sábado, junho 18, 2005
Conscientes do valor do Sérgio que escreveu dezenas de livros, dirigiu publicações de Economia, estava na prisão no 25 de Abril, fez parte dos governos provisórios no PREC, foi deputado ao parlamento europeu, trouxe e continuará a trazer a Ourém eminentes vultos da nossa cultura, essa ausência de condecoração só honra aquele a quem não é concedida.
(..)Pero,
portugués de la calle,
entre nosotros,
nadie nos escucha,
sabes
dónde
está Álvaro Cunhal?
Reconoces la ausencia
del valiente
Militão?
Muchacha
portuguesa,
pasas como bailando
por las calles
rosadas de Lisboa,
pero,
sabes dónde cayó Bento Gonçalves,
el portugués más puro,
el honor de tu mar e de tu arena?
Sabes
que existe
una isla,
la isla de la Sal,
y Tarrafal en ella
vierte sombra?
Sí, lo sabes, muchacha,
muchacho, sí, lo sabes.
En silencio
la palabra
anda con lentitud pero recorre
no sólo el Portugal, sino la tierra.
Sí, sabemos,
en remotos países,
que hace treinta años
una lápida
espesa como tumba o como túnica
de clerical murciélago,
ahoga, Portugal, tu triste trino,
salpica tu dulzura
con gotas de martirio
y mantiene sus cúpulas de sombra.(..)
Pablo Neruda
sobre Portugal, seu povo, Álvaro Cunhal e o dia luminoso de amanhã
Há alguns meses eu estava em frente ao mar Pacífico, na costa sul do Chile, em Isla Negra, em casa de Pablo Neruda, meu companheiro de lutas de esperança. Uma figura de proa de barco se elevava em frente ao mar de ondas altas e violentas. Por isso falámos de Portugal e do seu destino marítimo. Contei ao poeta sobre Cunhal e Pablo levantou-se, deixou-me com o pescador que parara para escutar-nos e quando voltou havia escrito esse maravilhoso poema que é «A Lâmpada Marinha» sobre Portugal, seu povo, Álvaro Cunhal e o dia luminoso de amanhã»
In Essa vida preciosa, salvemo-la
por Jorge Amado
sexta-feira, junho 17, 2005
Nunca fui grande contabilista, mas esta de pegar em investimentos em bens duradoiros, deduzi-los às receitas e apurar assim o lucro de um ano não lembra nem ao diabo (desculpem a referência tão longe das celestiais paragens que nos prometem...).
Por exemplo, o investimento na Igreja da Santíssima Trindade, na ordem dos 10 milhões de euros, deve durar para uns anitos, talvez para uns vinte o que permitiria diminuir aos lucros uma quantia substancialmente inferior.
Aliás, se não diminuisse os investimentos às receitas, o lucro assim apurado atingiria quase 12 milhões de euros.
Fogo...!
A candidata do CDS/PP
E com um ar bem simpático como se pode depreender da fotografia.
O CDS/PP não é partido das minhas simpatias, mas não posso deixar de saudar a disponibilidade das pessoas para o representar, defendendo as suas ideias e na esperança de que um dia mudem.
Vou, aqui ao lado, abrir a possibilidade de deixarem questões para a Sandra e só espero que ela seja um pouco menos arrogante que o presidente David e responda às questões que os oureenses lhe deixem.
Para já, aqui fica uma: Sandra, que fará, se for eleita presidente da Câmara, para melhorar a situação social dos oureenses (jovens, reformados, desempregados...) ?
A ameaça dos incêndios paira sobre essa monumental riqueza que, por vezes, Ourém parece desprezar que é a floresta.
Por acaso, fui parar a uma página, da Direcção Geral de Florestas, sobre os postos de vigia oureenses levado por uma pesquisa relativa ao Cabeço de Óbidos.
Seguindo os respectivos links, pode ver-se que esta página teve a sua última actualização em 2000, mas o mais curioso é a observação presente num deles: visibilidade tapada por eucaliptal.
É caso para podermos descansar perante a eficácia destes postos...
