sábado, junho 26, 2004

Mas...
onde andará o blog d'Ourém?
Preciso que ele volte para responder aos inesperados acontecimentos deste fim de semana.
Preciso que ele comente todas estas práticas. Deverá ou não haver eleições antecipadas? Durão Barroso deve aceitar ou recusar? Deve manter ou quebrar o seu compromisso com os portugueses?
E Santana? Dará um bom primeiro ministro se for o escolhido? Ou vai-nos enfiar num túnel centenas de vezes maior que o do Marquês?
Orgulho Nacional
Daqui a pouco, O PM falar-nos-á sobre a sua decisão relativa à presidência da Comissão Europeia.
Sinto-me orgulhoso. É um prémio para o excelente governo que temos tido.
E não duvidem.
Vamos ganhar o Euro!
E passada que seja uma semana, a retoma aí estará, não como uma miragem, mas como algo que resultará de hábil manipulação de números...
Aliás, o Económico já a garantia na última sexta-feira.
Entalado
Geralmente, quando algum presidente me chama, fico entalado.
Notei isso quando trabalhava numa empresa de transportes na área de informática. De um dia para o outro lá tinha que torcer as aplicações todas só porque isso convinha à gestão. Desenrasca-te, era o que me diziam. A empresa comprometeu-se, tens que cumprir, mesmo sem estudo de viabilidade.
Depois, passei por uma multinacional e as coisas acalmaram nesse sentido, mas pioraram muito na relação com o chefe directo. De modo que a certa altura decidi-me à reconversão profissional e aí vou para o meio académico. Mas ainda não tinha assentado bem e lá apareceu mais um oportunista com pão numa mão e a espada na outra.
- Luís, não era um especialista de informática? Pois só pode dar aulas se nos aguentar o centro de informática.
E lá tive que gramar projectos para mestrados, doutoramentos, artigos em revistas cientícas sempre com o centro de informática à perna e sem uma horinha de desconto em aulas.
Agora é outro presidente, pessoa por quem tenho grande consideração, a quem muito estimo. Como posso dizer não num momento tão crucial como aquele que o país atravessa prestes a ser abalado por mais uma onda de demissões? É o primeiro ministro, é o presidente da câmara de Lisboa, é o ministro das obras públicas, é o ministro dos negócios estrangeiros. O que está aí para vir?
Em Ourém, os JSDs degladiam-se. Esquecem-se que, dentro em breve, ficarão apenas com a coutada do concelho e, mesmo aí com freguesias rosa, e da Madeira. O momento é de grande excitação. Meus amigos, isto vai mudar!
Importante também é que, apesar de existirem alguns provocadorzitos, há distintos oureenses que lancinantemente pedem o meu regresso. Que hei-de eu fazer? Àqueles devoto sincero desprezo, a estes tenho de respeitar a vontade.
Mas mais grave ainda é que já não sei do blog d'Ourém. Por onde andará? Será que ainda pode regressar?
Em algum dos próximos posts, vamos procurar refazer o seu percurso nos últimos dias.

sexta-feira, junho 25, 2004

Última Hora
Fui chamado ao Presidente Sampaio.
- Luís, estamos muito mal, parece que vamos ficar sem primeiro ministro.
- Não posso crer. Ainda há dois dias ele dizia que estava de pedra e cal e que não fugiria como o António.
- Não sei o que hei-de fazer. Agora deu-lhe para Presidente da Comissão Europeia. Luís, tens de ajudar. Tens de estar atento no teu blog e denunciar as manobras de que te aperceberes.
- Meu caro Presidente, não posso. O blog de Ourém está morto e enterrado.
- Luís, pensa numa solução, só confio em ti...
A propósito de JOAQUIM ESPADA
Um texto de Sérgio Ribeiro

