sábado, dezembro 04, 2004

As novas fronteiras

Pelo contrário, o PS já vai encarando o acto eleitoral de uma forma positiva.

É curioso ver o comportamento dos partidos que, tradicionalmente, são candidatos à vitória. O que sente que vai ganhar preocupa-se com o programa a apresentar, com ideias novas, com a situação concreta do país. O outro tem uma atitude arruaceira.

Do PS soubemos, entretanto, que vai continuar a contenção orçamental (iniciada pelo seu rival), mas que apoiará o investimento na sociedade da informação e na inovação. Esperamos mais concretização desta ideia. Mas é preciso dizer ao PS que não basta um choque tecnológico, é preciso mudar o social. Será que são capazes de tocar nestas fronteiras?

O insolente

Estalou o verniz a PSL.

Depois de durante quatro meses ter ostentado total incapacidade de coordenação do governo, parece agora preferir o insulto camuflado à meritória tarefa de preparar o programa eleitoral. É só ouvi-lo: "Com todo o respeito, acho que o senhor Presidente foi um irresponsável. Ele que explique as razões...".

É claro que Sampaio vai explicar as razões. Quando entender. Não quando PSL mandar.

Esta necessidade de atacar pessoas e insultar mostra claramente o desespero do PSD quanto às eleições que sente que vai perder e que, possivelmente, está a tentar transformar em batalha campal. Mas o povo já os conhece...

O leitão de Ourém chegou à Parede
Esta manhã, pasmava pela terra do dever.
De repente, dei por algo familiar: uma carrinha do Quim dos leitões. Que estaria a fazer por ali tão longe da nossa terra?
Aproximando-me do mercado, qual não foi o meu espanto quando vi uma bela banca, antes ocupada por pessoas que vendiam fruta, agora na posse dos nossos conterrâneos.
Claro que fiz honras ao nosso leitão que, segundo apurei, ali chega todos os dias após confecção.
Lá estive à conversa com um descendente do Quim. Admiro esta gente que arrisca para além do burgo e acaba por nos trazer produtos que nos sabem sempre melhor por serem da nossa terra.
Vão ter enorme concorrência, mas, se servirem sempre com qualidade, com certeza ultrapassarão as dificuldades.
Aqui ficam os meus desejos que tudo lhes corra bem.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

O alerta de Alegre
Alegre é um dos símbolos vivos de Abril.
Ligado ao PS, aí se constitui como uma reserva disponível em momentos críticos. Votaria com muito mais gosto nele para a presidência da República do que num Guterres. Recentemente, vimo-lo enfrentar Sócrates na disputa da liderança do partido.
Agora, traz-nos um importantíssimo alerta: cuidado com a procura de entidades providenciais como Cavaco, pode vir novo 28 de Maio.
Creio que tem razão.
Se é óbvio que Cavaco não é um fascista, também o é que se pode conciliar perfeitamente com os dessa espécie. Para ele, a discussão política é algo abstruso que contraria o rigor dos números e o que os mesmos ditam. Por isso pode servir qualquer ideário desde que se sinta reclamado.
Mas há que ter mais qualquer coisa em conta: se as pessoas se lembram de uma entidade providencial que pode abrir as portas ao pior, isso acontece porque quem tem que fazer a diferença não se tem portado à altura. Reivindique-se do socialismo ou da social-democracia.
Por isso, o melhor combate a esses receios pode vir de um programa mobilizador, capaz de unir aqueles para quem Alegre é um símbolo e que têm em comum a noção de que a luta de classes nos planos político, económico e ideológico é que faz andar a história.
O diagnóstico da nossa sociedade está feito: temos um capitalismo que produz as maiores aberrações a todos os níveis. Agora precisamos de um programa para, em liberdade, progressivamente, o irmos destruindo...
Fim do Cumplicidades?

A Maria suspendeu o Cumplicidades.

Termina assim uma das páginas mais bonitas que podiamos desfrutar na Internet. Ela promete que continuará a visitar-nos e que talvez um dia regresse. Aqui fica o desejo de que isso aconteça.

Mas é engraçado o mundo dos blogs.

