sexta-feira, abril 07, 2006

Missão em terras oureanas

Em Outubro de 2005, quando soube que este vosso servidor era candidato à Câmara de Ourém pela CDU, um vizinho aqui da Parede ficou tão contente que veio ter comigo e me disse:
- Sr. Vieira, tenho uma estampa com um poema do Ary dos Santos sobre o Partido. Vou oferecer-lha. Se a quiser para si, pode ficar com ela, mas, uma vez que está a apoiar a CDU, também veria com bons olhos que a entregasse na sede na sua terra. Já estou muito velho e não tenho ninguém a quem o deixar.
Fiquei assim com enorme responsabilidade que quero desde já satisfazer.
Pus uma pequena moldura à estampa e, se estiver em Ourém na próxima semana, será a altura ideal para o entregar à CDU o que farei através do Sérgio se ele estiver de acordo.
Eis o poema referido.

E CADA VEZ SOMOS MAIS

Pela espora da opressão
pela carne maltratada
mantendo no coração
a esperança conquistada.
Por tanta sede de pão
que a água ficou vidrada
nos nossos olhos que estão
virados à madrugada.
Por sermos nós o Partido
Comunista e Português
por isso é que faz sentido
sermos mais de cada vez.

Por estarmos sempre onde está
o povo trabalhador
pela diferença que há
entre o ódio e o amor.
Pela certeza que dá
o ferro que malha a dor
pelo aço da palavra
fúria fogo força flor
por este arado que lavra
um campo muito maior.
Por sermos nós a cantar
e a lutar em português
é que podemos gritar:
Somos mais de cada vez.

Por nós trazemos a boca
colada aos lábios do trigo
e por nunca acharmos pouca
a grande palavra amigo
é que a coragem nos toca
mesmo no auge do perigo
até que a voz fique rouca
e destrua o inimigo.
Por sermos nós a diferença
que torna os homens iguais
é que não há quem nos vença
cada vez seremos mais.

Por sermos nós a entrega
a mão que aperta outra mão
a ternura que nos chega
para parir um irmão.
Por sermos nós quem renega
o horror da solidão
por sermos nós quem se apega
ao suor do nosso chão
por sermos nós quem não cega
e vê mais clara a razão
é que somos o Partido
Comunista e Português
aonde só faz sentido
sermos mais de cada vez.

Quantos somos? Como somos?
novos e velhos: iguais.
Sendo o que nós sempre fomos
seremos cada vez mais!

José Carlos Ary dos Santos

quinta-feira, abril 06, 2006

Canções de tubarões
Eu calculava que a canção dos Tubarões traria alguma emoção para o Sérgio o que é visível no comentário que ele lá deixou.
Aliás, é notável este oureense que, como sublinhou ilustre vereador da nossa praça há pouco tempo, tem apenas o defeito de ser comuna, não o impedindo isso de ter notável produção escrita e de se emocionar e partilhar sentimentos alicerçados na vida e na amizade.
Pouco sei sobre os Tubarões. O Sérgio conta que vieram à festa do Avante, se calhar também eram comunas. Mas cantavam e tinham coisas engraçadas. Aqui ficam mais duas... para o Sérgio e para os amigos do Ourém que encontrei no nosso magnífico servidor musical:- Distino de Crioula- Manu
E podem continuar a dançar...

