sexta-feira, maio 12, 2006

A amazona



Há dias passava ao lado de um jardim aqui perto e pareceu-me ver lá esta formosa amazona. Ela estava lá em baixo como que esperando, olhando aquela estátua com o homem a mulher e a criança. Via-se que estava nervosa, andando de um lado para o outro, não se apercebendo dos perigos que alguma má frequência do jardim lhe podia trazer.



Ele aproximou-se por um caminho estreito bem desenhado no interior do jardim. Fingia-se descontraído de casaco às costas. Foi-se aproximando. Ela viu-o, sorriu. Cumprimentaram-se. Via-se que não estavam à vontade, que parecia não se encontrarem há muito tempo, mas que, apesar de tudo se conheciam. Falaram um pouco, notava-se a sua comoção, o seu tremer, depois caminharam, subiram uma pequena rampa e seguiram juntos evidenciando já mais calma.
Não sei bem porquê, passei a ter mais uma referência naquele jardim perto do qual passo há uns quarenta anos, mas que nunca me influenciou significativamente. Será que a formoza amazona ali voltará?

Acompanhe a sua visita ao OUREM com Marwa Blues de George Harrison

quinta-feira, maio 11, 2006

Ir até ao fim...

Por mais que isso pese, vamos procurar mostrar como é que as diferentes funcionalidades procuradas se nos apresentaram e situar Ourém no conjunto do país.
Abandonemos o George por um ou dois dias e procuremos uma música para dar força...

Oiça Carry that weight - Beatles
Serviços de informação das autarquias - 6
Email a fingir

Cientes que muitos autarcas ainda não olham o dever de prestar informação como responsabilidade sua, decidimos enviar aos mesmos um conjunto de perguntas relacionadas com o seu Município e os seus serviços e avaliar a partir da resposta ou da sua ausência a predisposição para as mesmas.
Os resultados não poderiam ser mais reveladores.
A esmagadora maioria dos autarcas do nosso país (92,5%) não responde a quem se lhes dirige, mostrando assim toda a arrogância que o cargo que ocupa lhe transmite.
Os resultados podem ser vistos a nível de distrito no gráfico seguinte.



A título de curiosidade, deixo aqui aos amigos do Ourem, informação sobre aqueles a quem vale a pena perguntar alguma coisa, pois a sua predisposição é para a resposta:
Alcochete
Aljustrel
Alvito
Baião
Cantanhede
Coimbra
Lagos
Leiria
Loures
Lousã
Marco de Canaveses
Mira
Miranda do Corvo
Monção
Montijo
Moura
Pombal
Portalegre
Porto de Mós
Santa Marta de Penaguião
Santarém
Valongo
Vila Franca do Campo

quarta-feira, maio 10, 2006

Cuidado com a escuridão

Em Março do ano corrente, um aluno do ISEG dirigiu-se por email ao nosso venerado presidente pedindo-lhe alguma informação sobre os processos e as contas da autarquia. Fê-lo enquadrado pela escola onde estudava e na convicção de que os autarcas seriam em geral seres disponíveis para apoiar os mais novos já que os resultados da avaliação dependiam deste trabalho. O que pretendia era muito simples, apenas uma resposta a estas perguntas:
1 - Existe e está em funcionamento algum Sistema de Gestão Documental integrado com um sistema de workflow?
2 - Existe e está em funcionamento algum sistema de apoio à decisão para melhorar significativamente a eficiência de trabalho dos decisores?
3 - Qual a percentagem de processos de aquisição suportados por meios electrónicos?
4 - Qual a percentagem de disponibilização em formato digital de conteúdos produzidos pelos serviços da autarquia?
5 - Qual a percentagem de directores, técnicos e administrativos que nos últimos três anos foram sujeitos a desenvolvimento de competências na área de Sistemas de Informação?
6 – Qual o montante de gastos no último ano em Hardware?
7 – Qual o montante de gastos no último ano em Software?
8 – Qual o montante de gastos em Documentos de Informação ao Munícipe (boletim...)?
9 – Qual o montante dos gastos totais do Município?
10 – Qual o total de efectivos em recursos humanos?
11 - Qual o total de efectivos em desenvolvimento e manutenção de software?
12 – Qual o total de efectivos em assistência hardware, redes,...?
13 – Qual o total de efectivos dedicados à produção de informação (boletim...)?
O argumento "isso dá muito trabalho a apurar" não me parece aceitável. Qualquer autarca tem esta resposta na ponta da língua. Por isso, perante o total silêncio do nosso presidente, só podemos acreditar que ele não quis responder. E não quis responder para que outros não tivessem conhecimento do que se passa pelo Município.
Não é caso único infelizmente.
Para os alunos da escola este é um dos péssimos exemplos que ficou amplamente documentado, uma imagem do mundo real que vão defrontar e que, por todo o lado, lhes semeia obstáculos, boicotando-lhes os projectos. Mas, ao mesmo tempo, uma imagem que pode ser medida e caracterizada e, como tal, ultrapassada. É isso que vos trarei amanhã...