Vamos falando, conhecendo e estimando pessoas que, fisicamente, nunca tínhamos visto nem sonhávamos que existissem. Parece um encontro de bons espíritos. Maria, Bin-Tex, Suplementador, 1bigonobalcao, Skywatcher (por onde andará este estimado oureense?), Fred, Santa Cita,... permitiram-nos concluir que vale a pena estar por aqui.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

E Ourém?
Meus amigos, hoje não há mesmo tema.
A dissolução da Assembleia da República ofuscou tudo o que pudessemos dizer sobre Ourém.
Mas ela continuará sob a nossa atenção.
Com efeito, de que valerá mudar o governo do país, se em Ourém tudo permanecer na mesma e a nossa terra se vier a transformar num nicho de descontentes relativamente ao novo poder?
Não podemos dar tréguas. Ourém tem de mudar.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Cavaco?
Pacheco diz que a solução está no PSD, mais propriamente em Cavaco. Para ele, Sócrates e Santana são as duas faces da mesma moeda... que não presta.
Mas Cavaco já teve a sua oportunidade. Esteve lá dez anos e ninguém tem saudades da sua política. Teve a sorte de receber o governo em período de vacas gordas e deixou algum obra. Mas era tão autoritário que os próprios barões do PSD não descansaram enquanto não correram com ele.
Por isso, deixem o povo escolher. Façam programas, colaborem em programas, proponham o melhor possível, critiquem o adversário... mas deixem escolher. Se não prestar, voltará a cair e surgirá nova oportunidade.
Calculismo de Presidente?
Ferro não lhe agradava. Estava demasiado perto do BE, lembrava excessivamente o revolucionarismo do MES.
A coligação não estava queimada, apenas tinha sofrido o desgaste da governação em tempo de crise com a consequente derrota nas europeias.
A austeridade de Manuela era aprovada pelo insuspeito Constâncio como a única política viável.
Permitiu-lhes que formassem governo, apesar de impor algumas condições. Deixou-os governar.
Entretanto, o PS fez chegar à direcção uma figura mais do seu agrado. Durante três meses não se deu por este partido.
Potenciais aliados de Ferro voltaram à solidão, um deles fez novo congresso e redefiniu o seu posicionamento.
O governo da coligação, esse, foi de disparate em disparate. Não me consigo lembrar de alguma coisa positiva que tenha feito. Aquela de quem esperava alguma coisa, Graça de seu nome, quedou-se em mais esquecimento da situação dos docentes universitários.
Soaram gritos de aviso. Na comunicação, no Banco de Portugal, de anteriores ministros que deviam apoiar a coligação.
O Presidente entendeu que tinha chegado o momento e, legitimamente, resolveu dissolver a Assembleia e convocar eleições.
Tudo bem. A haver instabilidade será durante mais dois três meses, não durante mais de um ano.
Os partidos podem rever os seus programas e apresentar propostas ao povo.
Obviamente que gostaria que existisse uma boa proposta da esquerda e que ganhasse, que o povo a apoiasse. Algo contra a exploração capitalista, contra a corrupção, contra o parasitarismo e que tivesse bem presente as liberdades, a solidariedade, a diminuição progressiva das desigualdades, Algo que não gerasse mais pobreza sob a aparência de estar a distribuir melhor, algo que as organizações que se reveem nos valores da esquerda pudessem apoiar, mantendo a sua caracterização de base e não abdicando por isso do seu espírito crítico.
Será que o Presidente pensou tudo isto? Será que em Julho já antevia o que iria fazer no final do ano e preferiu enfrentar algum desencanto dos portugueses para não o acusarem de não ter deixado governar quem tinha legitimidade?
As eleições aí estão, esperemos que os programas sejam dignos dos princípios em que os partidos se apoiam Uma garantia temos: a da liberdade para criticar aquilo de que não gostarmos e dessa não queremos abdicar. É o nosso activo mais valioso.

terça-feira, novembro 30, 2004

Jorge, estás perdoado!
E, no fundo, o que são quatro meses de atraso na lenta caminhada para o socialismo?
Agora é preciso ganhar as eleições.
À primeira vista, não parece difícil. A incompetência evidenciada pelo governo que fazia e desfazia, a fragilização da direcção do PSD e a manifesta crise resultado da sua acção com certeza serão uma ajuda.
Se tal acontecer, é preciso que o PS não se esqueça de que é esquerda (eu tinha mais confiança no Ferro, mas fica o benefício da dúvida...), como tanta vez tem feito, e é preciso a ajuda crítica da rapaziada da CDU e do BE. Tudo unido por reformas revolucionárias, mas sem se despirem da capacidade crítica...
Com sempre temos referido, este espaço estará aberto à defesa e crítica, numa perspectiva de melhoria e unidade na diversidade, das posições das organizações de esquerda.


O artigo pode ser lido no Buraco da Fechadura.
Nem sempre se consegue o que se pretende, aquilo por que se luta, mas se a luta é por boas causas, e disso estamos convictos, só há que continuar a luta


Sérgio Ribeiro

EM DEFESA DA PESCA PORTUGUESA
Comunicado do Gabinete de Imprensa
dos deputados do PCP ao Parlamento Europeu


Realizou-se ontem, na Comissão da Pescas do Parlamento Europeu, a votação do relatório do deputado do PCP, Sérgio Ribeiro, relativo à "protecção dos recifes de coral nos "mares" dos Açores, Madeira e Canárias ".

