sábado, janeiro 01, 2005
sexta-feira, dezembro 31, 2004
Por Zé Rito
Os "Estúdios Trine" existiam em dois locais.
O primeiro prendia-se com a gravação de canções no chamado "Bairro dos Pobres". Eram retiradas de dois programas de rádio, a saber: "Quando o telefone toca" e, sobretudo, "Liga de Amigos da Rádio Renascença". Eu e o Zé Alberto fizémo-nos sócios e solicitávamos, como tal, as canções que entendíamos. O resto ficava dependente das outras solicitações. A pouco e pouco fomos enchendo as bobinas totalizando largas horas de música.
O segundo local tinha a ver com a audição. Era feita na redacção do "Notícias de Ourém", na Rua Teófilo Braga, junto ao velho Hospital Santo Agostinho. Era lá, com a conivência de meu Pai e do Sr. Pina, que o pessoal se reunia para, ouvindo música dos Estúdios, conversar e jogar, sobretudo, o loto. As bolas saiam e os números eram conhecidos por nomes de código,desde "patos marrecos" (22) ao "morreu enforcado" (70).
Lembra-me, de um dia, quando saíamos do Café Central para gravar, cruzámo-nos com o Zé Domingos que nos "intimou" a trazer para a sala de audição duas canções que, até à altura, nunca tínhamos ouvido falar. Tratava-se de "Unchain melody" e "Reach out i'll be there". "Estamos feitos", comentámos. "Lá vai a nossa reputação", acrescentámos. Mas o programa da Renascença salvou-nos "in extremis". Quando saimos de gravar íamos com as duas canções solicitadas prontas a serem difundidas logo que o Zé Domingos entrasse nas instalações do jornal.
Era aqui que falávamos das nossas preocupações e anseios ouvindo música durante as tardes de Sábado e Domingo. Era todos os dias à noite, depois de jogarmos às Damas no Café Avenida ou ao bilhar no Café Central que ficávamos junto à casa do "Manel do Raul", formando "O Poço", continuando essa mesma conversa.
Era com o aparelho debaixo do braço que íamos para bailaricos, sobretudo com destino ao Alqueidão.
Era com o aparelho que se ouvia e se retirava a letra de canções que interessavam para o reportório de um conjunto musical que houve na altura e que eu acompanhava. Introduzia, nos locais onde actuava, os seus intérpretes e posteriormente o nome das canções que iam tocando, preenchendo a sua actuação. Tratava-se do conjunto "Os Escaravelhos". E eu ia chamando-os e eles iam pegando no seu instrumento e começavam a tocar. Na bateria o Magalhães, no acordeão o Genito, na guitarra ou acordeão o Armando "cardâo" e como vocalista era um dos cunhados, o Carlos Alberto. Tinha o nome artístico de Alberto Carlos, para parecer com o Roberto Carlos. Começavam sempre com "E que tudo o mais vá para o Inferno".
Foi para o aparelho que durante uma tarde inteira estive no "Notícias de Ourém" a gravar com o Néné todo o seu reportório, através de um microfone adquirido em Lisboa. Para além da famosa "Volta ao Concelho" tinha muita canção que eu chamaria de operariado. Lembro-me que por cada canção gravada íamos à tasca do "Manel do Raul" para bebermos um copo.
Durante três anos, mais mês menos mês, durou os "Estúdios". Foi em meados de 1969 que mudei de profissão e fui até Coimbra para empregado do então Banco Lisboa & Açores. Agora já não é nem de Lisboa nem dos Açores..
Antes de, para a semana, terminar "As minhas memórias", queria desejar a todos que frequentam estas paragens um feliz ano de 2005 e façam o favor de serem felizes.
Rio Torto, 2004-12-26
José Manuel Rito
Mas não conseguimos disfarçar uma sensação de desencanto.
Apesar disso, vamos ter algumas oportunidades para moldar os nossos destinos. A nível nacional e a nível local. Seria bom que as aproveitássemos.
A nossa terra vai contribuir com pelo menos três gigantes para o debate que se vai travar: o Mário, o Paulo e o Sérgio. Esperemos que estejam ao seu melhor nível. Pessoalmente, prefiro o Sérgio, mas não deixo de desejar ao Paulo um bom resultado. Creio que uma síntese das suas propostas e das de mais alguns seria o ideal para o país. Mas os portugueses escolherão.
Desejo a todos os oureenses e a todos os amigos do Ourem um excelente 2005.
quarta-feira, dezembro 29, 2004
A gruta
Desesperava com o ruído de carros, motorizadas e camionetas mesmo em frente à janela do quarto.
Deambulando pela casa, um dia a ideia ocorreu. Havia um pequeno espaço de 10 metros quadrados, parte de qual subterrâneo e rodeado de pedras de dimensões de 50*30*30. Rebocar e pintar foi num instante, abrir uma comunicação para a parte restante da casa também não foi difícil.
Agora, o descansar faz-se em silêncio seja qual for o movimento da rua. E, no Verão, tudo é mais fresco que lá fora, sendo o Inverno um pouco mais suave que noutras zonas da casa. Por isso, o despertar se está tornar cada vez mais difícil.
terça-feira, dezembro 28, 2004
Desfruto a casa onde viveu a que foi a minha segunda mãe. Recordo a som da motorizada do tio, que tinha dois pequenos alforges sobre a roda traseira, que já se ouvia lá longe na estrada que nos liga à vila.
Lembro aquela lata cheia de água quente que ela me preparava para a cama quando por aqui ficava. E uma braseira metálica feita de brasas preparadas no exterior e que me enchia as pernas de murnas devido à proximidade extrema.
Eles já não estão, a casa parece vazia.
Mas está cheia de recordações. Parece-me que os vejo por todo o lado.
Por isso, vale a pena estar por aqui.
segunda-feira, dezembro 27, 2004
Esta manhã, a nossa terra estava resplandecente de Sol.
Fui ao Central, desloquei-me ao ponto de encontro do Poço, utilizei alguns serviços.
Ourém é magnífica.
Mas aqueles três caixotes do lixo, frente à biblioteca, frente à igreja, frente ao Central e frente à farmácia, em pleno centro histórico, tiram a boa disposição ao ser mais tolerante.