Foi dos 15 aos 17. Sei, porque foi nos então 6º e 7º anos do liceu.
Eu andava no D. João de Castro, ao Alto de Santo Amaro.
O meu pai dava-me, de semanada, 2$50 (vinte e cinco tostões). Uma miséria!
O preço do autocarro era de 1$50 (quinze tostões) por viagem desde a Álvares Cabral, pelo que reivindicava 6$00 de diária para transportes e com o pretexto de poder ainda vir a casa, eventualmente, para almoçar comidas de mãezinha.
Saia de casa, na Rua do Sol ao Rato, bem antes das 7 da manhã, com um lanchezito ou uns tustos que me dava a minha mãe, para umas sandocas, e ia a pé até Santos, onde apanhava o eléctrico/”carro operário” até ao Largo do Calvário, o que me custava 1$10 (onze tostões) ida e volta pelo mesmo trajecto, que incluía subir e descer a butos até ao (bem) Alto de Santo Amaro.

Foi o meu período de iniciação proletária, por várias razões, até pelo que aprendi ao ouvir certas conversas e ao conviver com aquelas vivências, ao olhar aquelas caras que hoje talvez mitifique. Mas voltemos ao que quero contar…

Resumindo: cada dia guardava 4$90 (quatro mil e novecentos). Uma fortuna ao fim de algumas semanas, que arredondava com as receitas de explicações que também dava a preço módico.
Para quê? Para várias coisas, nem todas confessáveis, mas sobretudo para poder, nos fins-de-semana (curtos, curtos) e nas férias (longas, longas), jogar bilhar no Café Central, então colocado logo à entrada, entre as duas portas e antes das mesas – se me não engano…
Mas nem no Café Central o gastava todo aquele dinheiro, que afinal bem pouco era, em bilharadas com os amigos, como talvez fossem as primeiras intenções ao ganhá-lo e ao poupá-lo.

Com frequência, ao entrar no Café Central à procura de parceiros, que cedo ou tarde apareciam sempre, o senhor Joaquim Espada, alto, careca, afabilíssimo, chamava-me para o outro lado do balcão e tínhamos longas conversas sobre livros, mostrando-me uns recém-chegados e outros que já por lá estavam e ele entretanto lera e anotara. Falava dos livros com entusiasmo. Contido, seguro, didáctico. Nunca como quem quer promover vendas. Nunca. Umas vezes, eu fazia questão em comprar, sacrificando uns quartos de hora de bilhar, noutras, ele emprestava-mos para depois continuarmos a conversa. Recordo um desses livros que assim comprei e li, e ficou cá dentro como uma das boas coisas que me aconteceu na vida: Os cardos do Baragan, do búlgaro Panait Istrait.

Ali passei, no Café Central, e nessas conversas com Joaquim Espada, algum do meu tempo, desse tempo em que já somos e começamos a ser, algum desse tempo dos 15 aos 17 anos, não muito tempo mas tempo precioso, inesquecível, decisivo para o que fui sendo e sou. De que me não arrependo. Bem pelo contrário, tranquilo que estou.

Por isso, sem ter andado no CFL – e tenho pena… mas a isso voltarei –, comove-me ler-te sobre Ourém e o Café Central. Mas, neste, tenho de meter o senhor Joaquim Espada e os livros, senão faltava algo de essencial ao quadro que vais pintando mas que também é meu.

Um grande abraço

Sérgio Ribeiro

quinta-feira, junho 24, 2004

Descansai, agentes da destruição
Percorro o magnífico Abbey Road.
Começo em Sun King.
Vou por ali abaixo e entro nos magníficos Golden Slumbers. A que se segue é das que gosto mais e chama-se Carry that Weight.
Efectivamente, é peso a mais para um oureense só, e, depois daquela arrancada do baterista que o Harrison de quando em quando desafia, só me resta terminar ao som do The End.