A grande desilusão

Um dia, junto ao tanque das banhocas da trupe, o pai do Rui fez-me a sacramental pergunta frente aos outros:
- Então, Luís, e vai estudar para ser o quê?
Eu sabia lá, embevecido que andava com estórias de cowboys. Nenhuma profissão daquela gente de fatos cinzentos ou das de fato macaco me seduzia. Imaginava-me cavaleiro solitário de viola na mão ou como pistoleiro em cidade selvagem para a qual traria a ordem ou galanteador perante aquelas fabulosas meninas que se cruzavam no caminho do Cisco ou de outro dos nosso heróis.
Mas que havia de responder? Eu sempre abusei da sinceridade em momentos críticos como este.
- Eu quero ir para a América para ser cow-boy.
Ficaram de boca aberta.
- Mas já não há cow-boys hoje...
- Não há. Mas eu vejo-os nos livros e no cinema.
- Mas o que lá vê passou-se há quase cem anos ou mais. Agora o mais que lá encontrará serão alguns ranchos e o tratamento de gado...
Fiquei de todo. Lá se foram os meus sonhos... como era possível todas as ilusões irem por água abaixo de um momento para o outro.
Nessa noite, passaram pela minha frente todas essas figuram que tanto me diziam...
Beware of Darkness

É este o título da canção do nosso amigo George que nos tem vindo a acompanhar esta semana. Através do PUTFILE, ouvimos uma versão pela Banda do George (Clapton, Lynne, e companhia) tocada no concerto de homenagem póstuma e o original gravado pelo George em 1970.
É outra das canções que normalmente me comove talvez pelo seu tom deprimente bem claro na voz do George e pela sua utilização no concerto de homenagem.
Separados os Beatles, ninguém acreditava que musicalmente alguém resistisse para além de Lennon e McCartney. O George tinha contribuído com três exitos para a monumental lista do conjunto e com algumas músicas que não passaram da vulgaridade. Esses êxitos situaram-se na parte final da produção da banda (Abbey Road, uma espécie de fabulosa manta de retalhos e no álbum branco).
Afinal, terminado o grupo, a produção do George surgiu como se antes existisse uma rolha a estorvá-la. Ela jorrou, logo em 1970, com um álbum triplo e canções notáveis como “Beware of darkness”, “isn’t it a pitty”, “all things must pass” e a polémica “my sweet lord” (o George foi acusado de plágeo, mas respondeu logo de seguida com outras canções que mostravam que não precisava disso para nada).
Comparando a sua produção posterior com a dos seus antigos companheiros, vê-se que ela é bem mais rica melódica e instrumentalmente e, o que é curioso, que o som anterior dos Beatles era mais parecido com o seu isoladamente do que com o de Lennon e McCartney. Daqui a minha suspeita de que as canções que constituiram aquele álbum de 27 canções number 1 (e eu era capaz de criar outro álbum dos Beatles com 27 canções not number 1 tão engraçadas ou melhores que as aí publicadas...) só terão tido aquele êxito retumbante devido ao empenhamento musical do George nas mesmas.
A minha interpretação é que, estabelecido o grupo, a tirania e a sobranceria da dupla impedia que as qualidades do George como criador viessem ao de cima.
Foi pena e mais pena foi a separação. Eu imagino o que os quatro poderiam ter feito daquele lote de magníficas canções que produziram após esse momento se tivessem colaborado para elas juntos...
Mas, voltando à nossa canção, ela alerta-nos contra a escuridão, a obscuridade.
Alerta muito importante, nesse tempo e, mesmo, agora. Alerta muito importante em Ourém e em qualquer outro espaço do nosso país, onde os poderosos não querem que nós conheçamos o pormenor do que fazem com o dinheiro do povo para continuarem a poder alimentar os seus bolsos propagando a crise para os mais fracos. Na nossa sociedade, o fosso vai-se alargando, o que significa que, para alguns, apesar do empobrecimento progressivo das pessoas, o enriquecimento é a palavra de ordem...

Oiça o George no Beware of Darkness

terça-feira, maio 09, 2006

Outros terão
Um lar, quem saiba, amor...

Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.

A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

"Que importa?"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

"Quem tem de ser?"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.
Serviços de informação das autarquias - 5
E vai uma Caixa de Bigodes?



É uma representação muito sugestiva.
Mostra a quase presença da totalidade dos concelhos na INternet.
Mostra que é o critério Navegação aquele que mais tem motivado os que concebem as páginas.
Apesar de tudo, todos os critérios têm concelhos com funcionalidades não presentes.
A Abertura é o verdadeiro calcanhar de Aquiles. Porto, Nelas, Setúbal e Odivelas (e mais uns tantos que o gráfico não apresenta para não ficar pesado) estão a puxar, mas a inércia, o comodismo, o receio que se saiba são muito fortes.
Serviços de informação das autarquias – 4
E como ler o diabo dos números?


