quinta-feira, novembro 04, 2004

Uma mensagem do Luís Nuno aos seus amigos do Poço (e a todos os outros...)

Vale a pena encontrarmo-nos quando a vida, insensivelmente, procura a cada momento afastar-nos. Sabe bem isto porque significa que naqueles tempos se cultivava a amizade, a brincadeira sã, as pedradas “suaves”, as idas ao dentista “macabro”, enfim, o convívio da cultura “poceira”, a amizade verdadeira que, se calhar, hoje pouco se cultiva.
Por tudo o que fomos, o que sentimos e o que somos ainda, vale um abraço daqueles que só amigos podem sentir!


Luís Nuno
Retorno ao Poço
E voltamos ao formidável encontro do próximo sábado.
O tempo parece estar a compor-se o que dará outro sabor à agua-pé e respectivo acompanhamento sólido.
Tinha prometido algo de especial aos meus amigos oureenses. Aqui fica: um texto do Luís Nuno que ele deixou na minha recordação do I almoço. Mas aquele texto não era para mim. Ele refere a amizade e, como tal, tem de ser estendido a todos os que com ele a partilharam. Aqui fica.
A Som da Tinta soma e segue
Riscos que ficaram no tempo de Susana Maria Júlio, e Jogo de Espelhos de Carmen Zita Ferreira são mais dois livros ligados a esta editora com apresentações em Lisboa e em Ourém.



quarta-feira, novembro 03, 2004

Um movimento cívico para Ourém
Por Alma

Sem lá ter jogado à bola, ao berlinde, ou à "apanhada", também guardo esta casa como uma das já "poucas" recordações de infância que compõem o nosso ser.
Mais do que uma recordação "ainda viva" esta casa acaba por pertencer-nos, a todos nós, Ourienses, que nela assumem o legado e património da memória colectiva.
A memória colectiva, o património histórico, "o passado", não podem ser "derrubados" por uma qualquer "buldozer", despacho administrativo ou judicial, decisão camarária...
Se há que deitar abaixo são duas coisas.
Uma física. Os prédios que naquelas ruas, contíguas e paralelas, deixaram construir. Qual progresso de uma sociedade moderna? Antes a "tacanhez" de autoridades e gentes locais...
A segunda. Derrubar, vencer, "tirar" da autarquia, aqueles que ainda "lá moram" e permitiram que esta "aldeia" (a de Castela, como a dos Álamos), ficassem descaracterizadas.
Mas há uma coisa que podemos fazer nascer.
Um movimento cívico de defesa do património histórico, cultural, social, que ainda resta no nosso concelho.
Um movimento que "grite" pelas pedras das casas que urgem ser recuperadas. Um movimento que saiba assumir o legados dos "nossos". Um movimento que defenda a nossa identidade cultural... antes que seja tarde...
À recordação e consciência dos amigos do Poço
Já deixámos de ver o jardim junto à Câmara. Este ano, encarregaram-se de acabar com o que existia frente ao Central.
Também já não temos direito à feira nova.
Iremos perder a memória do Largo de Castela? Ou a do cantinho do Ferraz que nos transporta logo para o local onde moraram o Genito e o Duarte?
Iremos continuar a assistir à triste degradação do que foi o saudoso Colégio Fernão Lopes?
Ou virão aí reclassificações como a hilariante realizada no Ribeirinho?
Esta entrada serve para recordar alguns textos que este blog já publicou sobre a nossa Ourém e que este fim de semana poderão merecer alguma atenção.

