sábado, janeiro 19, 2008

Vieram cantar-me as Janeiras

Manhã de sábado em Ourém...
A inevitável passagem pelo Central fez-me deparar com um café relativamente despovoado. Foi, portanto, fácil ocupar a mesa do Sol e ali permanecer deliciando-me com o cálido ambiente.
Cá fora, alguns fumadores satisfaziam o vício dando uso de Inverno à esplanada. A certa altura, vi o Sol a afastar-se da mesa já que o Nuno foi obrigado a descer o toldo para proteger esses clientes.
A quase escuridão que se formou deixou-me um pouco taciturno, mas não por muito tempo. Eis que ao longe se começou a ouvir agradável som. Vozes, violas, um bombo com aquela magnífica ressonância. Depois, avistei-os: eram miúdos e graúdos em magnífica partilha com os oureenses. Passaram pelo talho, pela farmácia, pela loja do povo, pela loja do sr. David e, pouco depois, ali estavam. Confraternizaram no exterior e no interior. Deliciaram-nos com as suas vozes e a sua mensagem dirigida a "uma casa de gente honrada".
Há muito tempo que não tinha uma passagem tão agradável por Ourém.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Anti-europeu?




Se calhar até sou…
Mas confesso que não sabia. Não sabia até ouvir, ontem, as declarações no Parlamento de sua excelência o sr. Ministro Santos Silva, que tutela a Comunicação Social. Há muito tempo que não ouvia verborreia tão prepotente, arrogante, mesquinha mesmo. Muito para além do Eng. Sócrates...
Não é que fosse grande amigo da Europa. A sua construção sempre me fazia surgir aquela ideia de “uma reacção do imperialismo à crise geral do capitalismo”... mas, ao mesmo tempo, era atraente. Mas o que não posso ser adepto é de uma frase do tipo “todos para a Europa e à força” que decorre com toda a justiça do seu discurso. Oh! Que lembranças me traz dos saudosos tempos da salazarenta figura...
Não posso abdicar do meu direito à opinião. E o facto de entender que o tratado de Lisboa devia ter sido ratificado por referendo não dá a ninguém o direito de me excomungar e afirmar coisas como sua excelência o sr. Ministro afirmou. Coisas execráveis. Pestilentas. Parecia que destilava ódio para os opositores. Coisas que não fazem esquecer o mal que este Governo nos tem feito em termos de saúde, educação, poder de compra e vai continuar a fazer. Coisas que merecem censura, pois então!

quarta-feira, janeiro 16, 2008

2,5%

Meu pobre cabaz de compras!
Como está desfigurado e quase abaixo da subsistência mínima! Já quase nem leva transportes, comida e renda de casa. Onde param os livros, os discos, as viagens, o convívio...?...
Já nem nos números do INE acredito... e mesmo com esses ando há muitos anos a perder!
2,1%

Foi uma grande vitória!
Consegui todos os objectivos...
Melhor que eu só o Luís há uns anos quando desafiou a Camarilha que vai arrasando Ourém...
Olhem do que o Pessoal se livrou

O comendador Berardo queria presidir ao Conselho de Remunerações...
Que teria tal função de aliciante para um accionista? Para este accionista...
Possivelmente, aquilo que os accionistas desejam: um maior excedente... agora, não pela via do trabalho extraordinário não pago, mas pela remuneração normal a crescer (?) a um ritmo inferior...
Ou estaria ele a pensar em alguma franja especial de trabalhadores?

segunda-feira, janeiro 14, 2008

O quiosque

Há dias, em paragem junto do senhor Manuel Cartucho, ele, na sabedoria que tão longa idade lhe confere, afirmou: “Olhe, meu amigo, acredite no que lhe digo. Mal passe de ano, desaparecem metade das empresas do país”. Não sei se a estatística dele estará ou não correcta. A verdade é que, aqui para a minha zona de trabalho, o desaparecimento de pequenas lojas tem sido avassalador.
Agora, foi o simpático quiosque dos jornais. Naquele sítio, onde paramos todos os dias, onde há sempre mais uma palavra de quase amizade, não se encontrou viabilidade para prosseguir. E, um dia, chegaram a dizer-me: “Fechamos e não temos quaisquer perspectivas sobre o que vamos fazer”. Quer dizer, é preferível fechar do que fazer qualquer coisa mesmo que, teoricamente, esta deixe margem...
Bem pode São Cavaco pregar contra o crescimento das desigualdades. Estas reforçam-se todos os dias como resultado directo de uma política que tem o foco nas pessoas como principal inimigo. À pauperização absoluta da grande maioria dos portugueses, a que temos vindo a assistir, só pode seguir-se a continuação da espiral de pauperização até que leve à ruína e inação todos aqueles cujos rendimentos se baseiam na actividade local. É uma espécie de contradição criação * realização do valor. Quando tudo terminar, o senhor Ministro poderá orgulhosamente ufanar-se frente às câmaras: “Meus amigos, conseguimos a vitória final: o défice é zero%!”.
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