sexta-feira, janeiro 28, 2005
Cessem querelas com o sábio grego
Cultive-se a paz por momentos que seja
Prometo-vos um Solar e um Barreiros
E um Medieval que fará inveja
Ourém vai esquecer
As falsas promessas do costume
Ourém vai fazer a prova
Ao fabuloso nectar que nos une
Parem a briga com os guerreiros
Assistam à ronda dos Quatro Caminhos
Oiçam os colóquios e os Moleiros
Provem do palhete seus pergaminhos
E eu aqui a ter que preparar a próxima semana e o próximo semestre.
Não há dúvida que o pessoal de Ourém está cheio de sorte. Que belo fim de semana!
A Som da Tinta está a programar actividades para 2005, prevendo quatro ciclos de intervenção:
1. Banda Desenhada
2. Autores da “região”
3. Teatro
4. Ambiente
Por outro lado, a Som da Tinta prepara, como editora, um outro programa editorial que, como até agora, tem a grande limitação das suas capacidades de investimento e de distribuição.
Esperemos que inclua, no seu plano, a edição da nossa crónica "Ourém em estórias e memórias", pensada para celebrar os 20 anos do Poço. Que melhor poderia a editora encontrar para conseguir um crescimento exponencial das vendas?
quinta-feira, janeiro 27, 2005
Se bem me lembro nem participaram na alegria de a ter gerado.
Agora querem mudá-la, porque não serve os seus intentos.
E num contexto de desemprego, de défice orçamental, de portugueses que há anos não veem um tostão de aumento, de crise em tudo o que é sítio, vêm propor um aumento do salário dos políticos.
Que grandes Irmãs da Caridade!
Como os meus amigos já devem ter reparado, a nossa barra lateral passou a conter apontadores para os programas, sínteses de programas ou páginas dos partidos / organizações com representação parlamentar.
As expressões utilizadas representam exclusivamente a minha sensibilidade aos mesmos.
Assim, entendo que o programa da CDU é o que reflecte melhor uma chamada à consciencialização das pessoas para "agarrarem as condições de produção da sua existência". É, neste momento, a organização que melhor reflecte a minha ligação ao passado, onde consigo encontrar um discurso que me recorda muitas palavras que têm um significado muito preciso para mim. Não quero com isso dizer que defenda a construção de uma sociedade exactamente nos moldes em que a CDU a preconiza, mas entendo que deve ter uma grande influência em qualquer processo de renovação.
O programa do Bloco não é substancialmente diferente em termos de objectivos do da CDU, mas dá maior peso à Europa, às minorias e aceita o multipartidarismo em termos de construção de uma sociedade mais avançada. Também julgo que a nossa ligação à Europa e os efeitos que a mesma teve na destruição do nosso aparelho produtivo inviabilizam a construção de algo em que o centro sejamos nós próprios. Daí o título: "uma revolução à escala europeia".
Para mim, o PS acaba por ser sempre um mal menor, isto é, em vez dos outros (os da direita), entendo que são preferíveis estes. No entanto, não vejo nada no programa deste partido que me entusiasme. As suas concessões à lógica capitalista são tão grandes que, quando oiço Sócrates, me ponho a questão: "serão estes gajos (desculpem o termo ordinário) quem, nos próximos quatro anos, me vai atirar para o desemprego?" Esperemos para ver. A expressão "do mal, o menos" revela uma tentativa de coerência com os valores de esquerda – eu sou incapaz de votar à direita – mas impõe uma atitude que tem a ver mais com o coração do que com a racionalidade. Aquelas figuras em quem não tenho confiança nenhuma estão lá todas...
A designação que dei ao programa do PSD pode ser um pouco injusta. Tenho a dizer que é o programa mais engraçado e mais atractivo de todos que li. Se não soubesse quem o tinha feito, se lhe retirasse a cor laranja, se lhe retirasse uma ou outra expressão mais doutrinária, era capaz de embarcar naquilo. Meus amigos, eu adoro a boa vida, adoro bons carros, adoro centros comerciais, ter muito dinheiro para gastar, poder comprar assistência médica e educação de qualidade, ter tudo o que a social democracia me pode dar. Mas aquilo são promessas que apontam para o efémero e cuja concretização, em termos globais de sociedade, será sempre impedida pela racionalidade dos barões. Por isso, a apelidei de "flatulência" com grande tendência para diarreia se eles ganharem as eleições.