A casa do largo de Castela



Reconhecem esta obra prima?
Pois esta casinha ainda existe ali bem no início da Rua de Castela e continua a dominar com o seu porte a rua que nos conduz à avenida. Ali se travaram renhidos combates de futebol, pião e berlinde. Há quem sustente que, bem rente ao chão, a 20 centímetros do lado esquerdo da porta principal existiu um buraco que terá ocultado dezenas de bolas de futebol que eram engolidas perante os remates inadvertidos dos jovens jogadores. E que, no seu sótão, existirá possivelmente um saco contendo restos da banda desenhada da década de cinquenta e sessenta consubstanciada em Camaradas, Pajens, Moscas, talvez Mundos de Aventuras, ali deixados inadvertidamente por uma família que a habitou.
Consta que esta casa tinha características notáveis para a leitura e contemplação de banda desenhada. Reparem agora naquela pequena torre do lado esquerdo, quando vista bem de frente, que lhe dá uma solidez singular e única em todo o distrito…
A verdade é que me constou que esta casa também está condenada à destruição por causa do traçado de uma rua, por causa da relação com outras arquitecturas que nasceram tortas. Pode acontecer que assim seja, dar-me-ão um grande desgosto. Mas garanto que se tivesse posses para tanto, adquiriria essa casa, restaurá-la-ia e instalaria lá uma mostra de banda desenhada, resistindo ao seu abate até ao último suspiro.
E acreditem no profeta, a sentença está dada: quem participar na sua destruição, quer seja responsável, executante ou mero colaborador, é condenado à sua reconstrução, pedra por pedra, em local digno da visita de distintos oureenses.

Como é possível?



O Albuquerque esteve aqui. Aqui terá passado alguns dos melhores anos da sua vida. Aqui terá conhecido o primeiro sabor dos SGs, dos Portos, dos Definitivos. Aqui terá dado muitos toques na bola, terá levado muitos colegas mais novos ao poste. E certamente terá recebido a formação que o ajudou a ocupar alguns dos postos politicamente mais poderosos no distrito e no concelho. Apesar disso tudo, nada conseguiu fazer para devolver ao que foi o Colégio Fernão Lopes um pouco da dignidade que ele orgulhosamente ostentava noutros tempos.
Esta escola foi responsável pela transmissão de conhecimentos a muitos jovens de Ourém e de outras terras. Nela trabalharam excelentes professores alguns dos quais para mim constituem uma referência: a Dra. Maria da Nazaré, o Dr. Laranjeira, a Dra Lurdes Moreira, a Dra Maria Júlia, o próprio Dr. Armando quando não estava virado do avesso. E quem não recorda a Boazinha?
Por respeito a toda esta gente, a Câmara devia pensar na sua recuperação e na sua utilização como um local de formação do mais alto nível.
Um recanto pitoresco



Afinal, ainda lá está. Ali à entrada do local em que iniciávamos a subida da encosta para os moinhos, existia um cantinho muito agradável habitado por uma família muita afável. Ali apoiei o Ferraz em momentos de doença com a audição dos poucos discos que possuia.
À frente do recanto ainda se pode ver a casa que foi habitada pelo Genito e pelo Duarte (filhos do Cabeça Aguda) a qual ainda apresenta um aspecto razoável.
Do lado esquerdo, constata-se a existência de uma pequena fonte, onde muitas vezes os oureenses se dessedentaram, mas a que a incúria autárquica ainda não devolveu a necessária torneira.
Experimentem descer do recanto até ao largo de Castela e sintam um pouco do ambiente de outro tempo. Trata-se de uma rua estreitinha, silenciosa, com uma certa inclinação. Do lado direito há uma bela casa amarela em degradação. Mais abaixo, do lado esquerdo, encontramos a casa do Boas Falas onde habitava o nosso amigo Augusto.
Sintam a minha angústia: será que tudo isto está condenado à destruição?
Os restos da fonte de Santa Teresinha



Estão situados bem perto da casa do Zé Quim. Durante alguns anos, habitei em frente à mesma e tive o privilégio de ouvir o correr das suas águas. Trata-se de uma obra que data de 1868, curiosamento não muito diferente daquela que existia no Ribeirinho.
A sua degradação é bem evidente.
A nossa perplexidade perante a acção do poder autárquico é imensa. Como é possível deixar este elemento arquitectónico chegar a este estado de degradação? Será que só é possível a degradação pura e simples até à destruição ou a reconstituição caricatural como a que foi operada na fonte do Ribeirinho?



