sexta-feira, junho 01, 2007

O Excelentíssimo Presidente nem se lembra disso

Vem, hoje, no Público em artigo de Sofia Branco:

Uma cidade amiga das crianças ouve as suas opiniões e deixa-se influenciar por elas. Possibilita-lhes a participação na vida da sociedade. Garante-lhes serviços básicos de saúde e educação. E também água potável e um ambiente não poluído. Respeita-as, protegendo-as da exploração, da violência e do abuso. As ruas oferecem-lhes segurança e há espaços verdes para brincarem e encontrarem amigos. Nessas comunidades, as crianças não são discriminadas consoante o sexo, a raça, a etnia, a religião, o dinheiro ou qualquer deficiência.
O conceito foi definido pela Unicef em 1996 e já existem 867 cidades amigas das crianças num planeta que é cada vez mais urbano. Só Espanha tem 49 dessas comunidades, com uma grande concentração na região da Catalunha. Ao contrário, Portugal não tem nenhum município "child friendly", na designação da Unicef. Ou melhor, não tinha. Hoje, o Governo assina um protocolo com as autarquias de Amadora, Aveiro, Cascais, Guarda, Matosinhos, Palmela, Ponte de Lima, Portimão, Póvoa de Varzim, Trancoso, Vila do Conde, Vila Franca de Xira e Viseu para que estas se tornem amigas das crianças. Durante um ano, estas cidades serão escrutinadas pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e pelo Comité Português da Unicef. Se tudo correr bem, receberão o estatuto oficial de child friendly no final desse prazo.
...


E mais uma vez surge a questão: por que é que estas notícias nunca me chegam da nossa terra?

quinta-feira, maio 31, 2007

"Excelentíssimo Presidente"

Ler uma acta das reuniões da câmara é uma espécie de viagem a meados do século passado. Não por causa dos protagonistas que são actuais, estão vivos e, felizmente, de boa saúde. Não por causa dos temas que, reconheço, são dos que mais afectam Ourém nos dias de hoje. Mas pelas referências utilizadas...
Consultem-se as duas últimas actas: 7 e 14 de Maio. Em qualquer delas a expressão "Excelentíssimo Presidente" aparece uma quinze vezes o que equivale a um pouco menos do que 50% das páginas úteis. Isto não é comum a todas as câmaras, nem é sequer um tratamento que o Presidente da República se possa orgulhar de merecer de quem a ele se refere.
Mas o presidente David deve estar muito feliz. É "excelentíssimo presidente" para baixo, "excelentíssimo presidente" para cima, "excelentíssimo presidente" para a esquerda, "excelentíssimo presidente" para a direita...
Porquê este sistema de referência ao presidente da câmara, arcaico, bajulador, respeitoso, ridículo até? Eu sei que não é o único sitio onde isto acontece. Também ridícula é, no mundo académico, a expressão "magnífico reitor". "Magnífico" porquê, se nem grandes resultados do trabalho apresenta? Até parece que se está a gozar com a pessoa.
Assim, seria produtivo que a câmara utilizasse alguns dos minutinhos das suas reuniões para rever o sistema de referências de forma a um indivíduo igual aos outros não estar para ali a ser adulado, a auto promover-se perante os outros, os comuns mortais, a populaça...

terça-feira, maio 29, 2007

O OUREM apoia a Greve Geral

Muitas vezes temos afirmado o nosso desacordo relativamente à política do Governo. Amanhã, fá-lo-emos mais uma vez.
Não se trata de fazer cair o Governo, substituindo-o por um mais liberal do anedótico Mendes, mas de mostrar total desacordo relativamente a uma política de crueldade social e de empobrecimento generalizado da população portuguesa suportado na subida do desemprego e no crescimento da exploração (subida da produtividade), bem visível na explosão dos lucros da banca e nos elevados rendimentos dos que beneficiam com a situação.
É preciso mudar de políticas. Ser transparente, verdadeiro. Proporcionar melhor saúde e melhor educação. Reformar os mais velhos. Reduzir o desemprego e apoiar os desempregados. Reduzir a precariedade. Reduzir os privilégios da elite dominante. Ir buscar o dinheiro a quem o tem...

segunda-feira, maio 28, 2007

Num simples jogo, toda a concepção



Ontem, durante a tranmissão do jogo e do que o antecedeu, pareceu-me descortinar a concepção de serviço público que norteia as instâncias dirigentes.
Da reportagem da SIC, deduziu-se que durante mais de uma hora, milhares de pessoas estiveram esmagando-se umas contra as outras a tentar entrar num estádio para ocupar 35000 lugares. Os seus protestos foram evidentes. Essas pessoas acabaram por ser enquadradas pela polícia de intervenção por vezes com ar bem pouco amigável e cassetete na mão.
Começou o jogo. A transmissão passou para a RTP. Esta mostra o estádio com algumas clareiras e, na tribuna VIP, algumas dezenas de personagens, felizes da vida, que ninguém viu passar por aqueles apertos.
É assim o serviço que o actual governo (e como me custa dizer isto de um governo do partido socialista!), com uma maioria absoluta, vai impondo aos portugueses, nos mais diversos sítios. De um lado, a carneirada, mal servida, enquadrada pela polícia de choque pronta a bater ao menor protesto. Do outro um conjunto de privilegiados, alguns arguidos em processos de corrupção, que mostram uma qualidade de vida infinitamente superior.
Acontece no sistema de segurança social: os mais pobres cada vez mais pobres, as reformas douradas cada vez mais milionárias. Acontece no serviço nacional de saúde com quase total exclusão dos mais necessitados à consulta urgente, ao atendimento e com outros a poderem comprar esse serviço com a melhor qualidade. Acontece cada vez mais por todo o lado, mesmo num simples jogo.
A tendência não é para acabar com os privilegiados, mas para beneficiar cada vez mais um número muito pequeno. A imposição de uma espécie de escravatura e empobrecimento generalizado, com algum direito à palavra (desde que contida, como demonstra o caso Charrua). É preciso acabar com esta política!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...