quarta-feira, junho 23, 2004

Estou com ganas de matar esta coisa
Com a publicação do post sobre o regresso do Luís Nuno, esgotou-se o que tinha previsto para o conteúdo deste blog baseado na recordação de distintos oureenses.
Ultrapassei em muito o que inicialmente tinha previsto e, desse ponto de vista, foi para mim uma vitória. Onde não posso calar a minha derrota é na aderência manifestada pelos destinatários.
O Zé Quim manifestou-se, mas não sei porquê desapareceu, o Sérgio tem sido de uma amabilidade e participação extraordinárias, a malta do Castelo (Sérgio, Fred, Pedro, Joana, perdoem algum esquecimento) foi do melhor. Houve algumas pessoas que estimo que estiveram presentes no encontro de blogs.
Mas não me chega para manter isto...
Assim sendo, dou por terminada esta primeira fase do Blog d’Ourém ou Ourém Blog, como quiserem.
O que isto significa é que não estou na disposição de o fazer crescer em termos de posts: temas como as europeias, as férias, o Euro, ou as próximas autárquicas, etc. estão completamente fora dos seus objectivos, por isso, não há que diluir neles o resultado daquilo que me terá motivado.
Ficará assim como um marco que se pode associar a alguém que, em determinado momento, ergueu a voz contra a destruição do que restava de um passado recente. É uma espécie de uma árvore, ou de um livro. Fica aqui aberto para todos sempre com a possibilidade de comentarem enquanto o Blogger o permitir.
Eventualmente, ainda criarei um guia de leitura.
Ao Castelo, ao Gaiteiro e ao Sérgio os meus desejos de continuação de bom trabalho por Ourém e pelo País.
Até à próxima...
Chuvisca
E ouve-se aquela vozinha que aparece sempre que isto acontece:
- E se a gente fosse a Espanha?
Que grande seca!
Hoje, fui eu o apanhado!
Quase que preferia ficar a ver testes...
Quantas banhocas perdidas! Já não posso ver as gaivotas...
E, não tarda muito, começa a contagem decrescente.

terça-feira, junho 22, 2004

O regresso do Luís Nuno
Naquele dia, tinha estado na Revolução até às dezanove. Regressei a casa e informaram-me.
- Sabe, esteve cá um amigo seu...
- Mas quem era?
- Não sei. Trazia umas barbas muito grandes. Diz que volta mais tarde.
Fiquei intrigado. Mas, confiante como sempre, resolvi esperar.
Tocam à porta. Vou abrir e aparece-me um Luís Nuno, regressado de França após longa ausência e dolorosa separação de pais e amigos, completamente diferente daquele que eu recordava. Mal o reconheci, mas o abraço que nos uniu foi mais forte que qualquer desconfiança.
- Então, voltaste de todo?
- Sim, temos que fazer alguma coisa pelo país...
Olhando para ele, como estava diferente!. A pele muito queimada, rouco, barbas enormes, uma respeitável barriguinha. Impressionante...
Pouco a pouco, a nossa conversa mostrou-me que ele era alguém diferente de tudo o que eu podia imaginar.
- Sabes, é preciso ter muito cuidado no trabalho político. Há dias, um grupo em que me integro deu uma conferência de imprensa onde apareceram mascarados...
Lembrava-me. Mais ou menos uma semana antes, tinha visto na televisão uma reportagem sobre uma organização muito estranha que se dava pelo nome Grito do Povo.
E eu continuava a ouvi-lo.
- Os gajos do PC estragaram aquilo tudo na União Soviética. São nossos inimigos. É preciso sabermos escolher muito bem as pessoas para a nossa organização.
Na altura, eu andava entusiasmado com o MES, e falei-lhe nesse movimento.
- Não acredites neles, mais ano menos ano, enfiam-se todos no PS, pelo menos foi o que aconteceu em França.
Eu confirmei a veracidade da previsão do Luís. Mas então quem existiria para suportar uma actividade política pela causa justa?
- E os do PC?
- Só desmobilizam o povo. Não vês o que eles andam a dizer: “o povo unido jamais será vencido”? Isto não é correcto. No Chile, disseram o mesmo e vê o que se passou. Eles pensam que tudo está feito quando o povo ainda tem de vencer. Tem de fazer-se uma revolução democrática popular.
Fiquei admiradíssimo. Para mim, nos livros, vinha revolução socialista e, depois, extinção do Estado.
- Luís, somos muito poucos. Temos que ir com muito cuidado fazer trabalho para os campos, para as fábricas, nas próprias forças armadas. Não te esqueças que as forças armadas são, pela sua natureza, uma força repressiva, mas, no momento final, se trabalharmos bem, os soldados estarão ao lado do povo.
- E que podemos fazer no campo tão afastados que temos estado?
- Há muita coisa a fazer. No local de onde venho, realizavam-se festas populares onde os artistas têm uma mensagem que é imediatamente recebida. Trago-te aqui um exemplo das canções que põem o povo logo a dançar e a desejar a revolução.
E entregou-me dois discos em formato single ou EP que eu contemplei. Tino Flores.
Nunca tinha ouvido aquele artista popular. As canções até tinham um nome engraçado. Ó senhora Guida, O meu amigo está preso...





