sexta-feira, dezembro 31, 2004

AS MINHAS MEMÓRIAS - 4
Por Zé Rito

Os "Estúdios Trine" existiam em dois locais.

O primeiro prendia-se com a gravação de canções no chamado "Bairro dos Pobres". Eram retiradas de dois programas de rádio, a saber: "Quando o telefone toca" e, sobretudo, "Liga de Amigos da Rádio Renascença". Eu e o Zé Alberto fizémo-nos sócios e solicitávamos, como tal, as canções que entendíamos. O resto ficava dependente das outras solicitações. A pouco e pouco fomos enchendo as bobinas totalizando largas horas de música.

O segundo local tinha a ver com a audição. Era feita na redacção do "Notícias de Ourém", na Rua Teófilo Braga, junto ao velho Hospital Santo Agostinho. Era lá, com a conivência de meu Pai e do Sr. Pina, que o pessoal se reunia para, ouvindo música dos Estúdios, conversar e jogar, sobretudo, o loto. As bolas saiam e os números eram conhecidos por nomes de código,desde "patos marrecos" (22) ao "morreu enforcado" (70).

Lembra-me, de um dia, quando saíamos do Café Central para gravar, cruzámo-nos com o Zé Domingos que nos "intimou" a trazer para a sala de audição duas canções que, até à altura, nunca tínhamos ouvido falar. Tratava-se de "Unchain melody" e "Reach out i'll be there". "Estamos feitos", comentámos. "Lá vai a nossa reputação", acrescentámos. Mas o programa da Renascença salvou-nos "in extremis". Quando saimos de gravar íamos com as duas canções solicitadas prontas a serem difundidas logo que o Zé Domingos entrasse nas instalações do jornal.

Era aqui que falávamos das nossas preocupações e anseios ouvindo música durante as tardes de Sábado e Domingo. Era todos os dias à noite, depois de jogarmos às Damas no Café Avenida ou ao bilhar no Café Central que ficávamos junto à casa do "Manel do Raul", formando "O Poço", continuando essa mesma conversa.

Era com o aparelho debaixo do braço que íamos para bailaricos, sobretudo com destino ao Alqueidão.

Era com o aparelho que se ouvia e se retirava a letra de canções que interessavam para o reportório de um conjunto musical que houve na altura e que eu acompanhava. Introduzia, nos locais onde actuava, os seus intérpretes e posteriormente o nome das canções que iam tocando, preenchendo a sua actuação. Tratava-se do conjunto "Os Escaravelhos". E eu ia chamando-os e eles iam pegando no seu instrumento e começavam a tocar. Na bateria o Magalhães, no acordeão o Genito, na guitarra ou acordeão o Armando "cardâo" e como vocalista era um dos cunhados, o Carlos Alberto. Tinha o nome artístico de Alberto Carlos, para parecer com o Roberto Carlos. Começavam sempre com "E que tudo o mais vá para o Inferno".

Foi para o aparelho que durante uma tarde inteira estive no "Notícias de Ourém" a gravar com o Néné todo o seu reportório, através de um microfone adquirido em Lisboa. Para além da famosa "Volta ao Concelho" tinha muita canção que eu chamaria de operariado. Lembro-me que por cada canção gravada íamos à tasca do "Manel do Raul" para bebermos um copo.

Durante três anos, mais mês menos mês, durou os "Estúdios". Foi em meados de 1969 que mudei de profissão e fui até Coimbra para empregado do então Banco Lisboa & Açores. Agora já não é nem de Lisboa nem dos Açores..

Antes de, para a semana, terminar "As minhas memórias", queria desejar a todos que frequentam estas paragens um feliz ano de 2005 e façam o favor de serem felizes.

Rio Torto, 2004-12-26
José Manuel Rito

Vem aí Ano Novo
Mas não conseguimos disfarçar uma sensação de desencanto.
Apesar disso, vamos ter algumas oportunidades para moldar os nossos destinos. A nível nacional e a nível local. Seria bom que as aproveitássemos.
A nossa terra vai contribuir com pelo menos três gigantes para o debate que se vai travar: o Mário, o Paulo e o Sérgio. Esperemos que estejam ao seu melhor nível. Pessoalmente, prefiro o Sérgio, mas não deixo de desejar ao Paulo um bom resultado. Creio que uma síntese das suas propostas e das de mais alguns seria o ideal para o país. Mas os portugueses escolherão.
Desejo a todos os oureenses e a todos os amigos do Ourem um excelente 2005.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

A gruta

A minha gruta foi inspirada naquela que vi num dos encontros do Poço e concebida e executada pelo Bernardino, esse grande artífice da nossa terra capaz de perceber em troncos de madeira as formas de animais.
Desesperava com o ruído de carros, motorizadas e camionetas mesmo em frente à janela do quarto.
Deambulando pela casa, um dia a ideia ocorreu. Havia um pequeno espaço de 10 metros quadrados, parte de qual subterrâneo e rodeado de pedras de dimensões de 50*30*30. Rebocar e pintar foi num instante, abrir uma comunicação para a parte restante da casa também não foi difícil.
Agora, o descansar faz-se em silêncio seja qual for o movimento da rua. E, no Verão, tudo é mais fresco que lá fora, sendo o Inverno um pouco mais suave que noutras zonas da casa. Por isso, o despertar se está tornar cada vez mais difícil.



terça-feira, dezembro 28, 2004

Tiritar
No Inverno, as noites e o início das manhãs são bem frios em Ourém.
Desfruto a casa onde viveu a que foi a minha segunda mãe. Recordo a som da motorizada do tio, que tinha dois pequenos alforges sobre a roda traseira, que já se ouvia lá longe na estrada que nos liga à vila.
Lembro aquela lata cheia de água quente que ela me preparava para a cama quando por aqui ficava. E uma braseira metálica feita de brasas preparadas no exterior e que me enchia as pernas de murnas devido à proximidade extrema.
Eles já não estão, a casa parece vazia.
Mas está cheia de recordações. Parece-me que os vejo por todo o lado.
Por isso, vale a pena estar por aqui.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Errar por Ourém
Esta manhã, a nossa terra estava resplandecente de Sol.
Fui ao Central, desloquei-me ao ponto de encontro do Poço, utilizei alguns serviços.
Ourém é magnífica.
Mas aqueles três caixotes do lixo, frente à biblioteca, frente à igreja, frente ao Central e frente à farmácia, em pleno centro histórico, tiram a boa disposição ao ser mais tolerante.

sábado, dezembro 25, 2004

Ourém hoje está calma, fria, parece um pouco triste.
Mas em cada família tudo é diferente.
Aqui ficam os desejos de paz e do melhor para todos os amigos que nos visitam.

quarta-feira, dezembro 22, 2004


Tenham calma. Estou quase a chegar... Posted by Hello
A Crónica da Destruição de Ourém é notícia no Público

No início de Novembro, enviámos para a Tribuna do Leitor da secção local de Lisboa do Público um pequeno texto acerca da casa do largo de Castela, solicitando a sua publicação.

Durante o último Poço, em conversa com alguém conhecedor destes meandros, fomos alertados para o facto de ser muito difícil a sua publicação dado o facto de o circuito implicar um certo conhecimento entre as partes intervenientes. Julgámos assim que seria mais um protesto condenado ao silêncio.

Afinal, o Público enviou-nos a sua prenda de Natal. Sem qualquer cunha, com total respeito pelos timings do jornal, sem qualquer interferência, o nosso texto, com a fotografia, claro está, da casa, viu, hoje, a luz do dia. Está na página 46 e reza assim:

Nesta casa não viveu ninguém importante. No entanto, o seu aspecto é memória colectiva de uma Ourém não muito distante, que em qualquer outro local do nosso país mereceria ser restaurada. O que acontece é que a Câmara de Ourém se prepara para a destruir, pelo simples facto de ter projectado uma rua para cima dela.
Julgo que, pela sua traça, é um fim muito injusto e que desagrada profundamente a alguns oureenses. Não haverá quem possa travar esta câmara, verdadeiro carrasco das memórias da nossa terra?
...
Poderá o Público dar voz a este protesto?

Há pelo menos uma coisa que resulta daqui: a certeza de que um texto de protesto pode ser publicado num jornal de grande expansão. E isso é muito importante num momento em que a própria imprensa da terra não nos liga nenhuma. Obrigado, Público!


O cheque-ensino

Pertenço a uma geração que fez uma revolução pela liberdade e por melhores condições de vida para os portugueses.

Passados trinta anos, reconheço que toda a prestação a nível de serviço público é uma vergonha. O ensino não presta, a nossa juventude chega à universidade sem saber matemática, sem saber português, sem ter conhecido o sabor do chumbo. Os centros de saúde não funcionam, com utentes mal tratados pelos administrativos que os recebem, por médicos que faltam ou que não existem. O atendimento em Câmaras e repartições públicas também deixa muito a desejar, o funcionário aparece com o rei na barriga geralmente a tentar espezinhar o utente que precisa dos seus serviços. Os serviços de segurança como a PSP e a GNR limitam-se a tomar conta de ocorrências e a caçar multas, não inibindo a criminalidade, não protegendo os portugueses.


Por outras palavras, apesar da monumentalidade de recursos gastos nesses serviços, eles para quase nada servem. São recursos gastos que vão directamente para o lixo. O contribuinte tem toda a razão para se queixar. Por isso, é preciso arranjar soluções para mudar as coisas e eu acho que temos de ter uma grande abertura para admitir tudo, mesmo aquilo que, de acordo com princípios que cultivamos de longa data, noutras condições rejeitaríamos.


Em muitos pontos dos comentários, o Pedro (Pfig) fala em algo que me lembra o cheque-ensino. Admitamos que existe um departamento central encarregue da definição de programas, das normas de prestação do ensino, do rácio professor-aluno por turma (eu entendo que devíamos limitar as turmas a 20/25 alunos), das provas de avaliação a executar em momento chave e da auditoria à prestação do serviço. Julgo que é defensável que o programa seja centralmente definido já que vivemos todos no mesmo país e pretendemos garantir uma matriz de transmissão de conhecimento comum. Tal justifica também provas definidas centralmente e auditoria.

Admitamos que se consegue apurar que o ensino produzido nas condições mínimas referidas tem um determinado custo, por exemplo, 250 euros mensais por aluno. Esse seria o montante do cheque a enviar a cada português inscrito numa escola. Pública ou privada. Com ou sem outros rendimentos.

