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quinta-feira, novembro 14, 2019

A aula de História

Da Divina Comédia...


Naquela manhã, o Dr. Armando estava visivelmente bem disposto. Envolto em enorme sobretudo cinzento, entrou pela sala de aula, exibindo as baforadas do seu cachimbo.
Nós esperávamos em pé, sentindo o desconforto do assento das carteiras nas pernas, por trás dos joelhos, fazendo-as dobrar-se.
- Podem sentar-se – disse ele.
Enquanto nos sentávamos, ele inspirou intensamente a partir do seu objecto de fumo e lançou-o pelos ares.
- Sumário: A Divina Comédia.
(Lembro-me que quando chegava a casa e o meu irmão me perguntava “então o que fizeram hoje?”, eu respondia “fizemos o sumário...” e ele retorquia “isso é o resumo das coisas que se vão dar...”)
Aquele excelente professor fitou-nos e começou:
- Hoje vamos falar de um vulto incontornável da litereatura medieval: Dante. Foi autor de uma obra que, em crítica à religião católica, nos traz a sua caminhada pelo Inferno, pelo purgatório, pelo céu...
Nós começávamos a ser levados para o ambiente que ele criava com a sua descrição. O fumo proveniente do cachimbo conferia-lhe ainda uma certa distância e, apesar de, de quando em quando, aquela mão descer sobre a secretária com incomensurável força e ruído, iamo-lo seguindo dando por bem aproveitada aquela disponibilidade que ele conseguira para estar connosco... 
- Dante nasceu em Florença em 1265... - continuem a ler a narrativa aqui - A sua obra fundamental chamou-se «A Divina Comédia», um poema com uma estrutura notável que nos faz passar pelo Purgatório, pelo Inferno e pelo Paraíso apoiado no poeta Virgílio e na sua filha Beatrice.
Depois de nos ter falado na obra de Dante, o professor levantou-se e começou a arrumar o material para dar por terminada a aula.
E foi então que tudo aconteceu...
- Tenho mais uma coisa para vos dizer. Como sabem, tem estado entre nós o grande desenhador Garcês que está a fazer o trabalho prévio para a publicação da História de Ourém. Este autor tem muitos episódios da História de Portugal disponíveis em BD. Ele e o grande José Ruy têm contribuído imenso para o conhecimento da nossa História através da sua obra notável. Depois de algumas horas de negociação consegui convencê-los a realizarem no CFL algo que nunca aconteceu em Ourém, exatamente: «A primeira conferência sobre  Banda Desenhada na divulgação da História de Portugal». Claro que todos devem estar presentes, isto é, não serão toleradas faltas sob qualquer pretexto.
Entusiasmado, o Jó Alho levantou-se e perguntou:
- Sr. Doutor, posso vir vestido de Cavaleiro?
O Dr. Armando olhou-o furibundo. Num instante perdeu toda a doçura que tinha mostrado na aula. Abriu a janela que dava para o recreio dos rapazes e berrou:
- Anda cá, malandro!
Pegou no Jó Alho e atirou-o pela janela para fora da sala de aula, fazendo-o passar miraculosamente pelo espaço deixado livre pela caixilharia.
O Jó Alho era bastanre elástico. Mal atingiu o chão, rebolou e pôs-se em pé de um salto. Olhou espantado para o que lhe tinha acontecido e, já refeito, reapareceu à janela:
- Posso entrar por aqui para ir buscar os meus livros?
- Some-te, malvado - gritou-lhe o professor.
E assim terminou aquela brilhante aula de história

quarta-feira, outubro 02, 2019

A aula de Português


Nunca simpatizei muito com o tempo frio. Por isso, quando o Dr. Armando, numa aula de Português, nos encomendou uma redação sobre as estações do ano, não me fiz rogado. Escolhi falar sobre o Inverno e desatei numa ladainha confrangedora.
“Tu, infame, maldito, tu que na floresta afogas o pobre animal que busca alimento, tu que nem poupas a velhinha que tirita de frio junto à lareira na cabana, tu que nos mandas tempestades e mil cataclismos, tu, cobarde, não mereces existir. Vai-te, desaparece e não tentes voltar.”.

***
Passados dias, foi a entrega das redações devidamente corrigidas. Não houve observações de maior até ao meu caso e aí o professor passou algum tempo a ler e a olhar-me.
Em certo momento, o Dr. Armando parou a leitura e olhou gravemente para a turma. Apesar de tudo estava muito calmo. Eu é que não. Comecei logo a pensar que o atrevimento me sairia caro e não escaparia sem sova. Meditou durante algum tempo e depois disse:
- Pois é, Luís... tens esta imagem da velhinha que corresponde bem à realidade, mas não podes ser tão negativo. Lembra-te que o Inverno, tendo todos esses defeitos, deixa nas terras aquilo que vai permitir que, mais tarde, tu vejas florescer o que tanto aprecias... 

