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quinta-feira, março 01, 2007

Lady Jane

Lá para 1970, o Vitória Fernandes - um colega de curso - chegou-se junto junto de mim, conhecedor do meu sofisticado gosto musical:
- Ó Luís, comprei um gira-discos. Anda ajudar-me a escolher discos.
Aproveitei logo para o fazer adquirir as minhas preferências da altura. Ele foi na conversa e, daí a uns dias, amaldiçoava a hora em que tinha falado comigo.
Mas eu acho que não tinha razão. Uma canção rezava assim:

My sweet Lady Jane
When I see you again
Your servant am I
And will humbly remain

Just heed this plea my love
On bended knees my love
I pledge myself to Lady Jane

My dear Lady Anne
I've done what I can
I must take my leave
For promised I am
This play is run my love
Your time has come my love
I've pledged my troth to Lady Jane

Oh my sweet Marie
I wait at your ease
The sands have run out
For your lady and me

Wedlock is nigh my love
Her station's right my love
Life is secure with Lady Jane

segunda-feira, setembro 25, 2006

25 canções para os amigos do Poço: guia de audição

1. Oh Lady! – Les chats sauvages
Os nossos cafés: o Avenida, o Central, as sensacionais partidas de bilhar enquanto o Dick Rivers mandava aquele “rieeennnnnn” que parecia o zurrar de um burro. O Duarte a cantar e a dançar agarrado ao taco do bilhar, o Genito a fazer o pino numa cadeira...

2. Lonely, lost and sad – Sheiks
Os amigos Rui e Jó Rodrigues e as monumentais tardes de convívio na quinta que repousa sob a EPO

3. Le ciel est si beau ce soir – Richard Anthony
Os encontros e desencontros ... Os minutos de espera que pareciam horas e que faziam pensar que ela nunca mais viria

4. Chove – Conjunto académico João Paulo
Noites de chuva e espera em Ourém quando nada se passava e hoje até parece que era o mais importante...

5. Perdoname – Duo Dinamico
O gira-discos tipo mala de viagem, a ida ao bailarico de Caxarias na motorizada do Quim Vaz, a descoberta das lindas meninas de lá, as beatladas e aquele pedido “não tens o perdoname...”

6. Derniers Baisers – Les chats Sauvages
Canção do Fernão Lopes com o Vitor e o Zé Augusto a sentirem o bafo do Dr. Armando após o famoso “chupa?!!”.

7. Una lacrima sul viso – Bobby Solo
Sei lá porquê. Tinha piada. Ainda me recordo do ar escandalizado de malta amiga quando o Bobby apareceu de olhos pintados no festival de S. Remo a cantar o “Se piangi, se ridi”

8. Johnny lui dit adieu – Johnny Halliday
Fabuloso canção, mesmo à Halliday...

9. Demain tu te marries – Patricia Carli
Outra vez o Fernão Lopes. Aquele “Arrete, Arrete...” é inesquecível pelo modo como é entoado (aliás muita gente conhece-a por essa designação). No final, o “Non” desesperado é uma espécie de grito que queremos entoar muitas vezes e não temos coragem

10. All my loving – Beatles
Passagem por Fátima, pelo posto de turismo. Pela primeira vez, mexi num gira-discos e fiquei entusismado. Houve música para peregrinos e para as meninas daquelas lojas pequeninas, todas iguais

11. I can’t let Maggy go – HoneyBus
Canção para as namoradinhas oureanas… e também para o TóLiz que se atirou de guarda-chuva aberto, a fazer de pára-quedas, do 1º andar do Fernão Lopes, daquele patamar que dava acesso às aulas do primeiro ciclo, pensando que ia voar. “He flies like a bird...”

12. If you need me – Rolling Stones
Talvez Nazaré, uma das primeiras músicas que gostei dos Stones

13. Mr. Moonlight – Beatles
Aquele órgão ouvido na fabulosa quinta, aquele grito inicial: tardes em que não nos lembrávamos de luar...

14. All my sorrows – Searchers
Traz-nos o som desse tempo como por vezes o sentíamos nos bailes de finalistas e nos casinos. “All my sorrows” só foi descoberta mais tarde. Em Ourém ouvia-se o “Sweets for my sweet”.