O ensino poderia ser garantido por escolas públicas ou privadas, sendo que, em primeira instância, as câmaras ou o Estado deveriam garantir o ensino a todos desde que não houvesse iniciativa privada que o pudesse fornecer. O ensino garantido pela escola pública teria uma propina no valor do cheque-ensino. O outro teria um custo para o estudante definido pelas condições de mercado e de excelência de prestação. A prestação pública acabaria no cheque-ensino.

A afectação de professores às escolas seria feita nos mesmos moldes em que o é a prestação de trabalho noutros locais, devendo haver normativos para evitar acumulações, mas que garantissem a efectividade de funções ao fim de algum período de experiência.

Será que isto funciona? Quais são os males de que esta ideia padece? Acham que se perdia muito se se tentasse?

terça-feira, dezembro 21, 2004


Eça já o dizia Posted by Hello
Aprendiz de feiticeiro
Decididamente, o nosso ministro do bago anda com azar.
Agora são os terríveis desestabilizadores do Eurostat que não aceitam as suas manigâncias para fingir que controlava o défice.
Era aqui que os cavaquistas tinham vantagem: sabiam fazer a coisa.
Um idiota incorrigível - 2
O Fred respondeu ao nosso artigo com um belíssimo post a que chamou Modelos de Desenvolvimento - II.
Aqui registo que começo a estar de acordo com ele quando falamos em melhor educação, mas mantenho a minha opinião de que um pólo universitário em Ourém não é uma ideia errada ou como ele disse uma ideia idiota. Finalmente, defendo que o mercado de trabalho não é só o oferecido pele nossa região, por Portugal, mas, claro, pela União Europeia. A não se entenderem as coisas nestes moldes para que a andamos a construir e a entregar-lhe fatias de soberania?
Está tudo aqui.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Poema para os amigos do Ourem
Por Maria Branco

Amigos!

Ninguém vive só...
Mesmo as estrelas do céu cantam juntas,
As águas do oceano se espraiam ao mesmo tempo,
E as lágrimas vêm sempre juntas aos sorrisos...

Ninguém vive só...
Enquanto os grãos de areia do deserto
Dançam em uíssono, no bailado da brisa,
As ervas verdejantes dormem juntas,
e os pássaros aderem à revoada...

Ninguém vive só...
Mesmo as pedras procuram os caminhos
porque os caminhos tem sempre homens...
E as flores procuram o jardim,
porque os jardins tem sempre esperanças...
Mesmo o perfume procura flores,
porque as flores encerram ilusões...

Ninguém vive só..
E nesta grande harmonia de conjunto,
Neste quase inimitável poema de sociabilidade,
Procuremos situar-nos como homens,
abandonando a idéia do "eu" do individualismo, do egoismo e aderindo à rima do "nós".


" Aos meus amigos de ontem, que a nossa amizade não terminou, pode estar adormecida, mas um dia vai acordar ainda mais bela, aos meus amigos de hoje, que poso estar longe mas estou sempre presente, aos amigos de amanhã ...bem, a esses direi que, que na maior parte do tempo, estou sorrindo..."


domingo, dezembro 19, 2004

O voto de Barreto
A crónica de António Barreto, hoje publicada no Público, é, mais uma vez, muito interessante. A passagem que se segue tem todo o meu apoio com excepção da passagem relativa à loucura do período revolucionário, onde Barreto não se portou lá muito bem:

Em quem vou votar, se é que vou votar, é, por enquanto, só comigo. Uma coisa é certa: voto contra este governo e esta maioria. O que estes, nos últimos dois anos, destruíram e desperdiçaram é incalculável. Vai ser difícil, no futuro, fazer pior. Da economia ao bom nome, do método de governo à estabilidade, da segurança nas instituições ao crédito externo, da credibilidade à esperança, esta gente errática, mal preparada, amadora e narcisista deixa o país em estado tal que nem artes divinas ou diabólicas manhas conseguirão, em pouco tempo e com relativa facilidade, reparar. Raramente vivemos momentos tão confrangedores como estes. Nem durante o estertor do marcelismo, nem com as loucuras da fase final da revolução, nem com os últimos meses do guterrismo. A desordem mental e a demagogia atingiram picos até hoje considerados inacessíveis.

AS MINHAS MEMÓRIAS - 3
Por Zé Rito


Entre a saída do Colégio e a entrada no mundo do trabalho mediou o espaço necessário para, como todos os mancebos, cumprir o serviço militar. Na altura era complicado. A necessidade, imposta pelo regime, de ir "defender a Pátria no Ultramar" e algures na Àfrica ser "carne para canhão" assustava qualquer um.

Foi com algum aperto na garganta que os meus Pais assistiram à minha ida, juntamente com o Luís Cúrdia, o Augusto Chapeleiro, vulgo Mina Guta, o Tó Lis, o Portugal, entre outros, até às instalações da Banda, para fazer a inspecção. Saí com a esperança de me safar, já que teria de ir ao Hospital de Tomar, onde, perante o Dr. Tamagnini, era reinspeccionado.

Fomos todos passar o dia na Nazaré tendo voltado com um chapéu de marinheiro para um baile, por nós organizado, que teve lugar no ringue do Atlético.

Guiné, Angola ou Moçambique foi o destino da maioria. Sei que três ficaram isentos de cumprir o serviço militar. Julgo que, para além de "moi même", safou-se o Portugal e o Mina Guta.

Enfim livre deste embróglio passei ao mundo do trabalho, como funcionário público, na Secretaria da Câmara.. Estávamos no fim do ano de 1965.

Foi na altura que foi criado para os velocípedes a obrigatoriedade da chapa amarela (1-VNO-00-01, etc.). E o chefe da Secretaria, de seu nome Hermenegildo Carrilho Escobar, incumbiu-me dessa tarefa.

Lembra-me, como colegas, do Sr. Honório, do Gonçalves, do Zé Félix, do Abel Vieira, da Maria Helena, da Lita, da Maria do Carmo, da Julieta Marçal, para além do meu Pai.

Ao fim do dia lá ia eu com o grande "Livro 8" à Tesouraria, onde com o chefe Baço fazíamos a conferência dos movimentos e das receitas.

Foi então que comecei a juntar o meu "pé de meia".
Em dado momento aventurei-me à aquisição de um gravador. Foi o início dos "Estúdios Trine".
Gravava em bobinas com duas faixas de cada lado em três velocidades. O altifalante estava incorporado na tampa.

Comecei a gravar música em casa mas as condições de recepção não eram as melhores. Foi então que surgiu a oportunidade de gravar a partir do rádio do Zé Alberto. Era um rádio recente que permitia com um cabo a ligação directa entre os aparelhos. O Zé Alberto vivia no Bairro Dr. Trigo de Negreiros. Daí o nome dos "Estúdios" ter o nome das primeiras sílabas do Bairro.

Rio Torto, Gouveia 2004-12-18
José Manuel Rito

Excesso de assuntos
Meus amigos, há dias assim.
Hoje há imensos temas e receio não ter hipótese de tratar tudo isto.
O primeiro, o mais importante, é que surgiu a notícia de que o Sérgio vai deixar o Parlamento Europeu. Eu já tinha ouvido qualquer coisa sobre isso. Por um lado, tenho pena, por outro, penso que pode ser bom para Ourém. Mas o povo que lê este blog está surpreso e quer uma razão. Sérgio, vais dizer qualquer coisa, não vais?
Outro assunto importante é que temos para publicar mais uma crónica do Zé Rito. Daqui a pouco, tratarei de postar um texto em que ele vai esclarecer como nasceu a designação "Estúdios Trine". E agora já percebo porque é Trine e não Trini.
Admirável é também a notícia, proveniente do BE, de que vai apoiar o Governo PS. Pessoalmente, não gosto destes cheques em branco, sinto que podem ser considerados oportunistas, mas vamos estar atentos.
Há ainda, no Público, uma crónica muito interessante de António Barreto de que pretendemos reproduzir uma parte.
Ao longo do dia ou, talvez, amanhã, vamos desenvolvendo tudo isto.

sábado, dezembro 18, 2004

Uma perspectiva multidimensional do desenvolvimento
Afinal parece que não estamos assim tão mal.
A Economist, através da sua Intelligence Unit, inquiriu cidadãos de 74 países sobre os factores determinantes do bem-estar e concluiu que o lugar geométrico da felicidade se encontra no cruzamento de factores tão diversos como o rendimento (o mais importante, como seria de esperar), a saúde, a liberdade, o desemprego, a vida familiar, o clima, a situação política, a segurança ou a igualdade de sexos.
Utilizando estes critérios, concluiu que o melhor classificado entre 111 países era a Irlanda com um PIB per capita elevado, alta taxa de emprego, estabilidade política e valores tradicionais. Portugal ocuparia o 19º lugar logo atrás do Japão. Surpreendentemente, levamos a melhor sobre a França (25º do ranking), a Alemanha (26º), o Reino Unido (29º), a Áustria (20º), a Bélgica (24º), a Coreia do Sul (30º) e todos os dragões e tigres da Ásia e da Europa de Leste, à excepção de Singapura (11º). A Grécia, nossa eterna rival na luta pela cauda, ficar-se-ia por um honroso 22º lugar.
Se Santana sabe disto com certeza que diz que é resultado da sua excelente e bem coordenada política e ainda vai conseguir descobrir uma série de critérios que podem colocar o país em primeiro lugar antes de 20 de Fevereiro.

sexta-feira, dezembro 17, 2004


Feliz Natal para todos os oureenses e votos que tenham como prenda uma unidade à esquerda que possibilite a realização da grande aspiração de afastamento do poder reaccionário e retrógrado que domina a Câmara.
Para o nosso amigo Santa Cita, para a nossa querida Maria Branco e outros amigos que visitaram este espaço aqui ficam os desejos de um Natal muito feliz de que tudo lhes corra pelo melhor no próximo ano, não esquecendo, naturalmente, a necessária mudança a nível político que nos traga um poder mais humanizado que procure eliminar a podridão e as injustiças e desenvolver o país.
Um Presidente sem descanso
O pobre homem não pára entre almoços, festas e jantares de Natal.
Para cúmulo, hoje como consta da sua agenda, vai ter que gramar o jantar de Natal do PSD.
Eu já não lhe exigia um sentido de Estado.
Mas um sentido de Município seria no mínimo recomendável e convenhamos que, no exercício de funções públicas, manifestar tão exuberantemente as suas preferências partidárias é, pelo menos, de má consciência.


