Sedento de dar a conhecer ao mundo os meus escritos, dirigi-me às editoras. Mas a resposta não foi satisfatória: “os seus livros não têm interesse literário nem comercial”.
Que havia de fazer, ao menos para ter a ilusão de que algo produzia? Pensei na produção por conta própria, mas o seu preço era proibitivo: apesar do avanço tecnológico, só é economicamente interessante a partir dos mil exemplares e havia que contar desembolsar mais de 2000 euros. Para quê tantos, se não há quem os distribua, se não interessam a ninguém?
Veio então a ideia: Literatura de Agrafo...
Desde que o livro não seja muito gordo e que, numa A4, se consigam pôr duas páginas (O Word pode...), é possível produzir através da fotocópia. Reparem, um livro com 80 páginas, nessas condições, fica reduzido a 20 folhas. E como imprimi-lo? A página 1 deve casar com a 80, a 2 com a 79, e assim por diante... fazer a impressão das páginas duas a duas de forma que a sua numeração dê o total de páginas mais um. Depois, é fotocopiar, frente e verso, juntar, pôr a capa em cartolina, dobrar, agrafar e acertar as pontas...
... pronto, não tem aquela lombada bonita com o nome, mas o aspecto é excelente...
No total, um livro com 80 páginas, transforma-se em 40 fotocópias mais uma. Se quiser 50 exemplares, chego às 2050 fotocópias que a 3 cêntimos me garantem um custo um pouco acima dos 60 euros. Se juntar mais um euro por exemplar para as actividades finais, tenho um orçamento que me viabiliza a produção. Com a vantagem de, se precisar de mais alguns, o custo é totalmente variável...
Olho embevecido o livrinho de título “Poemas entrelaçados...”. Já tenho mais uma coisa para torturar os meus amigos...