15. And I love her – Beatles
Nazaré, passeio pela marginal. Há mãos que se encontram num tímido despertar do encontro com o futuro. Lá ao fundo, havia uma monumental caixa, cheia de discos onde, um braço automático, depois da moeda introduzida, procurava o disco e despoletava a sua audição

16 e 17. Happy together – Turtles e Tell me you are coming back – Rolling Stones
Canções do Jó Rodrigues e da sua capacidade notável para nos fazer ter atenção a passagens especiais.

18 Le Penitencier – Johnny Halliday
O mais famoso hino da nossa geração. Não houve oureense que não passasse pela minha casa para o ouvir. O Zé Domingos por vezes ainda mo recorda. Mas houve um visitante de Ourém, o Raul, que me ficou com o original após troca. Já não o sei localizar...

19. Je suis parti – Christophe
Vocês queriam o Aline, mas eu gosto mais desta. É uma canção de Leiria, da esplanada onde o João Antunes, um dos corsários de Apolo, se entretinha a cantar para o pessoal ouvir...

20. Quand reviens la nuit – Johnny Halliday
Uma versão do Mr. Lonely com aqueles repentes do Johnny

21. La plus belle pour aller dancer – Sylvie Vartan
O Jó Alho, impagável, frente aos Claras, na Avenida, a trautear a canção e a correr de um lado para o outro, saltando, projectando as pernas para trás e batendo com os calcanhares.

22. Never my love – Association
Vir para Lisboa e estudar custou tanto

23. Sounds of Silence – Simon and Garfunkle
Canção das famosas tardes de bailaricos no Castelo. A sensação de ouvir pela primeira vez algo que se sentia ser muito bom

24. Mrs Applebee – David Garrick
E o raio do curso que nunca mais acabava. A polícia a ocupar a Universidade sem lhe podermos dar uma ferroada a valer.

25. El final del verano – Duo Dinamico
E o problema era que o Verão e a Nazaré acabavam mesmo, bem como os passeios, as idas ao casino, as noites na esplanada ou dormidas dentro das barracas. Até que uma vez, acabaram para sempre...

quarta-feira, setembro 06, 2006

A questão das 25 canções para os amigos do Poço

Apesar do de Novembro, 25 é um número gratificante para nós. Há o de Abril que é sem dúvida a data mais importante para a nossa geração, porque nos tornou mais conscientes, mais determinados. Por isso, justifica-se que, no nosso CD, estejam 25 canções. Sem terem nada a ver com Abril, elas acompanharam muitas conversas que desejaram Abril e que contestaram a situação que antes se vivia.
Mais uma vez, os meus amigos me deixaram sozinho com a difícil tarefa da escolha. Fiz o melhor que pude, mas tudo está atravessado pelo gosto e vivência pessoais. Garanto uma coisa: quase todas essas canções têm um nome de um amigo (que até pode ter já desaparecido) ou um recanto de Ourém associados. Recordar essas canções é também recordar esses amigos, embora reconheça que alguns nunca tenham estado no Poço, apesar de terem sido muito importantes para nós.
Algumas das canções estão em muito mau estado porque foram recuperadas do vinil, mas têm a vantagem de o ter sido a partir dos discos originais, aqueles que ouvíamos e gostávamos. Ora aqui vai a lista que seleccionei e agora é inabalável (e repare-se como, na altura, o som dos franceses rivalizava com o que se tornou dominante):
Oh Lady! – Les chats sauvages
Lonely, lost and sad – Sheiks
Le ciel est si beau ce soir – Richard Anthony
Chove – Conjunto académico João Paulo
Perdoname – Duo Dinamico
Derniers Baisers – Les chats Sauvages
Una lacrima sul viso – Bobby Solo
Johnny lui dit adieu – Johnny Holliday
Demain tu te marries – Patricia Carli
All my loving – Beatles
I can’t let Maggy go – HoneyBus
If you need me – Rolling Stones
Mr. Moonlight – Beatles
All my sorrows – Searchers
And I love her – Beatles
Happy together – Turtles
Tell me you are coming back – Rolling Stones
Le Penitencier – Jonnhy Holliday
Je suis parti – Christophe
Quand reviens la nuit – Johnny Holliday
La plus belle pour aller dancer (+ la la la) – Sylvie Vartan
Never my love – Association
Sounds of Silence – Simon and Garfunkle
Mrs Applebee – David Garrick
El final del verano – Duo Dinamico

sábado, maio 06, 2006

OUREM PlayList

É fartar, vilanagem, mas não esqueçam que, por vezes, o PUTFILE faz as suas partidas (apaga os mp3, muda-lhes o nome, deita-se para o chão, enfim, nem sei como lhe chamar...)