Ufa…...

quinta-feira, setembro 26, 2019

O ataque do carabineiro



O Jó Rodrigues foi mais um companheiro da infância e adolescência, talvez aquele a quem eu mais atribuo as qualidades de irreverência e permanente disposição para a paródia.
O Jó era detentor de bondade insuperável - não havia gelado que comprasse que não fosse imediatamente duplicado em espécie para este seu amigo - e de notável capacidade de audição de música como podem notar em alguns dos posts associados ao marcador.
Guardo dele as melhores recordações e são essas que quero conservar: bailaricos, Nazaré, King no Avenida e no parque, bilharadas no Central, passeatas a Tomar, discos, lancharadas, monumental repositório de anedotas, entradas intempestivas pela minha casa, caçadas com pressão de ar...
Tinha, no entanto, uma certa animosidade em relação ao CFL e ao Dr. Armando de que nunca cheguei a perceber a razão. Tal levava a que, tendo inegáveis qualidades de líder, tudo o que de malvado se fazia na juventude tinha aqueles imediatamente como primeiro candidato a alvo. 
Recordo, por exemplo, as bombas de Carnaval com que, pelas dez da noite, o nosso grupo mimoseava os habitantes de tão pedagógico espaço, levando a que, num dia, escondidos, víssemos o Dr. Armando assomar à janela de carabina em punho:
- Apareçam, malandros! Apareçam que eu já vos digo...
Ena, pá! Que saudades daquele tempo!



(primeira publicação: 16/02/2007)

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Marca #10: Colégio Fernão Lopes


Houve um momento em que um oureense contestou a ligação que nutríamos à escola que nos acompanhou uma série de anos com um argumento do tipo: “Não valia nada. O que nos ensinava tinha, no fundo, o intuito de nos explorar, de ficar com o pouco dinheiro que os nossos pais ganhavam”.
É terrível esta lógica que leva a não reconhecer valor àqueles que prestam uma actividade remunerada que é útil a outros. Como se isso não se passasse em todos os ramos de actividade económica.
Ao mesmo tempo, tal argumento não deixa ver que, na época, o CFL era a hipótese única de se avançar nos estudos e fazer o primeiro ano, o segundo,... sem ser explorado por um produtor de serviços de habitação em Leiria ou noutro local mais afastado, permitindo-nos estar junto à família numa idade em que isso era importante.
E quanto a professores, eu desafio que me apontem escolas onde, globalmente, fossem melhores, isto para não citar casos individuais como o da Dra. Nazaré, do Dr. Laranjeira ou do próprio Dr. Armando quando não estava com os azeites e nos conseguia fazer ver História apenas com as suas palavras...
Talvez seja, no entanto, esse argumento que, banalizando a importância que aquele local teve para a nossa geração, permita a sua lenta mas constante degradação, sem uma acção para a sua recuperação, transformando-o numa espécie de “Colégio de triste destino”.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Marca #2: Café Central

O Café Central foi o café da minha infância e, na adolescência, partilhou essa qualidade com o Avenida.
Foi-o também para muitos oureenses que, à quinta-feira, lá para os finais da década de quarenta, deparavam com um Mundo de Aventuras em formato antes nunca visto e faziam bicha à espera da sua chegada com a distribuição do correio.
Para mim, foi o café de muitas partidas de bilhar, onde ia buscar o Cavaleiro Andante e outra BD sempre cuidadosamente expostos. Foi o café onde vi o Benfica dar difícil lição ao Barcelona na final da taça dos campeões.
Também lá, um dia, o Dr. Armando me pediu desculpa (!) de uma (injusta) sova que me tinha pregado.
O café do cantinho dos doutores e do nosso ar comprometido quando passávamos à frente deles. O café de pessoas magníficas como o Joaquim Espada, o Manuel, o Adelino e o Vicente... (e possivelmente outros que não recordo)
À frente, os taxis dispunham-se ordenadamente em torno da praça do tal jardim...
Por tudo o que foi para nós justifica plenamente um marcador para algumas passagens aqui do OUREM.

segunda-feira, setembro 25, 2006

25 canções para os amigos do Poço: guia de audição

1. Oh Lady! – Les chats sauvages
Os nossos cafés: o Avenida, o Central, as sensacionais partidas de bilhar enquanto o Dick Rivers mandava aquele “rieeennnnnn” que parecia o zurrar de um burro. O Duarte a cantar e a dançar agarrado ao taco do bilhar, o Genito a fazer o pino numa cadeira...

2. Lonely, lost and sad – Sheiks
Os amigos Rui e Jó Rodrigues e as monumentais tardes de convívio na quinta que repousa sob a EPO

3. Le ciel est si beau ce soir – Richard Anthony
Os encontros e desencontros ... Os minutos de espera que pareciam horas e que faziam pensar que ela nunca mais viria

4. Chove – Conjunto académico João Paulo
Noites de chuva e espera em Ourém quando nada se passava e hoje até parece que era o mais importante...