Das 6 propostas apresentadas pelo relator, 4 foram aprovadas e as restantes rejeitadas. No entanto, as propostas rejeitadas continham algumas propostas essenciais, tais como:

· reservas sobre a competência exclusiva da União Europeia no domínio marítimo previstas no novo Tratado Constitucional;

· a inclusão de referência às jurisdições nacionais (Espanha e Portugal) a exemplo do que relatório similar fazia para os Darwin Mounts com referência explícita à jurisdição do Reino Unido;

· a proibição de artes de pesca, para além da de arrasto de fundo, também danosas para os recifes de coral (e outras formações), como acontecia até ao final de 2003, quando a responsabilidade da protecção era das autoridades nacionais e regionais no limite das 200 milhas da ZEE;

· a não aceitação da substituição do critério de delimitação, em milhas e ZEE, por graus de latitude e longitude, delimitando zonas sem qualquer vínculo às jurisdições nacionais.


Significativo é que tal resultado (por escassíssima margem de votos) só tenha sido possível graças à forte mobilização de deputados espanhóis (do PSE e do PPE).
Assim se comprova que interesses se julgam atingidos, com as propostas que estavam contidas no relatório do deputado Sérgio Ribeiro, que pretendia a proibição de pescar com determinadas artes, como até recentemente o fizeram autoridades regionais e nacionais, particularmente no caso dos "mares dos Açores", em que mais de 10 % da população vive de pesca não industrial e sempre soube promover e exigir dessas autoridades o indispensável equilíbrio entre a exploração dos recursos e a sua preservação.

O relator tudo fará para, em plenário, repor e ver aprovadas as propostas que foram rejeitadas.


Bruxelas, 25 de Novembro de 2004

Para mais informações:
Sandra Pimenta - 0032 475980226

segunda-feira, novembro 29, 2004

Terapia contra a arrogância
Por Bin_Tex

Faz parte da estratégia socialista a não existência de unidade a nível autárquico em Ourém. Acha-se que seria contraproducente uma "aliança" de esquerda neste concelho. Porque o eleitorado é eminentemente de centro direita. Então para se ganhar eleições em Ourém, o PS tem de meter na gaveta os seus princípios políticos de base, ou seja, esconder as suas raízes políticas.

Quanto a mim, ou se assume verdadeiramente as raízes políticas de esquerda ou não se assume. Agora andar com estes joguinhos de cintura... não leva a lado nenhum. Alguns militantes/dirigentes do PS olham para o Sérgio Ribeiro com desconfiança e até arrogância, desvalorizando a sua experiência política e humana. Chamava-lhes um amigo meu há uns anos, uns pardalitos esfomeados...

É lamentável, que se olhe para as pessoas com as quais muito temos a aprender desta forma. Lamentável é que, à excepção de algumas pessoas, o PS Ourém esteja cheio de gente do "aparelho" e não de gente das bases. É lamentável, que ao longo dos anos se tenham queimado pessoas injustamente, se tenha desprezado contributos válidos. Em nome de quê? de jogos de bastidores, de coisas pouco claras...

Acredito numa revolução em Ourém. Sempre acreditei, mas, penso que as pessoas e os partidos se devem assumir como são, sem jogos de cintura. Serem verdadeiros, humildes e sérios, só desta forma o povo do concelho votará na diferença. A grande unidade de que falo, é essa, uma congregação de valores, de desejos e de projectos válidos para uma terra que parece que parou no tempo.

Penso que faz falta a algumas pessoas passarem algum tempo em África, para entenderem bem o significado da palavra solidariedade e fraternidade. Talvez também para perderem o olhar no infinito da paisagem, percebendo que são apenas um grão de areia no meio do mundo. Talvez assim olhassem para a vida e para as pessoas de outra forma. Uma espécie de terapia contra a arrogância.
E que tem o velho assim de tão mau?
Especialmente se o novo, como V. tão bem denuncia, não presta, caro Albergue dos Danados?
Eu secundo a mensagem de Álvaro Cunhal ao congresso, talvez dita da seguinta forma que aponta para algo ainda mais velho, apesar de reconhecer a necessidade de ser revisitado e revisto à luz dos problemas da sociedade actual:
Viva o Marxismo-leninismo!

