sexta-feira, janeiro 20, 2006

Ameaça de Inferno



Ele pode ganhar à primeira! A última sondagem divulgada é ameaçadora
Veremos se o consegue ou se teremos alegre esperança.
52% não está longe de 49%...
Força! Todos a votar contra ele!
O dia em que a vi pela primeira vez na cidade da moura encantada
Subi a escada levado pelo meu irresistível sentido de futuro melómano. Mal cruzei aquela porta, os meus olhos deram com ela. O impacto foi imediato e nunca se desvaneceu.

Cabelos de ouro
Tom rosado de pele
Eis o meu tesouro
Olhos cor de mel

A partir daquela hora, não a consegui largar. Inventava motivos para a ver, para a acompanhar. Mas do outro lado, a recepção não era calorosa. Sentia-me mal amado, rejeitado.
Aos fins de semana, ao chegar a Ourém, as saudades e o desejo de voltar não paravam de me perseguir. A música era um refúgio. A música em canções tristes, em ambiente que noutras condições não conseguiria suportar:

Le ciel est si beau ce soir
La nuit est si bleu ce soir
c'est lá ou je me sens
perdu comme un enfant
le ciel est si beau portant

Depuis que l'ont se quité
je n'a jamais eu d'eter
soudain je viens d'avoir
envie de te revoir
le ciel est si beau ce soir

Longtemps j’ai atendu
Alongs de ta rue
Mais tu n’est pas venue
Je suis reparti sans rume
tout seul atravers la nuit

Mais je ne veux pas croir
qu'il n' y a plus d'espoir
le ciel est si beau ce soir
le ciel est si beau ce soir

...
(Perdoem os erros). Percebem agora por que as memórias vinílicas têm tanto a ver com a vida oureense?

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Paraíso para uns, Inferno para outros

INTERVENÇÃO DO PÚBLICO PRESENTE
De acordo com o que foi deliberado na reunião de 26 de Outubro de 2005, a Câmara começou por ouvir os munícipes presentes, mediante a seguinte ordem:
1 - Arnaldo Rola Justino Carvalho, residente na Rua Afonso Gaio, lote 6, 2.º direito, em Ourém, em representação de outros moradores naquele mesmo prédio, que também se encontravam presentes (Ermelinda de Jesus Vieira Quelha e Arnaldo Augusto Fernandes), a reclamar contra o funcionamento do bar denominado “Jogral”, sito na referida rua e a solicitar a redução do horário de funcionamento do mesmo para as 00h00m.
O Senhor Presidente informou que se irá proceder a vistoria ao bar em apreço e efectuar a medição de ruído no local.
Viva a Igualdade

PEDIDO DE CEDÊNCIA DO CENTRO DE NEGÓCIOS DE OURÉM

Foi apreciada uma carta, datada de 21 de Dezembro em curso, do Director da Campanha Distrital do Prof. Aníbal Cavaco Silva, a solicitar a cedência do Centro de Negócios de Ourém, para a realização de actividades de campanha eleitoral, no dia 05 de Janeiro de 2006.

A CÂMARA DELIBEROU, POR UNANIMIDADE, AUTORIZAR A CEDÊNCIA DO ESPAÇO, DEVENDO OS CUSTOS COM TRABALHO EXTRAORDINÁRIO COM PESSOAL E CLIMATIZAÇÃO SER SUPORTADOS PELA ENTIDADE ORGANIZADORA DO EVENTO.

DEVERÁ SER SOLICITADA A RESERVA À EMPRESA CENTRO DE NEGÓCIOS DE OURÉM, LIMITADA, NESTAS CONDIÇÕES.
O Ricardo António

Teve canções bem engraçadas.
Algumas eram bem mais vivas do que aquela que temos em fundo.
Outras como o "Ce Monde" ou o "Aranjuez, mon amour" terão sido bem conhecidas dos amigos oureenses e ainda se ouvem com agrado.
Vou deixar-vos alguns apontadores para:
Palavras das canções a partir das quais podeis ter acesso a pedaços de MP3
... e prometo-vos para amanhã mais um texto relativo àquele tempo em que alguma destas canções foi importante.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

... à Presidencial Tragédia

O demónio corta as unhas à sexta-feira

... mas este parece que quer fazer reuniões à quinta. Reuniões produtivas, diz ele.
Não se tenham dúvidas.
A política anunciada é a que já vem sendo executada há vários anos. Com Barroso, com Sócrates, com dos Santos.
Os seus resultados são bem visíveis no monumental empobrecimento dos portugueses em todos os aspectos da sua vida.
A única diferença é que este é tecnicamente melhor, mais refinado, tem fama de competente. Mas a sua base social de apoio não engana.
Ele pode nem ser má pessoa, até pode ser honesto, mas a sua companhia é duvidosa...
A história repete-se

