segunda-feira, março 02, 2020

O toque da sirene

Já passava das 11 horas quando a porta do salão se abriu e o Julito convidou os outros miúdos a seguirem-no ao piso inferior.
Depois de um lanço de escadas pararam junto de um botão vermelho.
- O que estão a ver é o comando da nossa sirene. Sempre que necessitamos de bombeiros para algum problema é com ela que os avisamos.
- E os toques têm algum significado? – perguntou o Estorietas.
- Neste momento, está mais ou menos convencionado para todo o país o seguinte:
1 Toque: Necessidade de Bombeiros para Intervenção em Acidente de Viação
2 Toques: Necessidade de Bombeiros para Intervenção em Acidente de Viação com Encarcerados
3 Toques: Necessidade de Bombeiros para Intervenção em Incêndio Florestal ou Inculto (rural)
4 Toques: Necessidade de Bombeiros para Intervenção em Incêndio Urbano
- Não podemos ouvir um toque? – perguntou o Amândio
- Não convém. Isso iria chamar escusadamente outros bombeiros ao quartel. Agora vamos ver o nosso pátio onde por vezes se desenrolam alguns dos nossos exercícios.
E avançaram todos, atrás do Julito, para o pátio do quartel.
Sem ninguém dar por isso, o Amândio deixou-se ficar para trás e, quando ninguém o via, pressionou o botão da sirene.
- Uma… duas… três… quatro – murmurou. – Toque para incêndio urbano. Vamos ver o que acontece.
E escapuliu-se.
No pátio, os miúdos ouviram a sirene e ficaram excitados.
- Olha a sirene a tocar. Vamos ver...
- Tenham cuidado – disse o Julito. – Não se metam à frente dos carros.
Pouco depois, começaram a ver chegar esbaforidos algumas pessoas que começavam logo a fardar-se e a saltar para dentro dos carros.
- Então, onde é o fogo? – perguntou o Joia.
Nesse momento, apareceram o comandante, o Dr. Albano e o Dr. Armando.
- Quem é que tocou a sirene de incêndio?
Foi um silêncio abissal. O Amândio já se tinha juntado ao resto do grupo sem ninguém ter dado pela sua ausência e permaneceu calado como se não fosse nada com ele.
Os voluntários que tinham comparecido perceberam logo.
- Deve ter havido um engraçadinho. – disse o Joia – Mas deviam calcular que estávamos no trabalho.
O malandro do Amândio, esse, ria-se à socapa e deu um toque ao Estorietas.
- Pensavam que passavam a manhã a torturarem-nos e a gozar connosco. Foi bem feita…
Do outro lado, o Dr. Armando prometia-as:
- Se sei que foi algum de vocês, vai ficar com o traseiro bem quente…
Mas o comandante acalmou-o:
- Tenha calma, doutor, não há problema. Foi qualquer distração que não se repetirá. E ainda bem que não houve nada, pois assim os miúdos podem ver e experimentar os nossos carros.

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