Eis um extracto da agenda:

Dia 16, quinta-feira

11h00 – Reunião com Director Regional de Edifícios e Monumentos Nacionais
15h00 – Atendimento aos munícipes com marcação prévia
19h30 – Convívio de Natal do Agrupamento de Caxarias

Dia 17, sexta-feira

- Serviços camarários encerrados devido à festa de Natal da Autarquia-
09h30 – Conselho de Administração da Fatiparques
11h30 – Entrega de prendas aos filhos dos funcionários da Autarquia
13h00 – Almoço de Natal da Autarquia
18h00 – Festa de Natal do Jardim de Infância do Caneiro
19h00 – Festa de Natal da Escola e Jardim de Infância de Seiça
20h00 – Jantar de Natal do PSD ???

Dia 18, sábado
11h00 – Festa de Natal do Centro Pastoral João Paulo II
17h00 – Festa de Natal da Casa de Criança de Ourém
19h00 – Festa de Natal da PSP de Ourém

Dia 19, domingo

15h00 – Concerto de Natal do Conservatório de Música de Ourém
16h00 – Festa de Natal dos Bombeiros Voluntários de Ourém

Um idiota incorrigível

O Blasfémias publicou um texto em que combate os que sustentam que existe uma relação entre o desenvolvimento e a educação, procurando um novo modelo que não se baseie nos baixos salários. Confundindo o que está em causa com o grau de participação do Estado na Economia afirma que "mesmo que o número de licenciados duplicasse de repente, Portugal não deixaria de ter um modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos".

O Castelo fez uma aplicação daquele artigo a Ourém e considera que é idiota procurar instalar um polo universitário na nossa terra.

Estou de acordo que não é por causa de se ter um maior grau de educação que o nível de salários é mais elevado, por isso não apoio teses que afirmam a necessidade de o Estado gastar mais nesta área para tudo melhorar. Mas discordo completamente dos dois artigos.

Em relação ao artigo do Blasfémias, há que dizer que quem critica um modelo de desenvolvimento baseado em baixos salários o faz porque entende que esse modelo de desenvolvimento está completamente esgotado para o nosso país. Já não é possível, uma vez que existe trabalho muito mais qualificado e que recebe salários muito mais baixos em países que, inclusivamente, já se integram na União Europeia. E se quisermos ir um pouco mais longe, basta recordarmos a concorrência que pode ser feita aos produtos desse desenvolvimento pelos países asiáticos em alguns dos quais as condições de trabalho são autêntica escravatura, garantindo uma elevada taxa de mais-valia ao capital. Portanto, Portugal tem de procurar um modelo de desenvolvimento diferente onde a formação contínua, o conhecimento e a informação têm um papel relevante gerando inovação e um valor acrescentado elevado. Por isso faz sentido investir mais na educação e no conhecimento, sem se estar com isso a dizer às pessoas que vão ter salários mais elevados e que tudo o mais fica na mesma, designadamente, os produtos objecto do seu trabalho.

Por outro lado, quando se defende um polo universitário em Ourém, isso nada tem a ver com o que atrás se discutiu, mas sim com os benefícios que podem decorrer de uma melhor interacção entre a escola e a empresa. Portanto, não se está a dizer que as pessoas que vão ser formadas daí a uns anos vão ganhar mais, mas sim que a presença desse tipo de ensino pode ser um catalizador do desenvolvimento no momento. Aveiro, o Minho e Caldas da Rainha ilustram saltos qualitativos que estão relacionados com esta feliz associação a qual nem implica que o contribuinte gaste mais. Trata-se apenas de o ensino superior estar mais descentralizado, mais perto da região e da vida real a qual pode ser palco de investigação e de aplicação de actividades de ponta. Pode ser frequentado pelas pessoas que o fariam se estivesse centralizado ou por outras que nunca lhe teriam acesso dadas as barreiras da distância.

Finalmente, como decorre da discussão que actualmente se faz em torno da processo de Bolonha, mesmo que haja um aumento dos que reforçam a sua formação, isto não significa que o contribuinte gaste mais, pois não é transparente que seja o Estado a financiá-la. Até me parece que este agente económico, reconhecendo, apesar de tudo, que o cidadão do futuro periodicamente volta à universidade, se prepara para reduzir a sua participação em mais de 20% pela passagem de currículos dos cursos de quatro para três anos e de cinco para quatro anos.


quinta-feira, dezembro 16, 2004

Fora com os predadores !!!

O Parlamento Europeu aprova hoje, em Estrasburgo, a proibição da pesca do arrasto ao largo dos arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias para proteger os recifes de coral ali existentes.

O relatório, elaborado pelo eurodeputado do PCP Sérgio Ribeiro, apoia a proposta da Comissão Europeia de interditar a pesca de arrasto entre as 100 e as 200 milhas ao largo da Madeira, Açores e Ilhas Canárias devido aos recifes de coral de profundidade, até agora protegidos por leis nacionais de Portugal e Espanha.

Segundo Sérgio Ribeiro, calcula-se que 65 por cento das espécies piscícolas naquelas zonas dependa dos recifes numa determinada fase da sua vida, contribuindo para a conservação de cerca de 300 espécies selvagens.

Os dados científicos disponíveis permitem concluir que a recuperação destes habitats após a sua danificação por artes de arrasto no fundo é impossível ou muito lenta, pelo que é "conveniente proibir a utilização de artes de pesca susceptíveis de causar danos reais aos recifes de coral nas zonas em que estes habitats ainda se encontram num estado de conservação favorável", lê-se no relatório.

Também hoje, o hemiciclo de Estrasburgo votará uma resolução comum dos vários partidos políticos sobre as prioridades da Comissão Europeia para os próximos cinco anos, para os quais o presidente do executivo, Durão Barroso, elegeu a economia, a segurança dos cidadãos e o papel da União no Mundo como principais eixos de actuação.
(in Região de Leiria)

A horrível realidade da libertação
Em A Grande Fauna, bin_tex continua a dar-nos notícias, comentários e análises acerca da agressão ao povo iraquiano. Eis os links para alguns dos últimos artigos:


Ourém em estórias e memórias
Assim falava 1bigonobalcao

Lembro-me de atravessar campos apinhados de salgueiros, amieiros, sabugueiros, alagados a maior parte do tempo. Tinham um solo de textura muito fina, era mesmo lama daquela de dar bons ralhetes salvo se de botins se tratasse.

Na primavera, procurávamos desalmadamente por todos os ninhos que pudéssemos encontrar, gladiávamo-nos com ramos das árvores e silvas, e o que eram cerca de 2 km exponenciavam para imagens de inexploradas e selvagens florestas do nosso imaginário.

Havia também um loureiro, uma árvore magnífica que não teria menos de 60 anos. Apesar de, por vezes, muitos nas suas copas estarmos, continha-me em dizer que aquele era o meu sítio, talvez achassem esquisita a escolha.

Um dia, peguei mesmo em duas moedas de XX réis, penso que datadas 1886, um canivete, e vai de cravá-las num cilindro à medida escavado na casca (diz-se ritidoma, a canela por exemplo; por falar em ritidoma, lembro-me que nessa altura sempre que cortavam eucaliptos e os descascavam ali, a sua casca dava o que chamávamos as calhas, com as quais deslizávamos pelas encostas abaixo, era uma catecolinização total). Esperava que a casca do loureiro envolvesse aquelas moedas, obtendo daí uma ligação eterna por um tesouro partilhado. As moedas acabaram por desaparecer, mas antes do ritidoma as envolver, pois… foi isso mesmo. Quase duas décadas depois deste episódio, passei no local, o tronco assentava na parte vertical de um valado/socalco. Tinha sido cortado, mas nunca deixei de o ver lá!

Por vezes, após longas caminhadas encontrávamos árvores de fruto, figueiras, pereiras e macieiras aparecidas em terras há muito não amanhadas (as barrigas tanto menos, das longas caminhadas). Como as macieiras germinam relativamente bem a partir da semente, é bem provável que tenhamos comido algum fruto com paladar único, pois uma semente possui a sua individualidade. O alargamento de espécies preferidas dá-se pelos artesanais métodos de clonagem por enxertia de ramos de variedades eleitas sobre o cavalo (ramo de suporte do enxerto enraízado) obtido por semente. Já me perdi, mas, se aqui cheguei, talvez seja porque os aromas e sabores, como tantas outras coisa, ficaram bem impressos na memória, verdadeiros affrescos da vida.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

O apelo de Andreia

Eu sou a Andreia, tenho 22 anos, sou Educadora de Infância recém formada e moro em Lisboa. Sucede que até há pouco tempo a minha vida decorria normalmente e feliz até que me foi detectada Leucemia que se veio a verificar ser do tipo Mieloide Crónica poderei ficar totalmente curada se receber uma transplantação de medula óssea. Constatamos que tanto os meus pais como irmã não são compatíveis para o efeito como tal procuro um dador. Todos os esclarecimentos podem ser obtidos no site do CEDACE - Centro de Histocompatibilidade do Sul.
O meu nome é Andreia Margarida Morais e Mota. Poderá contactar-nos através do 966886302 ou para aqui. O possível dador não corre qualquer risco ficar-lhe-ia eternamente grata se me puder ajudar! Caso não seja possível, agradeço na mesma a sua atenção e desejo-lhe toda a felicidade que eu gostaria de ter.
Andreia

P.F., não ignorem a mensagem. Ler e reencaminhar não custa nada. Obrigada.

Protecção da Floresta: Acções de Silvicultura preventiva - 2
Por 1bigonobalcao

É fundamental ter uma rede viária estratégica com manutenção permanente (pode mesmo ser aproveitada e melhorada para cicuitos de manutenção). Pode estar ladeada por espécies "resistentes" a incêndios (ardem mais dificilmente e quando ardem rebentam de toiça). Estas plantas podem criar um corredor verde que se pode tornar útil quando transitam carros de bombeiros próximo de chamas.

