Quando acordou, viu que estava sentada numa cadeira e que alguém fazia movimentos com um abano para a refrescar.
- Sente-se melhor? – perguntou um dos coordenadores.
- Eu estou bem, não percebo o que se passou.
- Já expulsámos os outros dois atores. Decididamente, não serviam ou eram realistas demais. Lamento, mas vamos ter de ir embora e prescindir dos seus serviços. Aproveitaremos, no entanto, as suas fotografias e pagaremos o seu esforço.
- Mas que se passou. Por que chegaram eles àquele ponto?
- Vou-lhe mostrar o argumento para a cena que eles estavam a protagonizar – e entregou-lhe uma pequena folha retirada de uma revista de banda desenhada. – Trata-se de uma passagem do álbum «Arizona Love» da autoria de Giraud. Nós sentíamos que podíamos recriá-la aqui, mas a infantilidade dos outros dois atores estragou tudo. Agora vamos para outra terra testar outros candidatos.
- E eu não sirvo?
- Pretendemos centralizar numa localidade todas as cenas. Para isso, criámos todos estes cenários em que foi fotografada e em que decorreram estes trabalhos. Receio que, noutro local, não lhe dê muito jeito.
- Mas eu posso ir de camioneta…
- Nem pense. Ainda anda a estudar, não pode faltar às aulas…
Nesse momento, ouviu-se uma travagem brusca junto à banda. De dentro de um Peugeot 304 saiu a figura enorme do Dr. Armando. Mas não só…
Pela outra porta, saiu o sr. Bragança, muito direito, com ar de poucos amigos.
- Explica-me lá minha filha, porque faltaste às aulas estas duas tardes…
E assim se frustraram os sonhos da Cietezinha de vir a ser uma grande actriz de fotonovelas.
FIM
(por enquanto...)