segunda-feira, julho 05, 2004

O PE em 2000 caracteres por semana
Por Sérgio Ribeiro

Pensavam que, depois de eleitos, os deputados do PE iam todos para férias?
Qual quê?! Nós não.
Logo a 16, ainda madrugada, ala para Bruxelas que o grupo reunia para analisar resultados e perspectivar o futuro. Fiquei lá 4ª, 5ª, e voltei à noite.
Na semana seguinte, repetiu-se a dose, mas mais ampliada pois a partida foi na 3ª com regresso na 5ª.
Nesta, foi dose reduzida, com reuniões 3ª e 4ª.
Já lá vão, nas 3 semanas pós-eleições, 6-viagens de avião-6 e 4-noites em hotel-4.
Depois, cá na terrinha, reuniões e mais reuniões, entre eleitos, colaboradores e responsáveis, no partido, para conhecer, reflectir e decidir sobre o que vai sendo “negociado” em Bruxelas. Sempre com telefones, mails e faxes numa azáfama.
Tem isto importância?
Acho que sim. Prepara-se o trabalho para 5 anos.
O grupo onde os deputados do PCP se integram é a Esquerda Unida Europeia/Esquerda Verde Nórdica, e chegou às eleições com 49 deputados de 10 nacionalidades. Era o 4º grupo, depois do PPE, do PSE e dos “liberais”.
Após as eleições, as componentes alemã (7), portuguesa (2) e finlandesa (1) mantinham-se, diminuíam as dinamarquesa (-1), espanhola (-3), francesa (-12), grega (-3) e sueca (-1), aumentavam as italiana (+1) e holandesa (+1) e somavam-se as componentes checa (6) e cipriota (2). Logo, 39 deputados de 12 países. Para começar.
Alguns deputados que compunham o grupo tinham ido entrando durante a legislatura. Dados políticos relevantes: a queda dos espanhóis (a Isquierda Unida passou, em 99, de 9 a 4 e agora elegeu 2, indo um para os Verdes) e a dos franceses, embora, neste caso, tenha tido grande influência a manobra de divisão do círculo único em 7 regiões para, cirurgicamente, se retirarem eleitos a partidos como o PCF.
Entretanto, entrou para o grupo o eleito do Bloco de Esquerda, como associado, com o estatuto de eleitos franceses (trotskistas e outros) que agora não elegeram ninguém.
Tudo isto dá muito que fazer. Há que escolher presidente e vices, e o secretariado, a repartir pelas componentes, e começa o trabalho fundamental de distribuir os deputados por comissões e delegações. Nós, os do PCP, estamos a procurar estar nas comissões que respeitam ao que estimamos serem os interesses nacionais prioritários – assuntos sociais, pesca, indústria, ambiente, mulheres – e nas delegações com países com que temos mais afinidades – ACP e América do Sul.
Mas também já houve que preparar decisões políticas de fundo por causa da Comissão e de Durão Barroso.
Irei contando.
30.06.2004

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