Reza a tradição que a vila de Arrochelas existia no vale que liga Espite ao lugar de Matas.
A maior parte dela teria desaparecido devido a qualquer terramoto ou epidemia, isto por se encontrar grande numero de ossadas algumas já petrificadas, debaixo de algumas paredes de habitação.
Conta-se que havia ali umas estalagens onde se comia carne humana e que por castigo se tinha afundado numa noite. Há ainda um sítio onde este acontecimento se tinha repetido, notando-se ali uma depressão não natural.
Nesta vila há perto de 100 anos morava um homem chamado por alcunha “João Bom”. Contava ele que um pouco abaixo de cemitério, junto ao ribeiro ajudara a desenterrar, nos seus tempos de rapaz, grandes ossadas humanas tiradas debaixo de parreiras quando andavam a plantar vinha.
Ainda há poucos anos foram desenterrados grandes números de ossos junto da antiga ermida de Arrochela.
No local da Arrochela foi erigido um cruzeiro para assinalar o facto.
Escudo de prata, duas matas de verde, floridas de sua cor, acompanhadas em chefe de uma flor-de-lis azul e em ponta de uma roda de azenha de púrpura. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro em maiúsculas : "MATAS - OURÉM".
O fitotopónimo Matas já por si é revelador da pronunciada mancha florestal que se abate sobre este território fértil. Banhada por várias linhas de água e com posição a poente do concelho, esta freguesia é uma das mais jovens do concelho, pelo que alcançou autonomia em 1984 por desanexação de Espite.
Das encostas vinhateiras, passando pelos pinheirais e até pelos extensos campos de milho, integra desde há muito uma verdadeira economia sustentada pelos proventos da terra. Disso são exemplo as azenhas e os moinhos de rodízio movidos pela força das águas que convidam à visita e, porque não, à compra de um saco de farinha transformada segundo preceitos artesanais? Mais se recomenda uma visita ao local em Setembro, por altura das desfolhadas.
Existiu em tempos uma capela em honra de N.ª Sr.ª do Patrocínio à qual se associa a lenda de que tendo a imagem da santa sido transferida para Espite, viria a aparecer nas Matas, repetindo-se tal aparição tantas vezes quantas a imagem fora levada para a então sede da freguesia.
O culto religioso viria ainda a ser materializado pela construção da capela de St.ª Quitéria em 1777 e da capela da Vesparia também no séc. XVIII; dois imóveis que hoje, embora com alterações, continuam a servir os crentes e a receber visitas. E se por um lado a devoção da população é antiga, a elevação canónica da freguesia era confirmada somente em 1993.
Matas partilha ainda com outras freguesias o belo cenário oferecido pelo Cabeço de Óbidos, que segundo o imaginário colectivo, estava destinado a acolher o castelo que acabaria por se alojar num morro em Ourém.
Via Sítio da casa amarela
Vem aí o jantar do Castelo para o qual já anunciei a minha presença de compulsivo poluidor. E que vou lá fazer?
Tentar perceber...
Tentar perceber o segredo do êxito do Castelo e o da tristeza confrangedora que persegue este Ourem...
Por que razão o Ourem não tem as visitas e os comentários do Castelo?
Um post como o das contas do padre teria no Castelo para cima de 20 comentários. Aqui, nada...
Em contrapartida, um post disparatado sobre o aumento dos impostos gerou monumental controvérsia sobre a maior ou menor intervenção do Estado.
Não imaginam o esforço que é alimentar isto quase todos os dias.
Até certa altura, as palavras saiam em catadupa, perseguiam-me durante a noite, agora é cada vez mais difícil arranjar assunto e, quando surge uma ideia, organizo ciclos e parto as coisas aos bocadinhos.
Por vezes, penso em parar com o Ourem. Aliás, ele tem o fim à vista na reportagem sobre o Poço que se fará após cinco de Novembro. Que motivações haverá depois? Estou metido noutro projecto académico que me vai absorver muito tempo e concluí que esta fixação em blogs é um tanto prejudicial para a actividade normal especialmente se não consegue adesão.
Vou sair... é isso... vou-me embora.