- Luís, ouve essas canções e podes ter a certeza que com elas convenceremos toda a gente.
Efectivamente, a primeira audição foi fantástica. Eu fiquei a recordar o Luís Nuno como um ser que em determinado momento me tinha trazido a mensagem correcta, a mensagem necessária. E imaginava-me em Ourém, frente às massas, a tentar conduzi-las para a revolução. Mas não conseguia aceitar todo aquele radicalismo que se desprendia da sua figura, das suas palavras.
Abandonar tudo e todos? Os meus hábitos, apesar de tudo, burgueses? Os meus amigos do MES, do PC, do PS...?
Não fui capaz. Fiquei para sempre um adepto da unidade na diversidade de todas as forças da esquerda, inclusivamente em momento de construção da nova sociedade. E, se alguém não estiver de acordo, mais do que o obrigar, há que o ir convencendo pouco a pouco.
A verdade é que o Luís Nuno também evoluiu muito a partir dessa data e transformou-se numa pessoa maravilhosa que pudemos desfrutar até àquele dia de Dezembro. E se ele aqui estivesse, como gostaria de brincar com os blogs!
1111
O nosso contador aproxima-se do número que nos serve de título e isto traz-me a recordação do Quarteto 1111.
Vasculho a Internet à procura de informação sobre os ditos. Eis um extracto:
De um dos muitos grupos inspirados nos Shadows, o Conjunto Mistério, nasce o Quarteto 1111, que se torna rapidamente um caso à parte no panorama musical português, não só por utilizar a língua portuguesa quando não era usual fazê-lo, mas também porque musicalmente se afastava muito da média da época. A formação inicial era composta pelo vocalista e tecladista José Cid, pelo guitarrista Antônio Moniz Pereira, pelo baterista Michel Pereira e pelo baixista Jorge Moniz Pereira, que "decidiram trabalhar para fazer qualquer coisa diferente", acrescentando ter sido "exactamente isso que fizemos: estivemos um ano e meio fechados numa garagem", afirmou o cantor em conversa com o BLITZ.

O resultado causou a surpresa geral, sendo o tema título do primeiro EP da banda 'A Lenda de El-Rei D. Sebastião', editado em 1967, a primeira canção portuguesa a tocar no 'Em Órbita', programa histórico de divulgação musical do Rádio Clube Português. Na apresentação da música, destacaram o seu caráter "eterno, de criação nacional e de validade perene e universal".

O sucesso surpreendeu os próprios elementos da banda, que viam em 'Os Faunos', do mesmo EP, o ponto alto do disco, um rock com toques de psicodelia, ao qual José Cid se refere como "uma música com sons impensáveis".

Coincidência ou não, os trabalhos seguintes do Quarteto 1111 seguem o caminho iniciado com a 'Lenda de El-Rei D. Sebastião', mergulhando mais fundo no imaginário popular da história portuguesa, em contos trazidos das "brumas do passado" para a modernidade da pop actual.

