O jogo contra o Tomar, «os da ponta do rabo branco», mais uma vez foi épico. O Atlético alinhou com o Mário que alternou na baliza com o Fonseca, o Abel, o Rui Costa, o Piriquito e o Rui Prego. A famosa «Equipa Maravilha» que se dava ao luxo de ter um Pintassilgo a suplente. Ao princípio estavam nervosos e os outros muito rápidos, tanto que, em determinada altura, o Carreira atirou o Abel contra a cercadura do campo que se partiu e caíram os dois cá para fora.
A multidão puxava pela sua equipa.
- A-tlé-ti-cu! A-tlé-ti-cu!! A-tlé-ti-cu!!!
Sentados na bancada lateral, o João e a Deolinda, de mão dada, quase não davam pelo jogo, tão concentrados estavam um no outro. O Estorietas estava mais para a esquerda, perto dos balneários com outro grupo de amigos.
Certa altura, a Deolinda apontou o atelier do Bernardino.
- Estás a ver, João?
- A ver o quê?
- Do outro lado. O busto…
Efectivamente do outro lado do campo, na varanda do atelier, o busto do Bernardino, uma representação perfeita do autor, quase parecia assistir ao jogo.
- João, aquele homem é que é o verdadeiro artista. Quero aquele busto para mim, para a minha cabana…
- O quê? Estás louca?
- Nem por sombras. Nunca estive tão lúcida. E já sei quem vai ser responsabilizado pelo desaparecimento do busto. João, tu vais ajudar-me.
Estava tão chegadinha a ele, tão entrelaçada, tão doce que ele não pôde recusar.
- Está bem. O que queres que faça?
Foram interrompidos por formidável manifestação de júbilo. O Abel, o grande defesa do Atlético, acabava de marcar um golo que virava o resultado. Pela primeira vez na partida, o Atlético estava a ganhar.
O João levantou-se a gritar a apoiar a equipa. Nessa altura jurou que, toda a vida, apoiaria qualquer equipa cuja designação fosse Atlético. Mas a rapariga não o deixou embriagar-se na comemoração. Puxou-o para ela e segredou-lhe:
- Quando isto acabar, deixamos sair todos, tu saltas lá acima, tiras o busto e levamo-lo no carro para a cabana. E eu deixo algo a incriminar o Estorietas…
- JJjjjejjejjjjejjjj. O busto pesa muito.
- Não sejas maricas. Eu ajudo a transportá-lo.
Pouco depois, o jogo acabava com uma gloriosa vitória do Atlético. A multidão saiu satisfeita. Encolhidos, a um canto do campo, o João e a Deolinda esperaram que o campo ficasse vazio, que saíssem os jogadores e dirigentes, que alguém fechasse a luz. Depois ele saltou ao atelier do Bernardino, retirou o busto que pesava a valer, pois era de madeira maciça, saltou com a rapariga o muro que os separava do exterior e enfiou-se com ela dentro de um carro que, pouco depois, os conduziu para fora de Ourém. No local do busto, ficava uma coisa estranha, parecia um pedacito de madeira com papel, mas neste podia ler-se claramente um nome: «Estorietas».
A multidão puxava pela sua equipa.
- A-tlé-ti-cu! A-tlé-ti-cu!! A-tlé-ti-cu!!!
Sentados na bancada lateral, o João e a Deolinda, de mão dada, quase não davam pelo jogo, tão concentrados estavam um no outro. O Estorietas estava mais para a esquerda, perto dos balneários com outro grupo de amigos.
Certa altura, a Deolinda apontou o atelier do Bernardino.
- Estás a ver, João?
- A ver o quê?
- Do outro lado. O busto…
Efectivamente do outro lado do campo, na varanda do atelier, o busto do Bernardino, uma representação perfeita do autor, quase parecia assistir ao jogo.
- João, aquele homem é que é o verdadeiro artista. Quero aquele busto para mim, para a minha cabana…
- O quê? Estás louca?
- Nem por sombras. Nunca estive tão lúcida. E já sei quem vai ser responsabilizado pelo desaparecimento do busto. João, tu vais ajudar-me.
Estava tão chegadinha a ele, tão entrelaçada, tão doce que ele não pôde recusar.
- Está bem. O que queres que faça?
Foram interrompidos por formidável manifestação de júbilo. O Abel, o grande defesa do Atlético, acabava de marcar um golo que virava o resultado. Pela primeira vez na partida, o Atlético estava a ganhar.
O João levantou-se a gritar a apoiar a equipa. Nessa altura jurou que, toda a vida, apoiaria qualquer equipa cuja designação fosse Atlético. Mas a rapariga não o deixou embriagar-se na comemoração. Puxou-o para ela e segredou-lhe:
- Quando isto acabar, deixamos sair todos, tu saltas lá acima, tiras o busto e levamo-lo no carro para a cabana. E eu deixo algo a incriminar o Estorietas…
- JJjjjejjejjjjejjjj. O busto pesa muito.
- Não sejas maricas. Eu ajudo a transportá-lo.
Pouco depois, o jogo acabava com uma gloriosa vitória do Atlético. A multidão saiu satisfeita. Encolhidos, a um canto do campo, o João e a Deolinda esperaram que o campo ficasse vazio, que saíssem os jogadores e dirigentes, que alguém fechasse a luz. Depois ele saltou ao atelier do Bernardino, retirou o busto que pesava a valer, pois era de madeira maciça, saltou com a rapariga o muro que os separava do exterior e enfiou-se com ela dentro de um carro que, pouco depois, os conduziu para fora de Ourém. No local do busto, ficava uma coisa estranha, parecia um pedacito de madeira com papel, mas neste podia ler-se claramente um nome: «Estorietas».