Finalmente, a percepção que tive sobre a caridadezinha do CDS para manter os pobrezinhos muito contentes e agarrados à sua situação (ao contrário do que é preconizado pela CDU e pelo Bloco) fez-me apelidar a entrada para eles de "Irmãs da Caridade". Como não encontrei programa, ficou apontador para o partido. Esperemos, na sequência do que disse Portas, que o governo sombra divulgue com brevidade o programa de esmolinhas aos portugueses pobres.
Eu já dizia que era mais uma história inventada pelos jornalistas para introduzir alguma variedade em momentos tão cheios de política. Como daquelas vezes em que vão para as portagens para reportar as bichas e o trânsito flui normalmente. Mas, esta noite, foi mesmo a valer.
Aliás, para os sportinguistas, deve ter sido uma onda de gelo.
Deixem lá, jogaram muito bem, valorizaram muito a vitória do adversário, à próxima, ganham vocês.
quarta-feira, janeiro 26, 2005
Os Municípios são promotores de progresso social, têm uma grande influência na economia nacional e global e contribuem decisivamente para o desenvolvimento das regiões limítrofes. Mas, para ter sucesso, eles devem estabelecer modos de governo modernos e democráticos capazes de tornar viáveis as políticas para desenvolvimento socio-económico com sustentabilidade.
Um importante e decisivo instrumento da governação local foi criado na Conferência do Rio, em 1992, chamado "Agenda 21", documento esse que incentiva gestores e operadores locais a iniciar um diálogo com os cidadãos e organizações para implementar acções destinadas a gerar mudanças nos três aspectos do desenvolvimento: ambiente, sociedade e economia.
Mas a aplicação desta abordagem de sistemas completos apresenta questões cruciais dentro do sistema local: os agentes estão preparados e querem participar nas estratégias de desenvolvimento que suplantam os seus interesses sectoriais específicos? Como promover um alto grau de participação e compartilhar em cada nível e em cada forma, visando alcançar resultados tangíveis e tornar a Agenda 21 um processo de melhoria local contínua? Como evitar tensões e mobilizar recursos para alcançar um desenvolvimento sustentável?
Lembramo-nos de vários: Cochise, Sitting Bull, Jerónimo. Todos leais, todos grandes guerreiros que se bateram em condições de profunda desigualdade e perderam. Mas a quem a história acabou por dar razão.
O Jerónimo de que falamos também é leal, também é um grande lutador e penso que não venceu o debate com Portas, portador de outra bagagem sobre os assuntos tratados e que teve a vantagem de ser interrogado sobre os assuntos em que interviera no governo.
Os jornalistas também deram uma ajuda talvez inconsciente, mas objectiva. Lembro-me claramente de uma situação em que Portas desancou forte e feio na CDU e a questão que eles puseram, na sequência, a Jerónimo foi: “e que pensa dos 150000 prometidos pelo PS?”. Esta questão foi desonesta quer para a CDU quer para o PS.
Mas, se Jerónimo não conseguiu mostrar a diferença das propostas da CDU em relação às outras forças, isto é, não conseguiu mostrar como vai fazer crescer a produção nacional, como vai dominar o aparelho produtivo, como a Europa é um obstáculo a esses objectivos, o debate conseguiu trazer ao de cima a inutilidade de um partido como o CDS para os portugueses dominarem os seus destinos.
Portas mostrou-nos que o CDS é uma espécie de partido da consolação dos pobrezinhos que nunca deixarão de o ser. “Pobres haverá sempre, é esse o nosso triste destino, mas nós estamos atentos e temos um abono de família para os consolar e de que os ricos não precisam. Aceitai a vossa situação”. A resposta de Jerónimo que lembrou que qualquer pessoa tem direito ao abono de família desde que tenha descontado é extremamente importante e poderia inclusivamente ter sido explorada para mostrar o totalitarismo de Bagão ao se apropriar do fundo de pensões dos trabalhadores da CGD e para desmontar todo o discurso que hoje faz pensar que as pensões são uma espécie de esmola que se dá a pessoas que durante anos andaram a fazer descontos para tal efeito, como se isso não tivesse qualquer analogia com um depósito bancário.
