sábado, fevereiro 18, 2006

Outra mania...

Um rebanho em Sintra - Alfredo Keil (1898)

... para além daquela de acordo com a qual ninguém liga a esta humilde página, a de que, por vezes, é possível ouvir o silêncio.
Então, venha experimentar connosco...
... mais logo, ao render da música, logo após o jogo...
De boca aberta

... perante os 650000 euros em prémios com que a administração do metro do Porto se banqueteou, de acordo com notícia do Expresso.
Na base de tudo uma questão: o que pode legitimar que uma administração de Metro tenho um euro que seja em prémios?
Os actores esses são quase sempre os mesmos...

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Manias

Isto é indecente!
Interrogar um velhadas sobre as suas manias... mas será que vocês pensam que eu reconheço alguma delas?
Está aqui um ser empedernido que já não muda, mas que tem notável auto-estima.
Manias...
... umas coisas inocentes... que é que hei-de dizer?
1) Que compro todos os livros por que tenho simpatia (sofro antes de os comprar) e depois arrumo-os na estante sem os ler (e interesse perdido)?
2) E o mesmo para os discos... aquelas velharias com que tenho brindado os amigos do OUREM... há uns a que até nem retiro aquela protecção plástica transparente.
3) E acreditam que já existiu alguém que me topou essa característica num emprego que tinha há uns vinte anos e que me dizia: o Dr. Vieira arrumou isso na pasta dos congelados, já sei que não tratará do assunto...
4) Fingir que estou muito ocupado para ver se escapo a algo que aí vem e me desagrada...
5) Em contrapartida, acabar o que tenho para fazer o mais cedo possível e partir para um santo repouso...
Caro RicJo, obrigado por se ter lembrado deste ser, peço desculpa se o desiludi, isto é burro velho para reconhecer manias: são qualidades refinadas com a idade.
E agora, a quem hei-de passar isto. Vamos lá a ver se não reagem mal, já estão a ver...
- ao nosso venerável anónimo século XXI
- ao terrível lagartão de Santa Cita
- ao Frederico, valente guardião do Castelo
- ao Abdegas, insigne registador das calamidades da terra... e...
- ao Dinis Corte Real responsável pelo Molho de Bróculos.
E, secundando o RicJo, aproveito para desejar bom fim de semana para todos...

O engenhoso paraquedista




Esperávamos que a Dona Aninhas chegasse junto à porta da sala de aulas. O dia parecia que estaria chuvoso pelo que todos íamos munidos com o respetivo guarda-chuva. Não sei se os meus amigos ainda se recordam: extremamente largo, cabo grosso, todo em madeira.
O acesso à sala de aulas era através de uma escada, protegida lateralmente por um estreito muro que funcionava como corrimão. Lá de cima, vislumbrava-se o ginásio, os moinhos, o pinhal circundante.
Havia alguma impaciência, mas isso não impedia que se fizessem planos para o futuro.
- Quando for grande, hei-de ser paraquedista – dizia o TóLiz.
- Tu? – gozava o Manel – se calhar nem és capaz de saltar lá para baixo.
Creio que o TóLiz não gostou do que ouviu. A altura era relativamente significativa. Ele sentou-se no muro, lá no alto e mediu a distância. Em seguida, puxou do seu guarda-chuva e abriu-o.
- Vê se tens a minha coragem – respondeu ao Manel.
Levantou o braço com o chapéu, fez ligeiro movimento para a frente e deixou-se cair. E não é que, num primeiro momento, ele parecia que deslizava suavemente pelos ares sustentado pelo guarda-chuva? Ele ria, dava aos pés, o resto do pessoal estava preso do momento. Que parecia interminável, que parecia deixar ouvir aquela música:

… he flies like a bird...



...in the sky...

De repente, o chapéu não aguentou mais. As varetas deram de si, o pano virou-se e o TóLiz caiu vertiginosamente no chão. Mas levantou-se num instante.
- Vês? Quem é que não tem coragem?
O pobre chapéu é que, nesse dia, foi para o caixote do lixo.