Como era terno seu sorriso ao falar das festas populares nas aldeias do Minho ou dos homens rudes de Trás-os-Montes! Conhecia tudo do seu país e do seu povo, tudo o que era autentico de Portugal, desde o mar-oceano com a sua história portuguesa e gloriosa até as vinhas ao sol e as cantigas e os poemas dos poetas reduzidos na sua grandeza pela censura fascista; desde as histórias heróicas dos militantes presos, torturados até à loucura e à morte, as tenebrosas histórias do Tarrafal, o campo de concentração mais antigo e mais cruel da Europa, até às doces histórias de amor da província portuguesa, com um sabor romântico das velhas legendas.
Contou-me coisas de espantar com sua voz ora doce, grávida de ternura, ora violenta de cólera desatada quando falava da fome dos trabalhadores, da opressão salazarista sobre o povo, da opressão imperialista sobre a sua pátria de primavera e mar.
(...)
os comunistas portugueses, heróis anónimos do povo, os invencíveis, os que estão rasgando a noite fascista com a lâmina de sua audácia e de sua certeza para que novamente o sol da liberdade ilumine o país dos pescadores e das uvas. De um me disse: «Esse esteve no Brasil e aprendeu com vocês»
(...)
Falou do campo, dos homens que habitam as montanhas, daqueles que Ferreira de Castro, o grande romancista, descreveu em «Terra Fria» e «A Lã e a Neve». (...) Falou dos operários das cidades daqueles que Alves Redol descreveu em seus magníficos romances e contou da sua irredutível resistência ao regime salazarista. (...)
Naquela tarde como que me apossei por inteiro de Portugal, do melhor Portugal, do Portugal eterno, como se Álvaro Cunhal o trouxesse nas suas mãos ossudas, tão descarnadas e nervosas, como se trouxesse – e o trazia em verdade – no seu coração de revolucionário e patriota.
Voltei a vê-lo ainda uma vez, dias depois, e a longa conversa sobre Portugal continuou. Falou-me dos escritores, dos plásticos, dos pescadores, fadistas, e sobretudo da luta subterrânea, dura e difícil e jamais vencida. (...)
Veio o processo, dentro dos métodos infames dos tribunais fascistas. Ali se ergueu Álvaro Cunhal (Militão morrera de torturas) e não era o réu, era o acusador, a voz de fogo a queimar o vergonhoso rosto dos carrascos do seu povo, dos vendilhões da sua pátria.
(...)
In Essa vida preciosa, salvemo-la
por Jorge Amado
quinta-feira, junho 16, 2005
Não consigo perceber esta má vontade dos autarcas do PSD relativamente à presidente da Assembleia Municipal.
A senhora é dinâmica, simpatiquissima e não noto na actuação dela qualquer coisa que possa envergonhá-la ou inferiorizá-la perante a de outros. Dirão "tem lapsos", "houve aquela bronca dos arruaceiros", mas, meus amigos, errar é humano. No entanto, o NO traz esta descrição:
Homenagear os autarcas das freguesias que terminam agora os seus mandatos, foi o mote do encontro em que participaram também o presidente e vice-presidente da Câmara e a presidente da Assembleia Municipal. Logo no início instalou-se algum embaraço porque na mesa de honra estavam assinalados os lugares de todos os presidentes de Juntas e dos representantes da Câmara. Por lapso, ou talvez não, não havia lugar aí para a presidente da Assembleia.
Deolinda, já pensou em mandar esses rapazes às urtigas e juntar a sua voz a esta humilde oposição a gente tão arrogante?
O PS vai proceder à inauguração da Sede de Candidatura às próximas eleições autárquicas, domingo, 19 de Junho pelas 18 horas. Vai situar-se nas antigas instalações da CGD, na Avenida D. Nuno Álvares Pereira.