quarta-feira, abril 05, 2006

O caso do gato cirúrgico


Era uma manhã primaveril de Ourém quase há uns cinquenta anos. Tinha estado no Central a assistir ao desembrulhar das novidades o que me trouxe irresistível atracção: um álbum do Cavaleiro Andante com uma aventura da cadela Bessy.
Não sei se os meus amigos recordam o fascínio que este canino trazia.
Naquelas aventuras, ela dominava os malfeitores, comandava os rebanhos, mordia os tornozelos de quem a queria atacar, dava monumental salto para cima de quem não tivesse uma atitude correcta com o seu dono ou pedia socorro no rancho mais próximo quando alguém ficava em situação difícil.
Isto também era visível na televisão, onde, curiosamente, não se chamava Bessy, mas Lassy. Não importa.
Vinha eu do Central com o álbum na mão...
Subi as escadinhas junto ao Mariano, virei à direita, avancei e, de repente, dei com eles...
O Licínio e o TóLiz eram duros. Passar no seu território era quase uma aventura do tipo atravessar território apache. Por vezes, cobravam direitos de passagem. Por isso, pus-me logo em guarda à sua aproximação...
- O que é que levas aí? Mostra cá.
É o mostras. Num instante, avaliei a situação e corri para o outro lado da rua. Apanhados de surpresa, eles não reagiram logo, mas, pouco depois, perseguiram-me. Eu corri na direcção da loja do Adelino, flecti para a esquerda e fui na direcção do largo de Castela. Um súbito obstáculo surgiu. No meio da rua, junto à casa do Luís Nuno, estava estacionada uma camioneta do Sr. Isidro, carregada de jaulas com galinhas, frangos, galos, patos e o espaço para passar não era muito largo.
Não abrandei. Corri como pude ao lado da camioneta que, dos lados, tinha daqueles elementos metálicos pontiagudos onde as cordas que seguravam as jaulas se fixavam. De repente senti o braço preso e a camisa a ser rasgada. O corpo foi projectado para a frente e para a direita, aproximando-se do chão. Bati com a cara em cheio mais à frente na camioneta.
Mesmo assim, não desisti. Livrei-me da camioneta e continuei a corrida para o Largo de Castela, enquanto eles desistiam vendo a minha situação. Ao mesmo tempo, a minha camisa ia-se tingindo de vermelho.
Ao chegar a casa, com o álbum na mão, esfarrapado, a minha mãe ficou aterrorizada.
- Ó Luís, já viste como tu vens, o que é que te fizeram?
Mas eu não consegui falar. A pancada tinha sido forte, sentia algo estranho sobre os dentes à frente que estavam doridos.
- Mas tu estás a deitar sangue, tens o lábio aberto...
A minha mãe percebeu do que se tratava.
- Tens de ir para o hospital.
- Não - murmurei como pude, com a mão sobre a boca e já a pensar nas torturas que aí vinham - isto passa...
Mas não passou e tive mesmo de ir para o hospital.
Lá, o enfermeiro Cruz examinou-me cuidadosamente, estancou a hemorragia, desinfectou a zona e, pouco depois disse:
- O espigão de ferro abriu-te o lábio. Não vou coser-te, mas tens de levar um gato ou dois...
Fiquei admirado, mas a ideia não me desagradou de todo, já que sempre tive alguma simpatia pelos felinos.
Como devem estar recordados, um gato era uma espécis de agrafo mais largo.
Ele espetou-me dois gatos sobre o lábio a unir os dois pedaços em que se tinha dividido. Imaginem bem, as garras de um felino bem espetadas sobre a vossa boca. Mas confesso que não custou muito. Tudo tratado, tapou e lá voltei para casa.
Não podia falar nem comer com grande facilidade, mas a minha aventura foi estória para os amigos no colégio.
Já mais calmo, tratado, pude finalmente descansar de tão longa caminhada e sentar-me no meu recanto a ler a magnífica aventura da Bessy...

terça-feira, abril 04, 2006

Reclamação Aceite

Há dias, o RicJo protestava contra a facto de alguns blogs despejarem música sem que os seus frequentadores estivessem interessados em ouvi-las.
Compreendi-o imediatamanete.
Aliás, consta que houve pessoas que tiveram desagradáveis surpresas quando, nos empregos, naquele santo momento para descomprimir, faziam acesso a blogs.
O Ourem passa a criar um apontador para as músicas que disponibiliza, indo imediatamente cortar o arranque selvagem... o blog fica mais leve, podem publicar-se mais posts e a cauda vai encurtar, notando-se menos.
Autores de novelas do Oeste: Zane Grey

Muitas vezes, o meu ritual mensal enriquecia-se com a visão da abertura dos pacotes de livros que chegavam ao Central ou à Marina e, de onde, como por encanto saiam coisas que eu nunca tinha visto ou lido.
Entre elas estavam as colecções de novelas do Oeste selvagem, na sua maioria livros em formato bolso com umas 128 páginas e que eu lia em cerca de duas horas, depois de, perante o olhar cheio de reprovação de eruditos oureenses (oportunamente, falaremos nisto), as adquirir. Aliás, é curioso como a novela escrita é objectiva, simples, decorrendo e desdobrando-se em torno de um tema que, resolvido, a faz terminar, enquanto uma telenovela recorre às mais ignóbeis tretas para se prolongar e reter as pessoas.
Mas havia uma colecção especial. Os livros eram maiores e tinham muito mais páginas. O seu autor era genuinamente americano, por vezes, chato: tinha aquela capacidade de encher doze páginas a descrever um desfiladeiro ou uma pradaria. Mas as histórias eram menos violentas, mais estruturadas, mais o espelho da difícil vida que aquelas pessoas enfrentaram. Refiro-me a Zane Grey. Para a época, qualquer desses livros era caro: 22$50 contra os 8$00 dos Búfalos ou Bisontes, mas era leitura para muitos dias.
Lembro-me que um dos últimos livros que requisitei na Biblioteca se chamava “30000 cabeças de gado”, fui devolvê-lo lá para um Verão de 1966 ou 67, em momento que me propiciou derradeiros encontros. Será que ainda lá existe?
Este autor é celebrado em várias páginas onde se contituem mosaicos com as capas das suas obras. Aqui ficam váios apontadores e várias capas reproduzidas de edições estrangeiras (neste campo, o meu património é nulo): NOta biográfica, Galeria Zane Grey, Fotos, ligação a Edgar Rice Burroughs.







segunda-feira, abril 03, 2006

A idade um blog

Começa a notar-se quando aquela coluna do lado direito, cresce, cresce, formando uma extensa cauda que um número razoável de posts não consegue acompanhar.
Ela indicia que está quase na hora de parar, já quase não há nada para dizer e pode haver muito para recordar...

domingo, abril 02, 2006

Mar piscina de nhas lagrimas
Que doçura!
Que melancolia!
O mar, piscina das minhas lágrimas...
Quem o diria melhor do que os fabulosos Tubarões?
Esta música já não é dos meus tempos de Ourém, mas tem de figurar no nosso álbum.
Reparem naquela passagem sem voz. Imaginem-se a dançar àquele som nos bailes dos bombeiros ou do Atlético...

Oiça Mar Pincinha de nhas lagrimas

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