O tio de Lisboa
O tio João viveu em Lisboa durante a maior parte da sua vida profissional.
O seu afastamento, a noção que tínhamos da capital onde de tudo existia para satisfazer as necessidades de consumo, conferiu-lhe uma imagem de sujeito mais rico e importante que, na verdade, contrastava com a sua bondade e a sua afabilidade.
Ainda me lembro da sua chegada, um dia, à casa do Largo de Castela.
- É o tio de Lisboa...
E foi uma festa enquanto esteve connosco.
Houve um ano que tive o privilégio de vir passar uns dias de férias à sua casa de Lisboa. Cheio de paciência, ele trouxe-me no comboio e, depois, a viagem de eléctrico para a Morais Soares foi quase mitológica.
A estadia permitiu-me conhecer alguns cinemas da capital (o Imperial, ainda muito novo, o Max...) a feita popular e as casas de alfarrabistas onde a oferta de livros usados da nossa época era uma atração inigualável, permitindo-me constituir um bom espólio, infelizmente já desaparecido.
Como todo o bom oureense, o tio de Lisboa adorava o nosso palhete e, mal se reformou, veio para a santa terrinha.
...
Era mais um Natal, talvez uma véspera. A família já estava em Fátima. Fazia mil tropelias ao sobrinhito que, com dois ou três anos, já queria abrir as prendas.
Bateram à porta.
- Era a polícia. O tio João foi atropelado por um motociclista quando regressava a casa a pé. Ainda o levaram para Lisboa, mas não resistiu...
O tio João viveu em Lisboa durante a maior parte da sua vida profissional.
O seu afastamento, a noção que tínhamos da capital onde de tudo existia para satisfazer as necessidades de consumo, conferiu-lhe uma imagem de sujeito mais rico e importante que, na verdade, contrastava com a sua bondade e a sua afabilidade.
Ainda me lembro da sua chegada, um dia, à casa do Largo de Castela.
- É o tio de Lisboa...
E foi uma festa enquanto esteve connosco.
Houve um ano que tive o privilégio de vir passar uns dias de férias à sua casa de Lisboa. Cheio de paciência, ele trouxe-me no comboio e, depois, a viagem de eléctrico para a Morais Soares foi quase mitológica.
A estadia permitiu-me conhecer alguns cinemas da capital (o Imperial, ainda muito novo, o Max...) a feita popular e as casas de alfarrabistas onde a oferta de livros usados da nossa época era uma atração inigualável, permitindo-me constituir um bom espólio, infelizmente já desaparecido.
Como todo o bom oureense, o tio de Lisboa adorava o nosso palhete e, mal se reformou, veio para a santa terrinha.
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Era mais um Natal, talvez uma véspera. A família já estava em Fátima. Fazia mil tropelias ao sobrinhito que, com dois ou três anos, já queria abrir as prendas.
Bateram à porta.
- Era a polícia. O tio João foi atropelado por um motociclista quando regressava a casa a pé. Ainda o levaram para Lisboa, mas não resistiu...
1 comentário:
Passo por aqui muitas vezes
Talvez porque Leiria fica tão perto
E as memórias passadas são semelhantes
Hoje, para variar, deixo um comentário
Apenas para te desejar um Bom Natal e um Ano Novo 2006 com saúde e muitos sorrisos
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