quinta-feira, março 05, 2020

O poder é quem vence

No regresso para Ourém, o Avião lembrou-se de um pormenor:
- Esperem, há pouco passei pelo João que parecia ir a pé para Ourém. E ele mentiu-me dizendo que os miúdos foram na direção do Vilar. Será que tinha alguma coisa a ver com o desaparecimento do jeep e me quis despistar?
- Mas, se isso é verdade, e ele ia a pé, só podia vir da estrada do Carregal.
- O melhor é irmos por lá antes de regressar ao quartel.
Não tardou estavam junto ao jeep abandonado.
- Foi isso mesmo. Ele não quis assumir. É maluco de todo…
Pararam junto do carro abandonado e tentaram ligá-lo, mas o motor não dava sinal.
- Avariou ou não tem gasolina.
Entretanto, o João, num rebate de consciência, tinha avisado o quartel do local onde estava o jeep e um reboque chegou ali naquele preciso momento.
O Avião ia-se atirando ao filho do comandante, mas este tinha uns anitos a mais e obrigou-o a ter juízo.
- Por que é me mentiste quando passei por ti? Ia sendo agredido por um velhote estúpido à entrada do Vilar.
- Não leves a mal. Fiz confusão com as duas estradas. Quanto ao resto, já informei o comandante do que tinha a informar. Não armes em investigador.
As coisas estiveram um pouco tensas. Os próprios bombeiros não gostarem do que estavam a assistir, mas… quem tem o poder é quem o pode exercer e todos se vergaram ao peso da estratificação social.
- E os miúdos?
- Já devem estar em Peras Ruivas. A rapariga estava com pressa de chegar a casa para almoçar e regressar a Ourém na camioneta.
- Então, podemos voltar ao quartel.
E todos regressaram a Ourém nos carros dos bombeiros acompanhando o reboque que levava consigo o jeep abandonado…

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