Feliz Natal para os amigos do OUREM
... e para os outros também.
Já agora, questões interessantes: quem foi que desenhou esta capa do MA? e como se chamava o grand herói que ele criou?
sábado, dezembro 24, 2005
sexta-feira, dezembro 23, 2005
O tio de Lisboa
O tio João viveu em Lisboa durante a maior parte da sua vida profissional.
O seu afastamento, a noção que tínhamos da capital onde de tudo existia para satisfazer as necessidades de consumo, conferiu-lhe uma imagem de sujeito mais rico e importante que, na verdade, contrastava com a sua bondade e a sua afabilidade.
Ainda me lembro da sua chegada, um dia, à casa do Largo de Castela.
- É o tio de Lisboa...
E foi uma festa enquanto esteve connosco.
Houve um ano que tive o privilégio de vir passar uns dias de férias à sua casa de Lisboa. Cheio de paciência, ele trouxe-me no comboio e, depois, a viagem de eléctrico para a Morais Soares foi quase mitológica.
A estadia permitiu-me conhecer alguns cinemas da capital (o Imperial, ainda muito novo, o Max...) a feita popular e as casas de alfarrabistas onde a oferta de livros usados da nossa época era uma atração inigualável, permitindo-me constituir um bom espólio, infelizmente já desaparecido.
Como todo o bom oureense, o tio de Lisboa adorava o nosso palhete e, mal se reformou, veio para a santa terrinha.
...
Era mais um Natal, talvez uma véspera. A família já estava em Fátima. Fazia mil tropelias ao sobrinhito que, com dois ou três anos, já queria abrir as prendas.
Bateram à porta.
- Era a polícia. O tio João foi atropelado por um motociclista quando regressava a casa a pé. Ainda o levaram para Lisboa, mas não resistiu...
O tio João viveu em Lisboa durante a maior parte da sua vida profissional.
O seu afastamento, a noção que tínhamos da capital onde de tudo existia para satisfazer as necessidades de consumo, conferiu-lhe uma imagem de sujeito mais rico e importante que, na verdade, contrastava com a sua bondade e a sua afabilidade.
Ainda me lembro da sua chegada, um dia, à casa do Largo de Castela.
- É o tio de Lisboa...
E foi uma festa enquanto esteve connosco.
Houve um ano que tive o privilégio de vir passar uns dias de férias à sua casa de Lisboa. Cheio de paciência, ele trouxe-me no comboio e, depois, a viagem de eléctrico para a Morais Soares foi quase mitológica.
A estadia permitiu-me conhecer alguns cinemas da capital (o Imperial, ainda muito novo, o Max...) a feita popular e as casas de alfarrabistas onde a oferta de livros usados da nossa época era uma atração inigualável, permitindo-me constituir um bom espólio, infelizmente já desaparecido.
Como todo o bom oureense, o tio de Lisboa adorava o nosso palhete e, mal se reformou, veio para a santa terrinha.
...
Era mais um Natal, talvez uma véspera. A família já estava em Fátima. Fazia mil tropelias ao sobrinhito que, com dois ou três anos, já queria abrir as prendas.
Bateram à porta.
- Era a polícia. O tio João foi atropelado por um motociclista quando regressava a casa a pé. Ainda o levaram para Lisboa, mas não resistiu...
quinta-feira, dezembro 22, 2005
O presidente David não confia nos deputados municipais
Eu punha as mãos no lume por qualquer deles.
No entanto, ao sugerir ao nosso venerado presidente que divulgasse o orçamento em documento Word e os seus dados em folha de cálculo em tabelas dinâmicas e maior detalhe, ele argumentou que não o faria pois isso levaria a que, daí a pouco, existiriam várias versões do orçamento.
O que faz a ignorância!
Um atestado de desconfiança àquela nobre Assembleia...
Acaso se duvida que qualquer médio conhecedor de sistemas de informação poderia fazer tantas versões do orçamento quantas quisesse a partir do documento da Câmara independentemente de ser ou não PDF?
Eu punha as mãos no lume por qualquer deles.
No entanto, ao sugerir ao nosso venerado presidente que divulgasse o orçamento em documento Word e os seus dados em folha de cálculo em tabelas dinâmicas e maior detalhe, ele argumentou que não o faria pois isso levaria a que, daí a pouco, existiriam várias versões do orçamento.
O que faz a ignorância!
Um atestado de desconfiança àquela nobre Assembleia...
Acaso se duvida que qualquer médio conhecedor de sistemas de informação poderia fazer tantas versões do orçamento quantas quisesse a partir do documento da Câmara independentemente de ser ou não PDF?
quarta-feira, dezembro 21, 2005
Arruaceiro!