É fundamental acabar com o regime de monoculturas, a utilização de árvores de folha caduca ou hemi-caduca (carvalhos) cria uma camada de manta morta que dificulta o desenvolvimento de sementes e portanto de biomassa (trabalho natural e por isso rentável a longo prazo), a utilização de espécies como a aroeira ou o medronheiro podem diminuir muito a combustibilidade da zona florestal.

Mas enfim venham os placebos, de qualquer modo a responsabilidade é dos Eng. Florestais que primeiro quiseram tornar este país num acacial, e depois viraram para o eucaliptal. Em todas as discussões sobre estes assuntos é raro verem-se biólogos uma área onde existem mesmo doutoramentos em incêndios.

E pergunto eu quem é que a câmara tem para organizar estas e outras intervenções tanto na área florestal como nos espaços verdes?

Lá se vai o património
De acordo com o Público de hoje, o "Governo vende 65 imóveis do Estado sem ser por hasta pública". E lá se vão alguns magníficos edifícios como por exemplo os do Instituto da Vinha e do Vinho.
São indecentes...
Mas por que é que não venderam os automóveis? Porque não dispensaram os assessores e os seguranças? Porque continuam com as mordomias todas?
Viram aquele almoço lá para os lados de São Pedro do Estoril? A fazerem trabalho partidário com os carros e condutores que deviam servir o Governo?
E se calhar o hotel da declaração de ontem à noite vai ser financiado com mais um edifício...
Uma oposição inconsequente?
No mesmo documento, consta que o PS votou contra o orçamento da Câmara e apresentou um conjunto de alternativas de acção.
Examinando as suas motivações e as suas alternativas, nada descortinamos que não possa ser acolhido pelas forças que dominam. É apenas uma coisa diferente do mesmo...
Será que estou enganado?
Será que o PS tem algo para Ourém e não o fez constar naquela declaração de voto?
Será que o PS está mesmo interessado em ser poder em Ourém ou as coisas como estão servem-lhe perfeitamente?
Protecção da Floresta: Acções de Silvicultura preventiva
A acta da reunião da Câmara de 22 de Novembro apresenta, entre outras, algumas medidas interessantes para apoiar o combate aos incêndios e que, conscientes da maldade protagonizada pelo Zé Rito e relatada no post anterior, desejamos que tenham o melhor sucesso:
  1. Proceder aos trabalhos de limpeza de uma faixa exterior de protecção, de largura mínima não inferior a 100 metros, nos aglomerados populacionais inseridos ou confinantes com áreas florestais;
  2. Limpeza de uma faixa envolvente não inferior a 100 metros, nos casos de ausência da entidade gestora de parques e polígonos industriais e nos aterros sanitários inseridos ou confinantes com áreas florestais;
  3. Limpeza, nos espaços rurais, de uma faixa de largura mínima de 50 metros à volta de habitações, estaleiros, armazéns, oficinas ou outras edificações;
  4. Manter com baixa carga combustível a faixa lateral de terreno confinante com a rede viária, sob sua jurisdição, numa largura não inferior a 10 metros.
  5. Elaboração do Plano de Defesa da Floresta (até Dezembro de 2005)
Será viável concretizar estas acções dada a dispersão do parque habitacional pelo concelho? Esperemos, por outro lado, que as áreas que resultem das acções de limpeza entre habitações e áreas florestais não sejam aproveitadas para novas construções.

terça-feira, dezembro 14, 2004

Eles acusaram o Natureza



Vejam-me este descaro:
Estávamos a fumar, às escondidas, por trás do ginásio.
Ao atirar as beatas fora para junto de um silvado que ali havia aconteceu o inevitável: começou a arder.
Fugimos para a encosta dos moinhos. Sorrateiramente démos a volta e chegámos ao local do crime vindo do lado oposto. Toda a gente com baldes conseguiu apagá-lo.
Alguém nos viu e denunciou-nos. Démos uma desculpa e atribuimos a autoria ao "Natureza" rapaz que vivia na Rua da Castela.
Durante muito tempo estive sempre à espera de ser chamado ao gabinete e prestar contas, que seriam pesadas, ao Dr. Armando.
Esta e outras revelações podem ser encontradas nas magníficas crónicas do Zé Rito, o nosso venerado "Avião".
Afinal andámos a ser enganados...
No fundo, aceitámos a austeridade na esperança de a situação melhorar. A Manuela dizia que andava a fazer a consolidação, Bagão lamentou que o não deixassem fazê-la.
Mas o défice orçamental português, excluindo as receitas extraordinárias, chegará aos cinco por cento em 2004 e 2005. O aviso vem de Vitor Constâncio.
Não podemos deixar de recordar as críticas que o PS lançou no início à política dos seus rivais. E a questão é óbvia: será que nos está a fazer a cama, para trazer algo de semelhante? Será que vêm aí mais mentirosos compulsivos (1 e 2)? Já estou a ver o que isto vai dar. Bolas! É preciso ter muita paciência...

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Estará o PS a esquecer-se do social?

Começa a ouvir-se falar em choque tecnológico e sectores prioritários (automóvel, têxteis, calçado, biotecnologia, turismo e moldes).

Eis as principais propostas que deverão ser levadas à discussão na Convenção "novas fronteiras"

1- Criação de um Comité de Política Fiscal, de institutos independentes de controlo, de regras de intervenção pró-ciclica e de uma carta/compromiso de transparência orçamental;

2- Redução de impostos e concessão de ajudas directas aos sectores exportadores, sobretudo PME dos "clusters" automóvel, têxtil, calçado, biotecnologia, turismo e moldes;

3 - promoção de parcerias entre o Estado e as empresas;

4 - Obrigatoriedade do ensino do inglês e da informática desde a primária e criação de cursos especializados e orientados para os sectores dinâmicos;

5 - Apoios à compra de computadores e equipamento informático novo a empresas e particulares;

6 - Majoração de 150 por cento aos encargos em I&D e investimentos na recuperação do ambiente e da paisagem e aos encargos em formação de recursos humanos;

7 - Reposição dos beneficios fiscais para os produtos de longo prazo;

8 - Recuperação das Scuts;

9 - Reestruturação do sector do gás/electricidade;

10 - Não à privatização das Águas de Portugal.

E eis algumas questões:

1 - e as pescas?

2 - e a soberania sobre as águas territoriais?

3 - e os desempregados?

4 - e a ciência?

5 - e os professores? Continuarão a ser carne para canhão em momento de revolta contra a direita?

Parece de gente louca
O Alqueva pode pôr em causa a criação de gado na região.
O artigo é do Público e ilustra bem como é possível ir pouco a pouco destruindo as fontes de riqueza do país. Depois dos subsídios da UE, agora a barragem que não se sabe bem para o que servirá... enquanto, na margem de lá, o gado espanhol se deleita com a água que não podemos poluir.

Voto útil – 2

O voto é útil numa perspectiva de classe ou de aliança de classes.

O voto no PPD/PSD ou no CDS é claramente útil à direita... que durante dois anos deu uma interessante lição de unidade e depois, na sequência da fuga de DB, começou a disparatar.

O voto no PS é sempre uma incógnita porque este partido é capaz do pior (devolução das conquistas de Abril, liberalização dos despedimentos) e do melhor (luta pelas liberdades).

O voto na CDU e no BE é útil à esquerda, ele fará mudar a política, ele poderá levar à unidade que permita uma política correcta para este país e que favoreça os que trabalham em detrimento dos que vivem da especulação, da fraude fiscal e do tráfico ilícito.

sábado, dezembro 11, 2004

AS MINHAS MEMÓRIAS - 2
Por Zé Rito

Antes de entrar na época dos "Estúdios Trine" não queria deixar passar em claro a época do Fernão Lopes.

Durante a chamada instrução primária fomos "instruidos", e muito bem, diga-se, pela D. Aninhas durante quatro curtos anos.

Tínhamos como sala de aula o primeiro andar do edifício do Colégio com acesso exterior pelo recreio, em frente ao ginásio, através de dois lanços de escada.

Era nessa sala de aulas que aprendi muito do que ainda hoje sei, como se diz "de cor e salteado". Rios e afluentes, Serras ou linhas de caminho de ferro.

Era no recreio que jogávamos, sobretudo, à bola e em que eu, habituei-me a ir para a baliza talvez porque, para mim, dominar o esférico não era grande atributo.
Passei de seguida para o domínio do Dr. Armando. E o que deveria ser cinco risonhos anos tornaram-se, para mim, sete anos muito compridos.

Em termos de aproveitamento escolar fui um aluno q.b.. O pior era a voz autoritária, a mão pesada e a presença intimidatória do Dr. Armamdo.

Foi um excelente professor. Com ele, como professor de história, parecia que vivíamos os acontecimentos. Estou a ver o Gungunhana não querendo ajoelhar-se argumentando que o chão estava sujo ...

Passei por outros excelentes professores como a D. Nazaré, professora de matemática, alta, magra, sempre de bata branca, que lhe valeu o nome de "pau de giz". Em dada altura ela saiu por, alegadamente, problemas de vencimento. Sei que, manifestámos a nossa vontade em que ela voltasse. E apesar da rigidez do sistema os alunos acabaram por vencer. No ano seguinte voltava a ser a nossa professora. Penso que quem, na altura, a substituiu foi o Dr. Preto.

Passei também por um professor que só sei o none porque ficou conhecido. Veio de Àfrica e ensinava português. Vivia na Avenida, junto do Melo. Era o "Zebú". Para começar uma frase tinha que usar a expressão "Da..da..."

Em relação a ele lembro-me de quando chamou o Amílcar ao quadro e lhe disse "Da...da..., Amílcar escreve aí" . E o Amílcar escreveu "Da...da... Amílcar escreve aí!.

Também há que contar que era um excelente ... fotógrafo. Só que não vimos qualquer fotografia. Tirava, com a sua máquina fotografias a toda a gente. Em grupo ou separado. E quando pedíamos para ver essas fotografias,respondia invariavelmente. "Da... da perdi as chaves da gaveta onde as meti."

Quero lembrar, sem menosprezo para os outros alunos, o Barroso. Talvez porque quando chegava ia logo à sua procura. Talvez porque era o meu colega de carteira. Lembra-me que adivinhava sempre a altura exacta em que o Sr. Nunes tocava a campainha para sairmos. Talvez porque nunca mais o vi. Já lá vão quarenta anos.

