segunda-feira, novembro 17, 2008

Poço XXIII - Ensaio sobre a cegueira

A primeira vez que visitámos aquele espaço, o artista surgiu-nos em cima de uns patins de madeira e foi, ele próprio, o guia. Percebeu-se desde logo a chama que por vezes o obrigava à criação daquelas formas em madeira ou em pedra nas quais se adivinhavam animais.
O espólio é maior que o existente nessa visita e está melhor organizado e arrumado. Desta vez, perante o desaparecimento de Bernardino, foi a Maria que nos guiou e mostrou a maravilha da sua criação. Trato-os assim exactamente como os tratava há cinquenta anos já que tive o privilégio de conhecê-los desde pequeno.
No exterior, encontra-se de tudo: vasos, um canhão, os restos de um eléctrico, uma ponte quase levadiça, um carrinho de mão... apreciem...












- Agora, vamos ao interior da gruta.
Esta estava substancialmente modificada em relação à visita anterior. Mais arejada, e com recantos que o Bernardino organizou para depositar e iluminar as suas peças.



Por vezes, parecia sentir-se a presença do artista, tão pessoais eram alguns dos objectos que podíamos apreciar.



No final, pedi à MAria para me deixar fotografá-la e associar a sua imagem a este almoço convívio do Poço.



Foi um dia muito agradável num espaço um pouco votado ao esquecimento situado em Ourém. Os diversos objectos (e alguns não pudemos fotografar dada a fragilidade da câmara) não estão catalogados, possivelmente não são mantidos contra a degradação, mas são um património que os oureenses não deviam permitir que se perdesse. O desprezo que o autarca lhes vota é o mesmo com que brinda os oureenses noutros aspectos. E a avaliar pelo ajudante que quer ser presidente as coisas não melhorarão no futuro tão amigo que ele já foi da causa cultural.
- Adeus, amigo amarelo peludo...
O OUREM, cumprida a obrigação relativa ao Poço, hiberna até que depare com outro acontecimento digno de registo...

domingo, novembro 16, 2008

Poço XXIII - Entradas de Namorados

Olhem que bela vista se desfruta daqui... conseguem ver os carneirinhos lá em baixo?
Meus amigos, isto ainda é Ourém



Talvez daquele coreto tudo se visse melhor, consta que alguém quer almoçar lá em cima



Estamos no local onde vai correr o almoço do XXIII Poço. Já não deve faltar muito. O melhor é ir ver os amigos de quatro patas...



Não parecem lá muito contentes no cativeiro, mas aceitamos que, perante visita tão importante, tenham de estar assim.



- O almoço está na mesa...
Lá fomos. Foi então que deparei com o cardápio do ano. Apreciem...





Findo o almoço, deambulámos pelas instalações, havia que ruminar a cabidela... mas parecia faltar algo...











Faltou um digestivo. É verdade, o cafezinho veio, mas o digestivo é que não. Por isso atrevo-me a deixar aqui a todos os amigos Brandi do melhor.

Entretanto, uma voz simpática disse:
- Venham fazer uma visita guiada...
Era difícil imaginar tudo o que nos seria proporcionado.

sexta-feira, novembro 14, 2008

POÇO XXIII - Revisitar o passado em Montalto

Sim, a quinta do Montalto foi o nosso destino para a tradicional apreciação do pequeno almoço feito de rissóis, chamussas, pastéis de bacalhau, bolinhos de mel e água-pé ou OH2PÉ como eles assinalaram.
A passagem pela quase defunta Rua de Castela pareceu-me algo de sinistro: como é possível tanta indiferença perante o local onde se nasceu e brincou? Mas, algum tempo depois, o belo edifício da quinta surgiu-nos pela frente.



- É aqui...
Ao contrário dos meus amigos, não fui frequentador do Montalto. Não deixei lá qualquer bicicleta abandonada como o Alferes Sampaio, não deixei pégadas gravadas no cimento ainda mole como o Vítor, não senti o belo cheirinho a bosta que, há cinquenta anos, provinha do local e bafejava os utentes da estrada.



Começámos à visita à quinta...

Mas o pequeno almoço não pode esperar: o grande Chefe já esbraceja a chamar o pessoal todo


- Está ali material... façam favor de limpar a quinta... só depois há comidinha...
Malvado! Apanhou-nos quando menos esperávamos.
O Zé chegou-se a mim:
- Luís tens de fazer outro CD com as canções do nosso tempo...
Fiquei embevecido. Nunca tinha sentido qualquer manifestação de agrado pelos meus brilhantes produtos... dá-me a impressão que nem deram pelo Golden City, cidade sem lei (carago, quem teriam sido os cinquenta beneméritos que adquiriram o livro na Letra e no Central?)... por isso, este ano, não levaram nada... e agora, que hei-de fazer?


Afinal, ficámos todos a olhar para o material e ninguém esboçou um gesto.
- Manda trabalhar o Quim que está ali de mãos nos bolsos...


Finalmente, lá nos deram o pequeno almoço...


