sexta-feira, novembro 17, 2006

O pacto

Diz o código do Poço que qualquer obra que algum dos seus membros concretize deve, primeiro, ser conhecida e avaliada no interior da seita e, só depois, se se justificar, será feita a divulgação, na totalidade, perante os membros da sociedade em geral, gente obviamente indigna de integrar a organização. Por isso, compreendendo os protestos que écse e Santa Cita vão proferindo (e que eu espero não me amaldiçoem o desenrolar da estória), não pode o Ourem divulgar na totalidade este novo e interessantíssimo produto. Quem quebrar este pacto terá de aturar David das Orelhas Moucas durante mais cinquenta anos.
No entanto, integrada que esteja a obra no historial do Poço, não há obstáculos de maior para ela ser enviada ao povo. Assim, quem a quiser, deve aqui deixar o seu nome e direcção para contacto futuro.
Entretanto, as coisas podem mudar, por isso não percam a esperança (como dizia a canção)...

quinta-feira, novembro 16, 2006

Entusiasmo

... é o que pode dizer-se da atitude de muitos oureenses perante a obra que se anuncia.
Um entusiasmo com uma manifestação contraditória: baixam as audiências, mas sobem os comentários. Claro, isto é literatura de cordel, se calhar nem isso é, não merece a atenção de gente tão séria.
A Teresa tem sido excepcional, a povoar o blog com contribuições que o enriquecem de uma maneira que eu não gostaria de ver perdida. O mesmo posso dizer em relação ao nosso amigo Santa Cita que, apesar de tudo, ainda não adivinhou quem foi o assassino de Branca Flor. O Sérgio também já manifestou o seu desejo de que o autor não desistisse.
São três vozes muito importantes para mim e a quem levo muito a sério.
Mas os aplausos não se ficaram por aqui.
Pessoas amigas têm-me telefonado a manifestar o seu apoio. Não percebo a sua timidez em aparecerem no blog. Talvez por a estória ser ordinária, mas isso é assumido desde início e, como já devem ter reparado, já fizemos uma deslocação do palco para não ferir susceptibilidades...
Têm também de compreender a minha inexperiência nestas coisas, na construção de tramas. Já escrevi 49 páginas e ainda faltam alguns capítulos, notando-se uma certa desigualdade nos tamanhos. Outras ideias surgem pelo caminho: mais ficção sobre vida política na Ourém de então (já que a real todos sabemos como é e era), mais brincadeira como o assalto ao carregamento de água-pé ou o roubo do carro dos bombeiros... mas tudo isso vai fervilhando e tem que se deixar cozer bem...
Ainda vou ser acusado de plágio

Confesso que não estava à espera desta.
De repente, percebo por que razão o nome para a obra me chegou com tanta facilidade. Uma espécie de partida do subconsciente operada a partir de uma descoberta na doce casa dos fantasmas.
Mas desenganem-se os meus amigos...
Aquela Branca Flor, anafada, sentada no chão, não é a nossa Branca Flor. O tempo também é diferente: estamos numa Ourém perto da nossa, onde já se anunciavam as maldições que nos iriam perseguir no século XXI e que, se os oureenses dessem ouvidos a quem em devido tempo os avisou, já teriam sacudido. Aquele guerreiro, coberto pela armadura, não é o nosso herói. E o assassino, como se verá, tem uma figura bem diferente daquela que vos é sugerida pela gravura...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Terror nos moinhos de vento

Este é uma imagem do local até onde Branca Flor seguiu os seus amigos sem eles se aperceberem e os aterrorizou imitando o uivar dos lobos do Vale Travesso, atirando pequenas pedras sobre a cobertura e pondo a vela do moinho em movimento.
De repente... um enorme clarão iluminou toda a Ourém num raio de mais de 2 quilómentros a contar do ponto central ali no moinho. Ao mesmo tempo, produziu-se uma formidável explosão. Branca Flor desatou a fugir e escapou sem nada lhe acontecer. Dentro do moinho, nem todos foram tão felizes na tentativa de fuga*.
Em poucos segundos, desceram a encosta ingreme, passaram junto ao chafariz e pararam no largo onde se inicia a rua de Castela. Alguns estavam chamuscados, um tremia e não dava sinais de se conseguir recompor.
- Devia ser algum fantasma que não gostou que ali estivessemos.
Nos dias que se seguiram, tudo isto foi muito comentado em Ourém e Branca Flor gozava interiormente com o grande susto que lhes tinha pregado. Gostava de ouvir aquelas conversas em que as pessoas pensavam que uma alma do outro mundo tinha ido incomodar os rapazes que estavam no moinho, isso fazia-a sentir importante, era como se estivesse a observar o mundo e as suas crenças, com plena explicação do real, sem mais ninguém a conseguir ver. Ao mesmo tempo, estava contente por não lhes ter acontecido nada de mal. Essa não fora a sua intenção, ela só pretendia divertir-se.