Quero recordar ainda a Sâozinha Nunes. Por um facto que entristeceu a sua família. Decorria uma aula, na sala do lado do recreio, quando a sirene tocou. Passado algum tempo o Sr. Nunes bateu à porta solicitando a saida da Sãozinha. Viemos a saber que a avó tinha morrido carbonizada. Vivia numa casa entre os armazéns dos Pereira e a casa do Dr. Amândio.

Em acontecimentos elejo uma situação que se passou comigo e o meu irmão. Estávamos a fumar, às escondidas, por trás do ginásio. Ao atirar as beatas fora para junto de um silvado que ali havia originou o inevitável. Começou a arder. Fugimos para a encosta dos moinhos. Sorrateiramente démos a volta e chegámos ao local do crime vindo do lado oposto. Toda a gente com baldes conseguiu apagá-lo. Alguém nos viu e denunciou-nos. Démos uma desculpa e atribuimos a autoria ao "Natureza" rapaz que vivia na Rua da Castela. Durante muito tempo estive sempre à espera de ser chamado ao gabinete e prestar contas, que seriam pesadas, ao Dr. Armando.

Rio Torto, Gouveia 2004-12-11
José Manuel Rito

sexta-feira, dezembro 10, 2004

O PE em (mais ou menos) 2000 caracteres por semana (mais ou menos) - Dez I
Por Sérgio Ribeiro

Se desde que estou no Parlamento, neste regresso, me “tenho dedicado à pesca”, a semana que termina veio justificá-lo. Pelo trabalho que me deu.

Na verdade, a Comissão – aquele órgão institucional que é presidido por um português que foi 1º ministro de Portugal – anunciou, depois de ter pré-anunciado, a TAC e as quotas de 2005 para Portugal.

Um desastre. Passagem de 28 dias de trabalho por mês para 20 dias e reduções de quotas de pescado autorizado em muitas espécies – lagostim, linguado, sarda, carapau – e em condições que até impedem a pesca nalgumas zonas com consequências muito graves para quem, neste País, ainda vive da pesca.

Não que os meios laboral e empresarial ligados à pesca contrariem a necessidade de salvaguardar os recursos dada a sua exiguidade e risco de desaparecimento mas o facto é que as actividades atingidas são precisamente as menos predadoras, e as que mais impacto social e regional têm, enquanto as de dimensão industrial aproveitam todas as abertas… nos nossos mares e é um “ver se te avias”.

O que esses meios laborais e empresariais não aceitam é a dureza das medidas proposta, a que chama drásticas. E é contra estas medidas que me bato na convicção de que defendo interesses nacionais, de trabalhadores e populações que vivem da pesca e de actividades que têm, ao longo dos tempos, conseguido o equilíbrio entre o aproveitamento dos recursos e a sua salvaguarda e do ambiente marinho.

O que é espantoso é que Portugal, tendo a maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia, por efeito das “mares” açoreano e madeirense e da longa linha de costa continental, tem visto perder essa vantagem comparativa e riqueza potencial.
Porquê?

Por ausência de capacidade e de força negociais, sendo o percurso da “construção europeia” um processo de negociação permanente. Estou na expectativa de ver como é que o Governo, no Conselho de Ministros da UE, se vai comportar face a estas propostas da Comissão. Partindo elas de tão drásticas medidas ainda se virá, decerto, vangloriar, como é costume, de que ganhou por perder menos do que seria desastroso e foi proposto pela Comissão Barroso.

Pelo meu lado, no Parlamento, faço o que me é possível com a força que tenho.

Voltar atrás
Parafraseando A grande Fauna, às vezes, é preciso voltar atrás... e, como os meus amigos calcularão, isso não me custa nada, aliás ao menor pretexto, aí vou.
Vem isto a propósito de uma recordação musical datada dos finais de setenta. Os seus executantes chamavam-se Spriguns, ela Mandy Morton. E a minha estupefacção é de tal ordem que, nesta maravilhosa sociedade de consumo, não consigo encontrar a sua obra, designadamente, o magnífico Time Will Pass.
Mas a paixão tem coisas maravilhosas. Um admirador da Mandy e dos ditos legou-nos esta magnífica página a eles dedicada na qual encontramos, inclusivamente, excertos das canções.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

... e enquanto o Vitorino pensa e redige o programa, recordemos algo que o seu homónimo em boa hora nos deixou...


O Maltês

Poema de Manuel da Fonseca

I


Em Cerro Maior nasci

Depois, quando as forças deram
para andar, desci ao largo.
Depois, tomei os caminhos
que havia e mais outros que
depois desses eu sabia.

E tanto já me afastei
dos caminhos que fizeram,
que de vós todos perdido
vou descobrindo esses outros
caminhos que só eu sei.

II

Veio a guarda com a lei no cano das carabinas.

Cercaram-me num montado;
puseram joelho em terra;
gritaram que me rendesse
à lei dos caminhos feitos.
Mas eu olhei-os de longe,
tão distante e tão de longe,
o rosto apenas virado,
que só vi em meu redor
dez pobres ajoelhados
perante mim, seu senhor .

III

Gente chegou às janelas,
saíram homens à rua:
- as mães chamaram os filhos,
bateram portas fechada!

E eu, o desconhecido,
o vagabundo rasgado,
entrei o largo da vila
entre dez guardas armados;
- mais temido e mais amado
Que o deus a que todo rezam.

IV

...E vendo que eu lhes fugia
assim de altiva maneira
à sua lei decorada,
lá,
longe do sol e da vida,
no fundo duma cadeia,
cheios de raiva me bateram.

Inanimado,
tombei por fim a um canto.

E enquanto eles redobravam
sobre o meu corpo tombado,
adormecido
eu descansava
de tão longa caminhada! ...
Eles não percebem...
... por que razão o Presidente os despediu.
Isto é, além de broncos e incompetentes, armam-se em anjinhos.
Mas não acreditem no seu ar compungido ou na sua fraqueza. Acabam de colocar pessoal da sua confiança no SIS.
Estranha ausência
Começa a ser longa a ausência relativa às crónicas do Sérgio.
Apesar de, por vezes, ele surgir num tímido comentário, sentimos a falta daquele texto bem construído sobre as causas ou os problemas do nosso povo ou da nossa terra.
A propósito, gostei do artigo que ele publicou no NO sobre a "praça dos carros" o qual, ou parte do qual, ficaria aqui muito bem se ele mo enviasse.
E também gostaria que ele nos brindasse com alguma nota sobre as próximas eleições.
Isto já permitiria que eu descansasse um bocado perante as dificuldades de manutenção deste espaço...

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Voto útil
Confesso que embirrei sempre com esta ideia. Entendo que as pessoas devem votar nas organizações com quem mais se sentem em sintonia. O voto útil é o primeiro passo para o desencanto, pois a política prosseguida nunca será de acordo com o que se deseja, mas um mal menor.
Votando em sintonia, mesmo que se perca, e é o mais certo, há sempre a convicção de que à próxima será melhor. Isso não quer dizer que não se flutue: neste momento, ainda não faço a menor ideia de qual a organização a quem vou atribuir a minha confiança, mas mantenho aquela ideia de que seria interessante poder repartir o voto por várias organizações de tal modo que as proporções somadas atingissem a unidade.
Mais eficazes que Saddam
98000 civis mortos...
É o número impressionante (apurado por uma organização conceituada) desde que começou a agressão ao povo iraquiano.
Imagine-se que não iam com objectivos de libertação.
Saudosismo
Na primeira das suas crónicas no Ourem, o Zé Rito, o nosso venerado "Avião", diz-nos que não pretende despertar saudosismos.
Mas será o saudosismo uma coisa assim tão má, tão negativa?
Pessoalmente, não me importo nada de olhar para trás e afirmar quanto apreciei uma dada vivência, que inclusivamente gostaria de a repetir ou voltar a ela.
Por exemplo, o dia de hoje...
Foi, quase sempre, para mim o dia da mãe.
Vivi-o até àquele dia em que parece que tudo acaba por desaparecer quem nos dá a sensação de nos segurar a este universo. Apesar das mudanças burocráticas que o transferiram para a zona de Maio nunca deixei de o sentir nos mesmos moldes que os primeiros anos me ensinaram. E lá vem a saudade, o pessimismo quanto ao presente, ... enfim, é melhor estar calado...

terça-feira, dezembro 07, 2004

Um amigo tranquilo

 A partir de certa altura, em Ourém, quando as férias terminavam, tornava-se difícil arranjar companhia para partilhar a passagem, porque muitos amigos iam estudar para outras terras.
Era aí que ganhavam importância aqueles que, obstinadamente, encontravam na sua terra, a razão de viver.
Um deles acompanhou-me naquelas noites frias pela ruas de Ourém dias sem conta. Jogávamos bilhar no Central, depois passávamos ao Grémio do Comércio.
Era uma pessoa muito tranquila com a qual de tudo se podia falar, pois sabia ouvir e sabia dar a sua opinião.
Um dia, deixei de o ter por companhia. Quando passava direito à casa da Rua de Santa Teresinha, via-o num escritório mais ou menos frente ao sítio onde era o café Parreirinha. Lá estava a aprender a viver, a fazer algo de útil, a fazer aquilo a que hoje chamaríamos, indignados, trabalho infantil, enquanto muitos de nós andávamos por ali a passar tempo.
Voltei a encontrá-lo muitas vezes e, também, no último Poço. Sei que vem muitas vezes ver este espaço e que conhece alguns posts pelo nome. Falámos sobre tudo isto e sobre a minha fixação no passado. De um modo tranquilo... mas com imenso gosto por recordarmos anos de uma saudável amizade que parece reforçada à medida que o tempo vai passando.
Especiarias na Som da Tinta


Na hora da despedida: elogio dos sem-vergonha
Por sua excelência, o Ministro do bago

Aprender com a prática
Aprendi muito com a elaboração e discussão na praça pública deste Orçamento.

Tem que vir sempre o autoelogio
Percebi como é um privilégio arriscar ser violentamente criticado apenas porque se decide, se opta e se escolhe com convicções, com rigor e com esperança.

É dos livros: mal chegam ao poder, o seu interesse é universal
Senti, como nunca, como é que certas pessoas fazem, de um modo falso e quase angélico, o discurso do interesse geral, para tentar ganhar nos interesses corporativos ou mesmo particularistas.