E agora…
Siga o voo do TóLiz ouvindo os Honeybus.




quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Honeybus



Isto é uma espécie de não-post.
Com toda a sinceridade, não sei nada dos Honeybus: quem eram, quando se formaram, quando acabaram, que albuns fizeram. Conhecia esta música de ouvido e foi a partir dela que deparei com o nome deles. Há quem os compare aos Beatles... Claro, fazem uma música engraçada, parecida e a comparação vem logo...
Aliás, poderia dizer-se que a letra desta canção é muito superior em termos líricos a algumas dos Beatles... por exemplo ao "She loves you". Reparem no poema dos Beatles:

She loves you
Yeh Yeh Yeh
She loves you
Yeh Yeh Yeh

Tem uma taxa de repetição de 50%... o que equivale a um lirismo de 50%...
A dos Honeybus não. Reparem...

She flies like a bird
in the sky
She flies like a bird
and I wish that she was mine


É bem mais rica poeticamente: o lirismo atingirá os 66,6% o que lhe dá uma vantagem de 16,6 p.p.
Também é verdade que não me apetece andar à procura de coisas sobre eles.
Assim, se algum amigo quiser juntar alguma informação sobre este conjunto tem os comments à disposição e nós transformaremos em post.
E por hoje é tudo, o dever chama-me.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão
O passarola do padre


O Passarola Voador
Posted by Picasa

Talvez não tenha existido aula mais hilariante no Fernão Lopes do que a dedicada ao Padre Bartolomeu de Gusmão.
O certo é que uma atitude desse género é um alinhar com os caluniadoares de tão importante figura, símbolo da capacidade portuguesa para a concepção e implementação de novas coisas.
Mas que queria ele com um nome daqueles? Todo o povo o gozava...
Os meus amigos encontrarão vários textos na NET relativos a esta figura:

no sítio Novo Milénio
A voz do conselheiro


Um verdadeiro mensageiro Posted by Picasa

Senhor. Diz o licenciado Bartolomeu Lourenço que ele tem descoberto um instrumento para andar pelo ar, da mesma sorte do que pela terra, e pelo mar, e com muito mais brevidade, fazendo-se muitas vezes duzentas e mais léguas por dia nos tais instrumentos.
Se poderão levar os avisos de mais importância aos exércitos, e às terras mais remotas, quase no mesmo tempo em que se resolverem, porque interessa a Vossa Majestade muito mais do que nenhum dos outros príncipes, pela maior distância dos seus domínios, evitando-se, dessa sorte, os desgovernos das conquistas que provêm, em grande parte, de chegar muito tarde as notícias delas.

Além do que poderá Vossa Majestade mandar vir o precioso delas, muito mais brevemente e mais segura poderão os homens de negócio passar letras, e cabedais e todas as praças sitiadas poderão ser socorridas, tanto de gente, como de munições, e víveres a todo tempo e tirarem-se delas todas as pessoas que quiserem. Sem que o inimigo o possa impedir, descobrir as regiões que ficarão mais vizinhas aos pólos do mundo.
Pegar fogo ao palácio


Ensaio perante a corte Posted by Picasa

Em 8 de agosto de 1709, Bartolomeu realizou a primeira experiência com uso de um balão a ar quente, o Passarola. De repente, as exclamações. De um canto da sala ergue-se um pequeno balão de papel, em forma de pirâmide, com armação de arame e tendo um pequeno fogo dentro.

Bartolomeu olha com orgulho a sua obra, o primeiro aerostato que se construía no mundo. E o balão continua subindo, subindo. "Todos vão reconhecer o sucesso e poderei fazer aparelhos maiores, mais perfeitos, para transportar pessoas e cargas", pensa o padre, sorrindo de contentamento.

O balão subiu quatro metros, está quase a tocar no tecto. Então, num segundo, ouve-se uma ordem e dois lacaios derrubam-no, usando varapaus, enquanto os fidalgos riem da cena. Poderia ter queimado o tecto e as cortinas e começar um grande incêndio.

