sexta-feira, novembro 14, 2008

POÇO XXIII - Revisitar o passado em Montalto

Sim, a quinta do Montalto foi o nosso destino para a tradicional apreciação do pequeno almoço feito de rissóis, chamussas, pastéis de bacalhau, bolinhos de mel e água-pé ou OH2PÉ como eles assinalaram.
A passagem pela quase defunta Rua de Castela pareceu-me algo de sinistro: como é possível tanta indiferença perante o local onde se nasceu e brincou? Mas, algum tempo depois, o belo edifício da quinta surgiu-nos pela frente.



- É aqui...
Ao contrário dos meus amigos, não fui frequentador do Montalto. Não deixei lá qualquer bicicleta abandonada como o Alferes Sampaio, não deixei pégadas gravadas no cimento ainda mole como o Vítor, não senti o belo cheirinho a bosta que, há cinquenta anos, provinha do local e bafejava os utentes da estrada.



Começámos à visita à quinta...

Mas o pequeno almoço não pode esperar: o grande Chefe já esbraceja a chamar o pessoal todo


- Está ali material... façam favor de limpar a quinta... só depois há comidinha...
Malvado! Apanhou-nos quando menos esperávamos.
O Zé chegou-se a mim:
- Luís tens de fazer outro CD com as canções do nosso tempo...
Fiquei embevecido. Nunca tinha sentido qualquer manifestação de agrado pelos meus brilhantes produtos... dá-me a impressão que nem deram pelo Golden City, cidade sem lei (carago, quem teriam sido os cinquenta beneméritos que adquiriram o livro na Letra e no Central?)... por isso, este ano, não levaram nada... e agora, que hei-de fazer?


Afinal, ficámos todos a olhar para o material e ninguém esboçou um gesto.
- Manda trabalhar o Quim que está ali de mãos nos bolsos...


Finalmente, lá nos deram o pequeno almoço...


Saciados, prosseguimos a visita


As meninas foram ver a paisagem bucólica dos jardins


- É pá, não posso esquecer que ninguém foi comigo ver as pégadas na piscina...


- Estas são as pipas do Medieval. Mas era um belo sítio para se fazer um baile...
Não é tarde nem é cedo. Quem são aqueles ali ao lado? Arnaldo, traz o máquina de filmar.
E, perante nós, passou-se formidável espectáculo. Amigo oureense, aproveite para assistir ao único filme que o Arnaldo efectivamente realizou…



- Isto é música comercial da pior - ouviu-se uma voz desdenhosa...
- Nem música é...
- Eu diria mais, isto nem música é...
- Luís, faz-me lembrar os bailaricos no sótão da tua casa por cima da Moderna...
Acabado o espectáculo, fomos apresentados ao simpático anfitrião que nos brindou com algumas palavras sobre a história da Quinta.

- Vamos na quinta geração, começámos com um pedacinho de terreno e fomos juntando hectar a hectar. Actualmente, dedicamo-nos totalmente à produção vinícola.
Esta gente deve ser muito rica, pensava o pessoal todo. Com uma casa destas, material de excelente qualidade. Mas o relato não foi muito abonatório para as potencialidades do trabalho agrícola

- A agricultura é a arte de empobrecer alegremente...
Bonita definição! Própria de quem gosta muito do que faz...


Pouco depois, o pequeno almoço terminou não sem que o Engenheiro anfitrião proporcionasse uma visita ao lagar do Medieval e à vinha.
O grande Chefe anunciou:
- Meus amigos, vamos agora fazer a tyradicional homenagem aos nossos amigos já desaparecidos. Depois, segue-se o almoço...

Fomos saindo, retirando à quinta aquele pedaço de vida que ali levámos e que para muitos foi uma revisita ao passado. Permanecia linda, ficou o desejo de voltar e um agradecimento muito grande ao simpático anfitrião...

2 comentários:

Unknown disse...

Ora viva.

Foi agradabilíssimo encontrá-lo aqui.

Lobo Sentado disse...

Tinha de ser do Santa CIta o primeirissimo comentário. Pudera, é o único que está atento ao blog.
Santa CIta, o inspirador do terrível inspector que deslindou o destino de Branca Flor.
Um grande abraço

Luis

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