No documento que aquela candidatura teve a gentileza de nos enviar, pode ler-se:
A Sede de Campanha desta Candidatura servirá de espaço de debate em torno de propostas de Desenvolvimento do nosso Concelho numa metodologia de envolvimento de todos os cidadãos, numa dinâmica de mudança que afirme os valores da democracia participativa e corresponda aos anseios da sua população
Dr. Jorge Lacão
Prof. Dr. Carlos André
Prof. Dr. Viriato Soromenho Marques
Todos conhecem o apoio que dou e darei ao Sérgio Ribeiro para a Assembleia Municipal. Isso não me impede de saudar esta candidatura.
Daqui desejo aos candidatos socialistas e, em especial, ao José Manuel Alho, as maiores felicidades e que tenham a capacidade, o engenho e a coragem para enfrentar as dificuldades que os actuais detentores do poder lhes vão criar e para lhes mover uma oposição consequente em qualquer contexto.
Força, rapazes!!!
Ourém precisa de um oposição a sério e de mudanças na gestão autárquica. E, já sabem, queremos de volta o jardim frente ao Central, a feira de Santa Iria e a casa do Largo de Castela não pode ir abaixo...
Uma evolução preocupante
A vida é difícil. Por isso, não é de admirar que todos tentem seguir o desenrolar da vida social naquilo que se relaciona mais com a sua especialização.
A página do Tiago levou-me à descoberta das estatísticas que a paróquia de Casal dos Bernardos mantém desde a década de sessenta.
E imagino o padre a bater com as mãos na cabeça.
Oh! Meu Deus, porque és tão cruel?Imaginem um rácio entre o número de óbitos e o de batismos, a sua representação gráfica e uma directiva comunitária a dizer que o mesmo não poderia ultrapassar 0,9.
O número de baptismos mostra uma tendência imparável para baixar.
O número de óbitos ameaça subir.
E nem os casamentos contribuem para animar tão tétrico cenário.
Escudo de verde, banda enxaquetada de duas tiras de prata e vermelho, acompanhada em chefe de três espigas de milho e em ponta de um ramo de pinheiro com três pinhas, tudo de ouro. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ CASAL DOS BERNARDOS - OURÉM “
Plantada numa colina a noroeste da Freixianda, da qual se desmembrou em 1964, Casal dos Bernardos a avaliar pelo topónimo “Bernardos” (nome do Santo que fundou a Ordem de Cister), complementado pelo imaginário colectivo, sugere ocupação cisterciense.
É uma freguesia muito regada, sendo que em tempos mais remotos, por altura da ocupação Romana, reunia as condições mineralógicas necessárias à exploração de uma considerável ferraria cujos vestígios arqueológicos podem ser ainda hoje visitados no lugar de Casais Galegos.
De facto as ribeiras e os córregos foram durante gerações o alento da economia local, responsabilizando-se pela dominância de uma agricultura de regadio e pelo alimento dos muitos moinhos de rodízio que hoje anseiam por serviço e visitas – o topónimo “Casal dos Moleiros” só vem a reforçar a consistência da cultura cerealífera.
Sendo magro o sustento destas gentes, a e/migração viria a tomar conta do destino de muitas famílias, sobretudo da década de 60 em diante. Se por um lado este movimento despontou temporariamente o êxodo, por outro lado, os regressos trouxeram ambiciosos projectos e investimentos económicos que viabilizaram o incremento da economia local, na qual se destacaria o sector construção civil. Mas as terras continuam a dar frutos, como provam as extensas várzeas cultivadas, ou a silvicultura que ocupa cerca de 60% da área da freguesia.
Mais e menos jovens, todos lutam pela expansão da sua terra, que ainda recente como freguesia, vai conciliando infra-estruturas e vontades atentas ao conforto social.
Ao visitante os Casalbernardenses sugerem uma visita panorâmica à freguesia, a partir do miradouro do Marco do Covão, seguindo-lhe a visita à antiga torre da Igreja Matriz; após um momento de lazer no parque de merendas, poderá ainda lançar-se numa caminhada ao longo dos vales ribeirinhos para poder contemplar o encanto da vegetação e dos equipamentos moageiros.
Ourem's lonely hearts club band
...Álvaro Cunhal, conhecido por Duarte, o revolucionário português. Falava sobre Portugal, sobre que poderia falar?