5. Perdoname – Duo Dinamico
O gira-discos tipo mala de viagem, a ida ao bailarico de Caxarias na motorizada do Quim Vaz, a descoberta das lindas meninas de lá, as beatladas e aquele pedido “não tens o perdoname...”

6. Derniers Baisers – Les chats Sauvages
Canção do Fernão Lopes com o Vitor e o Zé Augusto a sentirem o bafo do Dr. Armando após o famoso “chupa?!!”.

7. Una lacrima sul viso – Bobby Solo
Sei lá porquê. Tinha piada. Ainda me recordo do ar escandalizado de malta amiga quando o Bobby apareceu de olhos pintados no festival de S. Remo a cantar o “Se piangi, se ridi”

8. Johnny lui dit adieu – Johnny Halliday
Fabuloso canção, mesmo à Halliday...

9. Demain tu te marries – Patricia Carli
Outra vez o Fernão Lopes. Aquele “Arrete, Arrete...” é inesquecível pelo modo como é entoado (aliás muita gente conhece-a por essa designação). No final, o “Non” desesperado é uma espécie de grito que queremos entoar muitas vezes e não temos coragem

10. All my loving – Beatles
Passagem por Fátima, pelo posto de turismo. Pela primeira vez, mexi num gira-discos e fiquei entusismado. Houve música para peregrinos e para as meninas daquelas lojas pequeninas, todas iguais

11. I can’t let Maggy go – HoneyBus
Canção para as namoradinhas oureanas… e também para o TóLiz que se atirou de guarda-chuva aberto, a fazer de pára-quedas, do 1º andar do Fernão Lopes, daquele patamar que dava acesso às aulas do primeiro ciclo, pensando que ia voar. “He flies like a bird...”

12. If you need me – Rolling Stones
Talvez Nazaré, uma das primeiras músicas que gostei dos Stones

13. Mr. Moonlight – Beatles
Aquele órgão ouvido na fabulosa quinta, aquele grito inicial: tardes em que não nos lembrávamos de luar...

14. All my sorrows – Searchers
Traz-nos o som desse tempo como por vezes o sentíamos nos bailes de finalistas e nos casinos. “All my sorrows” só foi descoberta mais tarde. Em Ourém ouvia-se o “Sweets for my sweet”.

15. And I love her – Beatles
Nazaré, passeio pela marginal. Há mãos que se encontram num tímido despertar do encontro com o futuro. Lá ao fundo, havia uma monumental caixa, cheia de discos onde, um braço automático, depois da moeda introduzida, procurava o disco e despoletava a sua audição

16 e 17. Happy together – Turtles e Tell me you are coming back – Rolling Stones
Canções do Jó Rodrigues e da sua capacidade notável para nos fazer ter atenção a passagens especiais.

18 Le Penitencier – Johnny Halliday
O mais famoso hino da nossa geração. Não houve oureense que não passasse pela minha casa para o ouvir. O Zé Domingos por vezes ainda mo recorda. Mas houve um visitante de Ourém, o Raul, que me ficou com o original após troca. Já não o sei localizar...

19. Je suis parti – Christophe
Vocês queriam o Aline, mas eu gosto mais desta. É uma canção de Leiria, da esplanada onde o João Antunes, um dos corsários de Apolo, se entretinha a cantar para o pessoal ouvir...

20. Quand reviens la nuit – Johnny Halliday
Uma versão do Mr. Lonely com aqueles repentes do Johnny

21. La plus belle pour aller dancer – Sylvie Vartan
O Jó Alho, impagável, frente aos Claras, na Avenida, a trautear a canção e a correr de um lado para o outro, saltando, projectando as pernas para trás e batendo com os calcanhares.

22. Never my love – Association
Vir para Lisboa e estudar custou tanto

23. Sounds of Silence – Simon and Garfunkle
Canção das famosas tardes de bailaricos no Castelo. A sensação de ouvir pela primeira vez algo que se sentia ser muito bom

24. Mrs Applebee – David Garrick
E o raio do curso que nunca mais acabava. A polícia a ocupar a Universidade sem lhe podermos dar uma ferroada a valer.

25. El final del verano – Duo Dinamico
E o problema era que o Verão e a Nazaré acabavam mesmo, bem como os passeios, as idas ao casino, as noites na esplanada ou dormidas dentro das barracas. Até que uma vez, acabaram para sempre...

segunda-feira, março 20, 2006

A auja de Português


Nunca simpatizei muito com o tempo frio. Por isso, quando o Dr. Armando, numa aula de Português, nos encomendou uma redação sobre as estações do ano, não me fiz rogado. Escolhi falar sobre o Inverno e desatei numa ladainha confrangedora.
“Tu, infame, maldito, tu que na floresta afogas o pobre animal que busca alimento, tu que nem poupas a velhinha que tirita de frio junto à lareira na cabana, tu que nos mandas tempestades e mil cataclismos, tu, cobarde, não mereces existir. Vai-te, desaparece e não tentes voltar.”.