É que esta está reconstruída, mas toda transformada: não está no local que era o seu, foi rodeada de elementos que nada têm a ver com ela, está virada só para os que entram em Ourém, não ostenta um mínimo de verdura.
Será que esta fonte é uma mensagem do tipo: vejam do que somos capazes, vejam as nossas obras de fachada? É que ninguém pode beber da sua água ou ouvir o seu correr com ela instalada naquele local, rodeada por uma rotunda.

terça-feira, novembro 02, 2004

O Parlamento Europeu em 2000 caracteres (+ ou -) por semana
Outubro-II
Por Sérgio Ribeiro

No plenário deste final de Outubro, em Estrasburgo, aconteceu algo de inesperado, talvez histórico.
Ao contrário do previsto, e do que aqui prognostiquei, as coisas encaminharam-se para que a Comissão Europeia, que já tinha um Presidente – Durão Barroso – não fosse aprovada no Parlamento Europeu. Pelo que DB – ou JMB para “europeu” ver – retirou a proposta que iria ser chumbada. Ficou um presidente de uma comissão sem ter comissão…
Porquê?
É preciso lembrar que em Julho, quando DB foi proposto ao PE para Presidente da Comissão, houve 251 votos contra e 44 abstenções. Porque os deputados do grupo Esquerda Unida, dos Verdes, alguns do Partido Socialista Europeu, quiseram assim manifestar que estavam contra a política que DB personifica e interpreta. Não chegou para o chumbar, mas foi significativo. Importa dizer que, em nome de uma solidariedade nacional, os socialistas portugueses votaram a favor de DB.
Agora, quando apresentou a “sua” equipa, que mudou?
Aos que continuariam a votar contra pelo que DB representa e iria interpretar na prática, juntar-se-iam outros que encontraram, na composição da equipa, motivos para estar contra ou até para se indignarem em nome de valores e direitos humanos. Numa convergência pontual, juntar-se-iam, aos que tinham votado contra em Julho, os restantes socialistas e 2/3 dos liberais.
Significativo momento que terá várias interpretações e consequências.
Não me vou deter nelas – estas crónicas têm a medida dos 2000 caracteres… – mas quero sublinhar que, tal como em Julho, considerei absolutamente despropositado falar em “orgulho nacional” para aceitar ou saudar a eleição de um português para um cargo político com as características da presidência da Comissão, sendo a escolha feita como e por quem é, também agora não teria qualquer sentido dizer que esta derrota de DB – o único indiscutível resultado objectivo do que se passou –, significa uma “vergonha nacional”.
Esta procissão ainda vai no adro…
Passagem por alguns blogs com piada- I
Do Santa Cita: A Santa protectora do GOverno

Interlúdio
Fazemos uma pequena interrupção nesta semana dedicada ao Poço.
Temos mais uma crónica sobre o Parlamento Europeu enviada pelo Sérgio e, eventualmente, outros assuntos merecem a nossa atenção.
Amanhã, voltaremos ao Poço...

segunda-feira, novembro 01, 2004

O Poço

Guarda o Poço memórias,
D`outro tempo lindas histórias!
Reflexo de traços ausentes,
Gargalhadas cúmplices, olhares inocentes.

Retrato eterno de outrora
Leveza d`alma, certeza do mundo
Que se carrega pela vida fora
Com nostalgia, amor profundo

Tornou-se o Poço sagrado
Lugar de encontro seguro
Marco de efémera separação,
Sublimação de destino duro

Já não é penosa a solidão,
No regresso ao Poço em glória
Seres livres sem ilusão,
Mas seres puros com alguma história...

