domingo, novembro 28, 2004

Fumo branco
Já se vê e vem dos lados de Almada.
O novo grande timoneiro chama-se Jerónimo e, tal como o lendário guerreiro e chefe dos apaches, promete muita luta. Luta contra a exploração capitalista e luta por uma certa pureza ideológica. Apesar de distanciado deste partido, estou de acordo com estes dois aspectos.

Consideremos o primeiro.
Os detentores de capital e os seus agentes no aparelho de estado não se têm portado nada bem. Tráfico de pessoas, tráfico de droga, especulação em grau elevado, desmantelamento do aparelho produtivo, tentativa de controlo da comunicação social, despedimentos em massa são algumas das suas últimas realizações. Operários, trabalhadores dos serviços, intelectuais e professores são algumas das suas vítimas. Neste formidável ataque às forças produtivas, os representantes do capital detentores do aparelho repressivo nem olham à formação daqueles sobre quem exercem a sua acção. Pessoas com mestrado e doutoramento são enviadas para a inutilidade do desemprego, depois de anos a fio a acumularem conhecimento e a prepararem-se para cooperar na produção social. Assim, os actuais detentores dos meios de produção mostram claramente que não conseguem fazer desenvolver a sociedade. Isso manifesta-se, por exemplo, na monumental fraqueza do crescimento quando comparado com a União Europeia.e nas próprias previsões que eles mesmos elaboram.

Por outro lado, muitos comentadores têm falado num regresso à pureza ideológica como se mais um fundamentalismo se tratasse, procurando com base nisso contribuir para uma má imagem. Penso que estão enganados. Não devem confundir as coisas. Ninguém vai pôr granadas à cintura e fazer-se explodir num centro comercial ou num autocarro com criancinhas. Se alguma vez isso acontecer será no terreno do inimigo, no quartel, em campo de luta.

O retorno a uma certa pureza do marxismo, ao seu repensar, considerando as grandes lições provenientes dos erros associados às realizações concretas, só pode ser positivo. Significa que a contribuição de Marx e Engels para o desenvolvimento da sociedade permanece válida e que a de Lenine tem muito de positivo e há que reter as suas notas sobre o imperialismo e a crítica da doença infantil. Daí para a frente há que ter cuidado e analisar pela negativa: aquilo não se pode repetir. O próprio Marx tinha referido que a construção do socialismo começaria pelas sociedades mais desenvolvidas.

É preciso uma grande aliança para acabar com a corrupção e o tráfico ilegal, fenómenos que acompanham o desenvolvimento e crise do capitalismo, para garantir as liberdades e a segurança, para continuar a desenvolver a riqueza do país, para conseguir mais solidariedade com menos Estado. É preciso um não absoluto à violência, ao desrespeito pelo adversário, é preciso o respeito pela legalidade instituída e a colaboração em amplo programa de reformas que nos vá aproximando da tal sociedade...

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