Idêntica conclusão vem do destino que Portas prevê para a Bombardier. ”Eu criei 190 postos de trabalho para produzir Chaimites”. Mas qual é a utilidade das Chaimites? Vai brincar às guerras? Esta produção equivale assim a uma espécie de redistribuição, vão uns tostões para os operários a título de salários, uns milhares para estudos e interesses de empresas, mas o efeito reprodutivo será muito baixo pois as Chaimites não produzem.
Assim, contrariamente ao PSD que, apesar de tudo é um partido que preconiza o desenvolvimento e tem uma mensagem de eficiência e do qual se pode esperar crescimento de riqueza apesar da apropriação privada, o CDS é um partido da manutenção em que surge a correcção dos efeitos da exploração pela distribuição de pequenas migalhas do bolo capitalista.
terça-feira, janeiro 25, 2005
PALAVRAS DE MANDATÁRIO
Por Sérgio Ribeiro
Ser mandatário desta lista é uma honra.
Porque a lista é da CDU, coligação do Partido Comunista, que é o meu – que é o que eu sou! – há quase meio século, com o Partido Ecologista Os Verdes, com os representantes da Intervenção Democrática e independentes
Porque é esta lista que Luísa Mesquita encabeça depois de ter sido, em mandatos sucessivos a deputada de Santarém, a deputada da Educação;
porque é uma lista em que há 5 candidatos na casa dos 20 anos e 3 na casa dos 30, não para “encher” ou para a estatística, pois a 2ª tem 24 anos e o 3º tem 27 anos;
porque é uma lista que, sem alaridos nem artifícios de quotas, tem 5 mulheres, das quais 2 ocupam os dois primeiros lugares;
porque é uma lista que procura cobrir todo o distrito onde os eleitores vão escolher os seus representantes para o parlamento nacional e não o 1º ministro.
Porque é do meu distrito.
No distrito de Santarém, a CDU apresenta uma lista de gente de cá, que encontramos nas ruas das nossas terras, com quem falamos sobre os nossos problemas – que deles também são –, com quem convivemos e, por isso, estão em condições de nos representar, dentro do espírito constitucional (de 1976!): eleger pelos distritos os que, no parlamento nacional, representarão o povo deste País.
Como mandatário, além da honra que quero dizer que tenho, quero também saudar os meus “companheiros de lista” e todo o povo do distrito de Santarém.
Portugal é o país da União Europeia com maior défice em termos de aderência à Agenda 21, lê-se hoje no Público.
Como não encontro na página da Câmara qualquer referência a esta iniciativa, depreendo que se encontra entre as que não estão interessadas na mesma.
Esperava ontem pelo debate entre Louçã e PSL quando tive a notícia que este tinha adiado todos os debates.
A justificação utilizada foi a viabilização da marcação do debate com Sócrates, mas na minha modesta opinião trata-se pura e simplesmente de uma birra de menino por aquele o ter relegado para uma espécie de divisão de honra onde possivelmente levaria duas sovas monumentais.
Santana não teve estômago para enfrentar os seus adversários e continuou com o estafado argumento de que Sócrates receava o debate que é usado e abusado pelo pessoal laranja.
Eu julgo que Sócrates terá todas as razões para recusar debates, mas o receio de se sujeitar aos mesmos não será uma delas. Está mais que provado. Comparando-o com PSL, ele vende tão bem ou melhor a banha da cobra. O seu discurso é rápido e acutilante.
Mas há uma pequena diferença...
PSL parte para o debate como uma virgem tonta, pelo prazer do momento. Ele fala do que não sabe, ele não sabe do que fala, mas tem verborreia que nunca mais acaba. Sócrates é muito mais racional. Por vezes, contrariando tendência que já lhe apontámos para disparar um número, apoia-se em pessoas da ciência, em investigadores, em técnicos que conhecem relativamente bem os problemas. As suas soluções podem não ser as melhores mas são pensadas e, na minha humilde perspectiva, muitas vezes padecem de uma excessiva complexização herdada de cérebros que em tudo encontram factores para a discriminação... que depois a realidade não consegue acompanhar.