* - pormenores no desenvolvimento da obra "A história triste de Branca Flor" a editar para o XXII almoço convívio do Poço

terça-feira, novembro 14, 2006

A quinta do lobo uivador



A quinta do lobo uivador situa-se nas imediações do Vale Travesso. Branca Flor e o seu amigo João Sem Terra aí estiveram um dia a surripiar fruta aos seus donos legítimos. Aquilo aqueceu um pouco e os nossos jovens amigos distrairam-se acabando por ser encontrados pelo vigilante da quinta. João Sem Terra conseguiu fugir, mas Branca Flor ficou refém do dono da quinta.
Não calculam os meus amigos o que ela passou. Quanto foi açoitada...
Enquanto o castigo decorria, o uivar dos lobos parecia acompanhar o seu infortúnio. Ela nunca mais esqueceu esse som e esses momentos e, mesmo hoje, quando se passa perto da quinta parece que o vento reproduz esse ruído.
Valeu-lhe mais uma vez a sua beleza e os ciúmes da mulher do dono da quinta.
Branca Flor foi açoitada, enxovalhada e expulsa daquele lugar, sob ameaça de denúncia à polícia.
Mas viria a conseguir a sua vingança...

segunda-feira, novembro 13, 2006

A quinta praga de Branca Flor

Um dia, apontando para o que fora o menino que vivera na casa vermelha da rua de Castela, ela profetizou:
- E tu ficarás lá para dizer mal deles todos.
Ingrato destino este que nos calha. Que nos leva a ver as actas da câmara e a encontrar coisas estranhas. Como aquela... que mereceu voto favorável da oposição e tudo...
A câmara de Ourém (acta de 23 de Outubro) prepara-se para gastar 17500* euros mais IVA no almoço e prenda para os funcionários cá do burgo.
Não fazem por menos.
Não contesto a justeza de as organizações aproveitarem estas ocasiões para cimentar a sua cultura e a aderência das pessoas aos fins da mesma.
Mas imagine-se que as 308 câmaras do país fazem o mesmo: mais de 5 milhões de euros em festas de Natal. E quanto vão gastar a mais nas luzinhas da época? E quantos buracos vão deixar de tapar por falta de verba? Num momento em que se preparam péssimas notícias para os trabalhadores da função pública isto parece mesmo a gozar com o mexilhão (o tal que se licha no fim).

* eles queriam gastar 27500 mas, graças ao vice-presidente, vão poupar 10000
Estrutura da obra

Meus amigos, respondendo a inúmeros receios que entretanto nos fizeram chegar, "nós não vamos desistir". A nossa estória irá para a frente, podendo ao longo do percurso da sua escrita sofrer alguma mudança de rumo. Relembramos que pretendemos que tudo seja visto como ficção: personagens diferentes a ocuparem os nossos espaços em Ourém e possibilidade de existência de outros espaços. Neste momento, já existe uma ideia sobre o conteúdo.
"A história triste de Branca Flor" é uma novela em oito capítulos que obedece à estrutura seguinte:
1 - A infância de Branca Flor
2 - Desvarios de juventude
3 - Branca Flor é violada à saída do colégio no regresso a casa
4 - Açoitada pelo dono da quinta
5 - O encontro com o presidente
6 - Rituais satânicos
7 - Branca Flor é morta
8 - Quem matou Branca Flor?

domingo, novembro 12, 2006

Pelo de gato preto (quando assanhado)




Se os meus amigos consultarem um dicionário satânico ou qualquer demoniólogo (que os há dos bons em Ourém), ficarão desde logo a saber que o pelo de gato preto era utilizado para fulminar com pragas todos os que não caíam nas boas graças dos candidatos a bruxos e bruxas, na nossa terra.
Não admira, então, que Branca Flor, nascida no seio das camadas populares mais genuinas e humilhada por elementos lumpen ou em ascenção na hipócrita sociedade burguesa oureense, os tenha brindado com os castigos tão horrendos como os descritos no post anterior e que a obra onde contamos a sua história vai demonstrar que ainda foram piores.
Mas houve alguém a quem ela não fulminou, transferindo a praga para os oureenses que assim passaram a ter que suportar os resultados das suas acções pelo interior do século XXI. Adivinham quem foi não é verdade?
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