***
Passados dias, foi a entrega das redações devidamente corrigidas. Não houve observações de maior até ao meu caso e aí o professor passou algum tempo a ler e a olhar-me.
Em certo momento, o Dr. Armando parou a leitura e olhou gravemente para a turma. Apesar de tudo estava muito calmo. Eu é que não. Comecei logo a pensar que o atrevimento me sairia caro e não escaparia sem sova. Meditou durante algum tempo e depois disse:
- Pois é, Luís... tens esta imagem da velhinha que corresponde bem à realidade, mas não podes ser tão negativo. Lembra-te que o Inverno, tendo todos esses defeitos, deixa nas terras aquilo que vai permitir que, mais tarde, tu vejas florescer o que tanto aprecias... 

Ufa…...

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Mini Antologia Poética do OUREM

Como noticiámos, estamos a organizar uma mini antologia poética do nosso blog que será integrada no segundo volume do estórias. Acho que já temos excelentes poemas e o espaço também não é muito.
Mas gostaríamos de enriquecê-la.
Com alguém de Ourém. E aqui deixamos o apelo...
Como sabem, a Carmen Zita é filha do Armando Honório, um dos distintos do Poço, está portanto indissoluvelmente ligada ao nosso convívio anual. Ela publicou um belo livro de poemas na Som da Tinta há pouco mais de um ano.
Venho aqui pedir-lhe, publicamente, frente À magnífica assembleia do OUREM, um inédito para o nosso livro. Poderá deixá-lo no comments e eu postarei na semana que se inicia em 5 de Fevereiro. Deixo-lhe o mote: tristezas, mágoas... (não a tristeza ou a mágoa em abstracto) que tem a ver com a fabulosa canção que nessa semana nos acompanhará. Podem tentar adivinhar qual será, mas garanto-vos que poucos a conhecerão...

domingo, fevereiro 05, 2006

Também eu me perdi....



Em Leiria...
Mas não foi por aquilo que estão a pensar... desta vez...
Era a época de exames, já não me lembro se do segundo, se do quinto ano.
A deslocação de Ourém para o Liceu tinha tido o seu quê de histórico no célebre NSU Prinz do meu irmão de cor avermelhada, aquela mais perto da cor do palhete.
Lembro-me do Dr. Armando, no seu Peugeut, da Borda de Água, ali íamos todos à conquista de mais um grau.
Chegados ao velho Liceu, ultrapassados os procedimentos de estacionamento, começaram as provas.
A primeira decorreu normalmente. Depois, houve um pequeno intervalo e aproveitámos para relaxar e outras coisas que todos conhecem, tanto mais em ambiente de nervos.
Tocou a campainha, tentei voltar para a sala e apercebi-me que não sabia onde estava...
Depois de ter tentado uma ou duas onde me recusaram a entrada lé descobri, com algum alvoroço aquela onde seria o me lugar (tudo bem controladinho, à antiga) e imaginem a atrapalhação a entrar num ambiente onde já estavam todos com (de novo) todos a olhar para mim.
Dirigi-me ao professor:
- Perdi-me...
E não é que aquela alimária, em vez de me confortar, ali, promovido a pastor alemão, me atira com esta:
- E achou-se...?...
Percebi logo que a minha futura estadia em Leiria não seria muito proveitosa com bestas daquelas à mistura.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

De como o jovem bombista tornou o prato voador



Houve um ano que o Jó Rodrigues esteve como aluno interno no CFL. Torná-lo mais estudioso, dar-lhe mais gosto por essa actividade seriam os objectivos, porque esperteza e inteligência não lhe faltavam.
Aquilo foi para o Jó como uma prisão. Ali fechado, dia após dia, foi acumulando feridas contra o colégio, que tardou a largar.
Contaram-me que uma vez a refeição era tão má que ninguém a conseguia tragar. Uma espécie de massa com carne ou carne com massa de sabor pouco agradável e a tender para o intragável.
O Jó não esteve com meias medidas. Janela aberta, a massa e respectivo prato voaram a boa velocidade para o exterior e os nossos amigos ficaram livres daquele cheiro nauseabundo.
O pior é que não esperavam o que ia passar-se. Como neste mundo tudo o que pode acontecer de mau acontece, mesmo sem o prevermos, o assunto não ficou por aqui porque prato e massa cairam em cima do Dr. Armando, a partir do primeiro andar, que, passado alguns segundos, chegava ao refeitório coberto de massa, ainda com bocadinhos de cacos, a pedir contas de um acto tão cobarde...
O ressentimento do Jó relativamente ao CFL não se ficou por aqui. Em férias, nomeadamente, nas de Carnaval, aquelas bombinhas típicas da época serviam para, lá para as dez da noite, em passeio de distintos oureenses por tão prestigiado local, assustar os habitantes daquele espaço, após brutal e inesperada deflagração sob as arcadas a que se seguia pronta correria na direcção do Central enquanto o director do colégio procurava a sua espingarda e o seu Peugeot para iniciar a perseguição a gente tão selvagem....

quarta-feira, novembro 30, 2005

Chegada imprevista



Jogava-se à batota na encosta do moinho. Já nem me lembro como aquilo se chamava, mas também não é importante para o caso. Uma espécie de póker de vozes.