Foi com este termo que o presidente David me mimoseou, hoje, na Assembleia Municipal, por eu ter afirmado no âmbito de uma declaração sobre "mais transparência e controlo no orçamento" que, em Ourém, se possibilitavam obras cuja ausência de controlo levava a que os trabalhos ficassem inacabados, mal feitos, imperfeitos, beneficiando assim alguns agentes económicos e outros agentes. Também referi o facto de, no edifício da Câmara, não criar condições para a oposição trabalhar.
Não tenho o artigo comigo em formato digital, mas divulgá-lo-ei na próxima semana.
Foi com este termo que o presidente David me mimoseou, hoje, na Assembleia Municipal, por eu ter afirmado no âmbito de uma declaração sobre "mais transparência e controlo no orçamento" que, em Ourém, se possibilitavam obras cuja ausência de controlo levava a que os trabalhos ficassem inacabados, mal feitos, imperfeitos, beneficiando assim alguns agentes económicos e outros agentes. Também referi o facto de, no edifício da Câmara, não criar condições para a oposição trabalhar.
Não tenho o artigo comigo em formato digital, mas divulgá-lo-ei na próxima semana.
Cortaram-me o pio
É verdade.
Ia todo contente a ler a minha intervenção crítica relativa ao Orçamento.
Sempre simpática, a presidente Deolinda disse-me que já tinha ultrapassado o tempo e que me dava mais um minuto. Mas nem isso chegava. Tiveram que me parar mais ou menos a meio...
Pronto. À próxima já sei como é. Na próxima semana, divulgarei também este documento.
É verdade.
Ia todo contente a ler a minha intervenção crítica relativa ao Orçamento.
Sempre simpática, a presidente Deolinda disse-me que já tinha ultrapassado o tempo e que me dava mais um minuto. Mas nem isso chegava. Tiveram que me parar mais ou menos a meio...
Pronto. À próxima já sei como é. Na próxima semana, divulgarei também este documento.
Coração de oiro
Tinha 7 ou 8 anos. Ainda há pouco iniciara a leitura da fabulosa BD do meu tempo.
A Dona Alzira habitava o rés-do-chão do mesmo prédio onde vivia a tia Elvira. Explorava um estabelecimento de venda de fruta e hortaliça junto à Praça dos Carros.
Na casa dos tios, o Natal já se anunciava: nas conversas, nas ofertas, nos bolos, naquela massa que levedava junto ao fogão e que iria dar origem aos balharotes.
Eu participava interessado naquela confusão: o que é que eles me vão dar?
Às vezes batiam à porta:”é um cabritinho para o sr. Abel”. (maravilhosa Ourém em que o Natal se celebrava com estas oferats e me deu a conhecer tão execelente sabor fruto do trabalho das suas gentes).
Eu observava todo aquele movimento. O Inverno era frio, não apetecia nada ir para a rua.
Ouve-se uma voz:
- Posso entrar?
Era a Dona Alzira. Trazia uma pequena embalagem na mão em papel de Natal.
- Quer um bolo, Dona Alzira?
- Não, obrigada, venho trazer isto para o menino.
- Luís, agradece À Dona Alzira.
O meu coração bateu apressado. Uma oferta para mim? Fiquei extasiado. Nunca ninguém que não fosse familiar se tinha lembrado de me oferecer qualquer coisa.
- Posso abrir?
- Claro, depois põe na árvore.
Ela observava com carinho a minha excitação.
Abri com tudo o cuidado e perante os meus olhos apareceram dois belos livros de histórias, provenientes directamente do Central, capa bem colorida, novinhos em folha. E, ainda nessa noite, conheci as magníficas aventuras do Roy Rogers e do Trigger...
Tinha 7 ou 8 anos. Ainda há pouco iniciara a leitura da fabulosa BD do meu tempo.
A Dona Alzira habitava o rés-do-chão do mesmo prédio onde vivia a tia Elvira. Explorava um estabelecimento de venda de fruta e hortaliça junto à Praça dos Carros.
Na casa dos tios, o Natal já se anunciava: nas conversas, nas ofertas, nos bolos, naquela massa que levedava junto ao fogão e que iria dar origem aos balharotes.
Eu participava interessado naquela confusão: o que é que eles me vão dar?
Às vezes batiam à porta:”é um cabritinho para o sr. Abel”. (maravilhosa Ourém em que o Natal se celebrava com estas oferats e me deu a conhecer tão execelente sabor fruto do trabalho das suas gentes).
Eu observava todo aquele movimento. O Inverno era frio, não apetecia nada ir para a rua.