Sua paixão e sua tarefa: libertar o povo português da humilhação salazarista, libertar Portugal dessa já tão larga noite de desgraça, de silêncios medrosos, de vozes comprimidas, de alastrada e permanente fome do povo, de corvos clericais comendo o estômago do país, de tristes inquisidores saídos dos cantos mal iluminados das sacristias e da História para oprimir o povo e vendê-lo à velha cliente inglesa ou ao novo senhor norte-americano. Sua paixão e sua tarefa: fazer de Portugal outra vez um país independente e do povo português um povo novamente livre e farto e dono da sua natural alegria.
Ah! Aqueles cansados olhos fundos sorriam e a voz estrangulada de cólera se abria em doçura de palavras de amor para falar de Portugal e do povo português. Eu compreendia que aquele homem de magreza impressionante, de físico combalido pela dura ilegalidade perseguida, era o seu próprio país, seu próprio povo e que, com seu cansaço, sua fadiga de anos, sua rouca voz de velho sono, suas mãos ossudas, eles estava construindo a vida, o dia de amanhã, o mundo novo a nascer das ruínas fatais do salazarismo.
In Essa vida preciosa, salvemo-la
quarta-feira, junho 15, 2005
Tão magro, de magreza impressionante, chupado a face fina e severa, as mãos nervosas, dessas mãos que falam, mal penteado o cabelo, um homem jovem mas fisicamente sofrido, homem de noites mal dormidas, de pouso incerto, de responsabilidades imensas e de trabalho infatigável, eu o vejo, sentado ao outro lado da mesa, diante de mim, falando com a sua voz um pouco rouca, os olhos ardentes no fundo de um longo e sempre vencido cansaço, e o vejo agora como há cinco anos passados, sua impressionante e inesquecível imagem...
A arte da Carolina Alves
Obrigado, Carolina, por nos fazeres conhecer melhor a tua terra.Dizem os meus avós que os avós deles contavam ter ouvido às pessoas mais antigas que quando foi a guerra das invasões francesas, as tropas montadas coma cavalos passaram aqui pela Valada e tentaram entrar na Capela com os cavalos.
Uns tentaram entrar pela porta da frente que tinha dois degraus e outros pela porta de trás que na altura era uma rampa com terra, mas nunca conseguiram entrar na Capela porque os cavalos ajoelhavam-se sempre recusando-se a entrar.
A Capela tem como Padroeira a Imagem da Nossa Senhora da Penha de França em homenagem a este acontecimento.
escudo lisonjado da purpura e prata, tendo brocante coroa mariana da ouro, campanha ondada de prata e azul, de três liras. Coroa mural da prata da toés torres. Listei branco, com a legenda a negro «SEIÇA-OURÉM».
A minha freguesia preferida depois daquela em que se integra Ourém. Há anos dizia-se:
Tal como vem sendo hábito, pouco ou nada encontrei em termos de utilização da Net. No entanto, é de referir a página do Grupo Desportivo de Seiça que nos traz esta interessante descrição:
A Freguesia de Seiça situa-se na parte oriental do concelho de Ourém (antigo concelho de Vila Nova de Ourém), distrito de Santarém e diocese de Leiria/Fátima. O lugar de Seiça encontra-se a 5 Km a oeste da sede de concelho.
Tem como limites: a norte a freguesia de Caxarias, a sul pela de Alburitel, a este, pela de Sabacheira (concelho Tomar), a oeste a de N.ª S.ª da Piedade (cidade) e a sudoeste, a de N.ª S.ª das Misericórdias (Ourém).
A parte central da freguesia, no sentido este- oeste é uma planície (vale da Ribeira de Seiça), sendo o restante território acidentado, mas de pequeno nível altimétrico.
A Ribeira de Seiça nasce próximo do lugar da Moita, a NE da freguesia de Fátima, passa a S de Ourém (cidade) e nas freguesias de Seiça e Sabacheira e desagua na margem direita do Rio Nabão, junto ao Agroal, com cerca de 25 Km de curso. A freguesia tem uma área aproximada de 25 Km2 .