Em 1968 concorrem no Festival da Canção da RTP com 'Balada Para D. Inês', tema baseado na ambiência épica de uma seção de cordas. 'Partindo-se', composto a partir do poema de João Ruiz de Castelo Branco, inserido no Cancioneiro Geral, é o último registro desta primeira fase. Ainda em 68, lançam o EP 'Dona Vitória', onde deixam claro o seu posicionamento em relação ao regime. O que se encontrava escondido em metáforas, surge então marcadamente visível. Doses certas de idealismo e um realismo cruel na forma como eram abordadas as problemáticas de um país aprisionado pelo regime fascista passam a ser presença constante.

O ano de 1969 é paradigmático, com a edição de três singles ('Nas Terras do Fim do Mundo', 'Meu Irmão' e 'Génese/Monstros Sagrados'), em que o sonho de um mundo e de um país diferente se fundem em derivações pop, marcadas pela psicodelia das colagens de orgão, pela acidez das guitarras ou pelos efeitos de voz. 'Génese' e 'Monstros Sagrados' são mesmo caso único, em termos líricos, na obra da banda, reflexos de músicas escritas "num estado químico completamente diferente do normal", refere.
Podem ler isto e muito mais aqui.
Barril
Vamos a caminho da praia do Barril.
O portátil vibra enquanto escrevo estas linhas que me ligam a Ourém.
Apanhamos o magnífico comboio que nos pode levar ao areal. E ei-la, linda como sempre.



Vou dar a costumada volta pelo areal. Olha, um cemitério de âncoras.



E que estarão a fazer os meus amigos oureenses, neste momento já livres do ataque da "pimbalhada" (apesar de, como disse, apreciar muito a Ágata, a Romana e a Ruth) e da crueldade das cerimónia oficiais?
Sf está com uma produção notável no Castelo, de um dia para o outro quase uma dezena de posts com informação sobre Ourém. Ainda os resultados das europeias, Ourém como uma das cidades com menos habitantes...
Tenho imenso respeito por este esforço do Sérgio, do Fred, do Pedro...
Mas, voltando àqueles resultados, será que algum dia aquilo muda um bocadinho? Este esforço é um degrau importante nesse sentido. Mas, como diz o Fred, é preciso trabalho de base, trabalho no local e esse quem o pode fazer se o pessoal se concentra na cidade?
O rei da Croácia
O Pedro, ontem, teve um desgosto.
Desde muito novo sente especial atração pela Croácia e viu-a render-se, depois de muito resistir, à armada britânica.
Pedro, estou solidário contigo. Não ligues, foi apenas um jogo de futebol.

segunda-feira, junho 21, 2004

Amigo Ferro, não sou do PS, mas estou contigo
Segundo o Público, e em entrevista ao mesmo jornal, João Soares faz um balanço arrasador da liderança de Ferro Rodrigues no PS.
Ferro Rodrigues não tem um projecto para o PS, nem ideias para o país
Uma coisa que admiro é esta capacidade que certas pessoas têm de sair do escuro quando alguma grande vitória se perfila no horizonte.
OURÉM BLOG POLICIÁRIO
Repete-se a caminhada, desta vez, para a maravilhosa ilha de Tavira. Sempre que faço aquela travessia de barco sinto-me um descobridor e recordo o Infante D. Henrique.
Descanso na areia e consulto os jornais, ainda rejubilante com a magnífica vitória da selecção.
A sensação de paraíso invade-me.
De súbito, oiço o ruído de um heli que se aproxima. Que estranho! Parece que vai aterrar na areia.
E aterra mesmo. Lá de dentro saem quatro militares armados, fardados tipo força de segurança. Joelho em terra, cada um deles aponta a metralhadora em sua direcção. Que se passará? Já nem aqui podemos estar descansados...
E eis que, de dentro do helicóptero, surge o meu amigo Figas.
- Oh! Meu caro Luís, desculpe tê-lo assustado...
Ainda transpirando, pois não tinha ganho para o susto, respondo ao seu cumprimento.
- Está tudo bem. Tenho imenso prazer em o ver. Então que o traz por cá?
- Estive a ler a sua Leitaria Guerra e preciso de esclarecer umas coisas. Luís, apercebi-me da sua capacidade premonitória, mas não é essa que me está a interessar.
- Mas diga, por favor...
- Tenho três perguntas para si:
1) Fala na vitória do Benfica na Europa. Se bem me lembro, havia um magnífico avançado que nos deixou uma filha, uma das primeiras beatnicks do seu tempo que lá para 1978 (data chave) se meteu em autêntica Salada de Frutas. Quem era esse avançado?

