sexta-feira, novembro 22, 2019

Primeira conferência sobre Banda Desenhada aplicada à História de Portugal no CFL

E, uma manhã, no local onde funcionava habitualmente o ginásio do CFL, teve lugar um acontecimento diferente: uma conferência sobre a utilização de Banda Desenhada na divulgação da História de Portugal.
À nossa frente, com o Dr. Armando ao centro, quatro figuras marcantes da BD portuguesa: Vitor Peon, José Manuel Soares, José Ruy e Garcês, o nosso bem conhecido Garcês. 

De cada lado e um pouco atrás, segurando a nossa gloriosa bandeira, as duas meninas que Garcês tinha escolhido para modelo na sua História de Ourém. Ambas estavam vestidas a rigor, ostentando os maravilhosos fatos de tempos históricos que as cobriam até aos pés. Faziam um enquadramento perfeito à mesa dos conferencistas.
Por trás de todos eles, um grande painel sobra a Batalha de Aljubarrota desenhado por José Manuel Soares. Uma envolvente arrepiante...
- Seria injusto dizer-vos qual o que aprecio mais - afirmou o diretor do CFL - mas reconheço que há trabalhos que me marcaram muito e de cada um destes autores eu poderia selecionar um para vos recomendar a atenção. Viriato, o mítico dirigente do nosso povo, foi objeto de estudo de Garcês. Mas a nossa honra, o sentido da nossa palavra, está bem presente nesse maravilhoso trabalho de Vitor Peon dedicado a Egas Moniz. A nossa luta constante contra Castela e o papel que nela teve a Ala dos Namorados foram retratados por Soares em mais um magnífico trabalho. E José Ruy trouxe-nos uma nota maravilhosa sobre a expansão com a sua maravilhosa Peregrinação.
Depois desta apresentação, os quatro desenhadores apresentaram a sua obra e, num momento em que tanta conversa já poderia parecer um pouco fastidiosa, fomos contemplados com vários exemplares das suas páginas. Vejam só o que eu trouxe para casa oferta de cada um deles. Deixo aqui para consultarem e, se algum link não funcionar, por favor, avisem.


José Ruy:




Garcês




José Manuel Soares




Vitor Peon:


quinta-feira, novembro 21, 2019

A aula de Francês no CFL

Houve um ano em que o João, depois de ter sido expulso de várias escolas do país por mau comportamento, veio fazer os três últimos meses ao CFL, procurando aí o aproveitamento que não conseguira noutras paragens.
Mas o seu comportamento desnaturado continuou e sofria constantemente de prisão de ventre e significativas crises de fígado.
Um dia, estávamos na aula de Francês bem concentrados nas palavras da Dra. Maria Júlia que nos ensinava o verbo «ser».
- Em Francês, o verbo ser diz-se «être» e a conjugação do presente do indicativo é a seguinte:
Je suis…
Não pôde continuar. De repente, o Luís Cúrdia, entrou pela aula esbaforido, a dizer:
- A botija, sôtora, a botija…
Ela olhou-o espantada:
- O quê? Que se passa? Não gosto nada dessa palavra…
- É o João, sôtora. Está deitado na secretária com dores de barriga e suores frios, todo gelado, a pedir a botija.
A professora dirigiu-se imediatamente à sala ao lado. Lá estava o João, lívido como um passarinho, todo estendido em cima da secretária de barriga para o ar.
- Que é que tu tens, meu bichinho, o que é?
Que ternurenta! Ele ergueu os olhos suplicantes e explicou:
- Estou gelado. Dói-me muito a barriga, preciso de uma botija para aquecer…
A Dra. Júlia virou-se para o Sr. Nunes.
- Por favor, prepare um saco de água quente e traga-me um cobertor.
Pouco depois, o João estava todo tapado pelo cobertor e o saquinho de água quente aliviava-lhe os calafrios. Mas mesmo assim não melhorava. Pelo que a professora fez novo pedido ao Sr. Nunes:
- Por favor, Sr. Nunes, desculpe estar a abusar de si, chame o meu pai que está a dar Matemática ao terceiro ano…
O Sr. Nunes lá foi e, pouco depois, o Dr. Preto estava junto de nós na sala. Observou o João e rapidamente fez o diagnóstico:
- Tem de levar um clister. Mandem aviar isto, preparem com água tépida e, com tudo o cuidado para não o magoar, introduzam-lhe o líquido preparado.
Os preparativos para o clister decorreram com aceleração e normalidade. O João permaneceu tapado, a queixar-se com dores e, a certa altura, foi virado de barriga para baixo. A Dra. Maria Júlia preparou-se para lhe dar o clister.
- Agora, preciso de uma auxiliar.
Saltou logo a menina do Castelo.
- Posso ser eu, doutora. Por alguma razão, daqui a alguns anos vou ser auxiliar de enfermagem em França.
O João olhava tudo aquilo não acreditando no que lhe estava a acontecer.
- Mas… mas… mas… jejejejejejjejjeee
A Dra. Maria Júlia continuou:
- À minha ordem, a menina abre suavemente este torniquete para a água sair, percebeu?
- Muito bem – respondeu a improvisada enfermeira.
E esperou pela indicação da professora.
- Agora – ordenou esta no seu estilo magistral.
A auxiliar de enfermagem mexeu o torniquete, mas fê-lo com tanta força que um enorme esguicho percorreu o interior do João, provocando-lhe formidável contração.
De um salto levantou-se, e, de calças na mão, correu para a casa de banho, enquanto gritava:
- Cabronaza! Vais pagá-las todas…
Pouco depois, surgia sorridente.
- Já passou tudo. Que alívio!
Era adorável o João quando bem disposto. E assim se passou esta aula de Francês. Mas não se pense que foi inócua. A entrada intempestiva do Cúrdia na sala onde estava a professora nunca mais a livrou do estigma de «A botija». A improvisada enfermeira não acreditou que não tinha jeito nenhum para aquilo e precisou de passar por cenário de guerra e por experiência conventual em França para concluir que devia procurar outra profissão. E o Jó Rodrigues inventou uns versos dedicados a esta aventura do João que, pelo seu conteúdo, eu não posso aqui transcrever, apesar de nos terem perseguido por muitas noites oureanas. Nem os lancinantes apelos das donzelas do Estórias me levará a mudar de posição...

