Quem ganhará?

Não me atrevo a fazer vaticínios, aliás, se os fizer, terão uma margem de erro de 99%. A campanha não terá sido muito esclarecedora, por isso, tudo está em aberto. É possível que, na segunda feira, Vitor Frazão tenha razões para sorrir: pode não chegar a presidente, mas terá com certeza um papel importante como fiel da balança. Qual a sua capacidade para assumir este papel é uma das incógnitas a que os próximos anos darão resposta.

E Fonseca? Terá capacidade para manter a presidência? Qualquer resultado abaixo deste é com certeza a derrota para o PS. Que negócios andarão pelos bastidores para manter este bastião?

Quanto a Albuquerque, creio que foi uma desilusão com uma campanha frouxa e totalmente desprovida de ideias. É provável que tenha sofrido bastante com a má imagem da coligação que o suporta. E isto é um sinal positivo…

Independentemente dos interesses partidários presentes e com certeza legítimos, o mais importante destas eleições é poderem afirmar uma negação clara de apoio às forças que suportam o Ourem Sempre. Será que os oureenses pretendem que o alvo do ataque do governo continue a ser constituído pelos trabalhadores da função pública e pelos reformados? Estarão os oureenses de acordo em continuarem os portugueses a ser carne para canhão destinada ao exército de desempregados na reserva com o objetivo de manter mão de obra a baixo custo para o sector exportador, desprezando totalmente o desenvolvimento de um mercado interno suportado na produção nacional e mantendo-o sufocado em termos de financiamento para não criar pressões nos custos daquele?

Apesar da diversidade de escolhas, estas eleições têm de dar um rotundo não ao governo. Vote-se CDU, vote-se nulo, vote-se MOVE, vote-se PS, mas vote-se com a consciência de que há um significado para além do nosso interesse local e que este, em última análise, é seriamente condicionado pelo que se passa a nível central. Visto nestes moldes, em Ourém, ganharemos se as forças apoiadas na coligação que suporta o Governo perderem e perderemos no caso contrário. É pouco, mas, por agora, não é mau…
Hoje, último dia de campanha, o MOVE oferece uma noite de fados em Rio de Couros. Associo-me à ideia e deixo-vos esta canção com um grande homem do fado,,,

 

Quanto é doce

Quanto é doce quanto é bom
No mundo encontrar alguém
Que nos junte contra o peito
E a quem nós chamemos mãe

Vai-se a tristeza o desgosto
Põe-se a um ponto na tormenta
Quando a mãe nos dá um beijo
Quando a mãe nos acalenta

E embora seja ladrão
Aquele que tenha mãe
Lá tem no meio da luta
Ternos afagos de alguém

Gente de acção

É capaz de ser assim por todo o país, mas é confrangedor...

A seis dias da realização do ato eleitoral, não se conhece qualquer texto escrito com cabeça tronco e membros pelos principais candidatos em que explicitem a sua visão para o concelho e a forma como pretendem implementá-la.

Dir-se-á: "Coitados, eles sabem que não têm dinheiro, que não podem fazer nada de novo, que o país está pobre...". Talvez a pobreza do país seja a principal razão que os deveria levar a pensar na melhor maneira de utilizar o pouco dinheiro que dispõem.

Percorrem-se as principais páginas das candidaturas e a imagem não é melhor. O PSD/CDS mostra o Moura com o filhote e afirma que já se sente a mudança... se calhar, sente, eu até pensava que o candidato era o Albuquerque... O facebook do PS parece a secção de necrologia de um qualquer jornal regional tantas as caras que exibe sem uma palavra, sem uma mensagem de jeito. O MOVE lá vai mostrando os artigos de el Piriquitito, não fosse isso resumia-se à fotografia de uma cruz frente ao movimento. E a CDU também não é muito feliz com uma posição um pouco insolente em relação ao eleitor ao recusar o voto dos imbecis...

Mas voltando aos principais candidatos, será que eles não sabem escrever? Será que não sabem criar uma mensagem onde explicitem as coisas seriamente sem o caráter demagógico que agora exibem. Isso seria uma forma de os conhecermos melhor. É que não basta o "Podem contar comigo...". Podem contar comigo para quê?, se nem responde às perguntas que lhe deixámos...

Castro é um homem do jornalismo, faria isso com facilidade. Aceito algumas dificuldades nos outros candidatos, mas todos têm assessores para a comunicação que poderiam tratar do assunto.

Possivelmente a imagem que pretendem fazer passar é a de homens de ação, homens que não se comprometem em textos escritos para não poderem ser confrontados mais tarde, homens de paleio fácil, demagogos que conduzem as massas com discursos inflamados, copos de vinho e churrascos generosos. Mas a ação tem de ter uma linha condutora e é essa que deve ser previamente validada em qualquer ato eleitoral para depois não haver surpresas... (embora saibamos que isso não tem lá grande valor para forças que alimentam o Ourem Sempre, como bem o demonstrou o atual primeiro ministro).

Mais uma semana animada

A semana promete...

Se começarmos pelo Domingo, eis o Arraial de Cidadania promovido pelo MOVE que nos trará os candidatos do Movimento envolvidos com a emoção da descida de paraquedas. Salta o Julito, depois o Piriquito, finalmente o el Frazanito... espero que tudo corra bem e não haja pernas partidas. A animar o maralhal sucolentos bocados de porco no espeto...

Entretanto, o PSD vai discutir Fátima. Coitados... estão preocupados com a possibilidade de 2017 ser já amanhã e eles chegarem tarde ao acontecimento. Eu acho que nem lá chegarão... digo melhor, eu acho que depois da vergonhosa e ruinosa política que têm seguido, nem lá deveriam chegar. Que Nossa Senhora lhes dê com um malho na cabeça quando se atreverem a invocar o nome Dela.

E o PS? Tão calado quando comparado com outras campanhas. O Gameiro a gritar desalmadamente no NO que eles são os únicos com projeto, os melhores e únicos de equipa competente, os mais tranquilos, os que têm alternativa, mas não fazem nada para o demonstrar. Enfim, uns grelhadinhos em lanche convívio para o pagode animam estas insuficiências.

Depois, chega a quinta-feira, se não me engano, com mais um debate após a campanha na feira. Um debate no Central, o meu café, local que serve o melhor café do mundo e, por isso, merece muito visitante. Será que os candidatos vão dizer algo diferente da passada semana?

E, na sexta, sensacional noite de fados no Restaurante do Marques em Rio de Couros, patrocinada pelo MOVE. Estará o movimento a pensar no seu fado pós-eleitoral?

Oh! Como é triste estar longe da minha terra! Eu queria andar por aí, sentir esse fervilhar todo, ser chateado pelas candidaturas para me porem a votar nelas, ouvir discursos dos candidatos a convencer-me que são os melhores e nem um misero jornal ou um mísero blog me dão notícia do que se passa. Mas estou longe e aqui tenho de ficar a imaginar o "Cavalo Ruço" cantado pelo Julito, o "Procuro e não te encontro" em interpretação do el Frazanito e, sei lá, talvez o "Vendaval" pelo Piriquito... enquanto, ao fundo, "Embuçado", alguém de outra área faz contas á vida.

Nota: ilustração roubada de sítio dos desenhos