2) Como se chamava o indivíduo que caiu da cadeira que tantas vezes vem referido na nossa História recente?

3) E agora preciso de um nome: quem é o responsável pela destruição desse belo jardim da praça de Ourém que nos fala? Quero dar-lhe umas palavrinhas...

Como sempre as respostas dos nossos leitores, às quais prometemos magníficos prémios que serão entregues pelo Sete de Espadas, poderão ser enviadas para aqui.
Eleições à porta
O ruído que se levanta em torno das direcções regionais do INE recorda-me que a curto prazo estaremos noutro processo eleitoral.
Há pouco recebi um mail onde se sugere a possibilidade de tentativas de manipulação da informação.
Recebi também o link para um blog interessantíssimo. Vejam...
OURÉM BLOG CRUZADEX
O próximo problema é para resolver na totalidade recorrendo ao que já foi publicado neste blog e, quando tal não chegar, aos volumes já publicados da enciclopédia do Correio da Manhã. Poderão enviar as soluções para o sítio do cosutume e, como sempre, há valiosos prémios em disputa.



Horizontais
1. Pouca sorte; Filho mais velho do António A (inv.)
2. Canção que se ouvia quando o Piromaníaco quis pegar fogo à casa do Largo de Castela
3. Famosa editorial de cowboiadas da década de sessenta, responsável, designadamente, pelas colecções Califórnia e Oeste; famoso jogador de hóquei do Atlético em posição defensiva em 1959
4. Abreviatura de Senhora (inv.); buraco onde o Bernardino instalou um quarto
5. Abreviatura de Organização Armada; nome do poeta que participou na elaboração da letra da canção Tourada
6. Confiança; antes de Cristo.
7. Nome de um magnífico café de Ourém na Eira da Pedra.
8. Une; Paraíso.
9. Idolatra.
Verticais
1. Ser quase mitológico que chegava às reuniões sistematicamente com cinco minutos de atraso, fundador dos Estúdios Trini; aqui.
2. Animal de duas patas que se confunde com o equivalente de quatro patas e tem riscas; organização armada espanhola.
3. Bebida adocicada alcoólica; fez anos a 6 de Junho.
4. Abreviatura de Radio Data System.
5. Um dos responsáveis de O Castelo.
6. Povoação do Norte de Portugal que ten por significado o contrário de desovar; tipo de canção interpretada pela Kátia Guerreiro
7. É rasa quando se faz por desconhecer tudo o que vem de trás; passar os olhos pelas palavras de um livro, captando-as.
8. Cada um dos sinais gráficos com que são representados os fonemas de uma língua; contracção de preposição e artigo.
9. Não religioso.