Por isso que ninguém pense que Sócrates receia o debate. Ele esteve a preparar-se e tomou uma atitude arrogante ao despejar os seus adversários na divisão de honra.
Mas essa atitude não é nada que os laranjas não mereçam, tanto nos habituaram a ela nestes três anos e em outros momentos que dominaram.
Aliás, tanto nos continuam a habituar em Ourém.
segunda-feira, janeiro 24, 2005
Afinal o desenvolvimento de Ourém não parece tão acentuado como Albuquerque apresentava no NO.
Ou estou muito enganado ou pareceu-me ouvir Santana pedir ao eleitorado a maioria absoluta.
Este homem é um pândego.
Mas será que alguém de direita ainda vai votar no PSD no estado em que o Santana o está a deixar?
Não viu toda a gente que os ministros do CDS é que eram os competentes? Porque não dão a oportunidade ao Paulinho e tratam dos problemas internos? Porque não fazem a travessia do deserto em vez de continuarem a estoirar com o país?
Garanto-vos...
... na actual conjuntura, se eu fosse de direita e me repugnasse votar PS, votava CDS/PP.
domingo, janeiro 23, 2005
Seca
E os nossos governos são tão competentes!
Tanto que em mais de um século de conhecimento do problema nunca deixaram de fazer a agricultura depender de factores climatéricos.
O pobre cordeiro parece que diz: vejam lá se se lembram de nós.
Pois é, Eng. Sócrates, olhe para o país real...
Quando o mesmo espaço de valores e ideais é reivindicado por duas ou mais organizações que diferem entre si pela história ou pelos meios para atingir os objectivos, põe-se o problema do voto útil.
O Sérgio chamou-me muito bem a atenção para esse problema num comentário: com a dispersão de votos entre CDU e Bloco, a esquerda consequente está em vias de perder o único deputado no distrito.
No "Ourém e seu Concelho", Paulo Fonseca abordou uma questão algo semelhante. Desta vez, criticou a possibilidade de um amigo ir apoiar nas urnas as ideias de Louçã, sustentando que estaria a contribuir para diminuir a possibilidade de uma maioria absoluta pelo PS.
Eu aceito melhor a posição do Sérgio que a do Paulo. O primeiro teve em conta um problema sério para a sua organização e, na qualidade de responsável, informou sobre as consequências da dispersão. Mas o caso de Paulo é um pouco diferente. É que ele refere que estava entre amigos. Ele que me perdoe, mas entre amigos pode haver amizade, mas não aliciamento.
Por muito que me desagrade o voto dos outros, eu tenho que dizer aos meus amigos "vota, sem medo, em quem entendes que serve melhor os teus ideais ou os interesses do teu país". A utilização do medo para justificar o voto útil fará com que os portadores de novas ideias, novas práticas nunca consigam ultrapassar a barreira dos que já estão estabelecidos. E se a perda de um deputado da esquerda consequente é efectivamente algo que nos deva fazer meditar, a garantia de uma maioria absoluta do PS é só por si uma razão para tentar reforçar o voto à esquerda. Governem, mas calma aí...
Acresce, na refutação aos argumentos do Paulo o facto de que quer o Bloco quer a CDU poderem estar numa situação de fraqueza quanto ao voto exactamente porque muitas pessoas que pensam como o amigo terem actuado como ele pretendia. Isto é, votam útil PS porque os outros não têm hipótese de ganhar. Por isso, o voto útil é uma forma de encobrir as reais aspirações das pessoas.
Assim, votar no Bloco ou votar na CDU é um verdadeiro exercício de liberdade que só honra quem o pratica.
Mais uma promessa à PS...
Não fizeram qualquer análise profunda, mas sabem despejar um número.
O que vai ser público? O que vai ser privado? Que parcerias? Nada.
Porquê menos 75000? Porque não menos 100000 ou mais 20000?
Deste modo, para manterem o saldo e conciliarem as promessas, há que criar 225000 novos empregos. Será que o privado vai arriscar tanto?