Adriano Correia de Oliveira: Cantar da Emigração
Adriano Correia de Oliveira: Trova do Vento que Passa
Banda do George: Beware of darkness
Banda do George: Something
Beatles: While my Guitar (versão demo do George)
Duo Dinamico: El final del Verano
Duo Dinamico: Perdoname
Honeybus: I cant let maggy go
Joe Brown: I'll see you in my dreams
Johnny Halliday: Le Penitencier
Johnny Halliday: Johnny lui dit adieu
Les chats sauvages: Derniers baisers
Les chats sauvages: Oh Lady
Luis Cilia: Má Reputacão
Luís Cília: O romance do Lulu do INtendente
Patricia Carli: Demain tu te marries
Richard Anthonny: Le ciel est si beau ce soir
Rolling Stones: If you need me
Rolling Stones: Tell me you are comming back
Searchers: All my sorrows
Searchers: Dont throw your love away
Searchers: Farmer John
Searchers: Needles and Pins
Searchers: Sweets for my sweet
Searchers: What have they done to the rain
Sheiks: Lonely lost and sad
Simon and Garfunkel: Sounds of Silence
Spriguns: Letter to a lady
Tino Flores: Meu amigo está preso
Tubaroes: Destino de crioula
Tubaroes: Manu
Tubaroes: Mar piscina de nhas lagrimas
Vitorino: Alentejo, és nossa terra
Vitorino: O MAltes
Zeca Afonso: Cantares de Andarilho
Zeca Afonso: Cantigas de Maio
Zeca Afonso: Canto Moco
Zeca Afonso: Coro da Primavera
Zeca Afonso: TRaz outro amigo tambem
Zeca Afonso: Vejam bem
Zeca Afonso:Grandola vila morena

sexta-feira, março 17, 2006

Aqueles Verões quase intermináveis

Nazaré...
Terra de mil encontros e outras tantas estórias que hoje não podem ser reveladas.
Aquela esplanada onde a vi quando ela chegou e eu me sentia rejeitado.
Aqueles passeios de mão dada sob olhares curiosos de familiares que se murmuravam: "será que se passa alguma coisa?".
As dores de cotovelo que no dia seguinte levavam distintos a insistente perseguição já que o vilão cometera o atrevimento de se aproximar da dita...
As canções dos Beatles na máquina de discos de braço mecânico lá para o pé do porto.
Os Stones a berrarem que nem uns desalmados nos altifalantes perto das esplanadas.
O fabuloso pão quente à meia noite servido directamente na padaria.
O elevador na lenta ascenção sempre em constante ameaça de se despenhar.
O Fio de Azeite a convidar-me para jantar quando via que as massas não abundavam para este lado.
Os roncos de uma alimária que dormia no quarto ao lado.
A sensação de escaldão numa noite tórrida ouvindo o ruído sistemático do WC público.
A imagem do salva-vidas um dia a ser levado para o mar e a balançar para todo o lado.
O banho das saloias completamente vestidas de negro, saia arregaçada e posteriormente encharcadas.
A pernoita dentro das barracas e na esplanada.
O João das caldeiradas.
Parece que a vida se esgota no Verão...

