O PE em 2000 caracteres por semana - II
Por Sérgio Ribeiro
Estas primeiras semanas são complicadas. Os grupos têm de se recompor a partir dos resultados eleitorais e, depois, têm de repartir entre si "funções especiais", como são as de Presidente, Vice-presidentes e Questores do Parlamento, que formam a Mesa da Presidência, através de candidaturas de quem virá a ser eleito por maioria absoluta em plenário, e ainda de Presidentes e Vice-presidentes de comissões, além da distribuição de todos os deputados pelas comissões, tendo cada um direito a um lugar de efectivo e a um lugar de suplente, havendo ainda comissões que não contam para estas "cont(h)abilidades". E mais, e mais...
Além disso, há ainda a votação prévia da designação do Presidente da Comissão Europeia, que tem, para nós portugueses, uma particular importância pois, através de um processo um tanto confuso em que apareceu um candidato português a ser falado durante meses, o anterior comissário Vitorino, e depois de terem sido rejeitados outros candidatos "fortes" por razões várias e nem todas claras, surge, dir-se-ia que à última hora, a "solução" Durão Barroso.
O tempo levará a que assente muita poeira, não toda, e talvez os contornos deste processo venham a ficar mais visíveis, embora não se possa deixar de, desde já, sublinhar que DB saíu de umas eleições (europeias!) em que teve um péssimo resultado, estava com sérios problemas de constestação interna, a nível nacional e no próprio partido, tem o anátema de ter ficado na "fotografia da guerra" por ter sido anfitrião da cimeira Bush, Blair, Aznar dos Açores, tudo configurando uma "saída" para a sua difícil situação e para uma presidência de transição no momento particular da União Europeia por efeito do alargamento de 15 a 25 Estados-membros.
De qualquer modo, há que votar a designação deste candidato-a-designação e coloca-se, aos deputados portugueses, uma situação com alguma delicadeza. Não por razões objectivas, mas por alguma sensibilidade que tem a ver com concepções algo confusas de patriotismo.
Pelo meu/nosso lado, não há hesitações. Quem em Portugal tem feito uma política que julgamos contra o interesse dos portugueses, dos trabalhadores, não poderá vir a fazer o contrário na Comissão. Votarei contra, sem ambiguidades. E não escondo a estranheza e desaprovação relativamente a quem se comporta de maneira ambígua e demagógica. Afirmando-se politicamente contra e votando a favor ou abstendo-se.
7 de Julho de 2004
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