Mas a um ministro pede-se mais que capacidades aritméticas
Senti como alguns arautos da consolidação tentam contrariar as mais elementares regras de aritmética orçamental. Isto é, exigindo mais nas parcelas (entenda-se despesa), ao mesmo tempo criticando o ministro das Finanças por a soma não ser inferior.

E viva a bagunça que assim não dão por mim...
Senti por que é que alguns interesses parecem preferir a instabilidade e a indisciplina para que melhor medrem os respectivos proveitos.

Seria o sr. Ministro tão ingénuo?
Senti como alguns se servem da discussão pública do Orçamento como palco para dissimular as suas incapacidades, despeitos e pequenas «vendettas».

Nomes, por favor, nomes...
Senti como é coerente a incoerência de tantos paladinos do rigor que, por certo, já se esqueceram do que não fizeram ou do que deixaram fazer, por acção ou opmissão, em cargos e ocasiões passados.

Repito: nomes... senão quem se licha é o mexilhão...
Senti como é fácil para certas mentes enunciar princípios de aceitação universal, como a luta contra a evasão e fuga fiscais, desde que não passe disso mesmo: mero enunciado de intenções.

Se calhar, nem ler sabem
Percebi que é «dispensável» a leitura do Orçamento para sobre ele se dissertar eloquentemente.

Vá, seja mais explícito. Quem o tramou?
Percebi que o medo também orienta a crítica.

(in Expresso de 3.12.2004)


segunda-feira, dezembro 06, 2004

AS MINHAS MEMÓRIAS
Por Zé Rito

As minhas memórias são escassas e têm um tempo definido.
Para além do Fernão Lopes o que poderei contar são episódios vividos até ao ano de 1969, altura em que a minha vida profissional me retirou do Poço e de outros locais, como o Café Avenida onde pontuava o Ezequiel e o Fernando Forte.
Passei, sobretudo, depois da fase escolar com a D. Aninhas, como professora, em que eu me deslocava Rua da Castela acima, Rua da Castela abaixo, na tal motorizada virtual, que até tinha marcha atrás, e que me valeu, na altura, o cognome de "Zé Avião", e depois, na fase seguinte, com o Dr. Armando, o Zebú, a Pau de Giz, a Botija e outros, não esquecendo o Sr. Nunes. Passei, dizia, pelos "Estúdios Trine", o conjunto "Os Escaravelhos", a fase jornalística, em que utilizava o pseudónimo de Ego Cauny, entre outras.
Este espaço não tem mais do que dar um, ainda que pequeno, contributo para que todos que o visitem relembrarem tempos vividos em determinada época sem, espero eu, despertar saudosismos.
Contar por contar.
Despertar outros a fazerem o mesmo.
Contribuir para, no fim, juntar as peças e constituir uma história que será a história das nossas vidas em Ourém.
Dado que os "Estúdios Trine" foram vividos de forma particular, na companhia do Zé Alberto, na segunda metade da década de 60, vou a partir dos estúdios recordar "as minhas memórias".
Até lá..

Mais uma colaboração para o Ourém
Iniciamos hoja a publicação das crónicas do Zé Rito acerca da nossa Ourém. É um momento particularmente feliz pela pessoa que é e por representar uma aderência num círculo onde o recrutamento é difícil.
Continuamos assim a escrever "Ourém em estórias e memórias". Em momento oportuno, quando o número o justificar, abriremos novo blog, uma aba do Ourém, onde reuniremos todo o trabalho do Zé dando-lhe o relevo que ele merece e não o deixando perdido na confusão que este espaço já é.
Obrigado, meu caro Zé Rito, agora já não podes parar...

sábado, dezembro 04, 2004

As novas fronteiras

Pelo contrário, o PS já vai encarando o acto eleitoral de uma forma positiva.

É curioso ver o comportamento dos partidos que, tradicionalmente, são candidatos à vitória. O que sente que vai ganhar preocupa-se com o programa a apresentar, com ideias novas, com a situação concreta do país. O outro tem uma atitude arruaceira.

Do PS soubemos, entretanto, que vai continuar a contenção orçamental (iniciada pelo seu rival), mas que apoiará o investimento na sociedade da informação e na inovação. Esperamos mais concretização desta ideia. Mas é preciso dizer ao PS que não basta um choque tecnológico, é preciso mudar o social. Será que são capazes de tocar nestas fronteiras?

O insolente

Estalou o verniz a PSL.

Depois de durante quatro meses ter ostentado total incapacidade de coordenação do governo, parece agora preferir o insulto camuflado à meritória tarefa de preparar o programa eleitoral. É só ouvi-lo: "Com todo o respeito, acho que o senhor Presidente foi um irresponsável. Ele que explique as razões...".

É claro que Sampaio vai explicar as razões. Quando entender. Não quando PSL mandar.

Esta necessidade de atacar pessoas e insultar mostra claramente o desespero do PSD quanto às eleições que sente que vai perder e que, possivelmente, está a tentar transformar em batalha campal. Mas o povo já os conhece...

O leitão de Ourém chegou à Parede
Esta manhã, pasmava pela terra do dever.
De repente, dei por algo familiar: uma carrinha do Quim dos leitões. Que estaria a fazer por ali tão longe da nossa terra?
Aproximando-me do mercado, qual não foi o meu espanto quando vi uma bela banca, antes ocupada por pessoas que vendiam fruta, agora na posse dos nossos conterrâneos.
Claro que fiz honras ao nosso leitão que, segundo apurei, ali chega todos os dias após confecção.
Lá estive à conversa com um descendente do Quim. Admiro esta gente que arrisca para além do burgo e acaba por nos trazer produtos que nos sabem sempre melhor por serem da nossa terra.
Vão ter enorme concorrência, mas, se servirem sempre com qualidade, com certeza ultrapassarão as dificuldades.
Aqui ficam os meus desejos que tudo lhes corra bem.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

O alerta de Alegre
Alegre é um dos símbolos vivos de Abril.
Ligado ao PS, aí se constitui como uma reserva disponível em momentos críticos. Votaria com muito mais gosto nele para a presidência da República do que num Guterres. Recentemente, vimo-lo enfrentar Sócrates na disputa da liderança do partido.
Agora, traz-nos um importantíssimo alerta: cuidado com a procura de entidades providenciais como Cavaco, pode vir novo 28 de Maio.
Creio que tem razão.
Se é óbvio que Cavaco não é um fascista, também o é que se pode conciliar perfeitamente com os dessa espécie. Para ele, a discussão política é algo abstruso que contraria o rigor dos números e o que os mesmos ditam. Por isso pode servir qualquer ideário desde que se sinta reclamado.
Mas há que ter mais qualquer coisa em conta: se as pessoas se lembram de uma entidade providencial que pode abrir as portas ao pior, isso acontece porque quem tem que fazer a diferença não se tem portado à altura. Reivindique-se do socialismo ou da social-democracia.
Por isso, o melhor combate a esses receios pode vir de um programa mobilizador, capaz de unir aqueles para quem Alegre é um símbolo e que têm em comum a noção de que a luta de classes nos planos político, económico e ideológico é que faz andar a história.
O diagnóstico da nossa sociedade está feito: temos um capitalismo que produz as maiores aberrações a todos os níveis. Agora precisamos de um programa para, em liberdade, progressivamente, o irmos destruindo...
Fim do Cumplicidades?

A Maria suspendeu o Cumplicidades.

Termina assim uma das páginas mais bonitas que podiamos desfrutar na Internet. Ela promete que continuará a visitar-nos e que talvez um dia regresse. Aqui fica o desejo de que isso aconteça.

Mas é engraçado o mundo dos blogs.

Vamos falando, conhecendo e estimando pessoas que, fisicamente, nunca tínhamos visto nem sonhávamos que existissem. Parece um encontro de bons espíritos. Maria, Bin-Tex, Suplementador, 1bigonobalcao, Skywatcher (por onde andará este estimado oureense?), Fred, Santa Cita,... permitiram-nos concluir que vale a pena estar por aqui.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

E Ourém?
Meus amigos, hoje não há mesmo tema.
A dissolução da Assembleia da República ofuscou tudo o que pudessemos dizer sobre Ourém.
Mas ela continuará sob a nossa atenção.
Com efeito, de que valerá mudar o governo do país, se em Ourém tudo permanecer na mesma e a nossa terra se vier a transformar num nicho de descontentes relativamente ao novo poder?
Não podemos dar tréguas. Ourém tem de mudar.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Cavaco?
Pacheco diz que a solução está no PSD, mais propriamente em Cavaco. Para ele, Sócrates e Santana são as duas faces da mesma moeda... que não presta.
Mas Cavaco já teve a sua oportunidade. Esteve lá dez anos e ninguém tem saudades da sua política. Teve a sorte de receber o governo em período de vacas gordas e deixou algum obra. Mas era tão autoritário que os próprios barões do PSD não descansaram enquanto não correram com ele.
Por isso, deixem o povo escolher. Façam programas, colaborem em programas, proponham o melhor possível, critiquem o adversário... mas deixem escolher. Se não prestar, voltará a cair e surgirá nova oportunidade.
Calculismo de Presidente?
Ferro não lhe agradava. Estava demasiado perto do BE, lembrava excessivamente o revolucionarismo do MES.
A coligação não estava queimada, apenas tinha sofrido o desgaste da governação em tempo de crise com a consequente derrota nas europeias.
A austeridade de Manuela era aprovada pelo insuspeito Constâncio como a única política viável.
Permitiu-lhes que formassem governo, apesar de impor algumas condições. Deixou-os governar.
Entretanto, o PS fez chegar à direcção uma figura mais do seu agrado. Durante três meses não se deu por este partido.
Potenciais aliados de Ferro voltaram à solidão, um deles fez novo congresso e redefiniu o seu posicionamento.
O governo da coligação, esse, foi de disparate em disparate. Não me consigo lembrar de alguma coisa positiva que tenha feito. Aquela de quem esperava alguma coisa, Graça de seu nome, quedou-se em mais esquecimento da situação dos docentes universitários.
Soaram gritos de aviso. Na comunicação, no Banco de Portugal, de anteriores ministros que deviam apoiar a coligação.
O Presidente entendeu que tinha chegado o momento e, legitimamente, resolveu dissolver a Assembleia e convocar eleições.
Tudo bem. A haver instabilidade será durante mais dois três meses, não durante mais de um ano.
Os partidos podem rever os seus programas e apresentar propostas ao povo.
Obviamente que gostaria que existisse uma boa proposta da esquerda e que ganhasse, que o povo a apoiasse. Algo contra a exploração capitalista, contra a corrupção, contra o parasitarismo e que tivesse bem presente as liberdades, a solidariedade, a diminuição progressiva das desigualdades, Algo que não gerasse mais pobreza sob a aparência de estar a distribuir melhor, algo que as organizações que se reveem nos valores da esquerda pudessem apoiar, mantendo a sua caracterização de base e não abdicando por isso do seu espírito crítico.
Será que o Presidente pensou tudo isto? Será que em Julho já antevia o que iria fazer no final do ano e preferiu enfrentar algum desencanto dos portugueses para não o acusarem de não ter deixado governar quem tinha legitimidade?
As eleições aí estão, esperemos que os programas sejam dignos dos princípios em que os partidos se apoiam Uma garantia temos: a da liberdade para criticar aquilo de que não gostarmos e dessa não queremos abdicar. É o nosso activo mais valioso.