domingo, novembro 28, 2004

Suplemento de alma
Estou um pouco confuso.
Há tempos, surgiu-me um comentário assinado por Alma que, eu próprio, reproduzi como post. Como o comentário apontava para um blog, fui vê-lo e pareceu-me que os textos também estavam assinados por Alma. Gostei do seu conteúdo.
Os textos que vi assinados por Alma aparecem-me agora assinados por Suplementador, estou seguro.
Entretanto, no Ourém e seu Concelho, muitos artigos de João Heitor são submetidos a um título geral que coincide com o deste post. João Heitor aparece-me como uma figura do Partido Socialista ligada ao ensino que me merece toda a simpatia e respeito. Tenho acompanhado os seus comentários no Castelo em que se assina como jh com os quais em geral concordo e onde se bate por uma maior eficácia das acções dos órgão autárquicos e respectivos serviços.
Mas, recentemente, o Suplemento de Alma mudou de formato e passou a ser assinado por um Suplementador. Isto não tem nada de especial mas cria-me uma certa confusão. Alma, João Heitor e Suplementador são uma e a mesma pessoa? Ele é oureense ou teve efémera passagem por Ourém?
Reforma ou Revolução?
O post Fumo Branco recordou-me um livro em que Rosa Luxemburgo desancava nas teses de Bernstein de acordo com aa quais se poderia caminhar para o socialismo através de reformas, discussão que já tem mais de um século.
A autora apresenta três fundamentos da nova sociedade: a anarquia da produção capitalista, o carácter cada vez mas social da produção e a tomada de consciência pelo proletariado do seu papel revolucionário.
O mundo não mudou tanto assim. Os dois primeiros fundamentos mantêm-se, o processo de tomada de consciência parece que tarda. Na China, mesmo uma revolução cultural, conseguiu muito pouco.
É por isso que a existência de um partido forte que lute contra o capital e sistematicamente reveja as suas origens, a qual se pode traduzir em passos importantes para uma sociedade mais justa, pode ajudar a essa tomada de consciência. As reformas conseguidas nesse processo, cujos contornos e dinâmica já foram referidos, podem assim ser consideradas reformas revolucionárias (e tão presentes que estiveram no Portugal de Abril!), eliminando assim a aparente contradição reflectida no texto mencionado.
Fumo branco
Já se vê e vem dos lados de Almada.
O novo grande timoneiro chama-se Jerónimo e, tal como o lendário guerreiro e chefe dos apaches, promete muita luta. Luta contra a exploração capitalista e luta por uma certa pureza ideológica. Apesar de distanciado deste partido, estou de acordo com estes dois aspectos.

Consideremos o primeiro.
Os detentores de capital e os seus agentes no aparelho de estado não se têm portado nada bem. Tráfico de pessoas, tráfico de droga, especulação em grau elevado, desmantelamento do aparelho produtivo, tentativa de controlo da comunicação social, despedimentos em massa são algumas das suas últimas realizações. Operários, trabalhadores dos serviços, intelectuais e professores são algumas das suas vítimas. Neste formidável ataque às forças produtivas, os representantes do capital detentores do aparelho repressivo nem olham à formação daqueles sobre quem exercem a sua acção. Pessoas com mestrado e doutoramento são enviadas para a inutilidade do desemprego, depois de anos a fio a acumularem conhecimento e a prepararem-se para cooperar na produção social. Assim, os actuais detentores dos meios de produção mostram claramente que não conseguem fazer desenvolver a sociedade. Isso manifesta-se, por exemplo, na monumental fraqueza do crescimento quando comparado com a União Europeia.e nas próprias previsões que eles mesmos elaboram.

Por outro lado, muitos comentadores têm falado num regresso à pureza ideológica como se mais um fundamentalismo se tratasse, procurando com base nisso contribuir para uma má imagem. Penso que estão enganados. Não devem confundir as coisas. Ninguém vai pôr granadas à cintura e fazer-se explodir num centro comercial ou num autocarro com criancinhas. Se alguma vez isso acontecer será no terreno do inimigo, no quartel, em campo de luta.

O retorno a uma certa pureza do marxismo, ao seu repensar, considerando as grandes lições provenientes dos erros associados às realizações concretas, só pode ser positivo. Significa que a contribuição de Marx e Engels para o desenvolvimento da sociedade permanece válida e que a de Lenine tem muito de positivo e há que reter as suas notas sobre o imperialismo e a crítica da doença infantil. Daí para a frente há que ter cuidado e analisar pela negativa: aquilo não se pode repetir. O próprio Marx tinha referido que a construção do socialismo começaria pelas sociedades mais desenvolvidas.

É preciso uma grande aliança para acabar com a corrupção e o tráfico ilegal, fenómenos que acompanham o desenvolvimento e crise do capitalismo, para garantir as liberdades e a segurança, para continuar a desenvolver a riqueza do país, para conseguir mais solidariedade com menos Estado. É preciso um não absoluto à violência, ao desrespeito pelo adversário, é preciso o respeito pela legalidade instituída e a colaboração em amplo programa de reformas que nos vá aproximando da tal sociedade...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...