sexta-feira, janeiro 13, 2006

Carta de Sócrates - 2

Uma realização que me pareceu muito boa, proveniente deste governo, foi a relativa a estágios para a miudagem que, recentemente, todos pudemos ver nos jornais e que, por exemplo, hoje, no Público, ainda mexem. Serão apenas 677 lugares para 9000 candidatos, mas, com as dificuldades que todos conhecemos, é obra.
Esperemos que as designações utilizadas para os cursos, talvez excessivamente standartizadas, não sirvam para afastar os que têm cursos na mesma área cujas designações não sejam as listadas.
Esperemos que comecem a funcionar rapidamente e que, no próximo ano, haja novo ciclo.
Carta de Sócrates - 1



De acordo com o Correio da Manhã, a partir de Março, o Fisco pode punir automaticamente contribuintes em dívida, penhorando-lhes carro e salário.
Tenho a impressão que, mais uma vez, estes senhores acertam ao lado. De acordo com o que tenho ouvido, os que mais têm lesado o fisco não são os que dependem do salário, mas os que exploram quem vive do salário. Por outro lado, esses mesmos em termos de automóvel não têm o sentido de propriedade muito desenvolvido, optando por soluções tipo leasing ou renting. Logo, quem vai pagar a factura do “mostra serviço” é, mais uma vez, o mexilhão...
Cartas do Cavaquistão

Aproxima-se mais um número interessante que será alcançado, provavelmente, na próxima semana: 033330.
Ourém parece definitivamente convertida ao Cavaquistão. Mas o país ainda não... ainda há esperança...
Celebremos então o 033330: o autor do melhor texto (na opinião deste humilde blogger) sobre os candidatos presidenciais que seja colocado nos comments deste post receberá, em primeira mão, um CD com todas as músicas da raridade Time Will Pass (onde sentirá o verdadeiro crepitar do vinil)... que, no fundo, significa "mesmo que Cavaco ganhe, um dia cairá". Terá ainda o privilégio de ver o seu texto publicado como post...

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Cartas de despedida

Há cartas de despedida que parecem autênticas cartas de amor.
Um dia também escrevi as minhas...
Mas não as publicarei de tão ridículas que são.
Dei-lhe a forma de versos e ela guardou-os todo este tempo.
Fico contente, no fundo isso quer dizer que houve algum significado em tudo o que, em certo momento, julguei ilusão.

Letter to a lady


Ao longo desta semana temos vindo a ser acompanhados pelo som de fundo dos Spriguns materializado nesta “Letter to a lady”, uma canção que faz parte do album Time Will Pass que, como sabem, aprecio muito.
Foi curta a carreira destes nossos amigos. Quatro ou cinco albuns com algumas modificações no nome, modificações na composição da banda, etc...
Esta canção não faz oficialmente parte das seleccionadas para o CD do XXI Poço, mas, como veem, tem dado pano para mangas. Surgiu uns quinze anos depois da vivência de Ourém, mas lá nos obriga a recordar, e, curiosamente, parece já ter trazido “sinais de outros tempos”.
Os meus amigos encontrarão aqui, letras das canções dos Spriguns, aqui, alguns excertos de músicas suas e, aqui, uma página dedicada à Mandy.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Todas as cartas de amor são ridículas…



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
D'essas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

in letras com garfos
Carta de maus presságios


O avanço do monstro na versão Spriguns

O monstro avança.
Parece imparável o seu crescimento, embora o nosso bravo e fixe guerreiro ainda se bata contra ele.
22 é número chave!
Preparemo-nos para o pior... já que o melhor nunca o soubemos construir e a socrática cegueira o ajudou a destruir.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Carta aberta da Pipoca ao Mounty


O mutante

Vi nesta fotografia a celebração da recepção que dispensaste aos teus donos e senhores recentemente chegados do gozo de férias.
E pareceu-me que tinhas sido sujeito a qualquer mutação genética. Aquelas unhas de fora bem presas na camisola dele... Aqueles olhos de carneiro mal morto... Aqueles mios lânguidos de que ele nos fala no post...
Que se passa contigo, Mounty?
Porventura não vês que eles se livraram de ti por quinze dias? Se fosse comigo, não lhes ligaria nenhuma durante três dias e haviam de sentir-me afiambrar-lhes o dente nas pernas duas ou três vezes quando menos o esperassem. Mas de ti, já nada posso esperar que faça lembrar as felinas qualidades... És, em aparência, gato e, na essência, cordeiro...
O dia em que lhe deixei um bilhete escondido entre os livros

