quarta-feira, julho 26, 2006

Cavalo de ferro



Definitivamente, o que pode levar um jovem a encher uma mochila com uns trapos e alguma comida, comprar um bilhete de comboio e ir por aí fora sem pensar em onde dormir, perspectivando passar por Paris, Londres, Edimburgo, Amesterdão, Berlim, Zagreb... em menos de um mês.
Será loucura?
Fico a aguardar a vossa explicação já que, no meu tempo, não era possível sonhar com isto... ou melhor, alguns sonhavam para se livrar da perseguição política e, ao porem em prática, ficavam com monumental saudade da terra de origem.

terça-feira, julho 25, 2006

A oureana da falésia

Afinal, dizem-me que uma bela princesa oureana frequenta aquela falésia. Que lá está tantas vezes que quase a ia encontrando. Que, por vezes, se ouve o seu canto de sereia tão belo que a todos deixa entontecidos.
Aí, passeia à beira-mar gozando aquele horizonte de vastidão e sonhando com o príncipe encantado. Ouve os pássaros que saltitam no areal branco. Contempla. Medita...
Oh! Que forças fizeram com que a não pudesse encontrar? Para poder desfrutar do seu gesto, do seu olhar, da sua voz e, quem sabe, do seu sorriso...
Definitivamente, aquela zona não quer nada comigo.
Jealous Guy

Finalmente, com alguns saltos aqui e ali, consegui chegar ao fim de um livro. Era de esperar: o objecto tinha a ver com os Beatles, o meu conjunto de eleição. O livro era uma biografia do John Lennon escrita pela primeira mulher, Cynthia, a mãe do Julian...
Gostei de ler. A ascensão dos Beatles, afinal, não foi tão fácil quanto se pensa, teve muito sacrifício e trabalho.
Claro que a Cynthia é um pouco parcial na sua admiração pelo John, mas é de acreditar que aquela dominância a nível de grupo dele e do Paul correspondiam à sua contribuição para a produção. Sempre disponível para melhorar a admiração pelo Harrison, não foi possível encontrar no livro algo que a fundamentasse para além de uma referência da autora à sua predisposição para a aprendizagem e para a meditação.
O livro esclarece bem o papel do outro baterista (Pete Best) e do Beatle falecido (Stucliff), mostra que a recepção ao Ringo não foi das melhores pelo George que chegou a levar para estúdio outro baterista em momento de gravação do primeiro disco, esclarece o corte com a música dominante e desfaz o mito do “Lucy in sky with diamonds”. Afinal este título não é uma apologia do uso do LSD, mas puramente uma referência a uma frase do Julian (filho do John e Cynthia) que na altura teria dois ou três anitos...
O John ainda era mais passado do que o pessoal pensa. Genial em algumas composições, borrifou-se para a família, deixou-se minar pela dependência da droga, não cuidou dos seus interesses e a esperta da Yoko tratou de abotoar-se com o que pôde.
Mas o livro desperta muitas emoções daquele tempo. Por exemplo, faz recordar o “I want to hold your hand” ouvido num transistor num banco do jardim de Ourém que a camarilha, em mais um acto que merece ser registado, conduziu também para o mundo da destruição...
Quanto a nós, vamos ficar ao som do fabuloso Jealous Guy...

segunda-feira, julho 24, 2006

Fazer figas ao bar do Figo

- Vamos tirar fotografias ao bar do Figo...
- A gente gosta muito dele, é um grande jogador...
A verdade é que não se percebe muito bem como uma personagem como o Figo deixa o seu nome associado àquela estrutura e à associação com o China. Naquele espaço, a comida também é cara e não presta para nada: a salada vai no prato sem ser escolhida ou lavada, o bitoque é extremamente pequeno, a batata frita, cozinhada a partir de batata congelada, está quase seca, o ovo estrelado tem a gema reduzida a farinha...
O Figo não precisa de prestar tão mau serviço para fazer fortuna. Possivelmente deixa algum talúrcio, que lhe paga renda, utilizar o seu nome no bar / restaurante, mas é lamentável que fique associado àquela qualidade.
Mas a cena ligada às fotografias ainda foi mais caricata.


No interior do bar, com ar condicionado, após a sessão fotográfica, o calor convidava à permanência.
- Vamos tomar uma bica.
O arruaceiro dirigiu-se ao balcão e logo uma graciosa menina o interceptou com um sorriso:
- Queremos duas bicas...
A menina riu-se ainda mais, ar maroto, dando logo ao arruaceiro a sensação que estava a pisar chão armadilhado.
No final:
- Queremos a conta...
- Duas bicas? Três euros...
Malvado presidente David! Que me rogaste pragas para cair em antros como este...

domingo, julho 23, 2006

Carilada de cartilagem de caranguejo




Os azares com os indianos tinham começado logo no segundo dia, quando, num espaço de Lago Azul, bem afastado do centro, o nosso arruaceiro e a sua simpática companheira tinham sido apanhados numa armadilha.
- Gosto tanto de caril!
- Qual será o prato do dia?
Daí a algum tempo algumas dúvidas eram respondidas.
- Temos arroz à valenciana, mas podem encomendar qualquer prato...
- Mas vai demorar muito tempo...
A empregada não parecia muito segura. Aproximou-se o insigne responsável.
- Escolham o que quiserem. A nossa comida é esplêndida. Verão que nem sequer é muito picante.
Ao lado, a miudagem tomava banho na piscina em grande algazarra. A conversa do indiano foi convincente pelo que se encomendou um caril de frango e um arroz dito valenciana.
O tempo foi passando e uma mesa foi sendo formada à frente do arruaceiro com pratos para vários. Algum tempo depois, chegou a comida. Vistosa, o arroz trazia uma série de camarões com boa cara.
- Vão ver que vão gostar.
Mas a verdade é que aquilo era pior que estopa. Nenhum produto utilizado no arroz tinha um mínimo de frescura e o frango do caril de frango devia estar cozido há vários dias. Quando o homem voltou, cheio de salamaleques, a perguntar se tinham gostado, o arruaceiro disse-lhe das boas e que não voltaria ali:
- Oh! Não faça isso.
O indiano foi para a cozinha e deixou algumas ordens. A mesa formada à nossa frente começou a encher-se com o indiano e a cachopada que tomava banho na piscina, mais um empregado que não mudava de camisa há uns três meses e a empregada. Deliciaram-se com uma travessa cheia de arroz embora sem camarão. Pouco depois a conta era um manancial de problemas: coisas que não tinham sido consumidas, parcelas cujo total não coincidia com o produto da quantidade pelo unitário... o arruaceiro concluiu que tinha pago o almoço àqueles preguiçosos todos já que mais nenhum cliente a sério chegou àquele espaço.
Esta má experiência não apagou o desejo de reexperimentar esta comida e a passagem pela marina criou novo pretexto. Luxo e preços eram outros:
- Caril de borrego e caril de caranguejos...
Pouco depois, o arruaceiro e a companheira estavam perante exóticos contentores da comida pedida e alguns acompanhamentos adicionais. No prato, a sensação não foi das melhores...
- Este borrego não presta para nada...
- É só ossos de caranguejo, não tem nada que comer.
Sairam dali danados, furibundos, amaldiçoando restaurantes indianos e todos os que suportam esta cambada que vende a peso de ouro produtos que, na nossa simples Ourém, não teriam qualquer cabimento.
Mas o pior estava para vir, materializado na oitava praga de David...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...