Na minha terra houve uma batalha
Para lá fui no meu corcel
Levava o amor que me agasalha
Olhos cor de mel
Era um apelo irresistível
Queriam destruir o meu passado
Mas sou combatente temível
Ninguém me traça negro fado
E eis que ela me adoece
De tanta luta e labuta
E enquanto do martírio padece
As minhas palavras escuta
Lutei contra ricos e poderosos
Contra corruptos e mentecaptos
Denunciei autarcas horrorosos
Que só para a podridão são aptos
Chamei amigos à causa
Seus corações ficaram frios
Cheguei ao fim sem uma pausa
Todos voltaram aos seus navios
Ourém está igual ao que era
Mas tem estórias e memórias
Queria contá-las, quem me dera
Trairam-me por outras glórias
Derrotado, o meu corcel
Trouxe-me de volta à outra terra
Sem os olhos cor de mel
Ficaram no sítio da guerra
Mas lá voltei tantos dias
Triste da minha solidão
E as suas palavras macias
Deram-me de novo razão
Trouxe-a no meu corcel
Para a casa que ainda é nossa
Já tenho os olhos cor de mel
Nada mais me fará mossa
De um autor oureense do século passado