Ouve-se uma voz:
- Posso entrar?
Era a Dona Alzira. Trazia uma pequena embalagem na mão em papel de Natal.
- Quer um bolo, Dona Alzira?
- Não, obrigada, venho trazer isto para o menino.
- Luís, agradece À Dona Alzira.
O meu coração bateu apressado. Uma oferta para mim? Fiquei extasiado. Nunca ninguém que não fosse familiar se tinha lembrado de me oferecer qualquer coisa.
- Posso abrir?
- Claro, depois põe na árvore.
Ela observava com carinho a minha excitação.
Abri com tudo o cuidado e perante os meus olhos apareceram dois belos livros de histórias, provenientes directamente do Central, capa bem colorida, novinhos em folha. E, ainda nessa noite, conheci as magníficas aventuras do Roy Rogers e do Trigger...
terça-feira, dezembro 20, 2005
O presépio
Íamos pelos campos para, em sítios mais húmidos, descobrirmos o musgo que usaríamos na nossa representação. Nada era longe do centro de Ourém, mas era um ou dois passos que nos faziam sentir a maravilhosa envolvência de que a nossa terra desfruta.
Em casa, sobre uma caixa de madeira que se forrava com papel de jornal, depositávamos o musgo e algumas pedras, estas para simular a gruta e alguma montanha.
Povoávamos com figuras: ovelhas, poços, moinhos, pontes, a estrela, a vaquinha, o burrinho, o menino, a mãe e o pai. Juntávamos os reis magos a cavalo e tudo aquilo adorávamos até alguns dias depois de Janeiro...
Lembro-me que me fascinava especialmente com o presépio que se fazia na igreja de Ourém, especialmente pela sua dimensão.
O nascimento de alguém que desejava uma vida melhor para todos nós era assim comemorado por todos às vezes sem grande conhecimento do seu significado. Partilhar, abandonar as coisas materiais foram mensagens que aquele menino nos trouxe e que os seguidores, às vezes profundos devotos, se terão frequentemente esquecido, substituindo-as por agressões, violentações da consciência do próximo só por ser ligeiramente diferente.
É curioso como algumas das doutrinas que nos procuram tornar em seres melhores, mais solidários, mais humanistas, se podem transformar pelas mãos dos seus portadores e serem algo de terrível para os que não as seguem como é preconizado por aqueles que as interpretam naquele momento...
Íamos pelos campos para, em sítios mais húmidos, descobrirmos o musgo que usaríamos na nossa representação. Nada era longe do centro de Ourém, mas era um ou dois passos que nos faziam sentir a maravilhosa envolvência de que a nossa terra desfruta.
Em casa, sobre uma caixa de madeira que se forrava com papel de jornal, depositávamos o musgo e algumas pedras, estas para simular a gruta e alguma montanha.
Povoávamos com figuras: ovelhas, poços, moinhos, pontes, a estrela, a vaquinha, o burrinho, o menino, a mãe e o pai. Juntávamos os reis magos a cavalo e tudo aquilo adorávamos até alguns dias depois de Janeiro...
Lembro-me que me fascinava especialmente com o presépio que se fazia na igreja de Ourém, especialmente pela sua dimensão.
O nascimento de alguém que desejava uma vida melhor para todos nós era assim comemorado por todos às vezes sem grande conhecimento do seu significado. Partilhar, abandonar as coisas materiais foram mensagens que aquele menino nos trouxe e que os seguidores, às vezes profundos devotos, se terão frequentemente esquecido, substituindo-as por agressões, violentações da consciência do próximo só por ser ligeiramente diferente.
É curioso como algumas das doutrinas que nos procuram tornar em seres melhores, mais solidários, mais humanistas, se podem transformar pelas mãos dos seus portadores e serem algo de terrível para os que não as seguem como é preconizado por aqueles que as interpretam naquele momento...
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Ele aí vem
E traz algumas estórias para partilhar nos próximos dias com os amigos oureenses. Estórias de ontem, de alegria, de partilha, de tristeza, de desapontamento, da desgraça. No fundo, do que é feita a vida ao longo de muitos anos vistos através desta quadra...
Um exclusivo do OUREM. Para terça, quarta, quinta e sexta... se a máquina não falhar...
E traz algumas estórias para partilhar nos próximos dias com os amigos oureenses. Estórias de ontem, de alegria, de partilha, de tristeza, de desapontamento, da desgraça. No fundo, do que é feita a vida ao longo de muitos anos vistos através desta quadra...
Um exclusivo do OUREM. Para terça, quarta, quinta e sexta... se a máquina não falhar...
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