Há gente assim:
não sabe receber um gesto simples,
uma palavra boa,
como se a ternura viesse sempre
com segunda intenção.
Recolhem-se.
Respondem seco, duros,
como pedra que não quer ser tocada.
Guardam da vida um orgulho agreste,
feito de serras interiores
onde ninguém sobe.
Sentem-se superiores
ou fingem que sentem
e por isso rejeitam a proximidade,
como lobos que não admitem
qualquer rasto de afeto no território.
Mas são, no fundo,
florestas cansadas
que recusam a água que as salva,
e desprezam o sol
pensando que não precisam dele.
E é nessa teimosia antiga
que se vão secando devagar,
ramo a ramo,
até restar apenas o silêncio
de uma sombra altiva.

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