Fiquei a tremer que nem varas verdes. E se ela fosse queixar-se ao boçal director?...
Mas nada disso aconteceu.
O tempo foi passando e um dia chegou a ansiada resposta: “foi para mim uma surpresa... não sei, deixa-me pensar... apesar de tudo dou-te algumas esperanças (são tramadas, nunca dizem que não)... quando me vires, procura-me...”.
Imaginam o sofrimento a partir daí. Quando a veria, quando voltaria a Ourém?
Até que o belo carro negro desceu a encosta e a reaproximou do ponto de encontro. Apanhei-a imediatamente.
- Então? Já tens uma resposta?
- Não sei, deixa-me pensar.
E foi-se. Deixei-a pensar.
Subi a encosta do moinho, contemplei Ourém.
Senti-me levado no espaço, voar...
De repente, uma voz sussurrou-me um "não". Estava à beira de um abismo. Precipitei-me por ali abaixo. Já não vogava pelos ares, caia...!!!
O meu corpo deu um esticão terrível, senti todo o esqueleto a expandir-se. E então acordei. Tinha estado a sonhar. Com a Ourém de outro tempo. De onde tantos já partiram, que não voltarei a encontrar, apesar de esse não ser o meu desejo...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

As cartas que eu escrevi!

Um breve balanço diz-me que devo ter sido um sério contribuinte para o défice dos CTT.
A correspondência escrita fez durante muito tempo parte integrante da minha vida.
Este Natal, as edições de autores portugueses tornaram-se-me atractivas em dois casos: as cartas de Lobo Antunes em tempo de guerra e o autoretrato de Filomena Mónica. A primeira, um texto que retrata múltiplos estados de alma e nos traz a uma época cujas referências nos recusamos muitas vezes a aceitar e que ali estão escarrapachadas, a segunda, a visão que uma filha lúcida da burguesia tem sobre a sociedade do seu tempo, por vezes com um estilo desbocado, mas ultra interessante. Modéstia à parte, os meus amigos já viram o paralelismo com o OUREM? Já viram como este humilde blog está na onda? Parece local, mas é intrinsecamente global. Não desesperemos, o reconhecimento virá...
Mas eu também tive as minhas cartas...
Foram as cartas da cidade do desterro para a cidade da moura encantada.
Foram os bilhetinhos com que bombardeava as coleguinhas...
Foram as cartas em tempo de guerra...
Foram as cartas de homem mau...
... já não falando naquelas missivas curriculares com que, paciente mas infrutiferamente alimentava as bases de dados dos garimpadores de emprego no Expresso...
Mas estão os meus amigos descansados. Todos esses textos terão tido o seu suporte reciclado ou destruído pelo fogo e pela erosão. Não há viabilidade de publicação.
Cartas da cidade do desterro para a cidade da moura encantada

Foram talvez cinco anos...
No primeiro, de quando em quando, numa aproximação suave. O desterro em Lisboa ainda me custou mais que a temporada de Leiria, precisava de alguém com quem desabafar e não fui defraudado.
Depois, foram quatro anos de escritos quase diários, por vezes longos testamentos de análise comportamental e sociológica. Até que ela foi ter comigo. Imaginem a obra prima que daria se fosse hoje publicada...
Cartas de tempo de guerra

A análise política e sociológica continuou perante amigos que foram condenados a participar na guerra colonial. Quantos aerogramas eu preenchi para os acompanhar. Tornaram-se famosos entre alguns deles que os liam em conjunto e me deram disso testemunho no regresso...
Hoje, teriam mais êxito que as Cartas de Marx a Kugelman...

domingo, janeiro 08, 2006

Letter to a lady


Mandy Morton

Pois é, meus amigos.
Após curta interrupção motivada por uma rápida deslocação à nossa terra e fuga àquele frio horrível, retomamos a publicação com uma ligeira modificação de foco.
Os próximos meses serão marcados pelas recordações musicais.
Temos de preparar o segundo volume do estórias e, conforme se lembram, terá a acompanhá-lo um CD com a fabulosa música do nosso tempo, isto é, aquela com que eu dava monumentais secas aos amigos.
Para celebrar esses tempos e uma vez que me é impossível acordar e ver que a realidade actual é sonho e que ainda lá estou, vou dar mais atenção ao vinil e partilhá-lo convosco.
Já percebi que os meus amigos não gostam nada das contas das juntas de freguesia, ponhamos portanto uma pedar nesse assunto. Regressemos às recordações do nosso tempo. À razão de um tema por semana, se não houver nada em contrário, aqui estaremos.
Um pouco à margem disso, mas utilizando os mesmos meios, a referência que aqui deixaremos a Mandy Morton e Spriguns... Para esta semana...


Oiça Letter to a Lady - Spriguns
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