sexta-feira, maio 18, 2007

A paisagem



Talvez seja ocasião de rever a paisagem conhecida perto da cidade pequena (como agora vejo dizerem). Há alguma acalmia na pressão dos últimos meses, é possível começar, por um lado, a recordar, por outro a rever o percurso recentemente feito. Uma curta deslocação pode preparar uma maior estadia, embora não haja grande vontade de contemplar as feridas e aceder a viver com elas.

quinta-feira, maio 17, 2007

Ele tinha uma razão para não vir ainda a Fátima



Aqui ao lado, no Castelo, discute-se porque razão não há o milagre de os empresários investirem em Fátima.
Poderia responder: por que deverão investir se nem o papa o faz, vindo cá?
Mas a minha resposta era demagógica. O papa tinha algo de mais importante a fazer. De acordo com a página online do Expresso, no blogue Humoral da História, "no final da sua visita ao Brasil, Bento XVI negou que a Igreja católica tenha evangelizado à força os povos indígenas na época da colonização da América".

quarta-feira, maio 16, 2007

Num simples e terrível facto, todo o mundo...

Turvam-se-me os olhos de emoção sempre que a televisão me traz o caso da pequena Madeleine. Por vezes, sou incapaz de ver outro programa, alienado que fiquei em tentar saber o que se passou com a menina e desejando que ela apareça o mais cedo possível.
Este caso, com um ser tão pequenino, teve entretanto a particularidade de trazer ao de cima tantos elementos que caracterizam hoje a nossa sociedade. Senão vejamos:
- a dominante económica: ela veio ao de cima com as preocupações relativas às consequências para o turismo, com a campanha Allgarve; cínicamente, o início foi marcado por palavras neste sentido.
- a bondade tradicional dos portugueses: expressa em toda a solidariedade em torno dos pais, envolvendo-os em acompanhamento espiritual, por vezes procurando-os para lhes entregar objectos de culto.
- a solidariedade de figuras importantes: foi a grande surpresa fechado que estou no padrão de comportamento do sul da península; nunca me passou pela cabeça a possibilidade de alguém oferecer recompensas como aquelas que tenho ouvido falar.
- a desconfiança: viriam todas do coração?; estariam isentas de manobras de autopromoção?
- o oportunismo de pró-mediáticos: como é possível algum pretenso criminalogista vir tecer atoardas alto e bom som sobre a vida sexual de alguém num tom que não deixa dúvida e quase bate nos que o põem em causa?
- a exploração das audiências: dias e dias em que era deixada a ideia de que algo estaria para ocorrer que seria dito mais tarde e afinal, perto da meia-noite, a esperança esvaziava-se...
- a dificuldade de reação: a sociedade portuguesa, como sociedade aberta, tem de arranjar uma forma de responder iumediatamente a casos como estes ou mesmo de fazer mais para os evitar; a tradicional espera para ter a certeza, a mentalidade do “tomar conta da ocorrência” aqui estiveram mais esbatidas mas ainda são dominantes e isso não se pode manter perante a complexização de evolução da composição da população presente ou residente...
- a sobranceria britânica: como sempre, são os melhores, o que os outros fazem não presta; isto são resquícios do império, são ainda vontade de se impor à escala mundial... mesmo à custa de pseudo-verdades...
E fico por aqui, sem a preocupação me abandonar: será que vai aparecer hoje?Viva e cheia de saúde? Seria bom...

terça-feira, maio 15, 2007

Passarola do Padre em moeda




Hoje, no Público, um aviso revela que o Banco de Portugal vai colocar em circulação uma moeda de colecção em liga de prata, com o valor facial de 8 euros, alusiva à "Passarola de Bartolomeu de Gusmão". Tal é motivo mais que suficiente para voltarmos ao que já se escreveu no Ourem sobre tão notável instrumento.
O sono

O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim —
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.
Mas é mais, mais de dentro, mais de cima:
E o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.

O sono que desce sobre mim
É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.

Há um som de abrir uma janela,
Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho pela janela entreaberta:
A rapariga do segundo andar de defronte
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém.
De quem?,
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é sono.

Meu Deus, tanto sono! ...

(Álvaro Campos)

segunda-feira, maio 14, 2007

Um país de cavalo para burro

3 dias úteis, 3!
Foi quanto me disseram que demoraria a chegar a Tavira uma singela carta em correio normal.
Claro... se pagasse mais 15 cêntimos, estaria lá no dia seguinte.
Não entendo esta gestão, já que de preços artificiais se deve tratar, mas, possivelmente, não é para entender. Há quarenta anos, as minhas cartas constantes para a cidade da moura encantada demoravam um dia apenas. Ninguém pensava em sobretaxá-las por causa disso.
Hoje, em que este tipo de envio perde importância relativamente à correspondência digital, anuncia-se um prazo de 3 dias... úteis! Que andará a carta a fazer entretanto? Estará a ser guardada por algum zeloso funcionário? Mas, assim, até deveria ser mais cara do que a que demora apenas um dia...
Será com estes prazos artificiais que os Correios constroem os seus fabulosos resultados? Utilizando um burrinho especialmente lento para levar a minha carta?
Imaginemos que estrategicamente eles definem a necessidade de subir os resultados. Será caso para dizer: não escreva... vá!
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