Link Permanente (por exemplo, pode ser utilizado para selecção para impressão)

domingo, junho 20, 2004

Tinha que ser...
o magnífico avançado do Benfica a introduzir a diferença.
Somos os maiores!
Ai Ronaldo!
Aquela cabeça...
A Grécia já marcou.
Isto vai ser dramático.
Verde...
...cor de esperança, que, logo, poderá ser a cor do sucesso.
Tal como da outra vez, não haverá previsões.
Nada pode falhar.
Letizia, vais perder.
Condenados
Toca o telemóvel.
É o nosso primeiro.
- Olá, meu caro Luís. Com que então o meu amigo vai de férias e nem sequer abandona este maravilhoso blog?
- Sou fiel aos meus compromissos. Mas em que posso servi-lo?
- Sabe, Luís, creio que vou remodelar depois do Euro, pelo menos é o que diz o Expresso. Queria a sua opinião.
- Faça favor...
- EStava a pensar no Figueiredo Lopes.
- Oh! Não faça isso, era o único que nos fazia rir. Não fosse aquela desgraça dos fogos e o facto de nada estar preparado para este ano, com certeza que seria uma fonte de boa disposição para os portugueses.
- E o Carlos Tavares?
- Estou de acordo. Esse senhor foi uma nulidade. Andámos nós para aqui com estes sacrifícios todos por causa do défice e ele não tomou uma única medida para relançar a Economia. Podia ser difícil, mas então não aceitaria o lugar.
- Também estou a pensar na Celeste...
- E pensa bem, meu primeiro, é arrogante, mal educada e a justiça continua a mesma miséria.
- E no Justino...
- Pareceu-me arrogante, mas competente. Acho que merece esse destino por causa dos disparates que continuou a fazer com os professores. Depois, é bem verdade, que milhares de miúdos irão de novo inscrever-se este ano em cursos sem saída. Está certo. Fora com ele...
- Finalmente, pensei no Pedro Roseta.
- Nem dei por ele e quando não se dá por ministro no pelouro em que ele estava é porque não presta, por isso estou de acordo...
- Meu caro Luís, fico muito satisfeito por saber que concorda em quase tudo comigo...
- Eu quero o melhor para o País e saber que ficamos livres dessas almas já é uma boa notícia. O problema vai ser quando arranjar substitutos.
1978
Por esta altura, aos sete anos, sf decidiu-se pelo FCP. Vestiu de azul para sempre.
No mesmo ano, magnífica, Kate Bush trazia-nos o Kick Inside e vinha de vermelho. Vi eu, há pouco, no VH1.
Haverá uma cor para o sucesso?
O dia vai passando...
A tarde vai correndo e já lá vão umas seis banhocas.
Tudo a correr normal, de acordo com o planeado.
Já esgotei os jornais. Já andei. Já dormi.
Que fazer?
Palavras cruzadas...
Quero fazer palavras cruzadas, mas centradas em Ourém.
Esperem e verão. Amanhã terão grande surpresa com a minha capacidade criativa.
Mar
Descanso na areia, enquanto me perco na contemplação do azul do mar.
Que maravilha estar por aqui. E ainda falta o tempo quase todo, isto é terrível quando começa a contagem decrescente que, para mim, ocorre no final da primeira semana.
Lembro-me daqueles malvados de Ourém. É bem feita. Têm que estar a aturar a pimbalhada toda e as cerimónias oficiais. E eu aqui, feliz da vida.
E recordo um magnífico blog que vive das marés. Chama-se Sete Mares, e, se o forem visitar encontrarão maravilhas como estas.
Antero de Quental
António Gedeão
António Nobre
António Ramos Rosa
David Mourão-Ferreira
Fernando Pessoa (Mensagem)
Florbela Espanca
Joaquim Pessoa
Jorge Casimiro
Jorge Castro
José Gomes Ferreira
José Jorge Letria
José Régio
Miguel Torga
Natália Correia
Sophia de Mello Breyner Andresen
Retur
E aqui estou eu, de novo, na praia.
A Retur é uma espécie de vinho do Porto ao contrário: quanto mais velha, pior.
Os efeitos da pressão urbanística são mais visíveis de ano para ano. Apesar de tudo, consegui passar sem dificuldades e chegar ao meu buraco.
Mandei o primeiro post, vi o jornal e agora quase que ressono enquanto o mar murmureja.
Oiço a Ana:
-Pai, vamos à praia Verde?
Gosto de imenso de andar pelo que nunca recuso este convite. Quando venho para aqui, os passeios são até Altura. Em frente à praia Verde, saúdo aquelas belas construções que, não sei porquê, me fazem lembrar Ourém.
A meio caminho, é altura de tomar a primeira banhoca. A água ainda está para o frio, talvez melhore um pouco com o passar do dia.
O que está como eu gosto é a ausência de gente. Deve ser do Euro, o pessoal do garrafão parece ter ficado pelas suas terras. Ou então pensam que ainda não é Verão. Ainda bem. Lá para Setembro, quando voltar, vai ser bem pior.