quarta-feira, novembro 20, 2019

Uma carta de homem mau

Também eu estive quase a ir para a guerra. Mas a incorporação no exército teve o seu quê de anedótico.
Fui levantar um documento à Câmara a requisitar transporte para Mafra. Mas uma distração levou-me a despesas. O documento requisitava à CP um bilhete de autocarro, ou o inverso (aos Claras, um bilhete de comboio...). Claro que não me serviu de nada. E o que eu insisti com o funcionário da CP na estação de Fátima, argumentando que não era eu que queria ir...
Imaginem o Luís em Lisboa todo revoltado a escrever ao presidente da Câmara por tão vil acto, num tom que ainda por cima achincalhava quem o tinha cometido.
Sei que a pessoa ficou magoada quando isso chegou ao seu conhecimento. Que posso dizer agora? Excessos de juventude...

terça-feira, novembro 19, 2019

A loja armadilha

Há tempos tive um pequeno precalço em minha casa que se traduziu na destruição de um mosquiteiro de rede, elemento bem importante para nos livrar de pragas noticiadas.
Recomendaram-me, então, uma pequena loja de venda e arranjo de várias utilidades e, após contacto, ficou combinada
a deslocação de um profissional para se ocupar desse estrago e colocação de uma fechadura.
O trabalho decorreu em dois dias. O primeiro para retirar a estrutura de mosquiteiro e o segundo para as montagens. De qualquer modo, pouco tempo, embora a contagem estabelecida apontasse para umas três horas e meia.
Curiosamente, neste espaço de tempo, foi contabilizado um pormenor com piada: o silicone que o profissional levava consigo estava seco e ele teve de voltar à origem para o trocar ocupando um bom pedaço desse tempo.
No final, com ar matreiro, o patrão apresentou-me a conta:
- São 100 euros...
- Ena...
- Sabe? A mão de obra está muito cara. Começa a contar mal sai daqui para casa do cliente. A gente não sabe se ele aproveita ou não para beber uma cerveja...
- Pronto, está bem...
Lá paguei, pensando naquela estranha cumplicidade do patrão com o tempo ocupado a beber a cerveja pelo empregado...
- Quer papel para a sua contabilidade? Com Iva, sem Iva...
Pirei-me dali, sem vontade de voltar. Aquele espaço é uma verdadeira armadilha. E a imagem que este senhor dá da pequena empresa em nada é abonatória...

segunda-feira, novembro 18, 2019

A execução


Não sei que mal lhe fiz! Talvez tivesse perdido o juízo com a lerpa...
… talvez houvesse alguma miúda que lhe tivesse escapado para os meus braços.
Um dia, o puto Garcia aproveitou uma visita cultural que talvez venha a aparecer neste espaço e tentou executar este vosso amigo, depois de o ter bem amarrado. Não há direito!
Ai se o pessoal de Ourém sabe disto...
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