Saciados, prosseguimos a visita


As meninas foram ver a paisagem bucólica dos jardins


- É pá, não posso esquecer que ninguém foi comigo ver as pégadas na piscina...


- Estas são as pipas do Medieval. Mas era um belo sítio para se fazer um baile...
Não é tarde nem é cedo. Quem são aqueles ali ao lado? Arnaldo, traz o máquina de filmar.
E, perante nós, passou-se formidável espectáculo. Amigo oureense, aproveite para assistir ao único filme que o Arnaldo efectivamente realizou…



- Isto é música comercial da pior - ouviu-se uma voz desdenhosa...
- Nem música é...
- Eu diria mais, isto nem música é...
- Luís, faz-me lembrar os bailaricos no sótão da tua casa por cima da Moderna...
Acabado o espectáculo, fomos apresentados ao simpático anfitrião que nos brindou com algumas palavras sobre a história da Quinta.

- Vamos na quinta geração, começámos com um pedacinho de terreno e fomos juntando hectar a hectar. Actualmente, dedicamo-nos totalmente à produção vinícola.
Esta gente deve ser muito rica, pensava o pessoal todo. Com uma casa destas, material de excelente qualidade. Mas o relato não foi muito abonatório para as potencialidades do trabalho agrícola

- A agricultura é a arte de empobrecer alegremente...
Bonita definição! Própria de quem gosta muito do que faz...


Pouco depois, o pequeno almoço terminou não sem que o Engenheiro anfitrião proporcionasse uma visita ao lagar do Medieval e à vinha.
O grande Chefe anunciou:
- Meus amigos, vamos agora fazer a tyradicional homenagem aos nossos amigos já desaparecidos. Depois, segue-se o almoço...

Fomos saindo, retirando à quinta aquele pedaço de vida que ali levámos e que para muitos foi uma revisita ao passado. Permanecia linda, ficou o desejo de voltar e um agradecimento muito grande ao simpático anfitrião...

quinta-feira, novembro 13, 2008

POÇO XXIII - O reencontro

Ena!
Há quanto tempo não via esta gente toda!
Parece que estão na mesma, parece que vieram mais que em outros anos... ou sou eu que estou a chegar atrasado?



O Cúrdia cada vez mais me faz lembrar o nosso estimado e venerado Ministro dos Prantos. Porque será? A alvura do seu cabelo? Ou terá algo a ver com o FED e a crise do SUBPrime?
E, lá ao fundo, já repararam no mamarracho onde o contribuinte se viu obrigado a empatar o seu magro pecúlio. Tudo porque o Orelhas Moucas assim quis...


Eis um pequeno grupo sempre bem divertido. Pudera! Ainda não viram o que vos vai ser dado ver...



Mais uma das nossas referências desapareceu. A casa onde o Toná vinha tomar as suas refeições, que, o ano passado estava de tecto esburacado, agora é um espaço vazio deixando adivinhar as agressões que a encosta vai sofrendo. Bem se pode dizer: vítima do progresso... deste falso progresso que tanto alimenta Ourém... um progresso que nem soube rebocar as feridas deixadas na casa ao lado (a do Manel Raul).



Catarino e FRazão são bem os obreiros deste triste e escolhido destino que coube à nossa terra. Que passem mais uns meses e nada tenho que me recorde do nosso passado, dos locais que desfrutámos. Um deles parece que queria ir para a região de turismo Leiria / Fátima. Fazer obra decerto... tramou-o a Nazaré que não quis que ele lhe mudasse a Santa de Sítio.
Mas o outro promete ficar... já se exibe por todo o lado de bigode farfalhudo e cumprimento fácil. Seria divertido se não fosse trágico.


Eis mais um grupo que põe a conversa em dia. É divertida esta hora do reencontro se bem que o repórter não consiga transmitir toda a emoção que se desfruta. Começa a notar-se a definição da ausência dos que não vieram.




Olha o Alferes Sampaio! Recentemente sexygenário, ei-lo, como sempre, a jogar bilhar de bolso. O Zé consulta resultados da bolsa...

Mais um pequeno grupo...


A grande roda começa a desenhar-se, agora sem a protecção da casinha do nosso tempo e com a encosta do moinho quase a esconder-se.

O grande chefe faz a chamada.
- Exijo que respondam "Presente"!
Depois informa sobre os que não virão: o Génito, O Duarte, o Ferraz, o Tó, o Jó Alho, o Zé Quim... os faltosos foram recordados um a um e justificados... talvez para o ano venham...


Mas estes vieram e estão satisfeitos por estar aqui...



- Meus amigos, vamos agora tomar o pequeno almoço...

E agora, amigo oureense, adivinha para onde foi o pessoal? Para o saber, terá de esperar pelo próximo post que, ao ritmo a que temos postado no OUREM, não sabemos quando será...
Até lá podem fazer acesso aos marcadores e ver tudo sobre outras realizações do Poço e mais posts sobre este miserável processo de destruição da nossa Ourém operado por Catarino, Frazão e companhia....
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