No sábado seguinte, na cabana na Urqueira, a Deolinda procurou o João.
- O meu irmão quer que o acompanhes às compras para os ajudar a trazer as coisas. Vai tomar banho para não chamares demasiado a atenção e tem cuidado durante a deslocação, pois, se fizeres algum movimento em falso, eles não são meigos.
- Não me obrigues a ir. Não me apetece sair daqui.
A rapariga ficou irritada.
- Faz o que te digo. Olha que te arrependes.
Nesse momento, apareceu o pai da rapariga.
- Então, isso está demorado?
- Ele diz que não quer ir convosco.
- O quê? – avançou rapidamente para o João e enfiou-lhe um murro no olho esquerdo.
O rapaz caiu no chão e, quando esboçou o gesto de se levantar, viu que o indivíduo se preparava para o pontapear. No entanto, a rapariga interpôs-se.
- Pai, não precisas ser tão violento. Eu tenho a certeza que ele vai convosco.
- Então que se despache.
Daí a pouco, um estranho trio circulava pela Urqueira a adquirir alguns bens essenciais para a sua subsistência. Quando entraram na loja do ti’Alberto, o Amândio ia a sair e reparou neles. Ele não conhecia o João, mas a sua cara fez-lhe lembrar alguma coisa.
«É estranho. Aquele rapaz nada tem a ver com aqueles indivíduos. Acho que já o vi em qualquer sítio.»
Esperou que eles saíssem da loja e reparou então que tratavam o João como um criado sem direitos dirigindo-se para uma azinhaga e pouco depois desaparecendo da sua vista.
«Já sei, é a ciganada que construiu a cabana de madeira lá atrás. Mas o rapaz parece contrariado.»
E, de repente, fez-se luz.
«Já sei, é o miúdo pelo qual oferecem uma recompensa em Ourém Tenho de avisar o Estorietas.»
Foi buscar a bicicleta e pôs-se a caminho de Ourém, pedalando a toda a velocidade. Demorou cerca de meia-hora a chegar à casa rosa da Rua de Castela onde pôs o seu amigo ao corrente do que se passava.
- Vamos falar com o Dr. Preto para ele decidir.
Pouco depois, o Dr. Preto e a GNR estavam ao corrente da localização do João e seus sequestradores e uma força policial pôs-se a caminho da Urqueira tendo procedido à libertação do João e efetuado a prisão da Deolinda e seus familiares.
O Estorietas e o Amândio recusaram a recompensa, mas aceitaram um lauto banquete no restaurante do café Avenida na companhia do Dr. Preto. Ainda estavam a meio da refeição quando viram o João entrar e saudaram-no.
O Estorietas levantou o seu copo e afirmou:
- Bebo à tua saúde, amigo João. Não te esqueças de fazer outro disparate para termos recompensas como estas…
- Não haverá mais disparates – garantiu o Dr. Preto. – Vou cortar-lhe a mesada e as saídas. E, para o acalmar, vou receitar-lhe uma coisa que ele próprio sugeriu há uns dias: um clister diário com sedativo. De certeza, não terá vontade de fazer mais disparates.
- O meu irmão quer que o acompanhes às compras para os ajudar a trazer as coisas. Vai tomar banho para não chamares demasiado a atenção e tem cuidado durante a deslocação, pois, se fizeres algum movimento em falso, eles não são meigos.
- Não me obrigues a ir. Não me apetece sair daqui.
A rapariga ficou irritada.
- Faz o que te digo. Olha que te arrependes.
Nesse momento, apareceu o pai da rapariga.
- Então, isso está demorado?
- Ele diz que não quer ir convosco.
- O quê? – avançou rapidamente para o João e enfiou-lhe um murro no olho esquerdo.
O rapaz caiu no chão e, quando esboçou o gesto de se levantar, viu que o indivíduo se preparava para o pontapear. No entanto, a rapariga interpôs-se.
- Pai, não precisas ser tão violento. Eu tenho a certeza que ele vai convosco.
- Então que se despache.
Daí a pouco, um estranho trio circulava pela Urqueira a adquirir alguns bens essenciais para a sua subsistência. Quando entraram na loja do ti’Alberto, o Amândio ia a sair e reparou neles. Ele não conhecia o João, mas a sua cara fez-lhe lembrar alguma coisa.
«É estranho. Aquele rapaz nada tem a ver com aqueles indivíduos. Acho que já o vi em qualquer sítio.»
Esperou que eles saíssem da loja e reparou então que tratavam o João como um criado sem direitos dirigindo-se para uma azinhaga e pouco depois desaparecendo da sua vista.
«Já sei, é a ciganada que construiu a cabana de madeira lá atrás. Mas o rapaz parece contrariado.»
E, de repente, fez-se luz.
«Já sei, é o miúdo pelo qual oferecem uma recompensa em Ourém Tenho de avisar o Estorietas.»
Foi buscar a bicicleta e pôs-se a caminho de Ourém, pedalando a toda a velocidade. Demorou cerca de meia-hora a chegar à casa rosa da Rua de Castela onde pôs o seu amigo ao corrente do que se passava.
- Vamos falar com o Dr. Preto para ele decidir.
Pouco depois, o Dr. Preto e a GNR estavam ao corrente da localização do João e seus sequestradores e uma força policial pôs-se a caminho da Urqueira tendo procedido à libertação do João e efetuado a prisão da Deolinda e seus familiares.
O Estorietas e o Amândio recusaram a recompensa, mas aceitaram um lauto banquete no restaurante do café Avenida na companhia do Dr. Preto. Ainda estavam a meio da refeição quando viram o João entrar e saudaram-no.
O Estorietas levantou o seu copo e afirmou:
- Bebo à tua saúde, amigo João. Não te esqueças de fazer outro disparate para termos recompensas como estas…
- Não haverá mais disparates – garantiu o Dr. Preto. – Vou cortar-lhe a mesada e as saídas. E, para o acalmar, vou receitar-lhe uma coisa que ele próprio sugeriu há uns dias: um clister diário com sedativo. De certeza, não terá vontade de fazer mais disparates.