Primeiro é uma comédia, depois uma tragédia...
Há quem pense que pode reeditar feitos de há vinte anos em que partiu com larga desvantagem e derrotou o candidato da direita, dando monumental gozo aos portugueses.
Depois foi o que se viu. Correr mundo, passear de um lado para o outro, ajudar a destruir o aparelho produtivo, apoiar a lei dos despedimentos, sob a capa de grande defensor das liberdades.
Não garante grande diferença para o anterior. Pelo contrário permitirá que os ministros de Sócrates manobrem até completamente à vontade gerando mais desperdício, como são férteis em fazer.
Tenho pena de dizer isto aos amigos socialistas, mas não me oferece grande confiança...
O vagabundo dos limbos

Agora começo a vê-los: dezenas de colegas que leccionavam na mesma escola que eu, nas comitivas de Sócrates, de Pinho, de dos Santos. Sãos os seus assessores, os novos boys...
Alguns até dão lições de Economia ao primeiro Ministro vindo das áreas da Engenharia e com grande tendência para a formalização matemática.
- Sabe, há uma equação fundamental: Y = C + I + E – M. Y é o Rendimento, aquilo que a nossa economia cria de novo. C é o Consumo, aquilo que andamos a tentar diminuir pois faz aumentar a despesa de Estado. I é o Investimento e não lhe podemos tocar para não aumentarmos a despesa pública. E são as Exportações, estas é que temos de aumentar seja lá como for, para o que temos de ser competitivos, produzir com salários de misério, mandar os desempregados para a China e reformar aos 80. Claro que não nos convem diminuir o M, as Importações porque isso diminuiria os bens de consumo da nossa casta, e as nossas férias na Suíça com direito a muletas...
Pois deste mundo apostado em continuar a afundar a nossa economia, saiu um homem que nos deixou uma magnífica trova. Dar-me-ia monumental gozo que conseguisse passar à segunda volta, apesar de lhe sentir muitas insuficiências no discurso...
A voz da povo

Todos vemos a necessidade da sua presença para nos continuar a alertar e a mobilizar. Vê-se nos que o apoiam, o que de mais genuíno e humilde provem do nosso povo. Trabalhadores, jovens e muitas pessoas provenientes da ciência e da cultura.
É óbvio que não ganhará, que não passará à segunda, mas não esqueçam, amigos oureenses, isto é uma corrida de fundo. E a mensagem de base que, procurando uma sociedade mais justa, menos desigualdades, a defesa da constituição e a reconstrução do aparelho produtivo nacional, é uma mensagem correcta e que cada vez mais se torna simpática para as pessoas.
Não sei se os amigos oureenses terão lido o Público este domingo. Trazia extensa informação sobre a desigualdade. Portugal lá está com um índice de Gini na ordem dos 38,5%, bem longe da Suécia e da Dinamarca. Sempre me disseram que quando este índice se afasta dos 30%, há razão para preocupação. Não a noto nos nossos políticos, mesmo naqueles que querem almofadas sociais para manter a sociedade tal como ela está...
O homem turbilhão

Mais um arauto da utopia, da mudança por quem tenho todo o respeito, mas por quem não sinto significativa simpatia apesar das muitas afinidades doutrinárias e com alguns apoiantes. É óbvio que votaria nele numa segunda volta, mas o mais difícil será lá chegar. Também ele e a sua mensagem vão crescendo num processo que só trará benefícios para a nossa democracia...
O persistente

Permanentemente ignorado, permanentemente marginalizado pela comunicação social, admiro a firmeza com que defende as suas causas e a sua capacidade para sistematicamente manter uma voz diferente que surge em momentos cruciais. Que funcionem as instituições e os serviços, que se crie Economia em vez de a destruir, eis duas ideias com as quais estou bem de acordo...

terça-feira, janeiro 17, 2006

O hino e a PT

E o hino, amigos oureenses?
Será que a Portugal Telecom, uma participada do capital espanhol (apesar de o capital não ter pátria), tinha o direito de se apropriar do nosso hino e integrá-lo na sua campanha publicitária?
Não será o cúmulo do descaro?
Não merecerá para sempre as paragens do inferno? Na companhia de Lucifer...
Apesar de tudo, tenho de confessar que adoro aquela interpretação e só por isso o pecado terá valido a pena...

