quarta-feira, junho 06, 2007

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

(Eugénio de Andrade)

terça-feira, junho 05, 2007

Ares d’Ourém

É verdade.
Os ares de Ourém têm-me andado tão arredios que manter esta coisa sem o apetecido alimento é cada vez mais difícil.
E será Ourém solução? Hoje?
Talvez, se quisermos entoar o cântico dos deprimidos... ou praticar a fotografia da degradação... ou experimentar o poder mesquinho...
Mas o sentir aquela terra tal como ela era já não é possível.
Ao menos aqui, longe...

Contemplo o que não vejo

Contemplo o que não vejo.
É tarde, é quase escuro.
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.

Por cima o céu é grande;
Sinto árvores além;
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.
Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.

Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
Não sinto, não sou triste.
Mas triste é o que estou.
(Fernando Pessoa)

segunda-feira, junho 04, 2007

Quem quer comprar uma dor ciática?

Decididamente, amigos oureenses, hoje não há paciência para blogar. A juntar à desesperante desinspiração, a malvada da dor anda a atasanar-me o juízo. Que mal fiz eu para merecer tal castigo? Terá sido da greve? Mas não dizem que foi um fracasso?
Depois, há trabalho para dar e vender... notas, testes, exames, apresentações, novos textos... e esta dolorosa posição, costas quase direitas para não prejudicar a danada...
Ai!
O melhor é ir dar uma volta.
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