- Aposto um tostão...

- Aposto dois tostões...

Ouve-se alguém de voz forte lá atrás.

- E eu aposto 25 tostões.

O Manel nem olhou.

- Não me aguento com a tua aposta.

De repente, ficou hirto e rígido… o silêncio apoderou-se do local. 
Os olhos começaram a subir e a ver aquela figura volumosa, por vezes irascível, furibunda.

TERROR! 
Era o Dr. Armando...

A descida da encosta foi feita em passo de corrida a caminho das aulas, não caísse alguma mão pesada em cima do que não fosse suficientemente lesto...


sexta-feira, dezembro 31, 2004

AS MINHAS MEMÓRIAS - 4
Por Zé Rito

Os "Estúdios Trine" existiam em dois locais.

O primeiro prendia-se com a gravação de canções no chamado "Bairro dos Pobres". Eram retiradas de dois programas de rádio, a saber: "Quando o telefone toca" e, sobretudo, "Liga de Amigos da Rádio Renascença". Eu e o Zé Alberto fizémo-nos sócios e solicitávamos, como tal, as canções que entendíamos. O resto ficava dependente das outras solicitações. A pouco e pouco fomos enchendo as bobinas totalizando largas horas de música.

O segundo local tinha a ver com a audição. Era feita na redacção do "Notícias de Ourém", na Rua Teófilo Braga, junto ao velho Hospital Santo Agostinho. Era lá, com a conivência de meu Pai e do Sr. Pina, que o pessoal se reunia para, ouvindo música dos Estúdios, conversar e jogar, sobretudo, o loto. As bolas saiam e os números eram conhecidos por nomes de código,desde "patos marrecos" (22) ao "morreu enforcado" (70).

Lembra-me, de um dia, quando saíamos do Café Central para gravar, cruzámo-nos com o Zé Domingos que nos "intimou" a trazer para a sala de audição duas canções que, até à altura, nunca tínhamos ouvido falar. Tratava-se de "Unchain melody" e "Reach out i'll be there". "Estamos feitos", comentámos. "Lá vai a nossa reputação", acrescentámos. Mas o programa da Renascença salvou-nos "in extremis". Quando saimos de gravar íamos com as duas canções solicitadas prontas a serem difundidas logo que o Zé Domingos entrasse nas instalações do jornal.

Era aqui que falávamos das nossas preocupações e anseios ouvindo música durante as tardes de Sábado e Domingo. Era todos os dias à noite, depois de jogarmos às Damas no Café Avenida ou ao bilhar no Café Central que ficávamos junto à casa do "Manel do Raul", formando "O Poço", continuando essa mesma conversa.

Era com o aparelho debaixo do braço que íamos para bailaricos, sobretudo com destino ao Alqueidão.

Era com o aparelho que se ouvia e se retirava a letra de canções que interessavam para o reportório de um conjunto musical que houve na altura e que eu acompanhava. Introduzia, nos locais onde actuava, os seus intérpretes e posteriormente o nome das canções que iam tocando, preenchendo a sua actuação. Tratava-se do conjunto "Os Escaravelhos". E eu ia chamando-os e eles iam pegando no seu instrumento e começavam a tocar. Na bateria o Magalhães, no acordeão o Genito, na guitarra ou acordeão o Armando "cardâo" e como vocalista era um dos cunhados, o Carlos Alberto. Tinha o nome artístico de Alberto Carlos, para parecer com o Roberto Carlos. Começavam sempre com "E que tudo o mais vá para o Inferno".

Foi para o aparelho que durante uma tarde inteira estive no "Notícias de Ourém" a gravar com o Néné todo o seu reportório, através de um microfone adquirido em Lisboa. Para além da famosa "Volta ao Concelho" tinha muita canção que eu chamaria de operariado. Lembro-me que por cada canção gravada íamos à tasca do "Manel do Raul" para bebermos um copo.

Durante três anos, mais mês menos mês, durou os "Estúdios". Foi em meados de 1969 que mudei de profissão e fui até Coimbra para empregado do então Banco Lisboa & Açores. Agora já não é nem de Lisboa nem dos Açores..

Antes de, para a semana, terminar "As minhas memórias", queria desejar a todos que frequentam estas paragens um feliz ano de 2005 e façam o favor de serem felizes.

