Um oureense sem orgulho na sua terra...
... mas amante do seu passado.
Andam para aí a dizer que me devia orgulhar de ser oureense devido às festas que Ourém tem.
Porventura, serei um mau oureense.
Não tenho qualquer orgulho no que se tornou hoje esta terra nem nas suas festas e muito menos no novo espaço onde as mesmas se desenrolam, afastado do centro, escuro, cheio de armadilhas para incautos. Por outro lado, as festas são tristes, sem participação, pimbas, infinitamente inferiores às de outros tempos em que houve capacidade para aqui trazer alguém com a qualidade de Carlos do CArmo e só despertam alguma atenção pela novidade do espaço.
Ourém é uma coutada de Fátima através do exercício do poder por Catarino. Faz-se aqui o que os de lá impõem. Tal reflecte-se em múltiplos aspectos de que o menos importante não será, por exemplo, a atenção dada ao seu património urbanístico.
Os responsáveis pela autarquia não hesitaram em destruir o belíssimo jardim frente ao Central para transformarem aquele espaço em pedra sem sentido. Consta que tinham dinheiro da União Europeia e não sabiam o que haviam de fazer com ele. Melhor estivessem quietos e o devolvessem à origem. Depois, indemnizaram-nos com um parque bem afastado da vivência diária, onde temos de nos deslocar para o usufruir.
Os responsáveis pela autarquia não hesitam em destruir a aldeia de Castela que tem o seu expoente mais significativo na casa do Largo de Castela, preparando-se no entanto, a troco de chorudas indemnizações, para reconstruir a casa do Administrador. Está clara aqui a lógica: Ourém ganha sentido em função de Fátima, para eles Ourém não tem história própria.
Isto é ofensivo do oureense que me considero. Fátima é um acidente na história de Ourém. Tem direito ao seu caminho, à sua história, ao seu desenvolvimento, mas não a comprimir e abafar a dos oureenses. Acresce a esse facto o de nos mostrar, pelos exemplos do seu desenvolvimento, que o mesmo é também constante agressão ao património onde mamarrachos se sobrepõem a mamarrachos numa espiral cujo crescimento não anuncia nada de bom. As pequenas moradias de Fátima de outros tempos estão completamente destruídas ou engolidas pelos novos interesses que a dominam. Fátima é local de negócio muito mais que local de fé cujo ambiente paradisíaco foi completamente perdido excepto na caminhada denominada Via Sacra.
Poderei ter orgulho numa terra com estas características?
Mas, no final desta reflexão, subsiste uma razão para não ser detentor desse orgulho.
Poderia pensar que, perante a consciência do quanto Ourém é subjugada a Fátima, os oureenses manifestassem um mínimo de revolta. Por vezes, eu sinto-a. Mas é uma revolta muito surda, muito calada. E aqui, apesar de lhes deixar o benefício da dúvida, apesar de me poderem considerar arrogante e ofensivo, eu encontro mais uma razão para não me orgulhar de Ourém: é que não me orgulho destes oureenses que se deixam manietar por Catarino e companhia...
... mas amante do seu passado.
Andam para aí a dizer que me devia orgulhar de ser oureense devido às festas que Ourém tem.
Porventura, serei um mau oureense.
Não tenho qualquer orgulho no que se tornou hoje esta terra nem nas suas festas e muito menos no novo espaço onde as mesmas se desenrolam, afastado do centro, escuro, cheio de armadilhas para incautos. Por outro lado, as festas são tristes, sem participação, pimbas, infinitamente inferiores às de outros tempos em que houve capacidade para aqui trazer alguém com a qualidade de Carlos do CArmo e só despertam alguma atenção pela novidade do espaço.
Ourém é uma coutada de Fátima através do exercício do poder por Catarino. Faz-se aqui o que os de lá impõem. Tal reflecte-se em múltiplos aspectos de que o menos importante não será, por exemplo, a atenção dada ao seu património urbanístico.
Os responsáveis pela autarquia não hesitaram em destruir o belíssimo jardim frente ao Central para transformarem aquele espaço em pedra sem sentido. Consta que tinham dinheiro da União Europeia e não sabiam o que haviam de fazer com ele. Melhor estivessem quietos e o devolvessem à origem. Depois, indemnizaram-nos com um parque bem afastado da vivência diária, onde temos de nos deslocar para o usufruir.
Os responsáveis pela autarquia não hesitam em destruir a aldeia de Castela que tem o seu expoente mais significativo na casa do Largo de Castela, preparando-se no entanto, a troco de chorudas indemnizações, para reconstruir a casa do Administrador. Está clara aqui a lógica: Ourém ganha sentido em função de Fátima, para eles Ourém não tem história própria.
Isto é ofensivo do oureense que me considero. Fátima é um acidente na história de Ourém. Tem direito ao seu caminho, à sua história, ao seu desenvolvimento, mas não a comprimir e abafar a dos oureenses. Acresce a esse facto o de nos mostrar, pelos exemplos do seu desenvolvimento, que o mesmo é também constante agressão ao património onde mamarrachos se sobrepõem a mamarrachos numa espiral cujo crescimento não anuncia nada de bom. As pequenas moradias de Fátima de outros tempos estão completamente destruídas ou engolidas pelos novos interesses que a dominam. Fátima é local de negócio muito mais que local de fé cujo ambiente paradisíaco foi completamente perdido excepto na caminhada denominada Via Sacra.
Poderei ter orgulho numa terra com estas características?
Mas, no final desta reflexão, subsiste uma razão para não ser detentor desse orgulho.
Poderia pensar que, perante a consciência do quanto Ourém é subjugada a Fátima, os oureenses manifestassem um mínimo de revolta. Por vezes, eu sinto-a. Mas é uma revolta muito surda, muito calada. E aqui, apesar de lhes deixar o benefício da dúvida, apesar de me poderem considerar arrogante e ofensivo, eu encontro mais uma razão para não me orgulhar de Ourém: é que não me orgulho destes oureenses que se deixam manietar por Catarino e companhia...