Despejei aquele quadro e nada de dizer como chegar ao seu significado. Vamos lá...
As funcionalidade foram recolhidas em termos de ausência (0) ou presença (1). Em casos especiais, admitiu-se que poderiam assumir um valor no intervalo 0-1, representando o seu grau de consumação. Depois, houve agregações para o nível critério, o nível país e o nível distrito. Assim muitos valores apresentados são médias simples ou então frequências relativas.
Por exemplo, vejam a coluna sobre Presença na Internet. O seu significado refere-se à percentagem de concelhos que, em determinado distrito, têm página activa. Assim, podemos concluir que, nos Açores 84% dos concelhos têm página, que esse número em Aveiro é de 95%, etc. Neste critério, passou-se um facto interessante: alguns concelhos agora considerados sem página já a tiveram, mas apagaram toda a sua informação deixando a mensagem “em manutenção”. Não percebemos esta opção: a informação que lá estava era com certeza útil e a manutenção costuma fazer-se em área diferente daquela que é a disponibilizada não interagindo com a mesma e, portanto, não a impedindo.
Quanto aos outros critérios, que agregam muitas funcionalidades, a sua imagem é de uma média de concelhos no distrito. Por exemplo, em termos de Abertura, podemos dizer que, em média, os concelhos de Açores têm apenas 7% das funcionalidades activas. No mesmo critério, o concelho médio de Santarém terá 15%, bem superior ao valor de Ourém (8% como se recordam). Sendo um valor médio, poderá haver concelhos com valor superior ou inferior.
Um valor para o nível país é então um valor do concelho médio...
Num dos próximos dias, vamos então mostrar porque é que o presidente David “não quer que se saiba”. Não perca o próximo número...

segunda-feira, maio 08, 2006

Serviços de informação das autarquias - 3
Os distritos e regiões autónomas por critério


Para os que preferem ver números em vez de figuras, aqui ficam os que originaram o último gráfico do post de ontem. De qualquer modo, não esqueçam que estes números ainda são provisórios.

domingo, maio 07, 2006

Serviços de informação das autarquias – 2
Critérios de análise

Mas continuemos a nossa estória acerca dos serviços de informação da nossa autarquia.
Organizámos as funcionalidades (recolhidas sob a forma presença - 1, ausência - 0) em termos de critérios: informação ao munícipe, informação sobre o concelho, informação sobre os eleitos, abertura, navegação e presença na Internet.
A Informação ao munícipe tem a ver com aquelas funcionalidades, como, por exemplo, a disponibilização do PDM, de formulários, de informação sobre concursos abertos, as publicações da Câmara, que podem vir a ter utilidade para os que habitam no concelho ou que querem actuar no mesmo.
A Informação sobre o concelho é mais virada para pessoas externas ao concelho: aquelas que o procuram por causa da sua história, da sua gastronomia, por qualquer facto ou característica relevante.
A Informação sobre os eleitos é o que diz: quem são, que organizações representam, qual o seu currículo...
No critério Navegação reunimos um conjunto de funcionalidades que têm a ver com as características do sítio em termos de presença na Internet: é fácil de utilizar? Tem serviço de pesquisa? Tem facilidades de extracção de ficheiros? Há um mapa do sítio? Apresenta certificado digital?
A Abertura respeita àquele conjunto de funcionalidades que implicam uma reacção sistemática, transparente pelos responsáveis da autarquia: será que respondem aos emails? É possível apresentar questões AM e seguir o seu tratamento? É possível a encomenda de publicações ou o acesso ao catálogo da biblioteca municipal?
Finalmente, a Presença na Internet, tem a ver com a ausência ou presença de uma Câmara na Internet através de página.
A figura seguinte representa graficamente a avaliação que foi feita para a página da nossa Câmara. O critério mais fraco é designado por Abertura: a Câmara não criou condições para o interface com os seus munícipes e não reage aos emails, como iremos ver. Apenas 8% das funcionalidades da Abertura ali se encontram. A navegação também não é famosa dada as ausências de serviço de pesquisa, de ajudas e de mapa do sítio. Já os três critérios de informação estão um pouco acima dos 50%



Se pretendermos comparar com o que se passa no país, podemos fazê-lo utilizando a figura seguinte, na qual se vê que a Abertura, apesar de não ser famosa é bem melhor do que em Ourém (16%) e que os critérios de informação são um pouco mais pobres que no nosso concelho. A presença na Internet mostra claramente que, existem alguns distritos onde a mesma ainda não está a 100%. Repare-se que, apesar de tudo, a configuração da figura tem algumas semelhanças com a relativa à nossa terra



A figura seguinte, mostra a diferenciação a nível de distritos


Cuidado com a escuridão

Julgo que não tem qualquer vantagem pelo menos para os que a sentem. Isto é, não se vê nada lá para dentro. Eventualmente, poderá trazer vantagens a quem, por causa dela, não é visto.
A escuridão é, assim, lugar de mil factos e perigos que pode ser utilizada em proveito próprio...
Há por aí muitos adeptos da escuridão... para os outros: por exemplo, o venerado presidente, o tal que diz que tudo demora a apurar, que não conhece o que se lhe pergunta, para assim se furtar a divulgá-lo...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...