segunda-feira, janeiro 09, 2006

As cartas que eu escrevi!

Um breve balanço diz-me que devo ter sido um sério contribuinte para o défice dos CTT.
A correspondência escrita fez durante muito tempo parte integrante da minha vida.
Este Natal, as edições de autores portugueses tornaram-se-me atractivas em dois casos: as cartas de Lobo Antunes em tempo de guerra e o autoretrato de Filomena Mónica. A primeira, um texto que retrata múltiplos estados de alma e nos traz a uma época cujas referências nos recusamos muitas vezes a aceitar e que ali estão escarrapachadas, a segunda, a visão que uma filha lúcida da burguesia tem sobre a sociedade do seu tempo, por vezes com um estilo desbocado, mas ultra interessante. Modéstia à parte, os meus amigos já viram o paralelismo com o OUREM? Já viram como este humilde blog está na onda? Parece local, mas é intrinsecamente global. Não desesperemos, o reconhecimento virá...
Mas eu também tive as minhas cartas...
Foram as cartas da cidade do desterro para a cidade da moura encantada.
Foram os bilhetinhos com que bombardeava as coleguinhas...
Foram as cartas em tempo de guerra...
Foram as cartas de homem mau...
... já não falando naquelas missivas curriculares com que, paciente mas infrutiferamente alimentava as bases de dados dos garimpadores de emprego no Expresso...
Mas estão os meus amigos descansados. Todos esses textos terão tido o seu suporte reciclado ou destruído pelo fogo e pela erosão. Não há viabilidade de publicação.

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