Dante




Encontro com Beatriz Posted by Picasa

Dante Alighieri nasceu em Florença em 1265 de uma família da baixa nobreza. A mãe morreu quando era ainda criança e o pai, quando tinha dezoito anos.
Pouco se sabe sobre a vida de Dante e a maior parte das informações sobre sua educação, sua família e suas opiniões são geralmente meras suposições. As especulações sobre a sua vida deram origem à vários mitos que foram propagados por seus primeiros biógrafos, dificultando o trabalho de separar o fato da ficção. Pode-se encontrar muita informação em suas obras, como na Vida Nova (La Vita Nuova) e na Divina Comédia (Commedia).
Na Vida Nova Dante fala de seu amor platônico por Beatriz (provavelmente Beatrice Portinari), que encontrara pela primeira vez quando ambos tinham 9 anos e que só voltaria a ver 9 anos mais tarde, em 1283. Nos tempos de Dante, o casamento era motivado principalmente por alianças políticas entre famílias. Desde os 12 anos, Dante já sabia que deveria se casar com uma moça da família Donati. A própria Beatriz, casou-se em 1287 com o banqueiro Simone dei Bardi e isto, aparentemente, não mudou a forma como Dante encarava o seu amor por ela. Provavelmente em 1285, Dante casou-se com Gemma Donati com quem teve pelo menos três filhos. Uma filha de Dante tornou-se freira e assumiu o nome de Beatrice.
Em 1290, Beatriz morreu repentinamente deixando Dante inconsolável. Esse acontecimento teria provocado uma mudança radical na sua vida o levando a iniciar estudos intensivos das obras filosóficas de Aristóteles e a dedicar-se à arte poética.

Fonte: A Divina Comédia

Divina Comédia


Divina Comédia é a obra prima de Dante Alighieri, que a iniciou provavelmente por volta de 1307, concluindo-a pouco antes de sua morte (1321). Escrita em italiano, a obra é um poema narrativo rigorosamente simétrico e planejado que narra uma odisséia pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, descrevendo cada etapa da viagem com detalhes quase visuais. Dante, o personagem da história, é guiado pelo inferno e purgatório pelo poeta romano Virgílio, e no céu por Beatriz, musa em várias de suas obras.
O poema possui uma impressionante simetria matemática baseada no número três. É escrito utilizando uma técnica original conhecida como terza rima, onde as estrofes de dez sílabas, com três linhas cada, rimam da forma ABA, BCB, CDC, DED, EFE, etc. Ou seja, a linha central de cada terceto controla as duas linhas marginais do terceto seguinte.
Ao fazer com que cada terceto antecipe o som que irá ecoar duas vezes no terceto seguinte, a terza rima dá uma impressão de movimento ao poema. É como se ele iniciasse um processo que não poderia mais parar. Através do desenho abaixo pode-se ter uma visão mais clara do efeito dinâmico da poesia:



Diagrama representando o esquema poético da Divina Comédia (terza rima). As letras representam o som das últimas sílabas de cada verso das estrofes de três sílabas (tercetos). Ilustração de Douglas Hofstadter retirada do seu livro Le Ton Beau de Marot.
Os três livros que formam a Divina Comédia são divididos em 33 cantos cada, com aproximadamente 40 a 50 tercetos, que terminam com um verso isolado no final. O Inferno possui um canto a mais que serve de introdução a todo o poema. No total são 100 cantos. Os lugares descritos por cada livro (o inferno, o purgatório e o paraíso) são divididos em nove círculos cada, formando no total 27 (3 vezes 3 vezes 3) níveis. Os três livros rimam no último verso, pois terminam com a mesma palavra: stelle, que significa 'estrelas'.

O Inferno





O Inferno relata uma odisséia pelo mundo subterrâneo para onde se dirigem após a morte, segundo a crença cristã, aqueles que pecaram e não se arrependeram em vida. A viagem, relatada em 4720 versos rimados em tercetos, é realizada pelo próprio Dante guiado pelo espírito de Virgílio - famoso poeta romano dos tempos de Júlio César.
A viagem narrada pelo poema acontece na semana santa do ano de 1300. Naquela época, Dante era um atuante político florentino prestes a ser eleito, dois meses depois, como um dos priores (governadores) da cidade de Florença. Porém, em menos de um ano, Dante foi exilado e expulso da cidade. O Inferno, escrito no exílio, faz referência a vários fatos históricos que aconteceram em 1300 e depois, através de profecias de almas condenadas no Inferno, que vêem o futuro.