Rio Torto, 2004-12-26
José Manuel Rito

terça-feira, dezembro 14, 2004

Eles acusaram o Natureza



Vejam-me este descaro:
Estávamos a fumar, às escondidas, por trás do ginásio.
Ao atirar as beatas fora para junto de um silvado que ali havia aconteceu o inevitável: começou a arder.
Fugimos para a encosta dos moinhos. Sorrateiramente démos a volta e chegámos ao local do crime vindo do lado oposto. Toda a gente com baldes conseguiu apagá-lo.
Alguém nos viu e denunciou-nos. Démos uma desculpa e atribuimos a autoria ao "Natureza" rapaz que vivia na Rua da Castela.
Durante muito tempo estive sempre à espera de ser chamado ao gabinete e prestar contas, que seriam pesadas, ao Dr. Armando.
Esta e outras revelações podem ser encontradas nas magníficas crónicas do Zé Rito, o nosso venerado "Avião".

sábado, dezembro 11, 2004

AS MINHAS MEMÓRIAS - 2
Por Zé Rito

Antes de entrar na época dos "Estúdios Trine" não queria deixar passar em claro a época do Fernão Lopes.

Durante a chamada instrução primária fomos "instruidos", e muito bem, diga-se, pela D. Aninhas durante quatro curtos anos.

Tínhamos como sala de aula o primeiro andar do edifício do Colégio com acesso exterior pelo recreio, em frente ao ginásio, através de dois lanços de escada.

Era nessa sala de aulas que aprendi muito do que ainda hoje sei, como se diz "de cor e salteado". Rios e afluentes, Serras ou linhas de caminho de ferro.

Era no recreio que jogávamos, sobretudo, à bola e em que eu, habituei-me a ir para a baliza talvez porque, para mim, dominar o esférico não era grande atributo.
Passei de seguida para o domínio do Dr. Armando. E o que deveria ser cinco risonhos anos tornaram-se, para mim, sete anos muito compridos.

Em termos de aproveitamento escolar fui um aluno q.b.. O pior era a voz autoritária, a mão pesada e a presença intimidatória do Dr. Armamdo.

Foi um excelente professor. Com ele, como professor de história, parecia que vivíamos os acontecimentos. Estou a ver o Gungunhana não querendo ajoelhar-se argumentando que o chão estava sujo ...

Passei por outros excelentes professores como a D. Nazaré, professora de matemática, alta, magra, sempre de bata branca, que lhe valeu o nome de "pau de giz". Em dada altura ela saiu por, alegadamente, problemas de vencimento. Sei que, manifestámos a nossa vontade em que ela voltasse. E apesar da rigidez do sistema os alunos acabaram por vencer. No ano seguinte voltava a ser a nossa professora. Penso que quem, na altura, a substituiu foi o Dr. Preto.

Passei também por um professor que só sei o none porque ficou conhecido. Veio de Àfrica e ensinava português. Vivia na Avenida, junto do Melo. Era o "Zebú". Para começar uma frase tinha que usar a expressão "Da..da..."

Em relação a ele lembro-me de quando chamou o Amílcar ao quadro e lhe disse "Da...da..., Amílcar escreve aí" . E o Amílcar escreveu "Da...da... Amílcar escreve aí!.

Também há que contar que era um excelente ... fotógrafo. Só que não vimos qualquer fotografia. Tirava, com a sua máquina fotografias a toda a gente. Em grupo ou separado. E quando pedíamos para ver essas fotografias,respondia invariavelmente. "Da... da perdi as chaves da gaveta onde as meti."

Quero lembrar, sem menosprezo para os outros alunos, o Barroso. Talvez porque quando chegava ia logo à sua procura. Talvez porque era o meu colega de carteira. Lembra-me que adivinhava sempre a altura exacta em que o Sr. Nunes tocava a campainha para sairmos. Talvez porque nunca mais o vi. Já lá vão quarenta anos.

Quero recordar ainda a Sâozinha Nunes. Por um facto que entristeceu a sua família. Decorria uma aula, na sala do lado do recreio, quando a sirene tocou. Passado algum tempo o Sr. Nunes bateu à porta solicitando a saida da Sãozinha. Viemos a saber que a avó tinha morrido carbonizada. Vivia numa casa entre os armazéns dos Pereira e a casa do Dr. Amândio.

Em acontecimentos elejo uma situação que se passou comigo e o meu irmão. Estávamos a fumar, às escondidas, por trás do ginásio. Ao atirar as beatas fora para junto de um silvado que ali havia originou o inevitável. Começou a arder. Fugimos para a encosta dos moinhos. Sorrateiramente démos a volta e chegámos ao local do crime vindo do lado oposto. Toda a gente com baldes conseguiu apagá-lo. Alguém nos viu e denunciou-nos. Démos uma desculpa e atribuimos a autoria ao "Natureza" rapaz que vivia na Rua da Castela. Durante muito tempo estive sempre à espera de ser chamado ao gabinete e prestar contas, que seriam pesadas, ao Dr. Armando.