quinta-feira, março 02, 2006

Os Stones

E quem sou eu para falar dos Rolling Stones? Nem pensem... olhem, encontram aqui quem o faça melhor e com excertos de músicas.
Apesar de fazerem parte de quase toda a minha vida musical, nunca me entusiasmaram seriamente, mas há pequenos episódios ao longo do tempo.
O primeiro, que não posso deixar de vos recordar, é aquele do nosso Jó Rodrigues a identificar um belo solo em "Tell me you are coming back". Nessa época eu ouvia os Stones, mas embirrava com o seu som.
Depois as coisas foram melhorando. Uma tarde, o posto de turismo da Nazaré brindou-me várias vezes com "Get off my cloud" enquanto eu repousava na esplanada. Tanto bastou para tal música se me tornar inesquecível.
Mais tarde, aquela dos olhos cor de mel ajudou-me a ouvir "She is a rainbow", contribuindo para horas e passeios muito agradáveis.
"Ruby Tuesday" também faz parte da minha recordação dos Stones. Acho uma canção deliciosa. Aliás, seria interessante contrapor três interpretações de que me estou a lembrar: a do autor (Dylan, claro), a dos Stones e a da Melanie (que eu considero fabulosa). Talvez um dia pensemos nisso.
Finalmente, não posso deixar de vos referir "Lady Jane". É uma canção que está ligada a um daqueles episódios em que fui fértil. Imaginem que algum amigo vos pergunta:
- Que disco hei-de comprar?
Isto aconteceu no terceiro ou quarto ano do curso. O Vitória Fernandes comprou um gira-discos e queria iniciar a colecção. Caiu na patetice de me perguntar. Nessa altura, ouvia-se a dita música e claro que eu lha recomendei imediatamente. Não sei porquê, esse meu amigo não gostou, ia partindo o disco aos bocados:
- Por que é que eu fui na tua opinião? Ainda tu parto na cabeça...
O mais engraçado é que esta minha tendência para aconselhar os amigos “sem fazer concessões ao comercial” ocorreu com um outro a quem recomendei "Tubular Bells" de Mike Oldfield, aquele em que há uns quinhentos instrumentos (em momentos diferentes) sempre a tocarem a mesma coisa, mas, em que lá por dentro, o homem explora todos os sons inclusivamente os que se produzem em casa de banho. Claro que mais uma vez fui censurado... O Bastos acabou por trocar o disco por "Gracias a la vita" da Joan Baez.
Tudo isto para vos dizer que, hoje, vamos mudar de som, deixando uma pequena homenagem ao nosso querido amigo Jó Rodrigues com um dos discos que ele me ajudou a ouvir...


Oiça Tell me you are comming back

domingo, fevereiro 26, 2006

If you need me

Pensam que me rendo apesar de não me ligarem nenhuma, de não deixarem qualquer comentário?
Vocês tentam mostrar que "não precisam de mim...", mas eu respondo-vos com a canção dos Stones. Oiçam-na, avaliem e estimem quantas vezes já pensei em matar esta coisa. Mas sou um ser sem coragem.
E cheio de bondade. Esta semana até vos brindo com duas canções dos Stones. A outra virá depois e noutros moldes.
O mote será obviamente o relacionado com pedras (e outras coisas rolantes). Vamos finalmente conhecer a Encosta das Pedras Rolantes. Adivinhem onde ficava...

Oiça If You Need me

domingo, maio 15, 2005

As filarmónicas

Hoje, aqui pela Parede, a manhã teve a sua delícia. Numa deslocação ao supermercado, apercebi-me que havia um daqueles festivais em que as bandas (perdoem qualquer incorrecção nas designações, sabem ao que me refiro, não sabem?) desfilam pelas ruas.
Tive o privilégio de assistir à passagem de quatro que foram homenagear a junta de freguesia e depois prosseguir pela terra. As suas designações eram interessantes: Paredense, Mucifalense, Tavira e (pasmo!!!!!) Santanense de Figueira da Foz. E acreditarão os meus amigos que era exactamente esta a que melhor executava aqueles trechos? Perguntem ao Quim dos Leitões que estava do outro lado da rua também a ouvir...
Apreciei este bocado. E, depois, apercebi-me de como o tempo nos transforma. Com treze ou catorze anos, era incapaz de lhes dar atenção. Queria era os Beatles ou os Stones. Isto não prestava para nada na minha curta visão. Hoje, trouxeram-me a recordação desse tempo...

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Memórias em vinil (1)