(continue a ler O Inferno de Dante)

O purgatório





Qualquer alma pecadora que tenha se arrependido em vida tem direito ao purgatório, por mais graves que tenham sido os pecados cometidos. Aqueles que só se arrependeram quando não podiam mais pecar não podem entrar imediatamente pela porta de São Pedro. Precisam ficar esperando do lado de fora, onde a espera pode durar dezenas de vezes o tempo de sua vida na Terra.
Dentro do purgatório, a alma passa períodos de tempo em um ou mais terraços de acordo com os pecados capitais que tenha cometido em vida. Nesses terraços ela sofre cumprindo penas que tem como objetivo a sua purificação. As penas são às vezes tão terríveis quanto às do inferno, mas as almas cumprem-as sem reclamar, pois têm certeza que, quando o tempo de sua purgação chegar ao fim, lhes será concedida a entrada no paraíso.

(continue a ler o purgatório de Dante)

O paraíso




Bebendo da fonte Lethe Posted by Picasa

Com o olhar fixo, Beatriz encarava o Sol sem piscar, como águia alguma jamais teria feito. Como um raio, seu olhar se infundiu em minha mente que se deixou inundar com o reflexo da sua luz e fez com que eu também fitasse o Sol por mais tempo que eu seria capaz. Naquele lugar sagrado, muito mais coisas são permitidas aos sentidos humanos que aqui na Terra. Não pude olhar muito, mas o suficiente para ver a esfera do Sol contornada por faíscas, como fogo escapando de ferro derretido. Subitamente, pareceu-me que um dia iluminava o dia seguinte, como se Deus tivesse decorado o céu com outro Sol.
Livre da luz que preenchia as alturas, virei o olhar para Beatriz, que permanecia fitando o Sol. E então senti uma coisa que eu seria incapaz de descrever. Algo similar, talvez, à transformação sofrida por Glauco, ao provar a erva que o transformou em um deus. “Transumanizar,” é a melhor palavra que posso oferecer, para algo que não se pode explicar com palavras. Se era apenas a minha alma, separada do corpo, que subia, só aquele Amor que governa o Céu poderia dizer.

(continue a ler o Paraíso de Dante)
Maria do Céu


Por mais politicamente incorrecto que possa ser, tenho de confessar o meu apreço, deste muito pequeno, pelas canções do Tony de Matos.
"Vendaval" e "Maria do Céu" foram canções que os oureenses cantaram muitas vezes à noite nas suas caminhadas até ao colégio e no regresso. E lembram-se daquele Poço (o último em que ele esteve) em que o Luís e a Teresa nos brindaram com uma versão do "Só nós dois"?
Acho também alguma piada a nomes como estes: "Maria do Céu", "Maria do Mar"...
A canção que nos serve de tema teve um destino curioso. Na época era muito ouvida, mais uma estória da desgraçadinha como o Tony gostava de cantar:

Maria do Céu nascera
E em paz crescera
Na Madragoa
Era a mais bela varina
Fresca e ladina
Que houve em Lisboa
Quando chegava à janela
Abrindo-a de para em par
Via o Chico olhar para ela
Ao partir num barco à vela
Para a rude faina do mar
Sempre a cantar

Maria do Céu
Primavera em flor
Serei sempre teu
Adeus meu amor
Se Deus me ajudar
Neste anseio meu
Por ti deixo o mar
Por ti deixo o mar,
MAria do Céu
...
Já calculam o que aconteceu ao Chico: não só não deixou o mar como lá ficou.
Mas estava a falar no destino da canção. A verdade é que nunca mais foi publicada em qualquer compilação, apesar de ser um excelente testemunho do que se ouvia no início dos anos 60.

Eis uma versão de 1984

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Cai chuva do céu cinzento
Fernando Pessoa

Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não,
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.
O céu e o inferno na versão Políticos

Prometem-nos o céu antes de lá chegar.
Dão-nos o inferno alcançado que está o poder...
O céu e o inferno na versão Religião

Promete-nos o céu se aceitarmos o inferno da nossa triste condição e não nos revoltarmos contra ela.
Sacia os ricos, os poderosos, os corruptos deixando-lhes a ténue ameaça de um castigo não se sabe onde.

domingo, janeiro 15, 2006

Le ciel est si beau ce soir
Amigos oureenses, aqui estamos a divulgar a primeira canção que faz parte das recordações musicais da magnífica Ourém da minha geração a integrar no CD destinado ao XXI almoço convívio do Poço.
Quase de certeza que ninguém a recordava.
Trata-se de uma interpretação de Richard Anthony, um icon da canção francesa da época, muito popular entre os oureenses. Reparem na melodia, na suavidade, uma música óptima para nos acompanhar nos próximos dias. E conseguimos ouvir os riscos do EP que serviu se suporte a esta gravação...
O título vai dar-nos o mote (o céu e o seu contrário) para a semana que agora se inicia. Existirá algum paraíso em Ourém? Ou será permanentemente inferno? E que pensa o Mounty de tudo isto?


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