Rio Torto, Gouveia 2004-12-11
José Manuel Rito

segunda-feira, dezembro 06, 2004

AS MINHAS MEMÓRIAS
Por Zé Rito

As minhas memórias são escassas e têm um tempo definido.
Para além do Fernão Lopes o que poderei contar são episódios vividos até ao ano de 1969, altura em que a minha vida profissional me retirou do Poço e de outros locais, como o Café Avenida onde pontuava o Ezequiel e o Fernando Forte.
Passei, sobretudo, depois da fase escolar com a D. Aninhas, como professora, em que eu me deslocava Rua da Castela acima, Rua da Castela abaixo, na tal motorizada virtual, que até tinha marcha atrás, e que me valeu, na altura, o cognome de "Zé Avião", e depois, na fase seguinte, com o Dr. Armando, o Zebú, a Pau de Giz, a Botija e outros, não esquecendo o Sr. Nunes. Passei, dizia, pelos "Estúdios Trine", o conjunto "Os Escaravelhos", a fase jornalística, em que utilizava o pseudónimo de Ego Cauny, entre outras.
Este espaço não tem mais do que dar um, ainda que pequeno, contributo para que todos que o visitem relembrarem tempos vividos em determinada época sem, espero eu, despertar saudosismos.
Contar por contar.
Despertar outros a fazerem o mesmo.
Contribuir para, no fim, juntar as peças e constituir uma história que será a história das nossas vidas em Ourém.
Dado que os "Estúdios Trine" foram vividos de forma particular, na companhia do Zé Alberto, na segunda metade da década de 60, vou a partir dos estúdios recordar "as minhas memórias".
Até lá..

quarta-feira, novembro 03, 2004


Como é possível?



O Albuquerque esteve aqui. Aqui terá passado alguns dos melhores anos da sua vida. Aqui terá conhecido o primeiro sabor dos SGs, dos Portos, dos Definitivos. Aqui terá dado muitos toques na bola, terá levado muitos colegas mais novos ao poste. E certamente terá recebido a formação que o ajudou a ocupar alguns dos postos politicamente mais poderosos no distrito e no concelho. Apesar disso tudo, nada conseguiu fazer para devolver ao que foi o Colégio Fernão Lopes um pouco da dignidade que ele orgulhosamente ostentava noutros tempos.
Esta escola foi responsável pela transmissão de conhecimentos a muitos jovens de Ourém e de outras terras. Nela trabalharam excelentes professores alguns dos quais para mim constituem uma referência: a Dra. Maria da Nazaré, o Dr. Laranjeira, a Dra Lurdes Moreira, a Dra Maria Júlia, o próprio Dr. Armando quando não estava virado do avesso. E quem não recorda a Boazinha?
Por respeito a toda esta gente, a Câmara devia pensar na sua recuperação e na sua utilização como um local de formação do mais alto nível.

segunda-feira, junho 14, 2004

E o Oliveira?
Donde é que era o OLiveira que não me consigo lembrar?
Se calhar de Ribeira de Farrio...
Abençoadas chapadas que o Dr. Armando te espetou.

sexta-feira, junho 11, 2004

O mata-borrão


Em Ourém, havia uma escola para rapazes e outra para meninas, respectivamente a escola do Roque e a escola da Dona Iria. Mas no CFL tive o privilégio de encontrar turmas mistas o que permitia aos mais abonados (?) uma educação mais equilibrada do que a reservada aos outros.
Ali, a filha do poeta podia encontrar-se com o filho do plebeu e, não fosse a separação nos recreios, que podia muito bem ser contrariada pelo reencontro no pinhal, poder-se-ia dizer que viviamos num mundo onde não existia segregação. 
Com efeito, as traseiras do colégio eram reservadas aos rapazes que aproveitavam a parte de trás do ginásio para experimentar os primeiros cigarros. A parte da frente, a das flores, era para as meninas que podiam aí gozar a simpática companhia dos professores que, nos intervalos, passeavam na estrada para baixo e para cima.
De repente, o toque da campainha, desencadeado pelo Sr. Nunes fazia com que todos voltassem para as salas de aula e para os corredores.
Todos?
Lembro-me de uma certa história protagonizada pelo Augusto Almeida e pelo Vitor Castanheira que acabou mal. 
Por causa do mata-borrão, desdenhosamente apelidado de chupa o que causou manifestação de estranheza pelos ditos, foram postos na rua com a indicação de que só lhes seria permitida a entrada após o pedido de desculpas. Eles é que não estiveram pelos ajustes: como não lhes era permitida a entrada, ficaram pelo recreio, não fosse aquele o melhor sítio para se estar. E os dias foram passando. Imaginem a satisfação do Augusto e do Vítor enquanto nós penávamos nas aulas...
Um dia, estávamos todos descansados na aula, quando, repentinamente, a porta se abre com estrondo, entram o Augusto e o Vítor em voo e, atrás deles, o Dr. Armando, esbaforido, muito vermelho, praguejante, que lhes pregou uma monumental sova à nossa frente e os obrigou a pedir desculpa pelo vil acto que tinham praticado com o mata-borrão.
Não contente com isso, conduziu-os aos lugares onde os fez sentar, fez menção de se retirar e, quando nós nos levantámos para saudar a sua saída, espetou mais uma ou duas bofetadas no Oliveira que, nesse dia, teve o azar de estar no local errado.

