância até ao adro da Igreja.
Perto do Central, espreitei a ver se estava por lá helvética criatura, mas nada descobri.
Daí a pouco, encontrava-me no meio da animação.
Pessoas que comiam pão com chouriço.
Outras atiravam bolas contra um conjunto de latas.
Havia quem comprasse farturas.
Mais à direita, notava-se um palco com instrumentos de som.
A Mónica ainda não actuava, mas alguém se referia à carreira dela, aos seus êxitos, às suas qualidades como cantora.
Como já referi, aprecio sobremaneira estas divas: a Ágata, a Romana, a Ruth e a Mónica.
E eis que surge a oportunidade de ver a Mónica. O apresentador deixa em suspense a sua entrada. Ela, a maior, a minha diva... parece-me de azul, cor da esperança.
Mas é uma desilusão. O palco está mal arrumado. Não consigo ver nada. Só um pequeno núcleo de pessoas do lado direito vê alguma coisa. Isto é que são festas para os fiéis?
Deseperado, procuro novo lugar de onde a possa ver melhor. Mas não consigo. E ela grita, esganiça-se, sabendo que estou ali para a ouvir...
Noite de desilusão...
Todos os anos assisto a festas deste género. Por exemplo, em Vila Real de Santo António. O espaço não é muito maior. E eu consigo ver, apreciar o artesanato, examinar livros, ouvir, estar sentado e consumir qualquer coisa...
Em Ourém, estranhamente, não.
Será que alguém julga que Nossa Senhora da Piedade aprecia estas festas que não chegam a todos os fiéis?
O PE em 2000 caracteres por semana – V
Por Sérgio Ribeiro

Nesta semana, última de Julho, não tinha intenção de ir a Bruxelas. O corpo está a pedir descanso. De aviões e outros meios de transporte…
Mas se o corpo pede, o dever exige.
E lá fui porque havia reuniões de comissões parlamentares que integro – Pescas e Desenvolvimento Regional –, e de que sou coordenador pelo grupo, com assuntos que não considerei de rotina técnico-administrativa podendo dispensar-me, como seria de esperar em fase de instalação e de véspera de férias.
Para que se saiba, saí do Zambujal às 05.15 de 4ª porque o voo era às 07.45, pelo que tinha de estar no aeroporto antes das 06.45, e voltei a casa já na noite de 5ª.
Consegui ficar relator da comissão de Pescas para uma proposta da Comissão Executiva, e tratei de coisas que tinham de se resolver.
Mas o relatório é que foi importante. Tinha sido atribuído a Ilda Figueiredo na legislatura passada e consegui que não nos fugisse, apesar de ter de pagar 1 ponto no que é uma espécie de “leilão” para se terem os relatórios.
Trata-se de uma alteração a regulamento em que, a pretexto da defesa dos recifes de coral de profundidade, se pretende proibir a pesca de arrasto pelo fundo ou redes rebocadas similares em duas zonas, uma “denominada ‘Madeiras e Canárias’”, entre os 26º e os 36º de latitude norte e os 13º e os 19º de longitude oeste, outra “denominada “Açores’”, entre os 36º e 42º de latitude norte e os 23º e os 34º de longitude oeste.
Parece pacífico, não parece? Para mais, com as afirmadas boas (excelentes!) intenções de defesa do ambiente, de “minimizar o impacto das actividades de pesca nos ecossistemas marinhos”. Pois está longe de o ser. Ou de o ser só.
Começa pela subtileza (!) de não se falar em zonas económicas exclusivas (ZEE) portuguesa ou espanhola, em 200 ou 100 milhas a contar da costa, mas de zonas delimitadas por latitudes e longitudes, o que se traduz na consumação da eliminação de fronteiras marítimas nacionais. Como o pretende a Política Comunitária da Pesca! Além da ignorância dos reflexos sociais em importantes comunidades pesqueiras, como existem nos Açores, que podem ser pura e simplesmente extintas.
Tenho muito trabalho para casa.

domingo, agosto 01, 2004

À espera
Hoje, anda por aí a Mónica de Sintra.
Mas quem toda a gente espera é o Zé da Suíça.
Que vem de trabalhar lua a lua.
É com certeza morcegosa criatura.
Ainda há pouco, passei ao pé da casa dele mas não havia movimento anormal.
Depois comprei o jornal naquele local onde o café cheira a frango no espeto.
Também não dizia nada de novo.
Que grandes novidades traz para nos contar?
Este rapaz é uma eterna fonte de surpresas.
E Ourém tão calma aos domingos de manhã...
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