Em 1757, os franceses, juntamente com os seus aliados índios, os iroqueses, procuraram tomar o Forte William Henry.
Cora e Alice empreenderam uma viagem para ir ter com o pai, o comandante da guarnição. A acompanhá-las estava o major Heyward Duncan, noivo de Alice, e Daviv Gamut, o professor de música. O grupo era escoltado pelo índio Magua chamado Volpe Astuta, um espião ao serviço dos franceses, que pretendia entregar os viajantes à sua tribo.
O plano foi malogrado por Nathaniel, Olho de Falcão, um caçador yankee, e pelo seu amigo Chingachgook, único sobrevivente, juntamente com o filho Unkas, da estirpe dos nobres guerreiros Moicanos.
As raparigas foram capturadas pelos índios Huron e pelo pérfido Magua que pretendia levar Cora como troféu de guerra. Uncas, agora apaixonado por Cora, acorreu a salvá-la, mas foi morto por Volpe Astuta ao pé da sua amada. Olho de Falcão vingou-o e com a sua pontaria infalível atingiu o índio perverso.
Alguns anos depois, na década de sessenta do século passado, alguns jovens procuravam informação na biblioteca de Vila Nova de Ourém, apoiados pela anfitriã Luísa Pereira, sobre a colonização do continente americano, mas alguns deles aproveitavam para outro tipo de leituras. E as bocas eram muitas...
- É pá - dizia o Manel como sempre entusiasmado com a sua ficção – este livro diz que os espanhóis destruíram as civilizações da América Central e parte da América do Sul, que reduziram os seus povos à condição de escravos e até pilharam as suas riquezas...
Os outros já não o podiam ouvir. A Mena murmurava baixinho: "respeitinho, respeitinho". O LizManel procurava concentrar-se nas suas estórias de pajens, alheando-se daqueles comentários e dos objetivos do trabalho.
E ele prosseguia:
- Não me admiro que, daqui a uns anos, ainda apoiem as invasões dos americanos...
Até que, imperial como sempre, o futuro alferes Sampaio, cioso dos livros que contemplava e que tinha de escolher para leitura e sempre um passo mais à frente, interrompeu:
- Por que non te callas?
Fonte: Boletim Informativo da Fundação Caloustre Gulbenkian de 1960