Leitaria Guerra

Ourém, anos 50, praça de automóveis.
Estou no meio daquele jardim que já é uma saudade. Ali existiam toda a espécie de árvores, arbustos e flores, respirava-se vegetação. Ao centro, os banquinhos de madeira permitiam que as pessoas descansassem por um bocado.
Em torno da praça estavam os automóveis de aluguer. O Cabeça Aguda, o Chucha, o Alicate, o Flores, o Zé Vieira.
Eu e o meu irmão encontrámo-nos ali com o meu pai e decidimos ir até aquela minúscula leitaria que, para mim, com quatro ou cinco anos era um mundo.
Sentámo-nos e eles mandaram vir leitão e palhete. Perceberam? Leitão e palhete no centro de Ourém.
Olharam para mim.
- Que é que tu queres?
Como aquelas comidas e bebidas me faziam alguma confusão, achei que o ideal era tomar qualquer coisa que estivesse de acordo com o meu estatuto.
- Um garoto.
E lá veio aquela maravilha num daqueles copinhos da época.
Entretanto, eles encarregavam-se do magnífico leitão do Guerra. O meu irmão rapa da navalhita que o acompanha sempre e passa a parti-lo em pequenos pedaços que depois ia picando descansadamente e levando à boca. O meu pai era mais directo, pegava em conjuntos daquelas peles bem tostadas e carne e deleitava-se. Depois a tacinha compunha o petisco. Como tudo aquilo parecia delicioso, o leitão, o tempero, o pão, o palhete…
Falaram de desporto.
- Sabe, pai, este ano o Sporting vai ganhar o campeonato.
- Espero bem que sim, ninguém se pode comparar a eles.
Mas vendo que havia alguém estranho a ouvi-los, viram-se para mim:
- És Sporting ou Benfica?
Nunca fui uma pessoa agradável e, depois de os estar a ver deleitar-se com o Leitão, deixando-me com uma simples bebida embora deliciosa, achei que devia marcar a minha posição:
- Benfica!
E fiquei benfiquista para toda a vida. Aquela cor vermelha sempre exerceu um enorme fascínio sobre a minha pessoa pelo que julguei ter sido a opção certa. Aliás, uma coisa que nunca percebi muito bem terá sido a grande quantidade de adeptos sportinguistas que havia em Ourém na altura. Parecia que já, na época, não gostavam de vermelho.
- Não tens vergonha? Devias ser do Sporting como todos somos.
- O Benfica ainda há-de ganhar a Europa.
- Ganhar a Europa? Há-de ir tanto à Europa como o outro há-de cair da cadeira, não é, pai?
- O Sporting vai ser campeão para a eternidade. É tão certo ser eterno campeão como aquele jardim que está ali fora. E, se isso não acontecer, será por causa do sistema.
- Cuidado, pai, algo me diz que já nasceram os que se perfilam como ameaças alaranjadas a esse jardim.
- Que é que tu dizes? Deve ser do palhete que já não me está a deixar ouvir bem. Fica sabendo duma coisa. Esse jardim que nós ajudámos a construir, só será destruído se os gajos da tua geração não tiverem vergonha e deixarem a terra abandonada aos que aí à volta se preparam para tomar conta dela.
E, como sempre, o meu pai tinha razão. O pessoal da minha geração, do qual não me excluo, não teve vergonha.

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