terça-feira, novembro 30, 2004

Jorge, estás perdoado!
E, no fundo, o que são quatro meses de atraso na lenta caminhada para o socialismo?
Agora é preciso ganhar as eleições.
À primeira vista, não parece difícil. A incompetência evidenciada pelo governo que fazia e desfazia, a fragilização da direcção do PSD e a manifesta crise resultado da sua acção com certeza serão uma ajuda.
Se tal acontecer, é preciso que o PS não se esqueça de que é esquerda (eu tinha mais confiança no Ferro, mas fica o benefício da dúvida...), como tanta vez tem feito, e é preciso a ajuda crítica da rapaziada da CDU e do BE. Tudo unido por reformas revolucionárias, mas sem se despirem da capacidade crítica...
Com sempre temos referido, este espaço estará aberto à defesa e crítica, numa perspectiva de melhoria e unidade na diversidade, das posições das organizações de esquerda.


O artigo pode ser lido no Buraco da Fechadura.
Nem sempre se consegue o que se pretende, aquilo por que se luta, mas se a luta é por boas causas, e disso estamos convictos, só há que continuar a luta


Sérgio Ribeiro

EM DEFESA DA PESCA PORTUGUESA
Comunicado do Gabinete de Imprensa
dos deputados do PCP ao Parlamento Europeu


Realizou-se ontem, na Comissão da Pescas do Parlamento Europeu, a votação do relatório do deputado do PCP, Sérgio Ribeiro, relativo à "protecção dos recifes de coral nos "mares" dos Açores, Madeira e Canárias ".

Das 6 propostas apresentadas pelo relator, 4 foram aprovadas e as restantes rejeitadas. No entanto, as propostas rejeitadas continham algumas propostas essenciais, tais como:

· reservas sobre a competência exclusiva da União Europeia no domínio marítimo previstas no novo Tratado Constitucional;

· a inclusão de referência às jurisdições nacionais (Espanha e Portugal) a exemplo do que relatório similar fazia para os Darwin Mounts com referência explícita à jurisdição do Reino Unido;

· a proibição de artes de pesca, para além da de arrasto de fundo, também danosas para os recifes de coral (e outras formações), como acontecia até ao final de 2003, quando a responsabilidade da protecção era das autoridades nacionais e regionais no limite das 200 milhas da ZEE;

· a não aceitação da substituição do critério de delimitação, em milhas e ZEE, por graus de latitude e longitude, delimitando zonas sem qualquer vínculo às jurisdições nacionais.


Significativo é que tal resultado (por escassíssima margem de votos) só tenha sido possível graças à forte mobilização de deputados espanhóis (do PSE e do PPE).
Assim se comprova que interesses se julgam atingidos, com as propostas que estavam contidas no relatório do deputado Sérgio Ribeiro, que pretendia a proibição de pescar com determinadas artes, como até recentemente o fizeram autoridades regionais e nacionais, particularmente no caso dos "mares dos Açores", em que mais de 10 % da população vive de pesca não industrial e sempre soube promover e exigir dessas autoridades o indispensável equilíbrio entre a exploração dos recursos e a sua preservação.

O relator tudo fará para, em plenário, repor e ver aprovadas as propostas que foram rejeitadas.


Bruxelas, 25 de Novembro de 2004

Para mais informações:
Sandra Pimenta - 0032 475980226

segunda-feira, novembro 29, 2004

Terapia contra a arrogância
Por Bin_Tex

Faz parte da estratégia socialista a não existência de unidade a nível autárquico em Ourém. Acha-se que seria contraproducente uma "aliança" de esquerda neste concelho. Porque o eleitorado é eminentemente de centro direita. Então para se ganhar eleições em Ourém, o PS tem de meter na gaveta os seus princípios políticos de base, ou seja, esconder as suas raízes políticas.

Quanto a mim, ou se assume verdadeiramente as raízes políticas de esquerda ou não se assume. Agora andar com estes joguinhos de cintura... não leva a lado nenhum. Alguns militantes/dirigentes do PS olham para o Sérgio Ribeiro com desconfiança e até arrogância, desvalorizando a sua experiência política e humana. Chamava-lhes um amigo meu há uns anos, uns pardalitos esfomeados...

É lamentável, que se olhe para as pessoas com as quais muito temos a aprender desta forma. Lamentável é que, à excepção de algumas pessoas, o PS Ourém esteja cheio de gente do "aparelho" e não de gente das bases. É lamentável, que ao longo dos anos se tenham queimado pessoas injustamente, se tenha desprezado contributos válidos. Em nome de quê? de jogos de bastidores, de coisas pouco claras...

Acredito numa revolução em Ourém. Sempre acreditei, mas, penso que as pessoas e os partidos se devem assumir como são, sem jogos de cintura. Serem verdadeiros, humildes e sérios, só desta forma o povo do concelho votará na diferença. A grande unidade de que falo, é essa, uma congregação de valores, de desejos e de projectos válidos para uma terra que parece que parou no tempo.

Penso que faz falta a algumas pessoas passarem algum tempo em África, para entenderem bem o significado da palavra solidariedade e fraternidade. Talvez também para perderem o olhar no infinito da paisagem, percebendo que são apenas um grão de areia no meio do mundo. Talvez assim olhassem para a vida e para as pessoas de outra forma. Uma espécie de terapia contra a arrogância.
E que tem o velho assim de tão mau?
Especialmente se o novo, como V. tão bem denuncia, não presta, caro Albergue dos Danados?
Eu secundo a mensagem de Álvaro Cunhal ao congresso, talvez dita da seguinta forma que aponta para algo ainda mais velho, apesar de reconhecer a necessidade de ser revisitado e revisto à luz dos problemas da sociedade actual:
Viva o Marxismo-leninismo!

domingo, novembro 28, 2004

Suplemento de alma
Estou um pouco confuso.
Há tempos, surgiu-me um comentário assinado por Alma que, eu próprio, reproduzi como post. Como o comentário apontava para um blog, fui vê-lo e pareceu-me que os textos também estavam assinados por Alma. Gostei do seu conteúdo.
Os textos que vi assinados por Alma aparecem-me agora assinados por Suplementador, estou seguro.
Entretanto, no Ourém e seu Concelho, muitos artigos de João Heitor são submetidos a um título geral que coincide com o deste post. João Heitor aparece-me como uma figura do Partido Socialista ligada ao ensino que me merece toda a simpatia e respeito. Tenho acompanhado os seus comentários no Castelo em que se assina como jh com os quais em geral concordo e onde se bate por uma maior eficácia das acções dos órgão autárquicos e respectivos serviços.
Mas, recentemente, o Suplemento de Alma mudou de formato e passou a ser assinado por um Suplementador. Isto não tem nada de especial mas cria-me uma certa confusão. Alma, João Heitor e Suplementador são uma e a mesma pessoa? Ele é oureense ou teve efémera passagem por Ourém?
Reforma ou Revolução?
O post Fumo Branco recordou-me um livro em que Rosa Luxemburgo desancava nas teses de Bernstein de acordo com aa quais se poderia caminhar para o socialismo através de reformas, discussão que já tem mais de um século.
A autora apresenta três fundamentos da nova sociedade: a anarquia da produção capitalista, o carácter cada vez mas social da produção e a tomada de consciência pelo proletariado do seu papel revolucionário.
O mundo não mudou tanto assim. Os dois primeiros fundamentos mantêm-se, o processo de tomada de consciência parece que tarda. Na China, mesmo uma revolução cultural, conseguiu muito pouco.
É por isso que a existência de um partido forte que lute contra o capital e sistematicamente reveja as suas origens, a qual se pode traduzir em passos importantes para uma sociedade mais justa, pode ajudar a essa tomada de consciência. As reformas conseguidas nesse processo, cujos contornos e dinâmica já foram referidos, podem assim ser consideradas reformas revolucionárias (e tão presentes que estiveram no Portugal de Abril!), eliminando assim a aparente contradição reflectida no texto mencionado.
Fumo branco
Já se vê e vem dos lados de Almada.
O novo grande timoneiro chama-se Jerónimo e, tal como o lendário guerreiro e chefe dos apaches, promete muita luta. Luta contra a exploração capitalista e luta por uma certa pureza ideológica. Apesar de distanciado deste partido, estou de acordo com estes dois aspectos.

Consideremos o primeiro.
Os detentores de capital e os seus agentes no aparelho de estado não se têm portado nada bem. Tráfico de pessoas, tráfico de droga, especulação em grau elevado, desmantelamento do aparelho produtivo, tentativa de controlo da comunicação social, despedimentos em massa são algumas das suas últimas realizações. Operários, trabalhadores dos serviços, intelectuais e professores são algumas das suas vítimas. Neste formidável ataque às forças produtivas, os representantes do capital detentores do aparelho repressivo nem olham à formação daqueles sobre quem exercem a sua acção. Pessoas com mestrado e doutoramento são enviadas para a inutilidade do desemprego, depois de anos a fio a acumularem conhecimento e a prepararem-se para cooperar na produção social. Assim, os actuais detentores dos meios de produção mostram claramente que não conseguem fazer desenvolver a sociedade. Isso manifesta-se, por exemplo, na monumental fraqueza do crescimento quando comparado com a União Europeia.e nas próprias previsões que eles mesmos elaboram.

