Coração de oiro
Tinha 7 ou 8 anos. Ainda há pouco iniciara a leitura da fabulosa BD do meu tempo.
A Dona Alzira habitava o rés-do-chão do mesmo prédio onde vivia a tia Elvira. Explorava um estabelecimento de venda de fruta e hortaliça junto à Praça dos Carros.
Na casa dos tios, o Natal já se anunciava: nas conversas, nas ofertas, nos bolos, naquela massa que levedava junto ao fogão e que iria dar origem aos balharotes.
Eu participava interessado naquela confusão: o que é que eles me vão dar?
Às vezes batiam à porta:”é um cabritinho para o sr. Abel”. (maravilhosa Ourém em que o Natal se celebrava com estas oferats e me deu a conhecer tão execelente sabor fruto do trabalho das suas gentes).
Eu observava todo aquele movimento. O Inverno era frio, não apetecia nada ir para a rua.
Ouve-se uma voz:
- Posso entrar?
Era a Dona Alzira. Trazia uma pequena embalagem na mão em papel de Natal.
- Quer um bolo, Dona Alzira?
- Não, obrigada, venho trazer isto para o menino.
- Luís, agradece À Dona Alzira.
O meu coração bateu apressado. Uma oferta para mim? Fiquei extasiado. Nunca ninguém que não fosse familiar se tinha lembrado de me oferecer qualquer coisa.
- Posso abrir?
- Claro, depois põe na árvore.
Ela observava com carinho a minha excitação.
Abri com tudo o cuidado e perante os meus olhos apareceram dois belos livros de histórias, provenientes directamente do Central, capa bem colorida, novinhos em folha. E, ainda nessa noite, conheci as magníficas aventuras do Roy Rogers e do Trigger...
Tinha 7 ou 8 anos. Ainda há pouco iniciara a leitura da fabulosa BD do meu tempo.
A Dona Alzira habitava o rés-do-chão do mesmo prédio onde vivia a tia Elvira. Explorava um estabelecimento de venda de fruta e hortaliça junto à Praça dos Carros.
Na casa dos tios, o Natal já se anunciava: nas conversas, nas ofertas, nos bolos, naquela massa que levedava junto ao fogão e que iria dar origem aos balharotes.
Eu participava interessado naquela confusão: o que é que eles me vão dar?
Às vezes batiam à porta:”é um cabritinho para o sr. Abel”. (maravilhosa Ourém em que o Natal se celebrava com estas oferats e me deu a conhecer tão execelente sabor fruto do trabalho das suas gentes).
Eu observava todo aquele movimento. O Inverno era frio, não apetecia nada ir para a rua.
Ouve-se uma voz:
- Posso entrar?
Era a Dona Alzira. Trazia uma pequena embalagem na mão em papel de Natal.
- Quer um bolo, Dona Alzira?
- Não, obrigada, venho trazer isto para o menino.
- Luís, agradece À Dona Alzira.
O meu coração bateu apressado. Uma oferta para mim? Fiquei extasiado. Nunca ninguém que não fosse familiar se tinha lembrado de me oferecer qualquer coisa.
- Posso abrir?
- Claro, depois põe na árvore.
Ela observava com carinho a minha excitação.
Abri com tudo o cuidado e perante os meus olhos apareceram dois belos livros de histórias, provenientes directamente do Central, capa bem colorida, novinhos em folha. E, ainda nessa noite, conheci as magníficas aventuras do Roy Rogers e do Trigger...
1 comentário:
De facto somos mergulhados na nostalgia, pelos mais variados motivos, se calhar muito por causa das emoções não encontrarem continuidade nas cénicas sensações forçadas.
Não obstante infiro um feito assinalável do Pai Natal este ano que foi de um momento para o outro ter acabado com a gripe das aves, e não fosse o timming tão afinado das aquisições, direitos de produção e outras patifarias que tais das multinacionais farmacêuticas não teriam vingado. Ignoro ainda, muito por causa deste pai natal armado em castor a fazer diques na enxurrada de informação, quais são de facto as enzimas de restrição em cada um dos virus que poderiam criar condição para que a famigerada hibridação ocorresse.
E como a época é de natal gostava ainda de referir que no nosso concelho (no outro lado do concelho, atávico, reaccionário e hipócrita) existem empresas para as quais o natal anda atrasado mais de um ano com trabalhadores ainda à espera do subsídio de férias do ano passado, subsídio de natal do ano passado, subsísio de férias deste ano e subsísio de natal do corrente ano. Numa das empresas em que isto se passa, a coisa como sempre está mal, visão patronal incompatível com a constatação de que a produção é escoada permanentemente, e aqui é que está o busílis da questão. Afinal a empresa vende a uma sua empresa com localização algures na celestialidade fiscal que por sua vez vende de facto a outra empresa. Para que o logro tenha o mínimo de credibilidade não podem estes senhores, que aproximam a contabilidade de uma falência técnica, pagar o que devem aos trabalhadores e assim lá vão descapitalizando.
A este senhores desejos boas necroses no músculo cardíaco e se não for pedir muito que os AVC's lhe prolonguem o sofrimento acamados em fétidos lençóis.
Aos Homens não se deseja bom natal nem tão pouco feliz ano novo seria categorizar o tempo interrompendo-o na sua continuidade que não é sua mas de todas as coisas.
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