Quanto a acessibilidades, são dignas de realce, o seu atravessamento, na parte oriental, pelo caminho de ferro: Linha do Norte, sendo servida pelo apeadeiro de Seiça-Ourém e também pela estação de Fátima - Chão de Maçãs. É atravessada pela EN 113-1, ao longo da Ribeira de Seiça e é limitada pelas EN n.º 356, 349 e 113 (Tomar/Leiria).
Também é interessante a descrição existente na página da casa amarela:
Plantada ao longo da lezíria, Seiça comunga de uma natureza e história simbióticas!
Ressalte-se-lhe a magnífica ribeira de Seiça, onde habita a rara lampreia de riacho (Lampreta planeri), a abonatória agricultura de regadio e a vigorosa vegetação ribeirinha. Alguns autores sugerem mesmo que o topónimo derive de salix, palavra latina que se associa à existência de salgueiros.
Os solos férteis manifestaram-se ainda propensos à exploração de ferrarias, conforme o denuncia um dos mais extensos escoriais do concelho.
Seiça é uma das freguesias mais antigas do concelho, com data de fundação em 1517 por decreto de D. João III, obtendo também nessa altura um clérigo tendo em vista o exercício de diferentes actos religiosos.
As referências documentais mais antigas, essas remontam a 1225 onde se fala da Ermida de Santa Maria de Seiça. Por lá terá passado Dom Nuno Álvares Pereira em 1385, apelando à vitória da Batalha de Aljubarrota, regressando ao templo em gesto de agradecimento pelos resultados alcançados. Hoje a Igreja matriz concentra um importante espólio carregado de história e simbolismo, que para além de um púlpito oriundo a antiga Capela de S. Sebastião (Atouguia) e de uma imagem seiscentista em pedra, integra uma imagem de Cristo, em retábulo, provavelmente do século XV.
Estas terras constituíram atractivo para as gentes fidalgas, que ali implantariam imponentes quintas e solares. Ousamos mesmo designar Seiça como a freguesia por excelência das quintas brasonadas; a título de exemplo mencionem-se as quintas de Seiça, da Alcaidaria-Mor, da Mota, da Olaia e a Quinta da Sorieira.
E como das ribeiras «despontam» os moinhos, não deixe de apreciar os equipamentos moageiros que pululam estas margens.
Mas voltemos ao Cercal. Isto está tão mal por outras freguesias que não podemos desprezar pepitas, deixando-as pelo caminho.
Há dias, apresentámos trabalhos dos meninos da escola básica número 1. Era injusto não referir a escola número 2, aquela que se apresenta como Ninho de Águia. Vejam esta bela página de entrada.
E, lá dentro, fruto do trabalho de alunos e professores, a fabuloso lenda do Ninho de Águia:
Reza a lenda que, certo dia, uma mulher dirigiu-se a um ribeiro, para lavar a sua roupa, levando consigo o seu filho, que era um bebé recém-nascido.
Ao chegar ao ribeiro, a mulher coloca o seu filho, que estava a dormir, ao seu lado, e começa a lavar a roupa.
Sem que ela se apercebesse, aproximou-se do bebé uma águia enorme que, com as suas fortes garras agarrou o bebé e levou-o com a intenção dele servir de alimento aos filhotes que estavam no ninho.
Quando a mulher deu conta, já a criança ia no ar pendurado pelas roupas e a águia voava velozmente.
A mãe muito aflita perseguiu a águia gritando e pedindo socorro a Nossa Senhora à qual prometeu construir uma ermida em honra de Nossa Senhora da Conceição se a águia devolvesse a criança com vida.
Após dar várias voltas, a águia foi largar o menino, são e salvo, junto às portas de igreja de Nª Sra de Seiça, e não no local onde estava o ninho.
A pobre mãe cumpriu a sua promessa mandando erguer a ermida em honra de Nossa Senhora da Conceição que actualmente, já se encontra reconstruída.
O nome de Ninho de Águia aparece associado a esta lenda que, com variações, é referida a Colmeias (Leiria), a Ninho de Águia, Memória, Olival e Seiça.
