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segunda-feira, novembro 11, 2019

1968: a ida às Sortes




Fomos convocados prá banda
Que é que nos querem fazer?
Contratar carne pra canhão...
Será que isso lhes dá prazer?

Mas onde está o Luís Nuno
Que também é da nossa idade?
Pirou-se para França, oportuno,
Anda preso à saudade...




O que pensam eles de nós
Enquanto aqui esperamos?
Até nos mandaram despir ...
Julgam que são nossos amos?



Olha o papelinho na mão
Contentes por ser perfeitos
Mas no fundo a apreensão:
A que vamos ser sujeitos?

Vamos buscar os instrumentos
E cantar nossa desdita
Toda a gente de Ourém
Merece saber da fita



tum, tum, turum, tum, tum

Ouve lá, ó mãe querida
Querem que eu vá prá guerra
Que abandone a boa vida
E oprima os de outra terra

tum, tum, turum, tum, tum



tum, tum, turum, tum, tum

Vamos direitos à Praça
Para toda a gente ver
Que o pessoal até tem raça
Que é bravo a valer

tum, tum, turum, tum, tum

5 anos vão esperar
Podiam até ser mil
O curso quero tirar
E ser tropa em Abril

tum, tum, turum, tum, tum



Almoçámos no Vilar
Que hoje é vila por sinal
O repasto até foi bom
E partimos pró Agroal



Ai que águas tão bonitas
Aqui viemos encontrar
Mas as guerras são malditas
Há que as fazer acabar




Vamos fazer um bailarico
A banda é um bom lugar
Toma banho, põe a gravata
É toda a noite a dançar


quarta-feira, janeiro 24, 2007

Poemas entrelaçados..., 15
Porta #13: O tempo ajuda a curar feridas do passado

Como é que algo que no nosso tempo encarámos de uma forma extremamente negativa, sabendo que representava um período desagradável, nos pode surgir de uma forma brejeira, risonha, passados quase quarenta anos?
É o que me acontece com esta ida às sortes devidamente captada em verso e fotografias. Apreciem os grandes heróis da nossa terra lá para o ano de 196?... São capazes de os reconhecer? Eu penso que, se passar por alguns, me será extremamente difícil.
Passemos então uma esponja pelo desagradável da época. Celebremos com mais um poema...
Esquecimento
Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.

Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei… tacteio sombras… que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!

Descem em mim poentes de Novembro…
A sombra dos meus olhos, a escurecer…
Veste de roxo e negro os crisântemos…

E desse que era eu meu já me não lembro…
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos…!

Florbela Espanca - Charneca em Flor

quinta-feira, abril 14, 2005

1968: Ano da ida às Sortes

Então querem saber quem eram aqueles heróis...
Vamos lá ver se a memória não me atraiçoa.
Fixemo-nos na primeira fotografia. Começamos mal...
O oureense mais à esquerda conheci-o apenas nesse dia, não recordo o nome, talvez Mário, falei bastante com ele, mas já passou muito tempo.
Segue-se-lhe o Luís Facas, um distinto dos tempos de infante que também habitou frente à casa do ZéQuim, filho de um dos históricos guarda-redes do Atlético, irmão do Alberto, aquele louco benfiquista que trabalha na gráfica com o Pintassilgo frente ao que resta do jardim da casa amarela.
Ao lado do Luís, está este V. humilde servidor que tanto pensa se está a ter um papel destrutivo relativamente ao progresso ao denunciar o que este faz a Ourém. Mas, ainda há pouco, ao ver a reacção do Rui Veloso perante a destruição da Rotunda da Boavista operada pela Casa da Música, vi que não estava sózinho: o progresso pode não ser agressivo para o que é o nosso património.
Ao meu lado, está o Zé Alberto, filho do Ezequel do café Avenida, assíduo frequentador do Poço e agora seu organizador incansável juntamente com o Julito.
Logo a seguir, isto é, o terceiro a contar da direita, temos o Génito, filho do Cabeça Aguda, um dos famosos condutores da Praça dos Carros, irmão do Duarte, este o tal que pegava no gato de barriga para o ar e o deixava cair. O Génito foi um dos nossos acordeonistas de eleição, responsável por mil bailes em Ourém e arredores e foi quem deu um tiro de pressão de ar ao Luís Nuno.
O segundo a contar da direita é o Luís Filipe. Encontrei-me com ele algumas vezes na tropa a partir desta data e em pleno processo de Abril.
Finalmente, temos o Manuel Miota, se não me engano o mais famoso ciclista oureense da década de setenta...
Há que acrescentar que, sedento da almoçarada e do bailarico, a certa altura, o Zé Domingos juntou-se à festa e, por isso, aparece em algumas fotografias, embora tivesse de esperar mais um ano por tão gratificante acontecimento.
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