É mais uma provocação do Viúva Negra.
E eu junto: e qual o local de Ourém que elas lhe recordam?
Com base num tema destes eu podia trazer quatro ou cinco vinis, ou melhor EPs, agora já em CD ou em K7.
Curioso. O Avenida lembra-me o horroroso “Ma Vie” do Alain Barriere. O Central recorda-me Les Chats Sauvages (“Derniers Baisers” e “Oh Lady!”). O destruído jardim junto à Câmara lembra-me uma noite em que ali ouvi os Beatles em “I want to hold your hand”. Depois há todas as canções de sessenta associadas à feira nova e de que já falei na História de Amor.
Aquele pequeno parque frente à tabacaria do Vieira (o Fernando que trabalhava na Marina), perto do local onde paravam as camionetas dos Claras, lembra-me uma cena protagonizada pelo Jó Alho e que descrevi em Uma Chegada Imponente. Aí a canção era o “La plus belle pour aller dancer”.
Mas o Fernão Lopes tem de ter alguma canção associada. Acho que era a Borda d´Água, a Lena, que gostava muito da Françoise. Também se arranja qualquer coisa. Mas não podemos esquecer a Sylvie e o Christophe com o “Si je chante” e o magnífico “Aline”.
Recordo, ainda, um momento mágico, numa das fabulosas manhãs primaveris de Ourém, em que estávamos embevecidos na contemplação da belíssima imagem da Boazinha que, por seu lado, procurava dotar-nos com mais alguns vocábulos da língua inglesa. O problema era o "só". E recomendava ela: lembrem-se daquela canção, o "Only You", dos Platters. Nunca mais esqueci o momento nem a canção.
O Castelo também foi sujeito muitas vezes à visita da minha geração. Levava-se comida e música e eram tardes em beleza que ali se passava em pleno ar puro. Foi lá que, pela primeira vez, ouvi o “Sounds of Silence” do Simon and Garfunkel.
Se o Rui Temido passasse aqui pelo Ourem, ele decerto confirmaria que inúmeras vezes ouvimos no quintal, naquele local onde agora é a escola preparatória, perto da casa do ZéQuim, músicas do Dylan interpretadas por seguidores com outras preocupações melódicas. Foi o caso dos Byrds com o “Mister Tambourine Man” e dos Beach Boys com “The Times they are a-changing”, dois hinos fabulosos daquele tempo. Mas o pessoal também conseguia ouvir o Dylan como aconteceu com o “Like a rolling stone” que permitia executar pé de dança durante quase dez minutos e que nos acompanhou numa estadia na Nazaré. O mesmo Rui foi responsável pela divulgação de singles tal como o “I’m a believer” dos Monkees, mostrando desde logo os efeitos que a passagem por meios externos a Ourém tinham em termos de acesso ao comercial.

Nos bailaricos as músicas mais ouvidas eram as dos Procol Harum, “Whiter shade of pale” e dos Bee Gees (tantas: “World”, “Words”, “To love somebody”, “Spicks and Spckes”...).
E já não vos falo dos magníficos sons da Casa do Largo de Castela para que não se julgue que será mais uma sessão para dizer mal dos nossos prezados autarcas.
Bolas, estava-me a esquecer do Halliday com o “Le Penitencier”, uma versão magnífica da “House of the rising Sun“ dos Animals e que um dia caí na patetice de trocar com um oureense (acho que se chamava Raul) que nunca mais encontrei para desfazer a troca.
Remeto-vos ainda para aquele post relativo a Descobrir filões no meio da confusão musical que descreve a capacidade do Jó Rodrigues para encontrar passagens melodiosas no meio de cada gravação o que justifica que eu adicione aos já mencionados o "Happy together" dos TUrtles e o "Tell me you are coming back" dos Stones.
Bom, eu posso levar alguns destes gravados, algumas capas e falar uns quinze minutos, enquanto eles se vão ouvindo em fundo, depois não tenho conversa para aguentar mais.
Haverá mais voluntários?

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

A vitória do Viúva Negra

Subia a travessa do Pasteleiro envolto na sua capa qual ente tenebroso.

Nunca se soube a verdadeira razão. Uns sustentam que o frio a tanto obrigava. Outros acham que, por essa altura, tinha de esconder a sua face para não ser notada pelas pidescas criaturas que cercavam Económicas e perseguiam os estudantes.

Apesar do seu disfarce, na escola cultivava o espírito de Os amigáveis. E era de tal modo empenhado que venceu o campeonato universitário e participou em vários TIAs (Torneios inter-associações).

A designação sugerida não me é estranha, só que, no meu tempo, a campa e batina estava de todo abandonada e era nas RIAs (reunião inter-associações) onde aqueles de que tantas vezes já vos falei delineavam os próximos passos para dar uma ajuda à construção do país livre que hoje temos.

Quais seriam as referências musicais do “Viuvinha”? Eu reivindico o Zeca, o Adriano, o Sérgio, o Cília, o Zé Mário para a minha geração. O que se ouviria doze ou treze anos antes?

E dos outros? Eu tive os Beatles, os Stones, os Animals, os Moody Blues, a Mellanie... Já não sei o que resta ao “Viuvinha”, talvez o Paul Anka, o Pat Boone, o Elvis, não é ele um grande pé de dança como por vezes demonstra em São Sebastião?