Há quem conte que, a águia depois de ter raptado a criança a levou para o seu ninho situado numa oliveira, no cimo do monte, onde a deixou viva
Tem vindo a ser produzida uma interessante polémica no Castelo a propósito do chamado Estádio Municipal de Fátima.
Se nada temos a dizer relativamente à designação, tão legítima como se fosse Estádio Municipal de Seiça ou de Nª Senhora da Piedade, já temos, todavia, dois elementos que podem levar-nos a reflectir sobre a acção dos nossos autarcas.
O primeiro tem a ver com a utilização do estádio. Ele destina-se ao CLUBE Desportivo de Fátima que pretende disputar um lugar na liga de honra e cujos desportistas são na sua totalidade profissionais que auferem, mensalmente, largos milhares de euros. Não aceito esta alocação de um recurso municipal. Este devia ser atribuído aos munícipes não para fazerem desporto de bancada, mas, para eles próprios, o praticarem. Neste contexto não se vedaria a utilização pelo CDF, mas este clube deveria pagar pela utilização do estádio. Aliás, conhecendo como conheço os fatimenses, não tenho a menor dúvida que o CDF se vai portar como monopolista e ninguém mais poderá utilizar o estádio. Justificar-se-ia assim completamente o princípio utilizador – pagador.
Em segundo lugar, qualquer obra colectiva corresponde a uma aplicação de recursos que, dizem os economistas, são escassos. Isto é, ao se gastar determinado montante no estádio, o mesmo não vai ser gasto noutras finalidades. E existirão elas? Creio que sim. A assistência à saúde no concelho de Ourém é extremamente deficitária, deveria ser melhorada. Por outro lado, gastando-se aqui os recursos, continuaremos a depender de beneméritos tipo Intermarché para solucionarem problemas como os da tendência para acidentes na Corredoura. E a biblioteca? Sempre a biblioteca... nem tem uma página na NET.
Claro que é sempre discutível a utilização que se faz dos recursos, encontram-se sempre alternativas, mas onde vejo a miscelânea financiamento público + interesses privados tendo a travar.
terça-feira, junho 14, 2005
Desenho (original) de Álvaro Cunhal
Estou sem palavras. Por isso, chamo a vossa atenção para este maravilhoso post do blog Som da Tinta:
Todos os dias são dias de luto. Porque todos os dias morrem homens.
Todos os dia são dias de festa. Porque todos os dias nascem crianças.
Todos os dias são dias de luta.
Todos os dias são dias de esperança.
Nestes dias em que morreram Vasco Gonçalves, Álvaro Cunhal, Eugénio de Andrade estamos todos de luto. Mas pensemos nas crianças que nestes dias nasceram. Por elas, continuemos a luta. Sempre com a ajuda de quem nos deixou exemplo, coerência, coragem, palavras que tudo dizem.
S.R.
O COMUM DA TERRA
a Vasco Gonçalves
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
Poema de Eugénio Andrade (14.05.1976) dedicado a Vasco Gonçalves
-Boa noite, passarinho,
Onde é que tu vais dormir ?
- Vou dormir num ramo verde
Com o luar a luzir.
-Boa-noite, passarinho,
Onde é que tu vais sonhar ?
- Vou sonhar no bosque verde
Tão verde á luz do luar.
-Boa noite, passarinho,
Estás cansado de voar ?
- Escondo a cabeça na asa
E já posso descansar.
- Boa noite, passarinho
Não dormes dentro de casa ?
- Se eu poiso num ramo verde
E o lenço é a minha asa ?
Esta pérola foi roubada do conjunto de trabalhos disponibilizados na página da escola básica da Gondemaria.
Esta inflexão na direcção da Gondemaria foi provocada por um comentário do Marco onde se lê:
Vista ao longe, esta acção do autarca não me parece tão grave. Efectivamente essa árvore pode não ser grande coisa. Mas o que ficará para os meninos é importante. Eles ficarão com a ideia de plantar árvores em vez de as destruir.Lá estou eu com esta mania das ávores, fui ao Notícias de Ourem e vi que o sr presidente da junta da Gondemaria andou a plantar gravílias com as crianças. Que diabo a dita é da família Proteaceae que já tem duas pragas infestantes em Portugal. Lá está o fazer as coisas em cima do joelho! O que conta na acção é o protagonismo da dita e não o conteúdo informativo e formativa.