Todos se vão embora, achando muita graça do pequeno objecto voador. E aquele pobre maluco dizendo que seria capaz de guiá-lo! E fazer duzentas léguas por dia, levando gente, munições e víveres! No canto da sala, Bartolomeu Lourenço de Gusmão faz planos, muitos planos. Sempre auxiliado por seu irmão Alexandre, que se tornou conhecido nas lides diplomáticas europeias e especialmente como secretário particular do rei Dom João V, o principal cargo na política externa portuguesa.
O Padre Voador


Ensaio no Terreiro do Paço Posted by Picasa

Há relatos de uma experiência que foi feita no pátio da embaixada na Casa da Índia (castelo de São Jorge, em Lisboa), tendo o aparelho aterrado no Terreiro do Paço. Noutra, em outubro daquele ano, "o balão subiu novamente, mas foi de encontro a uma parede ou cimalha e incendiou-se igualmente", conforme o historiador Visconde de Taunay.
Ocorreu nova tentativa, em 1709, também na capital portuguesa, em que o balão, denominado Passarola, subiu quatro metros, considerando-se a experiência de êxito. A julgar pelos raros e imperfeitos desenhos que restaram, e pela parca documentação que sobreviveu ao grande terramoto de Lisboa em 1755, Bartolomeu de Gusmão estaria a bordo de seu aeróstato no momento em que ele subiu, tornando-se portanto o primeiro homem do mundo a elevar-se aos ares por meio de um balão.
João Torto da Triste Sorte


Um voo torto Posted by Picasa

João Almeida Torto era enfermeiro do hospital de Sto. António em Viseu, sendo também barbeiro com carta de sangrador, astrólogo e mestre de primeiras letras, sendo um personagem tão fanfarrão como audacioso. Anunciou publicamente que, a 20 de Junho de 1540, iria voar com asas da Torre da Sé ao campo de S. Mateus.
As asas eram de pano forte e duplo, duas de cada lado, sendo mais pequenas as asas inferiores, assemelhando-se às das aves. Estas duas asas estavam ligadas por três argolas de ferro, enchumaçadas com trapos, e era através delas que mestre Torto introduzia os braços. Além disso, o mecanismo estava ligado na parte superior por duas dobradiças de ferro e na parte inferior por um cinto de cabedal. Os sapatos eram de solas tríplices, com estrutura amortecedora, levando ainda um barrete em feitio de cabeça de pássaro.
No dia aprazado, era grande a assistência.
João Torto subiu à torre da Sé, içou o seu aparelho com a ajuda de uma corda e de lá se lançou. O voo correu bem até determinado ponto, mas, extemporaneamente, uma das asas deixou de funcionar e o barrete caiu-lhe sobre os olhos. Descreveu um arco descendente, caindo em pé na capela de S.Luís, mas logo dali caiu, ficando inanimado sobre as asas, em muito mau estado. Voltou a si duas horas depois, mas faleceu logo após. Não era ainda por esta via que o homem conquistaria o ar.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Dia dos namorados ao som do OUREM


... e com esta bela gravura roubada à Elvira

Já temos um servidor musical que está aqui.
Pouco a pouco, temos vindo a criar a nossa música, a fabulosa música do OUREM constituída por canções que muitos não ouviriam há mais de 30 anos.
Amigo oureense, comemore o dia de São VAlentim. Não apenas hoje, mas todos os dias, como é uso dizer-se. Relembre as músicas da sua juventude. Nós vamos trazê-las pouco a pouco. E já pode escolher entre as seguintes:
Oh LAdy! - Les chats sauvages
Le ciel est sibeau ce soir - Richard Anthonny
Letter to a LAdy - Spriguns
Romance do Lulu do INtendente - Luís Cília
I can't let MAggy go - Honeybus
Lonely, lost and sad - Sheiks
Le Penitencier - Johnny Halliday
Cântico para a namoradinha oureana

Amigos oureenses,
e qual de entre nós não teve uma namoradinha ou quase namoradinha em Ourém? Na Atouguia, em Peras Ruivas, em Caxarias, na Carapita, em Seiça, na Ramalheira...
Agora está tudo bem longe, mas eu proponho-vos esta homenagem virtual (que já senti quando aqui passei o “le ciel est si beau ce soir”).
Imaginemo-nos um coro tipo grupo coral alentejano. Eu estou em pé do lado esquerdo. Todos estamos com os nossos sombreros e de cajado na mão. O cão e o cordeiro não foram esquecidos para a cerimónia...
Elas estão do outro lado, lindas, de uma beleza deslumbrante. Nem me atrevo a pôr aqui os seus nomes.
Ouve-se maravilhosa música no ar. E cantamos... cantamos para elas, como verdadeiros barítonos:

She makes me laugh, she makes me cry
With a twinkle of her eye

CHORUS
She flies like a bird in the sky
She flies like a bird and I wish that she was mine
She flies like a bird oh me oh my
I see her sigh.
Now I know, I can't let Maggie go

We walk here, we walk there
People stop, and people stare

(Chorus x3)

Ooh
O maravilhoso mundo do Professor Ideias

Olho para trás e vejo que tudo mudou desde os tempos de infância onde a ingenuidade comandava a existência. Mas curiosamente muito do que é hoje realidade nesse tempo era apenas ideia. Vejam só...



Será que nenhum dos meus amigos viu esta interessante máquina sobrevoar os mares do Algarve? Eu juro que a vi passar em belo início de tarde onde desfrutava os prazeres do Sol e do mar?



E será que nunca depararam com o submarino fantástico?
Este eu não garanto que tenha visto. Mas lembra-me algo de curioso. Recordam a chegada a Leiria há uns trinta ou quarenta anos? Sim, ali frente ao Hotel Liz, no cruzamento, estava um polícia em cima de uma estrutura de madeira a comandar o trânsito. Acho que uma vez teve um destino semelhante ao desta história...



Entretanto, aqui para os meus lados, cada vez é mais difícil circular a pé. Os carros tomaram conta dos passeios e obrigam-nos a todos os malabarismos em termos de locomoção. Na rua Miguel Lupi, chega-se ao extremo de ser atribuído parte do passeio às embaixadas para estacionarem os seus pópós. De vez em quando dá-me cada vontade de levar comigo uma picareta. Razão tinha o Bob de Moor ao idealizar a cidade do futuro como aquela de onde desaparecia a circulação pedonal.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O Romance do Pavão Misterioso

1
Eu vou contar uma história
De um pavão misterioso
Que levantou vôo na Grécia
Com um rapaz corajoso
Raptando uma condessa
Filha de um conde orgulhoso.

2
Residia na Turquia
Um viúvo capitalista
Pai de dois filhos solteiros
O mais velho João Batista
Então o filho mais novo
Se chamava Evangelista.

3
O velho turco era dono
Duma fábrica de tecidos
Com largas propriedades
Dinheiro e bens possuídos
Deu de herança a seus filhos
Porque eram bem unidos.

4
Depois que o velho morreu
Fizeram combinação
Porque o tal João Batista
Concordou com o seu irmão
E foram negociar
Na mais perfeita união.

5
Um dia João Batista
Pensou pela vaidade
E disse a Evangelista:
- Meu mano eu tenho vontade
de visitar o estrangeiro
se não te deixar saudade.

6
- Olha que nossa riqueza
se acha muito aumentada
e dessa nossa fortuna
ainda não gozei nada
portanto convém qu'eu passe
um ano em terra afastada.

Amigo oureense, continue a ler o sensacional poema "Romance do PAvão Misterioso" de JOÃO MELQUÍADES FERREIRA DA SILVA

domingo, fevereiro 12, 2006

Os deuses devem estar loucos

Será que os meus amigos viram a página 46 do suplemento do Expresso "Espaços & Casas"?
Sim, relativamente àquele espço público que se organizou de forma linear, intimamente relacionado com a fruição da água...
Segredo

Sei de um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

Miguel Torga, in Diário VIII
She flies like a bird

Bom, este não é o nome da canção, mas curiosamente é o que se retem melhor.
Tudo isto para dizer aos amigos oureenses que, esta semana, vamos ser acompanhados pelo som de "I can't let Maggy go" dos Honeybus, uma bonita canção já de uma fase em que Ourém era para mim saudade, mas que nem por isso deixa de merecer figurar no nosso album.
Quanto ao tema da semana...
... estão a ver... flies like a bird...
Não vamos falar de pássaros, pois não me lembro de nenhuma estória do João ou da Luzinha, mas podemos falar de coisas voadoras (entre as quais estarão os pássaros obviamente) e de outras estranhas inbenções.
Quer isto dizer que o mote vai-se fazendo de acordo com as conveniências e o material que surgir

Oiça "I can't let maggy go" - Honeybus


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