quinta-feira, maio 06, 2004

O café Central


Ali, entre a loja do Sr. David e a Ex-CGD do Sr. Costa ou a ex-biblioteca da Anita, fica uma pérola neste mundo de destruição. Honra ao Adelino porque, apesar das óbvias dificuldades que tal acarreta, conseguiu manter o Central com as características que lhe conhecemos noutro tempo.
Entremos.
Logo ao lado esquerdo, encontramos o balcão e o expositor de revistas, em tudo semelhantes, se não os mesmos, aos que lhe conhecemos. Para testar este aspecto, experimentámos colocar alguns livros e revistas do tempo, eventualmente adquiridos no café, no local que ocupariam na altura. E vejam um dos primeiros números do Mundo de Aventuras que me chegou às mãos (data de 18-08-1960), um exemplar do Condor Popular que não sei datar, uma aventura de Lance na colecção Tigre e um livro da magnífica colecção Búfalo que me entusiasmava. Admirem como ficam bem no expositor. Reparem como os diversos compartimentos têm o tamanho ideal para receber tão simpáticos elementos.
Olhemos em frente. Lá ao fundo, existe o túnel que dá passagem para o local onde antes era a sala de bilhar, onde disputei dezenas de partidas com o Quim, o Jó Rodrigues, o Génito. Sala de entusiasmos, de alegrias e derrotas. Mas, eis que, ao me dirigir para a mesma, noto a falta de um elemento de outros tempos.
Falta o cantinho dos doutores. Era ao lado esquerdo, sensivelmente passados dois metros após a entrada. Foi substituído por um balcão frigorífico. Antes, o espaço era ocupado por três ou quatro cadeiras destinadas ao Dr. Armando, ao Dr, Nini e ao Dr. Oliveira que dali dominavam toda a sala. Imaginem o nosso acabrunhamento ao passar em frente de tão importantes personagens quando nos dirigíamos para a sala de bilhar. No dia seguinte, no CFL seria ralhete pela certa.
Reparemos, agora, naquele belo exemplar de telefonia dos anos 50 e 60, à esquerda do túnel e acima da máquina de café. Ah!, quantas vezes ouvi ali os Les Chats Sauvages nos Dernires Baisers ou o António Prieto em La Novia, lamechices que nesse tempo alimentavam o nosso ego. Será que ainda toca?
E há fotografias: o velho jardim de Ourém junto à Câmara, o saudoso jardim da já famosa Eira das Pedras, O Vicente...
Vejamos agora a sala de outro ângulo: a partir da zona da máquina do café, apreciamos as mesas e o local da televisão.
Há a mesa do Sol, há o cantinho para dois sobre a actual sala de jogos e lá está aquela outra bem à frente da televisão a dois passos dela, onde eu vi as primeiras emissões, onde ajudei a procurar o Maneta quando era a hora do Fugitivo, onde vi o Benfica bater o Barcelona naquele maravilhoso dia do 3 a 2 com o Águas, o Zé Augusto, o Costa Pereira.
E era o Torrejano a gritar que nem um perdido, era o Zé Penso a saltar de alegria. Era eu e a malta amiga a não acreditarmos naquele feito que parecia tão longe das nossas capacidades. Grande Benfica, Glorioso! Tão parecido com o nosso Atlético. E, tal como ele, tão carecido, hoje, de inebriantes vitórias.
Volto ao nosso tempo. Felizmente o Central ainda existe para tudo não se reduzir a recordações e fantasmas.








quinta-feira, abril 15, 2004

Como é possível?




O Albuquerque esteve aqui. Aqui terá passado alguns dos melhores anos da sua vida. Aqui terá conhecido o primeiro sabor dos SG, dos Porto, dos Definitivos. Aqui terá dado muitos toques na bola, terá levado muitos colegas mais novos ao poste. E certamente terá recebido a formação que o ajudou a ocupar alguns dos postos politicamente mais poderosos no distrito e no concelho. Apesar disso tudo, nada conseguiu fazer para devolver ao que foi o Colégio Fernão Lopes um pouco da dignidade que ele orgulhosamente ostentava noutros tempos.
Esta escola foi responsável pela transmissão de conhecimentos a muitos jovens de Ourém e de outras terras. Nela trabalharam excelentes professores alguns dos quais para mim constituem uma referência: a Dra. Maria da Nazaré, o Dr. Laranjeira, a Dra Lurdes Moreira, a Dra Maria Júlia, o próprio Dr. Armando quando não estava virado do avesso. E quem não recorda a Boazinha?
Por respeito a toda esta gente, a Câmara devia pensar na sua recuperação e na sua utilização como um local de formação do mais alto nível.
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