É a ecoestupidificação!...
Escudo de prata, coroa mariana de ouro, debruada de púrpura e dois cachos de uvas de púrpura, folhados de verde, tudo em roquete. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro em maiúsculas : “ GONDEMARIA “.
Freguesia onde se integra a Amieira, terra do Joca que tarda em reaparecer no nosso blog. Eis o que sobre ela diz o sítio da casa amarela:
Elevada a freguesia em 1928 e a paróquia em 1940, Gondemaria exprime no entanto antiguidade no seu povoamento, confirmada por estações arqueológicas datadas nomeadamente do período romano. Da toponímia supõe-se que o topónimo Gondemaria seja de origem visigótica - “Gunth-mar-ia”.
No campo religioso a primeira capela foi erigida em 1603, ao que passaria a desempenhar o papel de igreja paroquial até à inauguração da recente igreja matriz, em devoção a N.ª Sr.ª da Graça.
Freguesia dedicada aos trabalhos agrícolas, não se lhe pode negar o entusiasmo ancestral com o cultivo da vinha nas favoráveis encostas de que goza e a sequente produção do afamado vinho mediante preceitos tradicionais. É pois paragem indiscutível numa rota da vinha e do vinho.
Há muita verdade nestas palavras da página referida. Gondemaria é terra de boa pinga. Lembro-me perfeitamente de ir com o meu irmão ali comprar boa matéria para produzir o precioso néctar a locais onde me era sempre dada a provar uma amostra do que iria resultar. Grandes tempos...
No dia 18 de Junho de 2005, às 17 horas em Ourém na Som da Tinta, vai decorrer a apresentação do livro de Miguel Serra, Aprender a Ser Doente, por Odete Pereira.
Miguel Serra é licenciado em enfermagem e mestre em ciências da educação; enfermeiro hospitalar, docente do Departamento de Reabilitação da Escola Superior de Enfermagem de Calouste Gulbenkian de Lisboa.
Este livro é o resultado de investigação produzida no âmbito do mestrado do Autor, e pretende ser um contributo para a compreensão dos processos de aprendizagem que se operam nas pessoas para se integrarem no papel de doentes.
Que estratégias mobilizam os indivíduos internados para “sobreviver” num meio que lhes é desconhecido e cujo controlo é ditado por normas igualmente desconhecidas e que não podem alterar? Eis uma das questões a que Miguel Serra procura dar visibilidade.
A Som da Tinta promove, em torno deste livro e do seu Autor, um debate das questões que são preocupação de muitos profissionais de saúde, e não só.
Numa época em que instituições, normas e profissões responsáveis pela saúde estão em constantes, acelerados e nem sempre esclarecidos processos de mudança, é particularmente importante esta contribuição para um debate que tem sido bastante negligenciado.
Como vivem (ou “sobrevivem”) as pessoas quando são transformadas em doentes?
Num fim de semana marcado por notícias de desaparecimento de pessoas notáveis, de acontecimentos estranhos em praias, surgiu-nos ainda um comentário da Teresa sobre a casa virada a sol poente: já é público o facto de estar à venda.
Há tempos, a mesma tinha-nos contado o seu receio de que a mesma venha a sucumbir perante a fúria destruidora que domina em Ourém.
Já estou por tudo. Se aqueles que admiramos pelos seus ideais, pela sua prática coerente, desaparecem, porquê este desejo mesquinho de tentar reter aquilo que significou algo para nós na infância?
Como dizia um oureense há uns tempos, a propósito da minha fixação no passado, devemos é olhar em frente, para o futuro e, junto eu, tentar não ver a destruição da mancha verde que envolvia e se manifestava na nossa terra, e a destruição da memória relativamente recente porque História foi aquilo que ocorreu há 500 e 1000 anos...