Por outro lado, muitos comentadores têm falado num regresso à pureza ideológica como se mais um fundamentalismo se tratasse, procurando com base nisso contribuir para uma má imagem. Penso que estão enganados. Não devem confundir as coisas. Ninguém vai pôr granadas à cintura e fazer-se explodir num centro comercial ou num autocarro com criancinhas. Se alguma vez isso acontecer será no terreno do inimigo, no quartel, em campo de luta.

O retorno a uma certa pureza do marxismo, ao seu repensar, considerando as grandes lições provenientes dos erros associados às realizações concretas, só pode ser positivo. Significa que a contribuição de Marx e Engels para o desenvolvimento da sociedade permanece válida e que a de Lenine tem muito de positivo e há que reter as suas notas sobre o imperialismo e a crítica da doença infantil. Daí para a frente há que ter cuidado e analisar pela negativa: aquilo não se pode repetir. O próprio Marx tinha referido que a construção do socialismo começaria pelas sociedades mais desenvolvidas.

É preciso uma grande aliança para acabar com a corrupção e o tráfico ilegal, fenómenos que acompanham o desenvolvimento e crise do capitalismo, para garantir as liberdades e a segurança, para continuar a desenvolver a riqueza do país, para conseguir mais solidariedade com menos Estado. É preciso um não absoluto à violência, ao desrespeito pelo adversário, é preciso o respeito pela legalidade instituída e a colaboração em amplo programa de reformas que nos vá aproximando da tal sociedade...

sábado, novembro 27, 2004

Presunção e água benta...

"Sou a grande cabeça do futebol em Portugal e na Europa".
Nem sei o que me daria mais gozo: levarem uma abada do Porto ou darem uma lição ao execrável Pinto da Costa e respectivos muchachos...
Coabitação difícil
Imaginem que Cavaco Silva ganha as eleições para a presidência da República...
O homem está definitivamente portador de mensagem salvadora. Já diz que o país está na senda da desgraça: qualquer dia até os albaneses nos ultrapassam. Já diz que os políticos competentes têm que despedir os incompetentes. Enfim, os santanetes já devem estar com as orelhas quentes. Como é óbvio, ele é que é o árbitro e quem define os critérios de competência.
Mas para além de tudo isso, surge-me uma interrogação inquietante: quem se atreverá a ser primeiro-ministro com tal personagem ou a ocupar uma pasta de Economia?
Mais estórias de Ourém
A Teresa sugere:
Seria tempo de recolher algumas dessas "estórias" para constituirem parte do acervo "arqueológico" da vida do moinho... que passará a olhar as estrelas!
Tem todo o meu acordo.
Mas quem está em condições de nos trazer essas estórias?
No último Poço, o pessoal deu força, recordou aqueles dias; tenho promessas, mas parece que está tudo a voltar à tradicional concha.
Pus neste blog o que me recordo de Ourém. Há outras coisas, mas falta um fio condutor que as transforme em estórias.
Lembro-me, por exemplo, que o Vítor e o Humberto eram dos principais dinamizadores de escaladas direito ao moinho, reproduzindo, por vezes, o ataque dos apaches ao forte dos soldados que ocupavam a sua terra, eles que beberam os fundamentos dessa flosofia de vida nos mesmos livros que eu, para além de terem tido paciência para completar a infindável História do Oeste.
Recordo que o Manel foi um dos responsáveis por um dia uma das mós estar apontada para o Fernão Lopes e só não o atingiu por um declive traiçoeiro a ter detido antes de chegar ao alvo.
Sei que o Zé Domingos é um dos maiores conhecedores de estórias da nossa terra, ele que acompanhou tantas vezes o Nené, ele que conviveu, em lugar privilegiado, com tantas gerações.
Já tenho uma promessa do Zé Rito sobre os Estúdios Trini.
Apesar disso tudo, este blog continua a ser profundamente egocêntrico: é Ourém, mas uma Ourém vista por um só que, ainda por cima, a abandonou num momento determinante.
E como vai ser possível alargar isto, Teresa?

sexta-feira, novembro 26, 2004

Chama-lhe Ameaça
Extensão da área florestal, muito sujeita à ocorrência de incêndios.
(in Orçamento 2005 da Câmara Municipal de Ourém)
Deve ter sido por causa desta ameaça (extensão da área florestal) que cortaram todas as árvores da Praça dos carros.
Chama-lhe Ponto Fraco
Elevado número de escolas do 1º ciclo com reduzido número de alunos, gerando situações pedagógicas e económicas indesejáveis;
(in Orçamento 2005 da Câmara Municipal de Ourém)
Pobres Putos!
O que ele lhes está a preparar é capaz de não ser nada agradável...
Um abraço para o Sérgio
Ele deve estar em grande actividade no meio daqueles congressistas todos.
Mas não me admiraria se tirasse um bocadinho para vir ver os blogs de que tanto gosta.
Nessa eventualidade, aqui fica um abraço!
Interactividade com o cidadão
Consideramos o documento apresentado muito frágil em termos do que se propõe relativamente à interactividade com o cidadão.
Com efeito, não existe nenhuma explicitação que formule a necessidade de tal objectivo. Há uma referência a Leiria Digital, há referências a aquisição de equipamento e software informático, mas nada nos leva a acreditar que a Câmara viabilize um sistema em que possa existir a discussão em linha de projectos, ou o comentário às suas posições, ou a oferta e procura de emprego suportada em base de dados. Mais longe deve estar ainda a possibilidade de digitalizar toda a informação constante dos arquivos camarários e que hoje em dia é de difícil consulta: em Julho, a situação chegou a ser caricata com as consultas suspensas por o funcionário ir de férias.
A corroborar esta nota sobre a ausência de diálogo com o cidadão, pensamos que o próprio texto que na página da Câmara anuncia este documento mostra uma posição assaz autoritária própria de Estados que praticavam a planificação imperativa:
A Câmara Municipal de Ourém deliberou no passado dia 22 de Novembro remeter à Assembleia Municipal o Orçamento para 2005 e as Grandes Opções do Plano para o período 2005/2008. Consulte aqui o documento (comprimido em formato RAR - 4,4MB ) que comandará os destinos do concelho no futuro próximo.
Por aqui se vê a consideração em que têm a iniciativa privada e o papel que lhe atribuem na formulação dos destinos do concelho.
O solar do palhete
O magnífico vinho da nossa terra não podia ser esquecido na Grandes Opções.
Com uma participação de 60% de fundos comunitários, vamos ter um solar para o Medieval, avaliado em cerca de 109500 euros e pronto a funcionar em 2006.
Esperemos que os organizadores do Poço de 2006 tenham em atenção tão gratificante acontecimento.
Obviamente que para a mentalidade vaidosa das gongóricas criaturas que nos governam aquilo vai ser o Solar do "Vinho Medieval de Ourém".
Mas palhete é sempre palhete, seja qual for o local de apreciação. Esperemos que deixem um bocadinho para os pobres e que nos permitam mesmo uma humilde visita guiada.
Ai, Agroal...
tão maltratado que tens sido...
--- e se calhar continuarás a ser...


A requalificação do Agroal vai utilizar a módica quantia de 1,5 milhões de euros da qual a parte de leão (1,17 milhões) se destina a requalificação de espaços verdes.
Uma surpresa é que nesta atenção dada ao Agoal para este período de 2005/2008, consta mais um comboio turístico avaliado em 49000 euros.
Apesar dos 68000 euros (!) previstos para estudos e projectos, há que questionar se esta requalificação não vai ter efeitos perversos sobre esta descrição roubada a João Pedro Bernardes e Paulo Fonseca:

(Nascente do Agroal) - seguindo o curso das ribeiras de Seiça e Caxarias desembocamos no rio Nabão. Aqui os vales férteis ribeirinhos encontram o meio cársico agreste que os faz minguar até à nascente do Agroal, um dos locais mais pitorescos de toda esta região. A Nascente do Agroal, uma exsurgência de onde brota uma parte significativa do caudal do Nabão, é um lugar de lazer e de banhos públicos na piscina ali improvisada. Região de natureza selvagem com grandes escarpas talhadas pelas águas ao longo dos milénios, apresenta-se como um meio ecológico rico e variado, resultante da peculiaridade do meio cársico ser rasgado por um rio que, congregando a força de várias ribeiras, vai ignorando obstáculos, teimando em prosseguir o seu percurso.

quinta-feira, novembro 25, 2004

O núcleo de astronomia
Será que o meu moinho, sim, aquele que existia no cima da encosta por trás da casa do largo de Castela, vai ser recuperado? Será mesmo esse? Lembro-me que quase nunca tinha a parte superior e que ostentava um tronco onde já não existia vela. Lembro-me da monumental mó no seu interior e da vista de Ourém a partir da sua pequena janela. Há uns trinta anos, escrevi um péssimo artigo sobre ele e os seus pares no Ourém e seu Concelho. Não me dei ao trabalho de o digitar.
Hoje, esse moinho voltou às minhas memórias graças às opções do plano da Câmara.
E a boa notícia é que (será esse?) vai ser recuperado (60000 euros repartidos por 2006 e 2007) e vai lá ser instalado um núcleo de astronomia.
...
Deixem-me ser um desses astrónomos...
Sentir aquela vegetação...
Ver aquela paisagem...
Ser levado naquele vento...
Voltar àquele tempo...
A protecção civil em 2005/2008
Uma verba de 720600 euros está prevista para o período referido em termos de acções relacionadas com a protecção civil. Desta, mais de metade, destina-se a limpeza de matas e é financiada em 80% por fundos comunitários.
Regista-se a previsão de realização de uma campanha de sensibilização, pena é que a mesma termine em 2005.
Prevê-se ainda aquisição de software, realização de estudos e projectos, uma página na Web em valores que chegam perto dos 150000 euros.
Estou de acordo com todas estas acções, penso é que devem ser muito bem controladas para que respondam mesmo àquilo para que forma planeadas.
Mas talvez se pudesse ir mais longe nesta área. Vigilância florestal eventualmente suportada em sistemas de informação e comunicação, obrigatoriedade de cultivo de terras em torno de zonas florestais e substituição dos particulares quando não assumam essa obrigação deveriam ser implementados no concelho.
Assim, o que está previsto em termos de protecção civil peca por defeito. Tem que se fazer mais e ser exigente perante a população por mais que isso desagrade em termos eleitorais.
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