Ana Prata
Mais cumplicidades
Pedi à Ana um poema para dedicar ao Poço.
Ela não se fez rogada e ele será o próximo post dedicado a todos os amigos desse magnífico encontro.
Os excluídos
Uma situação que sempre me fez alguma confusão foi a de alguns distintos que ou nunca foram convocados ou, tendo-o sido, nunca apareceram.
Não discuto as opções de quem não vai, sendo convocado, mas, por vezes, pensei em alguns grandes amigos que nunca ali estiveram por outra razão. Falei algumas vezes com os responsáveis e a resposta era indubitavelmente: "Eles nunca estiveram no Poço. São oureenses, mas não nos acompanharam".
Considero tal argumento um tanto frágil. Há muita coisa que foi feito pelos excluídos que demonstrou o seu espírito de camaradagem e que dispensa perfeitamente reuniões nocturnas naquele largo que, na altura, nem creio que tivessem um grande conteúdo em termos políticos, culturais ou outros.
Eu próprio, se ali estive, foram poucas as vezes. Eles dizem o contrário: "não, não, tu estiveste ca", mas eu pouco me recordo. Em contrapartida, lembro-me de muitas horas que passei com os excluídos. Mas dezanove anos não é brincadeira, já é tarde para voltar atrás.

A primeira prova
Após o reencontro esfuziante, um dos momentos que mais aprecio é aquele em que se consubstancia o pequeno almoço e que nos permite fazer ume efectiva prova da água-pé e de algum vinho novo que já se afirme a acompanharem magníficos bolinhos de mel, chamuças, pastéis e rissóis.
Isso marca o primeiro convívio com pequenos grupos a trocarem impressões e a aquecerem sentindo o velho sabor característico dos produtos da nossa Ourém. Dura um bom bocado e, por vezes, já permite a sensação da volatilidade tão comum a estes momentos.
No primeiro Poço, há dezanove anos, esse momento foi magnificamente enquadrado pela vista de Ourém a partir do castelo. Com a situação foi inesperada, ficou marcada para futuros encontros e não posso deixar de a registar aqui.

domingo, outubro 31, 2004

Uma data especial
A próxima reunião do Poço realiza-se numa data muito especial: 6 de Novembro, dia em que o Luís Nuno faria 56 anos.
Ele não acreditava muito nessas coisas, mas tenho a certeza absoluta que, mais do que nunca, o seu espírito vai estar connosco.
Vamos recordá-lo bem como aos outros companheiros desaparecidos.
Do Luís, terei oferta especial neste local para todos os que estiverem presentes.
Protesto
Gostaria de os levar ao Largo de Castela e ali tirar uma foto de grupo que tivesse por significado um não rotundo ao que se prepara para aquela zona. Calculo que não será possível. É talvez preferível calar e não provocar divisões.
Gostaria também de lhes mostrar o crime praticado no jardim frente ao Central. De certeza não gostarão, mas não serei a melhor pessoa para esse acto. Talvez algum deles se lembre.
O círculo de distintos
Tudo começa com o encontro junto à casa do Manuel Raul, pai do Luís Cúrdia.
Primeiro dois ou três, depois o círculo vai-se desenhando até se tornar incomodativo para os novos ocupantes da nossa Ourém que ali passam em potentes viaturas enresinados com o dia a dia sem referências.
Todos acham muito estranho ver tantos velhadas ali juntos.
Ficam a saber que estamos ali por uma boa causa: recordar a nossa juventude à qual aquela zona trouxe muitas horas de formidável brincadeira.
A semana do encontro

Convocatória para o encontro Posted by Hello
Finalmente, chegámos à semana mais aguardada de todo o ano: aquela em que se vai realizar o encontro anual de uma parte substancial dos distintos.
Grande almoçarada nos espera.
A convocatória está acima. E já repararam? Finalmente, em Ourém, há alguém que gosta de nos ver.
Vamos tentar dedicar esta semana ao Poço. Esperemos que Santanaz e o estrunfa-mor não façam muitos disparates para não nos desviarmos desse objectivo.
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