Cheguei a Aveiras, recordei a saborosa cabidela de Gondemaria e lembrei-me de telefonar.
- Sim, senhor! Cabidela para dois... fica guardada.
Nem sonhava com a desilusão que me esperava. O arroz estava deslavado, a galinha parecia que só tinha pescoços e nem ao de leve havia um cheirinho a vinagre.
Que pena! E eu que sonhava com aquilo há dias. Tantas vezes que saia dali a abarrotar, bem comido e com um tintol apreciável.
Fizemos a reclamação que foi bem aceite...
- Para a próxima será melhor...
Mas a razão percebi-a quando cheguei ao parque automóvel. Antes estava rodeado de galos e galinhas de campo, bem alimentados, que aguardavam o dia do festim. Agora não se vislumbrava a existência de algum. Mesmo o simpático carneirito que nos saudava quando ali passávamos já teria sido consumido em alguma comemoração de final de ano.
Este é um aspecto da crise possivelmente. Já não alimentam mais os galináceos preferindo comprá-los magros e sem vida no supermercado e deixar o cliente desconsolado.
Que diabo! Que nos resta, qualquer dia, para voltar a Ourém?