Mas, se no meu tempo houve RIAs, é porque, para além do seu magnífico empenho no desporto, ele o conseguiu utilizar como uma forma de gerar a união entre escolas na contestação ao fascismo transformando algo que parecia de todo inofensivo num instrumento de subversão.

quarta-feira, maio 26, 2004

Descobrir filões no meio da confusão musical

O Jó Rodrigues possuia algumas magníficas qualidades. A sua simpatia, a sua alegria faziam com que a sua visita a minha casa, num pequeno morro na rua Santa Teresinha, frente à do ZéQuim e ao lado da dos padrinhos do Rui Temido, fosse sempre muito bem acolhida pelos mais velhos.
Entre essas qualidades, destaco a que se referia ao seu sentido de audição musical: ele conseguia descobrir no meio das músicas, escondidas sob as vozes, os solos, as baterias, pequenas pérolas que, sem o seu apoio, a nós, sempre com um ouvido para o mais comercial com certeza escapariam. Era um autêntico songs mining. Isto fazia com que, muitas vezes, conseguisse transformar uma canção insuportável em algo em que nós abstraíamos daquelas partes fastidiosas para esperarmos pacientemente pela passagem maravilha.
Parece-me que estou a vê-lo. Um dia entra pela minha casa, sem bater como era nosso apanágio, sentamo-nos na sala interior e eis-me a ouvi-lo: estive a ouvir o Tell me you are coming back dos Stones e aquilo tem um solo que é um tratado. E lá íamos nós a procura do solo e ficávamos a adorar o disco. E se era difícil na época gostar dos Rolling Stones! Pessoalmente, só quatro ou cinco músicas dos ditos ultrapassaram o meu limiar e não era nenhuma daquela fase. Claro que gostei do Get off my Cloud e do Jumping Jack Flash, mas era mais dado a pequenas fugas à tradicional xunguice do grupo e por isso o que recordo melhor dos mesmos é o Ruby Tuesday, o If You need me, o She ‘s a rainbow e o Lady Jane. Mas o Jó lá me conseguiu pôr a procurar recentemente uma edição relativa à sua inesquecível descoberta.
Noutra ocasião, referiu-se a um conjunto que teve um êxito retumbante com apenas uma música: os Turtles e o Happy Together. Sabes, Luís, lá pelo meio, depois daquela parte mais rápida, quando eles começam de novo “Me and You...” aparece uma música de fundo tão linda como eu nunca ouvi. Hás-de ouvir.
E era bem verdade, tão verdade que nunca consegui esquecer esses pequenos pedacinhos da nossa maravilhosa vivência nem quem me ajudou a descobri-los.

terça-feira, abril 13, 2004

Distintos Oureenses
Conheceram-me pouco depois de ter aparecido neste mundo. Jogámos à bola no magnífico Largo de Castela e na feira do mês. Disputámos corridas bem cronometradas no interior do belíssimo jardim junto da Câmara, já desaparecido. Esfolaram-me e foram esfolados ao King no Avenida e no Parque da vila. Enfrentaram-me ao bilhar no Central e no Grémio do Comércio. Tal como eu, esperaram pelo Mundo de Aventuras e pelo Condor Popular e, se eram bem comportados, chegaram a ler o Cavaleiro Andante. Tiveram o privilégio de ouvir os Animals, os Beatles, os Stones, os Bee Gees e os Moody Blues exactamente no momento em que as suas músicas surgiram. Acompanharam-me para quebrar a solidão nas noites de Ourém onde o maior ruído era o que provinha dos Mééé de inocentes carneirinhos ali para os lados da casa do sr. Lúcio.
Um deles, mesmo sem alguma vez conversarmos, teve influência decisiva na formação do meu pensamento. Elaborou cadernos de Política Económica Economia Política. Escreveu O que é o Mercado Comum que li com sofreguidão. O mesmo interesse manteve-se em O que é o Comecom. Colaborou no Notícias da Amadora com o Carvalhas, o Blasco, o Eugénio, quando escrever era um exercício de risco e aquele jornal formava com o Comércio do Funchal e o Jornal do Centro um bloco fortíssimo na ataque à ditadura e suas manifestações.
São estes os distintos oureenses. Distintos porque, por qualquer acção, ultrapassarm o limiar da indiferença na minha perspectiva. É deles que, muitas vezes, falo, é para eles que, muitas vezes, escrevo. É isso o que acontecerá em próximos posts.
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